Por Marcelo Rodrigues
O mundo marcha para mudanças imagináveis e sem voltas, e não precisa de muitos dados para aferir que nos idos de 1998, a empresa Kodak tinha um quadro de funcionários que passava de 150 mil funcionários, e sua venda de papel fotográfico para o mundo passava de mais de 80%. Bastaram 3 anos para que a forte indústria da fotografia fosse extinta. Assim será com muitas empresas, indústrias e negócios na próxima década, e pasme, a maioria das pessoas não se aperceberão desses acontecimentos. O surgimento de novas tecnologias estão cuidando para derrubar o que antes era sólido, e permitirá a derrocada do que dantes existia como intocável.
Nosso futuro tem reservas surpreendentes na taxa de inovações, e que vem de forma extremamente acelerada apontando para transformações, diferentemente do passado, e que vão além da nossa imaginação, conforme exposto na Singularity University Germany Summit, em abril deste ano. Novidades em softwares que irão causar grandes impactos na maioria dos negócios, não ficando de lado nenhuma área de atividade humana, porque as mudanças virão com toda a forma da tecnologia. Um olhar mais atento já pode sentir as mudanças, como por exemplo: o UBER, que é apenas uma ferramenta de software e não possui um carro sequer, no entanto, hoje a maior empresa de táxis do mundo. A Airbnb, de início, “BnB” é uma abreviatura consagrada de “bed and breakfast” é o maior grupo hoteleiro do planeta, sem deter a propriedade de uma única unidade de hospedagem.
Uma realidade hoje nos EUA, é que jovens advogados não conseguem emprego, um dos motivos é a plataforma tecnológica IBM Watson, que oferece aconselhamento jurídico básico em poucos segundos, com precisão maior que a obtida por profissionais da área. É necessário que se diga que haverá 90% menos advogados no futuro e apenas os especialistas sobreviverão, ou seja, a era será dos especialistas com o olhar nas tendências de mercado. O Watson (um supercomputador capaz de entender, raciocinar e responder as mais variadas perguntas) também orienta diagnósticos de câncer, ou seja, antever com eficiência maior que os humanos na área de saúde. Não menos, em 10 anos, a impressora 3D, antes um sonho inatingível reduziu o preço de US$18.000 para US$400 e tornou-se 100 vezes mais rápida, para se ter uma ideia as grandes empresas de calçados já começaram a imprimir sapatos em 3D. Até 2027, 10% de tudo o que for produzido será impresso em 3D. Nos próximos 20 anos, 70% dos empregos atuais vão desaparecer, imaginem o que já está difícil no mercado de trabalho, como ficará?
Na verdade, os fabricantes que insistirem na produção convencional atual de automóveis irão à falência, enquanto as empresas de tecnologia (Tesla, Apple, Google) estarão construindo computadores sobre rodas. Os carros elétricos vão dominar o mercado na próxima década. A eletricidade vai se tornar incrivelmente barata e limpa. O preço da energia solar vai cair tanto que as empresas de carvão começarão a abandonar o mercado ao longo dos próximos 10 anos, ao contrário do que muito alarmista vem falando, é uma ida sem volta, só para se ter uma ideia, no ano passado, o mundo já instalou mais energia solar do que à base de combustíveis fósseis. Com energia elétrica a baixo custo, a dessalinização tornará possível também a obtenção de água abundante e barata.
No contexto deste futuro imaginário, os veículos serão movidos por eletricidade e a energia elétrica será produzida a partir de fontes não fósseis. A demanda por petróleo e gás natural cairão dramaticamente e será direcionada para fertilizantes, fármacos e produtos petroquímicos. Os países do Golfo serão os únicos fornecedores de petróleo no mercado mundial. Neste cenário ameaçador, as empresas de O&G que não se verticalizarem simplesmente desaparecerão.
Em nosso país, o modelo de negócio desenhado pela matriz energética da Petrobras caminha no sentido contrário. Abrindo mão das atividades que agregam valor ao petróleo e abandonando a produção de energia verde, a Petrobras restar uma sobrevivência sofrível. É aguardar para conferir essas tendências.
Marcelo Augusto Rodrigues, advogado militante, mestre e doutorando em Direito, ex-Secretário de Meio Ambiente do Recife.