Fatores genéticos podem gerar predisposição para quadro grave da Covid-19

Pesquisadores de dezesseis instituições do Paraná e de São Paulo investigam se há fatores genéticos que tornam uma pessoa mais ou menos propensa a desenvolver quadros graves da Covid-19. O projeto intitulado “Abordagem genômica para investigar variações genéticas do Sars-CoV-2 (coronavírus) e no hospedeiro humano” também pode auxiliar na busca de alvos terapêuticos.

Metodologia

O estudo usará pacientes que contraíram o coronavírus e os dividirá em três grupos: um com pessoas que apresentaram quadro clínico grave e mantidos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) com auxílio de ventiladores pulmonares; outro com pacientes com quadro clínico moderado, internados na enfermaria e sem necessidade de serem encaminhados para a UTI; e por fim, pacientes com sintomas leves ou assintomáticos em isolamento social.

Em Araraquara, no interior de São Paulo, serão coletadas trinta amostras de pacientes, dez para cada grupo dividido na pesquisa.

De cada grupo serão colhidas amostras nasais para determinação de carga viral por RT-PCR (tipo de exame) e coleta de cinco mililitros de sangue para extração de DNA e sequenciamento. As coletas estão previstas para ocorrerem entre o final de julho e início de agosto.

“Os pesquisadores estão observando qual é o perfil genético desses diferentes grupos com o objetivo de fazer o que chamamos de ‘medicina individualizada’, ou seja, procurar diferenças de respostas à terapia, alvos terapêuticos envolvidos na mudança genética, criar uma grande rede genômica de pacientes que possam fazer com que os clínicos consigam melhor definir quem é aquele que melhor responde às terapias que atualmente estão disponíveis”, explica a professora da Universidade Estadual de São Paulo no campus de Araraquara, Christiane Pienna Soares.

“É uma proposta interessante. O material genético vai ser sequenciado, vai avaliar se temos mudanças de alguma sequência entre os grupos que poderiam caracterizar evoluções diferentes”, completa a professora.

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Faltam sedativos para intubação de pacientes em 25 estados e no DF

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Instituições participantes

O projeto será desenvolvido pela Rede Genômica IPEC/Guarapuava, com pesquisadores de doze instituições de pesquisa do Paraná: a Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Faculdades Pequeno Príncipe (FPE-Curitiba), Instituto Carlos Chagas (Fiocruz/PR), Laboratório Central do Estado do Paraná (LACEN) e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

O estudo conta ainda com quatro instituições paulistas: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Faculdade de Ciências Farmacêuticas (UNESP-Araraquara), Universidade de Araraquara (Uniara) e a Faculdade de Medicina de Marília (Famema). Além delas, o projeto também agrega parcerias com professores da USP Ribeirão Preto, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e com a universidade americana de Illinois, entre outros.

Fonte: Brasil 61

91% das pessoas que tiveram a Covid-19 no Brasil apresentaram sintomas, aponta estudo da UFPel

Em entrevista coletiva na noite de ontem (02), o Ministério da Saúde divulgou os resultados do EPICOVID19-BR, o maior estudo epidemiológico do país sobre o coronavírus. Dividida em três fases, com início em maio e término no final de junho, a pesquisa analisou 89.397 pessoas de todas as regiões do país e foi conduzida pela Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul.

A pesquisa utilizou como base geográfica as 133 cidades de regiões intermediárias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – agrupamentos de locais que são articulados através da influência de uma metrópole, capital regional ou centro urbano.

Entre os resultados, pesquisadores levantaram que os sintomas mais frequentes das pessoas infectadas pelo coronavírus incluem alteração do olfato/paladar, dor de cabeça, febre e tosse. Dentre as pessoas que participaram do estudo, 91% apresentaram sintomas e 9% eram assintomáticas.

“É claro que esse número tem que ser considerado com o devido cuidado. Não estamos querendo dizer que 91% das pessoas vão precisar de atendimento hospitalar. Estamos dizendo que os sintomas da Covid-19 aparecem e isso é uma boa notícia para a secretaria de Vigilância da Saúde para desenvolver protocolos para tentar identificar pessoas sintomáticas e com isso, impedir a disseminação da doença”, avaliou o coordenador do estudo epidemiológico, Pedro Hallal.

Letalidade

O estudo da Universidade Federal de Pelotas apontou também a estimativa da letalidade da infecção por coronavírus. Os resultados mostram taxa de letalidade de 1,15%, o que significa que a cada 100 pessoas infectadas pelo vírus, uma vai a óbito.

“Tem uma alteração grande por faixa etária. Pode ter variação por aglomeração na casa, tem uma série de variáveis que nós discutimos com o Ministério da Saúde para análises futuras, mas, em geral, na população o número que temos para apresentar é 1,15%. É um dado consistente, baseado em fatos reais e não em projeções matemáticas”, destacou Pedro Hallal.

Outros resultados

A pesquisa levantou informações sobre distanciamento social. Da primeira fase até a última, no final de junho, o percentual de pessoas que saem de casa diariamente subiu de 20,2% para 26,2%. A estatística de pessoas quem saem só para atividades essenciais diminuiu – passou de 56,8% em meados de maio para 54,8% no final do mês passado.

O coordenador do estudo, Pedro Hallal, também chamou atenção para a infecção por crianças e adolescentes. “Também pegam o vírus na mesma proporção que adulto. Claro que o quadro clínico das crianças é menos grave, mas pegam também. No início da pandemia foi sugerido que crianças não pegavam”, avaliou.

O estudo mostrou ainda que os 20% mais pobres da população brasileira tem o dobro da infecção do que os 20% mais ricos da população. “Uma explicação é a questão da aglomeração, da quantidade de cômodos, quantidade de moradores. Vamos explorar isso ao longo dos próximos meses”, destacou Hallal.

Fonte: Brasil 61

Mais cinco morte em Caruaru por Covid-19

A Secretaria de Saúde de Caruaru informa, nesta quinta (02), que até o momento foram realizados 6.448 testes, dos quais 2.493 foram através do teste molecular e 3.955 do teste rápido, com 2.351 confirmações para a Covid-19, incluindo cinco óbitos: Mulher, 73 anos, sem comorbidades, falecida em 03 de junho; mulher, 43 anos, sem comorbidades, falecida em 20 de junho; homem, 22 anos, sem comorbidades, falecido em 24 de junho; homem, 84 anos, com comorbidades, falecido em 28 de junho e um homem, 89 anos, sem comorbidades, falecido em 1 de julho.

Em investigação estão 422 casos e já foram 3.675 descartados.

Também já foram registrados 11.978 casos de síndrome gripal, dos quais 1.503 foram orientados a ficar em isolamento domiciliar.

A secretaria informa ainda que 1.934 pacientes já foram recuperados do novo coronavírus.

Asces-Unita e Sebrae promovem palestras sobre desenvolvimento profissional no Férias no Campus

A crise econômica causada pela pandemia do Coronavírus causou um cenário de necessidade de renovação para muitos profissionais. Processos foram acelerados e será necessário repensar o posicionamento no mercado para se readequar à nova realidade, seja se qualificando ou adquirindo novas habilidades para empreender.

Por isso, o Férias no Campus da Asces-Unita promove, nesta sexta-feira (03), duas palestras neste sentido. São elas: “O fim do Emprego – perspectivas para as relações profissionais” (das 9h às 11h), e “Canvas You: Modelo de Negócio Pessoal” (das 19h às 21h) . Elas serão ministradas por Henderson Ramon e Breno Paredes, respectivamente, ambos consultores do Sebrae.

Henderson é estrategista de mercado e designer de Aprendizagem e Soluções nas áreas de Marketing, Inovação e Planejamento. Consultor credenciado a empresas do Sistema S. Já Breno é Consultor, palestrante e mentor de negócios e startups. Mestre em Administração e local lead da hackathon Nasa Space Apps Challenge.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site www.asces.edu.br. As palestras são oferecidas por meio de vídeoconferência no aplicativo Zoom.

Capacitação online é aposta do IEL-PE para o segundo semestre

Com a suspensão dos cursos presenciais em todo o Brasil devido à pandemia da Covid-19, o Instituto Euvaldo Lodi de Pernambuco (IEL-PE) está adotando um novo formato para as suas capacitações: aulas virtuais com conteúdo transmitido ao vivo. Para julho, estão confirmados cursos a distância nas áreas de gestão, marketing, vendas e legislação trabalhista. Informações sobre valores e inscrições estão disponíveis no www.ielpe.org.br.

