ARTIGO: O Dia da Vergonha

Ayrton Maciel

A maioria da Câmara dos Deputados ou parte suficiente dessa maioria, aliada em parte e parte cúmplice de Michel Temer, do PMDB, salva hoje da investigação no STF – por corrupção passiva – o primeiro presidente da República do Brasil, no exercício do cargo, acusado e denunciado pela Procuradoria Geral do Ministério Público Federal.

Qual país e nação desenvolvido ou em desenvolvimento, digno de assim se colocar ao mundo, salvaria o seu chefe de Estado e de governo da subordinação à Constituição e às leis gerais, impedindo-o de ser investigado e responder por atos e crimes dos quais é acusado? E, principalmente, salvo sob o argumento de que a sua investigação pode agravar a crise na economia do país?

Na verdade, embora ela (a verdade) posta na obscuridade, salvo porque o presidente é acusado de crimes dos quais seus salvadores também o são. Será uma ação entre amigos, parceiros e aliados. Qual país do mundo salvaria seu presidente ou ministro, maculando o cargo eternamente, como a história registrará nesta pátria e país, uma vez que a versão oficial é que o fundamental é salvar a economia. Mesmo que ela seja capaz de se descolar da política e que apenas 5% do povo apoie e aceite a decapitação moral do cargo.

Qual país e nação aceitaria conviver e ver suas forças armadas batendo continência para seu chefe e seu grupo, acusados dos atos e crimes que a Temer e uma dezena de ministros governantes são atribuídos? O Brasil assiste, hoje, à continuidade de uma farsa. Um golpe dado para a salvação de quem a pecha de corrupto soa como esperteza e não como vergonha.

Ayrton Maciel é jornalista e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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