Não é segredo para ninguém que o Brasil está envelhecendo. Para se ter ideia, o censo de 2010 revelou que 19,6 milhões de brasileiros estavam com mais de 60 anos de idade, e em 2019 este número já era de 28 milhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Existem várias razões para este crescimento, mas dentre elas, os avanços da medicina e a queda das taxas de mortalidade e natalidade são alguns dos fatores que já contribuem para as alterações nos índices do mercado imobiliário.
Essa mudança demográfica reflete não apenas no planejamento do Estado, que terá que arcar com mais aposentadorias do que consegue pagar, mas também com todo o mercado, entre eles o imobiliário. Especialista em venda, locação e administração de Imóveis, Rafael Scodelario acredita que, em alguns anos, adequações serão cada vez mais comuns para comportar esse novo público. “As pessoas mais velhas possuem uma vantagem que é a facilidade de crédito, visto que a estabilidade financeira se traduz em uma melhor chance de aprovação de financiamento imobiliário, por exemplo. Porém, o imóvel para esse público costuma ter características próprias, necessitando de adequação”.
Segundo o especialista, esse perfil geralmente já possui um imóvel e adquire outro para fins de lazer ou mesmo para estar mais próximo da família ou em ambientes menores, que facilitem a locomoção e promovam a praticidade.
Além disso, é preciso que a sociedade se prepare para um aumento de idosos ativos e independentes, os empreendimentos imobiliários também já planejam locais que atendem essa faixa etária. “As empresas começam a pensar em residências que mantenham a produtividade dessas pessoas, com serviços específicos nas redondezas, locais para a socialização, visto que a solidão é figura presente no envelhecer, por exemplo. É importante considerar que, geralmente, idosos buscam casas e apartamentos que mantenham o maior nível de independência e autonomia física”, comenta o especialista.
Porém, também não é prudente para o mercado generalizar esse público. Rafael Scodelario ressalta que, assim como qualquer cliente do mercado, há idosos que preferem apartamentos a casas, há quem goste de locais mais agitados, outros de casas de campo. “Todo cliente possui desejos e particulares. O mercado não pode ignorar aspectos que são essenciais para faixas etárias mais elevadas, mas também não há como padronizar os empreendimentos para uma categoria de idoso apenas”, alerta.
O especialista lembra que o aumento da longevidade pode ser um campo fértil para a empregabilidade do setor. “Os idosos possuem características que são extremamente relevantes para ser um bom corretor de imóveis, como poder de escuta, negociação com base em experiências próprias e paciência. O mercado pode encontrar na população mais idosa, com dificuldade em se realocar no mercado de trabalho, uma boa força de trabalho”, finaliza.