O Comércio ampliado – que inclui Veículos, Motos e Peças e Material para Construção – avançou pouco mais de 4%, de 2016 até abril deste ano. O crescimento foi menor que no período de 2007-2013, quando registrou alta de mais de 8%. Entre 2014 e 2016, as perdas somaram mais de 15%. Para Rodolpho Tobler, coordenador da Sondagem do Comércio do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), a queda dos juros e a junção com o fim do ciclo recessivo podem explicar o desempenho do setor.
“A melhora dos duráveis parece estar sendo motivada principalmente pela combinação de um movimento cíclico, diante dos efeitos da longa crise sobre as vendas, com a queda dos juros. Esses fatores levam a um aquecimento de alguns segmentos, alavancado pela demanda reprimida da classe média. Já o marasmo dos segmentos de não duráveis parece estar mais relacionado às dificuldades financeiras das classes de renda mais baixas, amplificadas pela lentidão da recuperação do mercado de trabalho”, explicou.
O economista analisou os últimos dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de abril, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No primeiro trimestre de 2018, as vendas mantiveram a tendência de recuperação, variando 1,2% em relação ao trimestre anterior. De acordo com Tobler, “o dado de abril, primeiro mês do segundo trimestre, corrobora o movimento de alta ao variar 1,3% em relação ao mês anterior. Analisando por segmentos, é possível perceber uma certa heterogeneidade na recuperação como um todo, com duráveis obtendo resultados mais expressivos”. Para ele, o resultado de maio pode frear o crescimento do Comércio.
“A continuação do ritmo de melhora do setor ao longo do segundo trimestre parece pouco provável. O movimento de greve dos caminhoneiros reduziu consideravelmente o abastecimento de produtos em todo o país, afetando as vendas em maio e podendo ter desdobramentos nas vendas de junho também”, analisou.