Ano eleitoral começa após a Folia de Momo

Mais uma vez a eleição majoritária na Capital do Agreste poderá ser decidida em dois turnos, porém aliados da prefeita Raquel Lyra tentam levar no primeiro

Wagner Gil-Jornal Vanguarda

Embora o calendário elaborado pelo Tribunal Superior Eleitoral já esteja em vigor, para os políticos o ‘ano eleitoral’ começa mesmo após o Carnaval. Na legislação muita coisa muda em ano de eleição e, desde o dia 1º de janeiro, qualquer pesquisa de intenção de votos para ser divulgada tem que ter registro na Justiça. Para os candidatos a vereador que querem mudar de partido, o prazo é o dia 4 de abril, há exatos seis meses do pleito, mas existem prazos para o eleitor e também para os partidos realizarem suas convenções.

Em Caruaru, a grande quantidade de candidatos pode levar mais uma vez a disputa para o segundo turno da eleição de prefeito, embora alguns governistas trabalhem com a possibilidade de vitória da prefeita Raquel Lyra (PSDB) ainda no primeiro turno. No Palácio Jaime Nejaim, ninguém quer falar abertamente em vitória no primeiro turno, mas nas entrelinhas: “Nós estamos organizando a semana pré-canavalesca com muito sucesso e quem sabe ano que vem a gente não organize pelo menos um dia de Carnaval no período momesco”, disse o presidente da Fundação de Cultura, Rubens Júnior, que também é secretário de Governo. A fala dele ocorreu na última terça-feira (11), quando foi discutida a segurança do evento pré-carnavalesco.

Até agora sete pessoas figuram como pré-candidatos. Cinco na base do governo de Paulo Câmara e pelo menos dois na oposição: Raquel Lyra, que vai tentar a reeleição, e o deputado federal Fernando Rodolfo (PL). Existe ainda uma possibilidade de composição com outros partidos que fazem oposição ao Palácio do Campo das Princesas e aí entraria o PTB, do ex-senador e ex-ministro, Armando Monteiro Neto.

Na base do Governo do Estado estão três deputados estaduais que devem concorrer à prefeitura: Tony Gel (MDB), José Queiroz (PDT) e Erick Lessa (PP). Também na base estadual estão Raffiê Dellon (PSD), ex-diretor da Ciretran, e o candidato do Partido dos Trabalhadores, que ainda vai ser escolhido. Dois nomes disputam essa indicação do PT: Marcelo Rodrigues e Antônio Carvalho, ambos advogados e militantes de esquerda.

De acordo com o analista político João Américo, com tantos candidatos na sua base, a presença do governador na cidade não deve acontecer durante o primeiro turno. “Nesse caso, com muitos postulantes aliados, é bem provável que Paulo Câmara não apareça aqui, assim como fez na última eleição municipal. Também existe a possibilidade de algumas dessas candidaturas serem retiradas do páreo, mas aí só saberemos após muitas articulações”, disse.

MINIRREFORMA MEXE NA ELEIÇÃO DESTE ANO

Retirar algum candidato da disputa não deve ser fácil, principalmente devido ao fim das coligações proporcionais – quando partidos pequenos se juntavam para eleger vereador ou até mesmo deputado. “Agora fica mais difícil um partido pequeno não ter candidato majoritário, mesmo que não tenha chances de vencer. Ao lançar um candidato a prefeito, o partido fortalece sua chapa de vereadores. Imagine, por exemplo, o PDT, do ex-prefeito José Queiroz, não ter candidato a prefeito. Nessa conjuntura, dificilmente elegeria algum vereador”, analisou Américo.

Outro detalhe importante é que Caruaru tem a possibilidade de segundo turno e, nesse caso, cada partido traça sua estratégia de sobrevivência. Outro exemplo emblemático é o PSD, de Raffiê Dellon. Ele já tem praticamente sua chapa completa de candidatos proporcionais (a vereador) e, caso ele desista de ser candidato a prefeito para apoiar alguém da base de Paulo Câmara, dificilmente seu partido conseguirá eleger algum edil. Isso pode causar debandada de pré-candidatos para outras legendas ou desistência, deixando a sigla menor ainda e sem representatividade no Poder Legislativo.

Quem também corre risco é o Partido dos Trabalhadores. O PT nunca teve destaque na cidade e só conseguiu eleger dois vereadores em toda sua história de 40 anos: Rogério Menezes, em 2008, e Daniel Finizola, nas últimas eleições. A meta do atual presidente do Diretório Municipal, Léo Bulhões, é reeleger Finizola e pelo menos mais um dos pré-candidatos que estão colocados. “Temos bons quadros e este ano a sigla vem forte. Temos uma meta de eleger até três vereadores, pois nossos quadros estão fortalecidos e Caruaru sabe o que o Governo do PT fez pela cidade”, argumentou Bulhões.

CHAPÕES

A ideia de formar um chapão com os principais nomes que apóiam a prefeita Raquel Lyra vem ganhando força. Alguns vereadores migrariam para o PSD, entre eles, Edmílson do Salgado (sem partido), o líder do Governo, Bruno Lambreta (PDT), Ricardo Liberato (PDT) e Leonardo Chaves (PDT). Também podem compor o chapão e migrar para o ninho tucano Ranílson Enfermeiro (PTB), Edjaílson da CaruForró (PRTB), Rozael do Divinópolis (PTB), entre outros.

Para acomodar os demais vereadores, mas com possibilidade menor de votos (menos de dois mil), seria criada uma ‘chapinha’. Nesse caso, nomes como Duda do Vassoural (PRTB), Zezé Parteira (PV), Alysson da Farmácia e Ítalo Henrique, entre outros.

NOVOS NOMES

Outro detalhe interessante é o surgimento de novos nomes na política que devem disputar cargo de vereador, como o do jovem empresário José Maria Brasileiro, filho de Elias Brasileiro, que se filiou ao PSD esta semana e recebeu apoio de um grupo de pessoas influentes, entre eles, os empresários José Alberto (AGS), Valdir Carvalho (Vip Informática) e Hipólito Gervásio (Motorac e Autorac). “Realmente decidi disputar essa eleição e fazer algo importante para a minha cidade”, disse Zé Maria.

Outro nome que vai disputar a eleição de vereador é Maninho Bezerra. Atualmente ele está filiado ao PSD, mas afirmou que vai migrar para um partido da base da prefeita Raquel Lyra. “Raquel vem fazendo um excelente trabalho e merece continuar para terminar o que está fazendo. Vou para a base dela”, disse Maninho, com exclusividade ao Jornal VANGUARDA.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *