Wagner Siqueira
Nós, Administradores, ficamos aliviados com a decisão do Governo Federal de decretar a intervenção na área da Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, em decorrência da escalada de violência e da incapacidade das organizações de segurança pública em controlarem tal situação assustadora.
Diante da inércia do Governo Estadual, algo urgente e ousado precisava ser feito para mudar os rumos da situação no estado.
Entendemos que a intervenção decretada foi uma decisão necessária e imprescindível, na medida em que todos os sinais de ineficácia e ineficiência não foram suficientes para convencer os responsáveis pela segurança pública.
A falta de viaturas e coletes; delegacias em péssimas condições; paralisações frequentes no sistema de registro de ocorrências e aumento do número de mortes de policiais passaram a ser noticiados como se fossem o novo patamar de prestação de serviços na segurança pública.
A incerteza de se chegar ao trabalho ou à escola tornou-se foco de tensão e estresse generalizado em toda a população, independente de classe social, raça ou credo.
Tais evidências na área da segurança pública não eram reconhecidas pelas autoridades estaduais. O governo respondia com desculpas e a criação de inimigos fictícios, como se existisse uma conspiração contra a cúpula da segurança pública e do governo. E esses argumentos vinham sempre seguidos da situação de caos nas finanças do estado. Nada se falava dos gastos na segurança pública nos últimos dez anos, com aumentos de salários, escolhas erradas ou descontinuidade de projetos, desperdícios de recursos, etc.
Para nós, Administradores, negar as dificuldades e evidências é o caminho para a ineficiência e ineficácia de qualquer sistema organizacional. É o fracasso anunciado dos resultados previstos.
Como Administradores, entendemos que a origem dos problemas na segurança pública se inicia na má gestão das organizações prestadoras de serviços de segurança pública – as organizações policiais.
A corrupção policial, o desvio de recursos, os desperdícios, a falta de racionalidade nos processos de trabalho, a burocracia excessiva, o processo inadequado de seleção e as ações mal planejadas são manifestações da mesma doença – a má gestão das organizações policiais. Estas disfunções demonstram uma cultura organizacional pouco comprometida com a melhoria dos resultados.
Assim, apoiamos a intervenção decretada pelo Governo Federal, mas não esperamos resultados mágicos ou espetaculares. Apenas alertamos para a necessidade imperiosa de se dar atenção especial e relevante para os problemas de gestão das organizações policiais, sob pena de se tornar apenas uma experiência corajosa, mas pouco eficaz.
Adm. Wagner Siqueira
Presidente do Conselho Federal de Administração