Uma decisão colegiada do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) cassou o mandato do atual prefeito de Agrestina, Thiago Nunes (e seu vice, Zito da Barra), eleito pelo PSDB. Eles também ficam inelegíveis pela prática de abuso de poder econômico ocorrida nas últimas eleições. O TRE, que não havia notificado o prefeito, conseguiu fazê-la no dia de ontem. Agora, o presidente da Câmara, Adilson Tavares das Neves, assume o cargo e deverá marcar eleição indireta para o dia 10 julho.
Com isso, o vice-presidente da Câmara, Marcos Antônio de Oliveira Silva, assume o comando do Poder Legislativo de forma interina e deverá convocar para primeiro suplente Edson Pedro da Silva, que assumirá o cargo de vereador de forma interina até o próximo dia 25, quando será realizada uma Sessão Extraordinária.
O atual presidente da Câmara de Vereadores de Agrestina é aliado de Thiago Nunes, assim como a maioria dos edis que compõem a Casa Agrício Brasil – sede do Poder Legislativo na Terra do Chocalho e da Mazurca. Ao que tudo indica, não haverá grandes mudanças no primeiro escalão.
Operações policiais, prisões e escândalos marcaram a gestão
Vindo de uma família de muito poder aquisitivo, o prefeito Thiago Nunes teve sua gestão – nos dois mandatos -, marcada por uma série de operações policiais coordenadas pela Polícia Federal, que resultaram em prisões de assessores próximos ao chefe do Executivo, bloqueio de bens do prefeito, além de destaque na mídia estadual. Entre as operações, estavam a Cosa Nostra (nome alusivo à máfia Italiana), que ocorreu em 15 de fevereiro de 2017. Ele teve R$ 2,8 milhões congelados pela Justiça, mas o Ministério Público recorreu e pediu o congelamento superior a R$ 7 milhões.
A Operação Cosa Nostra teve o objetivo de desarticular uma organização criminosa que se instalou em diversas prefeituras dos municípios do Agreste pernambucano. Setenta policiais federais e dez membros da Controladoria Geral da União cumpriram 17 Mandados de Busca e Apreensão nos municípios de Agrestina (03), Caruaru (06), Garanhuns (07) e São João (01).
Na época, os mandatos buscavam arrecadar e apreender material comprobatório (documentos, planilhas e mídias de computador) para subsidiar as investigações que estão em andamento. Além da PF, participam da ação o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria Geral da União (CGU), bem como o Tribunal de Contas do Estado. As investigações da PF iniciaram em junho de 2016 e foram baseadas em relatórios da CGU.
Foram constatadas, segundo a PF, diversas irregularidades envolvendo a contratação de empresas, valendo-se de favorecimento a determinado cartel, compostas de sócios-laranjas, que, de forma reiterada, vinham se sagrando vencedoras em licitações para execução de obras públicas com verbas federais, especialmente na área da saúde, da educação e da infraestrutura.
De acordo com a PF, a organização criminosa contava com a participação de agentes públicos municipais para fraudar processos licitatórios e direcionamento de seus resultados. Os valores de recursos públicos destinados às empresas investigadas de modo a beneficiar políticos, parentes e empresários gira em torno de 100 milhões de reais em empenhos suspeitos envolvendo dez prefeituras.
Outra operação
Na Operação Insanidade, realizada no dia 25 de abril para averiguar irregularidades na compra de remédios controlados na Prefeitura de Agrestina, a secretária de Saúde da cidade, Célia Barbosa, e uma assistente, responsável por uma farmácia ligada à administração municipal, foram presas em flagrante.