O presidente da República, Michel Temer, e o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, acionaram, na sexta-feira (10), estruturas do Projeto de Integração do Rio São Francisco que levarão a água a torneiras de cerca de 35 mil pernambucanos na cidade de Sertânia e de 33 mil paraibanos em Monteiro.
As águas do Velho Chico percorrem 217 quilômetros do Eixo Leste do Projeto, atravessando cinco municípios pernambucanos, para chegar às primeiras casas de moradores das duas cidades. A aceleração das obras para a conclusão do empreendimento foi prioridade do presidente Temer, desde que assumiu o Governo Federal, em maio do ano passado.
A maior obra de infraestrutura hídrica do País não sofreu contingenciamento financeiro nos últimos dez meses. Na verdade, o Ministério da Integração Nacional ampliou em 23% o volume de repasses para as obras do Eixo Leste, garantindo a entrega de trechos dentro do cronograma. Sob a gestão do ministro Helder Barbalho, o órgão investiu R$ 602 milhões no Projeto São Francisco. O novo ritmo de obras permitiu colocar em operação as quatro últimas estações de bombeamento do trecho, que possibilitaram elevar as águas do Velho Chico a uma altura de aproximadamente 227 metros, o equivalente a um prédio de 75 andares.
Com a abertura das comportas do reservatório de Campos, estrutura do Projeto São Francisco, a água abastecerá diretamente o riacho Barra, seguindo o curso natural até o açude de mesmo nome, em Sertânia (PE). No açude Barra, sob responsabilidade do governo estadual, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) mantém sistema de captação e tratamento que beneficiará imediatamente cerca de 35 mil moradores de Sertânia com a água do São Francisco. A Compesa também está construindo a Adutora de Moxotó, para garantir o abastecimento dos municípios de Arcoverde, Pesqueira, Alagoinha, Sanharó, Belo Jardim, São Bento do Una e Tacaimbó.
Os primeiros pontos de entrega da água do Velho Chico na Paraíba são os reservatórios São José e Poções, em Monteiro. Como a cidade possui sistema adutor com tratamento de água, 33 mil pessoas serão abastecidas no município. A expectativa é de que até abril as águas cheguem a outras 18 cidades ao longo do curso do rio Paraíba. Entre estes municípios está Campina Grande, que enfrenta sérios problemas de abastecimento de água para cerca de 400 mil pessoas.
O Eixo Leste foi projetado para ampliar a oferta hídrica e garantir abastecimento a cerca de 4,5 milhões de pessoas em 168 municípios que sofrem com a seca prolongada nos estados de Pernambuco e da Paraíba. É composto por seis estações de bombeamento, cinco aquedutos, um túnel, uma adutora e 12 reservatórios ? estruturas que cruzam os municípios pernambucanos de Floresta, Betânia, Custódia e Sertânia.
Caminho da água ? A Integração do Rio São Francisco tornou-se realidade e já transforma a paisagem do sertão brasileiro e a vida dos sertanejos. No Eixo Leste, o empreendimento tem início em Floresta, onde realiza a captação do rio na barragem de Itaparica. De lá, a água é elevada a uma altura de 61 metros na primeira estação de bombeamento (EBV-1), passa pelo aqueduto BR-316 e pelo reservatório de Areias, até chegar à EBV-2. A segunda estação é responsável por elevar a água em 43,1 metros para os reservatórios Braúnas e Mandantes, chegando à terceira estação.
A EBV-3 realiza o bombeamento com elevação de mais 63 metros de altura até a EBV-4, depois de passar pelos reservatórios de Salgueiro, Muquém, Aqueduto Jacaré e Cacimba Nova ? chegando ao município de Betânia. A quarta estação eleva a água numa altitude de 59 metros, fazendo com que ela percorra o reservatório Bagres (em Custódia), o aqueduto Caetitu, o reservatório Copiti, os aquedutos Branco e Barreiros, já na cidade de Sertânia, e o reservatório Moxotó.
Na quinta estação de bombeamento (EBV-5), a água do Rio São Francisco sobe 41 metros e passa pelo reservatório Barreiro para chegar à última estação do eixo. A EBV-6 tem capacidade de bombeamento de 63 metros de altura, permitindo escoar a água pelos reservatórios Campos e Barro Branco, pelo Túnel Engenheiro Giancarlo e pela Adutora Monteiro – estruturas construídas pelo Governo Federal -, até chegar ao fim do Eixo Leste do Projeto de Integração, no açude Poções, localizado em Monteiro (PB). A partir daí, a água segue pelo Rio Paraíba até o reservatório Boqueirão, para reforçar o abastecimento na região metropolitana de Campina Grande.
Eixo Norte ? Com 260 quilômetros de extensão, as obras nesse trecho apresentam 94,52% de execução e estão previstas para serem concluídas no segundo semestre deste ano, após finalização de serviços necessários à passagem da água do rio. A expectativa é de que ela chegue ao reservatório de Jati (CE) e à Região Metropolitana de Fortaleza ainda neste ano. Esse eixo beneficiará municípios nos quatro estados contemplados pelo Projeto – Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
O Ministério da Integração Nacional está realizando licitação, por meio de Regime Diferenciado de Contratações (RDC), para que uma nova empresa dê continuidade às obras não executadas pela Mendes Junior. A construtora comunicou à Pasta, em junho do último ano, a incapacidade técnica e financeira de executar os seus dois contratos no Projeto. O modelo de edital para a substituição da empresa foi escolhido em conjunto com o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Advocacia-Geral da União (AGU).
A expectativa da Comissão é concluir o processo licitatório ainda neste mês de março, quando também deverá ocorrer a assinatura do contrato com a empresa vencedora.
O Projeto de Integração do Rio São Francisco possui 477 quilômetros de extensão, divididos nos dois eixos, e beneficiará 12 milhões de pessoas nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.