O senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi citado ontem (3) na delação premiada do lobista Fernando Moura, ligado ao PT. Ao responder um questionamento do Ministério Público Federal, o lobista disse que o tucano controlava Furnas, e que o diretor indicado por Aécio para assumir a estatal ainda no governo Lula foi aceito pelo então presidente. Segundo Moura, o esquema de propina em Furnas era similar ao instalado na Petrobras: “É um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Conforme o depoimento, foi feita uma reunião em 2002 com o objetivo de escolher nomes para as diretorias de várias estatais e alimentar o caixa de futuras campanhas eleitorais. O critério adotado foi: todos deveriam ser funcionários com, no mínimo, 20 anos de carreira na empresa.
O lobista relatou que sugeriu o nome de Dimas Toledo para a diretoria de Furnas, mas o então ministro José Dirceu recebeu a indicação com ressalvas. “Ele usou uma expressão: Dimas, não, porque se entrar em Furnas, se colocar ele de porteiro, ele vai mandar em Furnas, ele está lá há 34 anos, é uma indicação que sempre foi a do Aécio”, disse Fernando Moura.
Um mês e meio depois da reunião, Dirceu chamou o lobista para endossar o nome de Toledo. “Ele me perguntou qual era a minha relação com Dimas Toledo e eu respondi que o achava competente, profissional. Então ele me respondeu: ‘não, porque esse foi o único cargo que o Aécio pediu pro Lula. Então você vá lá conversar com o Dimas e diga para ele que vamos apoiar [a indicação de seu nome]”, declarou Moura.
Fernando Moura disse que depois que Dimas assumiu a diretoria, ele comentou que “em Furnas era igual”, referindo-se ao esquema de propina. “Ele disse: ‘não precisa nem aparecer aqui. Vai ficar um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”.
A assessoria de imprensa do PSDB disse por meio de nota que a declaração é “requentada e absurda”, e que a menção ao nome de Aécio é apenas “uma velha tentativa de vincular o PSDB aos crimes cometidos no governo petista”