Em entrevista à coluna Painel da Folha de São Paulo, publicada nesta quinta-feira (19), o ex-senador e Conselheiro Emérito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro, disse que a proposta de reforma de Imposto de Renda “está longe de ser aceitável” e que deveria ser discutida de forma mais cuidadosa, assegurando audiência ampla dos setores.
Abaixo, as declarações de Armando publicadas pela coluna:
Reforma do IR foi desfigurada e não deveria ser votada, diz CNI
O ex-senador Armando Monteiro, também ex-presidente da CNI, uma das entidades que vinham fazendo pressão para se prolongar a discussão sobre a reforma do Imposto de Renda e fazer ajustes no texto, diz agora que a proposta não deveria ser votada porque foi “desfigurada após todas as mudanças que ocorreram desde a apresentação da primeira versão pelo governo”.
Segundo ele, caso passe ao Senado, haverá mais pressão para que não seja aprovada na Casa ou sofra alteração profunda.
“O projeto ficou absolutamente inconsistente no seu conjunto e do ponto de vista da indústria e dos setores produtivos. Está longe de estar aceitável. Não deveria ser votado. Deveria ser discutido de forma mais cuidadosa por uma comissão especial assegurando audiência ampla dos setores”, diz Monteiro, hoje conselheiro emérito da CNI.
O texto, proposto pelo governo, sofreu diversas alterações no último mês, mas ainda enfrenta resistências.
A CNI vinha dizendo que o projeto ia na direção correta, mas pedia ajustes no texto, como a redução maior no imposto cobrado das empresas e a taxação de dividendos com alíquota inferior ao que previsto.
Pediu também a manutenção do mecanismo do JCP (Juros sobre Capital Próprio), forma de distribuição de lucro a acionistas e que permite dedução de imposto pelas empresas.
O projeto também é alvo de reclamações de diversos setores, além de governadores e prefeitos, que receiam perder arrecadação.