Por Pedro Ernesto Paro
Em meio à pandemia do coronavírus, empresas se tornaram mais comprometidas em buscar práticas de negócios relacionadas a questões básicas de sobrevivência, como preocupação com a saúde dos colaboradores e suas respectivas famílias, a segurança financeira, a capacidade de manter os relacionamentos e a produção de bens e serviços. É descobrimos no “Relatório de Práticas Emergentes dos negócios em resposta à crise do Covid-19”, uma parceria entre a Humanizadas, startup da qual sou CEO e cofundador, o Instituto Capitalismo Consciente Brasil e pesquisadores da USP de São Carlos.
Um dos reflexos desse movimento foi a disponibilização dos ativos e da infraestrutura das empresas aos seus colaboradores e à própria população. Para garantir a conexão, o processo de transformação digital foi acelerado, evidenciando a importância da qualidade das relações para os negócios.
Além da preocupação com questões urgentes, a pandemia trouxe uma pressão às finanças e ao futuro dos negócios, exigindo cortes de custos. Não podemos generalizar esse ponto para toda e qualquer empresa, mas, sob o contexto atual, é provável que algumas empresas possam ter alguns pontos cegos em sua gestão. Quando pensamos nos conceitos de complexidade e anti-fragilidade, visando construir organizações mais resilientes e duradouras, o capital humano, cultural, psicológico, natural e espiritual, por exemplo, podem trazer ser fundamentais para representar um diferencial competitivo aos negócios quando a crise passar. Esses recursos podem estar sendo negligenciados neste momento, e isso pode afetar os negócios no futuro, pois serão valiosos para a inovação no cenário pós-crise.
Um cenário de incertezas e transformações nos negócios
A pandemia desestabilizou nosso sistema de saúde, econômico, político e social e está paralisando o mundo. Diversos negócio e famílias estão em perigo e, ao mesmo tempo, abrindo espaço para nascer uma sociedade diferente. Em nossa história recente esta também é a primeira vez na qual, coletivamente, experimentamos o capital social com tamanha força.
Neste momento, podemos estar diante da crise que tanto necessitamos para entrarmos no próximo estágio evolutivo de nossas lideranças, organizações e sociedade. Ainda não sabemos quando, mas no futuro a crise do Covid-19 vai terminar e o ambiente de negócios provavelmente não será mais o mesmo.
A crise acelera a mudança para a Era da Humanização
Outra revelação que tivemos no relatório é que, frente aos desafios impostos por este período conturbado, uma série de empresas tidas como grandes concorrentes, passaram a adotar práticas mais conscientes e ações de cooperação em prol do bem coletivo nas últimas semanas. Uma atitude de empatia e atenção com o próximo.
Para observar o fenômeno dessa mudança, comparamos as práticas emergentes dos negócios em resposta à crise do Covid-19, com as práticas das empresas de destaque na 1ª Edição da Pesquisa Empresas Humanizadas em 2019 (“Humanizadas-19”). O quadro a seguir revela a síntese do estudo.