Artigo: Perguntas incômodas, CPI e o caminho apontado por Renan Calheiros

Por João Américo de Freitas

Pela primeira vez o Governo Bolsonaro é obrigado a responder, sistematicamente, a perguntas que lhe são incômodas. Desde que assumiu o Governo, o Presidente não tem tido uma boa relação com a imprensa, e, em diversos momentos, sempre que fora questionado acerca de um tema que lhe desagradasse, o Presidente pronunciou as frases: “Acabou a entrevista”, “Está encerrada a coletiva”, “Acabou a entrevista aí”.

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) possui poderes de investigação, ou seja, de perguntar acerca de fatos relevantes na vida pública nacional, poderes que se assemelham a um híbrido de atribuições e competências da polícia judiciária (polícia Civil e Federal) e do poder judiciário. Em outros termos, a CPI possui poderes próprios de autoridades judiciais, com procedimento jurídico-constitucional-político, revestida de autonomia, com finalidade própria, que deve promover atos investigatórios sujeitos a inquéritos policiais e processos judiciais

A CPI também é uma prerrogativa das chamadas minorias parlamentares e, nessa condição, preenchidos os requisitos do artigo 58, §3º da Constituição Federal, deve ser aberta. Nesse sentido, a chamada CPI da COVID foi aberta por decisão do Supremo Tribunal Federal que, em outras oportunidades, já havia decidido de igual modo. Como sabido, a CPI do Senado tem como finalidade a apuração de eventuais omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19.

Em resumo, a convocação e perguntas às autoridades e pessoas indicadas na CPI, ressalvadas as condições de investigados, são de caráter coercitivo e obrigatório. Dessa premissa nasce a insatisfação do Governo Federal que, como dito no início de nosso artigo, agora se encontra obrigado a responder perguntas incômodas.

As redes socias colocaram a CPI da Pandemia na ordem do dia e amplificaram seu impacto nas discursões virtuais, quando o tema é política nacional. A consultoria .MAP, que analisa os dados, comportamentos e tendências nas redes sociais, captando o que pensa a sociedade brasileira, aponta que a CPI ocupa o mesmo espaço do BBB, tornando-a, desse modo, uma máquina mediática, que vai produzindo desde os chamados “memes” até os fatos tenebrosos de Manaus. As redes sociais, inclusive, estão moldando o comportamento dos membros da comissão, o relator Renan Calheiros antes do depoimento de Pazzuelo, indagou aos seus seguidores quais perguntas ele deveria fazer.

Por ter uma condução errática e contraditória no trato da PANDEMIA, e pelo fato de a CPI escancarar essas contradições, o apoio ao governo federal e, conseguintemente, ao Presidente Bolsonaro, vem caindo nas redes sociais, segundo dados da .MAP. Sempre é bom lembrar que, quando o tema era redes sociais e política, Bolsonaro se mostrava imbatível, até o advento da CPI.

As autoridades ouvidas, até agora, na CPI, por parte do Governo Federal, foram duramente confrontadas e, em determinado momento, faltaram com a verdade, gerando, assim, uma pauta negativa.

Ainda falando de redes socias, o site Arquimedes (https://arquimedes.social/), que monitora e analisa os cenários das redes socias e padrões de comportamento, mostra que perfis alinhados a Jair Bolsonaro têm perdido espaço no debate digital desde o início da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado Federal. A queda de desempenho nas redes sociais foi observada a partir da sessão que contou com a participação de Wajngarten.

Concluímos fazendo menção ao relator da CPI, Renan Calheiros, indagando: Quer saber para onde o pêndulo do poder no Brasil irá? Preste atenção ao Renan de hoje.

João Américo de Freitas é advogado e comentarista político na Caruaru FM

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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