Todas as aulas serão ministradas por conceituados instrutores via a plataforma digital Zoom. Os diferenciais são que os alunos poderão tirar dúvidas e fazer networking da mesma forma que na aula presencial, além de participarem de dinâmicas e atividades em grupo e de contarem com a possibilidade de atendimentos individuais utilizando a própria ferramenta.

Tudo isso contribuirá para aumentar a performance dos profissionais que atuam no ambiente corporativo, segundo a superintendente do IEL-PE, Fernanda Mançano. “Os cursos a distância irão possibilitar em tempo real a troca de experiências e o debate entre instrutores e participantes, gerando interação, conhecimento e dinamicidade. Os conteúdos estão alinhados com as novas tendências de mercado e oferecerão uma visão ampla do meio empresarial, pós-pandemia”, comenta. A expectativa é que as turmas tenham, em média, 50 alunos. Ao final dos treinamentos, todos receberão certificado.

Confira a programação que inicia em julho:

• Atualização em Legislação Trabalhista e Previdenciária: dias 13, 14, 15 e 16 de julho, das 19h às 22h.

• Programa Gestão Comercial e Vendas: módulo 1 (Gestão estratégica de vendas), entre os dias 13 e 16 de julho; módulo 2 (Criando vendedores de alta performance), de 27 a 30 de julho; curso 3 (Atendimento ao cliente, prospecção, negociação e fidelização), entre os dias 3 e 6 de agosto; e módulo 4 (Ferramentas da área comercial e o marketing digital potencializando as vendas), de 10 a 13 de agosto.

• Programa Gestão de Marketing e Vendas: Módulo 1- Marketing 4.0, nos dias 15, 22 e 29 de julho; Módulo 2- Modelagem de negócios, nos dias 5, 12 e 19 de agosto; Módulo 3- Gestão estratégica de marketing e vendas, nos dias 26 de agosto e 2 e 9 de setembro; e Módulo 4-Relacionamento com o mercado, nos dias 16, 23 e 30 de setembro.

• Avaliação, Remuneração e Engajamento de Equipes: dias 20, 21 e 22 de julho, das 18h às 22h.

• Programa Logística, Compras e Administração de Materiais: Módulo 1- Logística empresarial: o que é almoxarifado e suas contribuições, de 7 a 10 de julho; Módulo 2- Gestão de estoques, de 14 a 17 de julho; Módulo 3 -Documentos e relatórios do estoque, de 21 a 24 de julho e Módulo 4- Gestão da Qualidade, 28 a 31 de julho.

HMV divulga melhorias no Call Center para informações sobre pacientes

Desde 04 de maio, o Hospital Mestre Vitalino suspendeu por tempo indeterminado as visitas aos pacientes internos, como medida de precaução e segurança diante da pandemia do novo coronavírus. A intenção foi diminuir o risco de infecção para os familiares, pacientes e colaboradores. A ausência das visitas gera muita preocupação nos familiares, e por isso, o HMV criou um call center por meio do qual os médicos e técnicos entram em contato com os familiares para informar o estado de saúde de cada paciente.

Algumas vezes essas ligações apresentam falhas pela ausência de atendimento, por contatos informados incorretos e outras situações operacionais. Para sanar essas ocorrências, a partir de agora a unidade irá disponibilizar o número (81) 3725-7761 para que os familiares possam entrar em contato e sinalizar que não receberam a ligação. A ideia é tornar essa rotina de informações fluida, para evitar momentos de preocupação e tensão para a família.

Agora, no momento de entrada do paciente na unidade, o familiar ou responsável receberá um folheto com todas as informações sobre as ligações. “Nós criamos um cronograma de ligações de acordo com o setor, e neste período percebemos que precisávamos ajustar alguns protocolos. Vamos tentar minimizar isso ao máximo e conseguir estabelecer essas ligações. Compreendemos a preocupação das famílias, ainda mais neste período que estamos vivendo”, explicou Leandro Rosa, coordenador do ambulatório e responsável pelo call center do HMV.

