A inevitabilidade da reforma da Previdência

aposentadoria

O amadurecimento da consciência social e a luta dos próprios trabalhadores lançaram as sementes do sistema previdenciário. Ao longo do tempo, em diversos países, foram sendo introduzidas formas de socorro aos necessitados, seguro contra acidentes de trabalho, doença, invalidez e pensões para idosos. No século 20 ganharam corpo os sistemas previdenciários modernos não só para atenuar os efeitos da miséria, mas também para garantir dignidade àqueles que dedicaram toda uma vida produtiva à sociedade.

Na última semana, tomamos conhecimento que a Previdência Social, falando aqui somente do INSS, fechou 2016 com um déficit de R$ 149 bilhões, ou seja, 2,4% do PIB. Isso sem falar do desequilíbrio, também gigantesco, no sistema previdenciário dos servidores públicos. E pior, se não fizermos nada, as despesas previdenciárias vão ter um crescimento explosivo e insustentável. De 8% do PIB em 2016 para 17,79% em 2060. E não há mágica, o dinheiro sairá das contribuições de empresas e trabalhadores e de novos impostos. Sobrará cada vez menos dinheiro para as políticas públicas de educação, saúde, segurança e infraestrutura. Portanto, a reforma da previdência no Brasil não é uma escolha política ou ideológica, é uma necessidade inadiável.

É evidente que o sistema previdenciário sofre os efeitos conjunturais da recessão. É claro que o reaquecimento da economia brasileira aumentará suas receitas. Mas não é possível fugir mais da percepção clara de que o estrangulamento financeiro da previdência poderá levar, num futuro próximo, ao não pagamento dos benefícios a aposentados e pensionistas. É preciso reformar agora para garantir o equilíbrio da previdência.

Precisamos construir para as gerações futuras um sistema justo, sólido e sustentável. Temos que ter um diálogo franco e transparente, para além da retórica demagógica e mistificadora. O Brasil optou por um sistema de repartição e não de capitalização. Ou seja, os que trabalham hoje sustentam os benefícios previdenciários das gerações anteriores. Dois problemas matemáticos e não ideológicos: 1) nasce cada vez menos gente (o crescimento populacional foi de 1,4% em 2001, 0,8% em 2016 e será de 0,38% em 2030) e 2) felizmente a expectativa de vida ao nascer é cada vez maior (45,5 anos em 1940, 75,5 anos em 2015) e o índice de envelhecimento crescerá de 36% em 2016 para 76,39% em 2030.

Além disso, existem privilégios e distorções a serem corrigidos. E regras insustentáveis: enquanto no Japão, na Alemanha, no México e no Chile a idade mínima é de 65 anos e nos EUA, 66, aqui a idade média para aposentadoria é de 58 anos.

É por responsabilidade com o futuro do país e com as novas gerações que o Congresso debaterá essa reforma inevitável. É preciso que todos entendam o problema, compreendam a gravidade da situação e apoiem a mudança, longe do populismo demagógico que sempre povoa o debate sobre previdência.

Por Marcus Pestana

Câmara e Senado definem presidências de comissões

Congresso1Foto: Rodolfo Stuckert/Câmara dos Deputados

Para iniciar os trabalhos do Ano Legislativo, Câmara e Senado precisam escolher as presidências das comissões permanentes e instalar os colegiados chamados de especiais. Entre eles, está o que vai discutir a proposta enviada pelo Executivo para a reforma da Previdência. A previsão é que deputados tenham até 40 sessões para debater o tema e aprovar o relatório que será encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

A pauta só segue para o plenário se tiver apoio dos parlamentares nos dois colegiados.
Enquanto isso, no Senado, o PMDB tenta entrar em acordo sobre o nome do partido que será indicado para a presidência da CCJ. O líder da legenda na Casa, Renan Calheiros (AL), e o novo presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), ainda não conseguiram definir qual senador vai dirigir os trabalhos do colegiado tido como mais importante da Casa. Após mais de três encontros entre os membros da sigla, sem nenhum acordo, a definição acabou adiada para amanhã (terça, 7), durante a reunião de líderes. Pelo menos três senadores estão na disputa: Edison Lobão (MA), Marta Suplicy (SP) e Raimundo Lira (PB).

Neste começo de Ano Legislativo, os membros da CCJ no Senado serão responsáveis por sabatinar o ministro indicado pelo presidente Michel Temer para ocupar o lugar de Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal (STF), morto em acidente aéreo.

Repatriação de recursos

No plenário da Câmara, a pauta que inicia os debates entre deputados é de interesse do governo. Aprovado pelo Senado em 23 de novembro, o projeto (PLS 405/2016) que reabre o prazo para adesão ao regime especial de repatriação de recursos do exterior é o primeiro tema que será tratado pelos parlamentares. A sessão está marcada para esta terça-feira (7).

Pelo texto aprovado no Senado, o prazo para adesão ao Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária será reaberto em 2017 por 120 dias, contados do trigésimo dia a partir da publicação da norma. O relator da matéria na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), senador José Maranhão (PMDB-PB), ressaltou que o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária se revelou como um instrumento bem-sucedido de regularização de ativos e que diversos setores do mercado reconheceram o bom desempenho do programa, o qual recuperou aos cofres públicos cerca de R$ 50 bilhões em 2016.

Também na pauta plenária desta semana estão os projetos de combate à violência contra mulheres e crianças e as mudanças previstas no rateio do ICMS para municípios com usinas hidrelétricas. A ordem de apreciação das matérias será definida na reunião de líderes que será realizada amanhã (terça, 7).

Reforma do Ensino Médio

No Senado, a medida provisória (MP 746/16) que prevê a reforma do currículo do Ensino Médio é tida como prioridade. Alvo de diversas manifestações em 2016, a proposta enviada pelo Executivo no ano passado precisa ser votada ainda no primeiro semestre. Caso contrário, perde a validade.
Na MP 746/16, já aprovada pelo plenário da Câmara por 263 votos favoráveis e 106 contrários (veja como cada deputado votou), está previsto que o aumento da carga horária do ensino médio terá uma transição dentro de cinco anos da publicação da futura lei, passando das atuais 800 horas para 1.000 horas anuais. Os alunos também poderão escolher a área de formação de maior interesse já no início do ensino médio.