O serviço do call center funciona de segunda a sexta-feira das 08h às 17h, as ligações possuem dois formatos: médicas – para detalhamento do quadro de saúde; e administrativas – para repasse do boletim médico. Os contatos são feitos todos os dias para as famílias de pacientes internos nos setores Covid-19 (clínicas e UTIs) e em dias alternados para os demais setores, seguindo o cronograma abaixo:

Segunda-feira: Clínicas COVID-19, UTIs COVID-19, Emergência, Cardiologia, Neurologia, Clínica Médica, Clínica Cirúrgica e UTI Pediátrica;

Terça-feira: Clínicas COVID-19, UTIs COVID-19, Neurologia, UTI 3 e UTI Pediátrica;

Quarta-feira: Clínicas COVID-19, UTIs COVID-19, Emergência, Cardiologia, Neurologia, Clínica Médica, Clínica Cirúrgica e UTI Pediátrica;

Quinta-feira: Clínicas COVID-19, UTIs COVID-19, UTI 3;

Sexta-feira: Clínicas COVID-19, UTIs COVID-19, Emergência, Cardiologia, Clínica Médica, Neurologia, UTI Pediátrica.

Artigo: A necessidade da testagem rápida e ampla para combater o coronavírus

Desde o início do ano há uma crise sanitária em todo o mundo, em função do coronavírus. E, infelizmente, o Brasil ainda possui uma baixa taxa de testagem para a doença. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) esse índice deve ser de 10 a 30 vezes a mais que o número de infectados. E, no Brasil, segundo o Our World in Data, plataforma de dados de Oxford, são realizados, aproximadamente, 1,1 testes para cada caso confirmado. Em função dessa testagem reduzida, o número de casos positivos identificados pode não ser real.

De acordo com a OMS, quanto maior o número de casos confirmados, maior deve ser o índice de testes. No Brasil, até 12 de junho, eram mais de 800 mil casos confirmados e cerca de 400 mil em acompanhamento. Com isso, o país é, atualmente, a segunda nação com mais infectados no mundo, atrás, apenas dos Estados Unidos, com aproximadamente dois milhões de infectados.

Ainda segundo o Our World in Data, na primeira semana de junho, o Brasil totalizava uma média de 2,28 pessoas testadas a cada 100 mil habitantes, enquanto na Itália e nos EUA, a média era de 69,25 e 61,59 testados, respectivamente. Dessa forma, a quantidade de testes realizados no Brasil não demonstra a precisão no número de infectados e mortos, tornando os dados divergentes da realidade.

Atualmente, o período para que a resposta de um teste de detecção da covid-19 seja entregue e contabilizada pelo Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), sistema usado pelo Ministério da Saúde para registrar as contaminações pelo coronavírus, pode ser de até uma semana. Pois nessa testagem é considerado apenas o exame molecular, conhecido por RT-PCR, que é feito somente em laboratórios por meio da coleta de uma secreção do nariz.

Esse tempo é longo, se tratando da urgência em que as medidas necessárias devem ser tomadas para a contenção desse vírus. Por exemplo, uma vez que uma pessoa fez o teste, mas não tem o resultado em tempo oportuno, ela pode se tornar uma fonte de propagação, mesmo sem saber. Isso reafirma a importância do diagnóstico rápido para evitar o aumento da doença.

No Brasil, já existem testes, aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que cumprem esse papel de entrega de resultados em um curto intervalo de tempo. Entre eles está o Alfa Scientific, importado dos Estados Unidos, capaz de detectar o vírus a partir do sétimo dia de contato com o organismo. Ele é feito por meio da coleta de sangue, com uma picada no dedo ou por punção venosa. Após o sangue ser misturado com o reagente, o teste aponta o resultado em até 10 minutos.

Além disso, ele permite identificar se a pessoa, em algum momento, teve contato com o patógeno da doença, mesmo não tendo ficado doente. Ele já está sendo utilizado, por exemplo, em empresas que já retomaram suas atividades e querem garantir a segurança de seus colaboradores, como é o caso de algumas mineradoras que atuam no estado de Minas Gerais.

Testes como esses que agilizam o processo de detecção do novo coronavírus podem ser importantes aliados nesse momento, contribuindo para que o Brasil supere esse desafio sanitário, econômico e comunitário.

Rodrigo Silveira – diretor da Orbitae

Deputados articulam acordo para analisar em plenário proposta que pode baratear gás natural

Coautor da proposta conhecida como Nova Lei do Gás, o deputado federal Domingos Sávio (PSDB-MG) considera que a abertura de mercado e a entrada de novos fornecedores de gás natural no Brasil sejam regulamentadas por lei. Em 2019, o governo federal criou, por meio de resolução, o Novo Mercado de Gás, com a promessa de atrair novos investimentos, promover concorrência e cortar pela metade o preço do combustível até 2021, o que não ocorreu até o momento.

Ao defender a retomada da discussão do PL 6.407/2013 na Câmara dos Deputados, o parlamentar afirma que hoje o monopólio da Petrobras impede a livre concorrência no setor, já que não há outras empresas para competir em termos de preços.

“A legislação brasileira permite quase um cartel. Permite um mercado totalmente fechado e isso inibe novos investidores. Nós não conseguimos, por exemplo, ter gasodutos para atender às indústrias. O gás não chega onde é necessário”, critica.

Projeto que facilita construção de gasodutos, Nova Lei do Gás pode ser aprovada na Câmara ainda em 2020

Deputado Laercio Oliveira (PP-SE) anuncia que o relatório da Nova Lei do Gás retoma o trâmite até o fim de novembro

Livre iniciativa é que deve ditar regulação no mercado de gás natural, defende Paulo Ganime (NOVO-RJ)

Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Petrobras opera 94% de toda a produção no país, além de administrar a maioria dos campos de gás, gasodutos, termelétricas, transportadoras, distribuidoras e revendedoras do combustível.

Para Domingos Sávio, o principal prejudicado é o consumidor, que é obrigado a pagar pelo produto oferecido por uma única empresa. O parlamentar argumenta que a aprovação da nova lei vai modernizar a estrutura jurídica e permitir avanços que beneficiam a indústria, principal compradora do combustível no país.

“Esse projeto moderniza toda essa estrutura e quem ganha é o cidadão brasileiro, é a competitividade da indústria brasileira. Com esse projeto, teremos um gás mais barato, gerando emprego e riqueza para todo o Brasil”, completa o parlamentar.

No mercado brasileiro, a oferta total de gás natural é de 82 milhões de metro cúbicos por dia, sendo que 69% são de oferta interna e 16% se referem à importação da Bolívia. Em relação à demanda total, o Brasil responde por 76 milhões de metro cúbicos/dia. A indústria é a que mais demanda o produto (48%), seguida pelo setor de geração elétrica (37%). Os dados são da ANP.

A principal reclamação do setor produtivo é que a baixa oferta e a falta de concorrência no mercado torna o preço do combustível no país um dos mais altos do mundo, o que eleva os custos do produto final. A exemplo de comparação, no lançamento do programa Novo Mercado de Gás, em 2019, o Ministério de Minas e Energia estimou que o custo do fornecimento do gás natural no país era de US$ 10,4 por milhão de BTU, unidade térmica usada no mercado internacional. Na Argentina, esse valor, no ano passado, era de US$ 4,6 e nos Estados Unidos, US$ 3,13.

“O gás natural, no Brasil, chega a ser cinco ou seis vezes mais caros do que em outros países. O gás natural é mais caro no Brasil do que na Europa, onde não há produção de gás natural. O Brasil tem muita riqueza de gás natural e tem facilidade de importar da Bolívia, por exemplo, a custos competitivos”, cobra Domingos Sávio.

Mudanças

Entre outros pontos, o PL 6.407/2013 prevê diminuir a burocracia para construção de gasodutos, tubulações semelhantes a encanamentos domésticos que são utilizadas para transportar gás natural de um lugar a outro. Segundo o relatório aprovado na Comissão de Minas e Energia da Câmara em outubro de 2019, o processo de concessão de gasodutos atualmente é “muito burocrático”, o que impediu a ampliação dessa infraestrutura nos últimos anos.

Há 24 anos, legalmente, qualquer empresa que atenda as exigências técnicas pode explorar o gás natural no país, o que não ocorre no Brasil por conta do monopólio da Petrobras. A empresa domina, por exemplo, 100% do processamento e 80% da comercialização do produto em todo o mercado nacional.

Para o diretor da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) e coordenador-adjunto do Fórum do Gás, Bernardo Sicsú, esse cenário requer mudanças normativas para que haja avanço e ganhos econômicos no setor.

“O projeto da Nova Lei do Gás busca abrir o mercado de ponta a ponta, desde a produção até o consumo. Não basta você tratar apenas um desses elos, pois, se um deles for fechado, cria-se um nó que impede a criação dos benefícios pretendidos com a abertura do mercado”, aponta.

Para ampliar e interiorizar a rede de gasodutos pelo país, o texto propõe que as companhias precisem apenas de autorização da ANP, em vez de passar por licitação pública para construir essas estruturas. A exceção a essa regra são os gasodutos que são operados em regime especial por força de acordos internacionais de fornecimento de gás natural.

“Você tem no transporte, por exemplo, a simplificação do modelo de outorga. Com isso, a construção de um novo gasoduto não vai exigir o modelo de concessão, podendo seguir para o modelo de autorização. Essa simplificação é fundamental para acelerar o processo de transformação no setor de gás”, avalia Sicsú.

Pela tramitação normal, o PL 6.407/2013 deveria por passar por análise da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS) da Câmara. O deputado Domingos Sávio, entretanto, costura um acordo para tentar convencer o presidente Rodrigo Maia de analisar a matéria em Plenário. A justificativa para isso, segundo o parlamentar, é que o tema possui “relevância econômica para o período pós-pandemia”.

Fonte: Brasil 61

Novos polos industriais crescem 32% em microrregiões do país, aponta Ipea

A segunda etapa do estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) “Desenvolvimento Regional no Brasil”, aponta que o crescimento das aglomerações industriais em microrregiões do país cresceu 32% no período entre 1995 e 2015. O levantamento analisou o indicador de Aglomerações Industriais Relevantes (AIRs), que contabiliza locais que tenham, em um ano, 10 mil ou mais empregos industriais.

O Ipea baseia o conceito de microrregião de acordo com a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – agrupamento de municípios com a finalidade de atualizar o conhecimento regional e definir uma base territorial para levantamento e divulgação de dados estatísticos.

Segundo o Ipea, em 1995, das 580 microrregiões do Brasil, 85 tinham mais de 10 mil empregos na indústria. Vinte anos depois, esse número quase dobrou – passou a ser de 160.

A pesquisa confirma a tendência de desconcentração territorial das aglomerações industriais e migração para microrregiões do país. De acordo com os dados, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram elevação superior à média nacional no indicador AIRs, apontando crescimento da atividade industrial em suas microrregiões.

“As aglomerações industriais que mais crescem são as de menor tamanho, são aquelas que tem entre 10 mil e 20 mil empregos. Responde por isso, por exemplo no Centro-Oeste, a força dos negócios da agropecuária, a ascensão das exportações de soja e do milho para o mercado internacional. O fato da expansão do agronegócio requer uma certa indústria processadora de alimentos, processadora de grãos”, destaca o pesquisador do Ipea e um dos responsáveis pelo estudo, Aristides Monteiro.

“Isso aconteceu também no Nordeste, embora nessa região a força das exportações seja menor e tem mais conexão com a expansão do mercado interno e da renda regional. Indústrias novas que se instalaram por lá em busca de novas infraestruturas e incentivos fiscais. O mesmo ocorreu na região Norte”, completa Monteiro.

As regiões Sudeste e Sul continuam como os grandes polos industriais brasileiros, com 73% das AIRs – total de 160 – no país até 2015. O percentual, no entanto, diminuiu ao longo dos 20 anos de análise. Em 1995, era de 78%.

Interiorização

A pesquisa do Ipea revela que algumas microrregiões do Brasil apresentaram crescimento de Aglomerações Industriais Relevantes até quatro vezes superior à média nacional. No município de Alto Teles Pires (MT), por exemplo, o número de empregos industriais subiu de 904 em 1995 para 14.113 em 2015. O salto representa taxa de crescimento de 14,73% – a média nacional é de 1,88%.

Em Parauapebas, no Pará, os números são semelhantes. Há 25 anos, os empregos industriais na microrregião eram 1.569. Em 2015, as pessoas empregadas na indústria eram 14.438 – crescimento de 11,74%. Além desses dois municípios, outras 12 cidades de sete estados apresentaram taxa de crescimento superior à média nacional.

“A construção de cidades no interior do Brasil, como Brasília, Goiânia e Belo Horizonte, foi puxando pouco a pouco o desenvolvimento para dentro do país. Quando as atividades industriais vão se interiorizando vemos que, no interior do Brasil, cidades médias e pequenas, começam a criar uma classe média, com salários de valor importante. Ou seja, mercado consumidor importante no interior do Brasil”, avalia Aristides Monteiro.

“Outro fato positivo é pensar que a interiorização da indústria significa uma expansão da arrecadação de impostos, nos locais onde ela está. Então ganha os municípios, ganha as prefeituras, ganham os governos estaduais. Só faz bem para o interior do Brasil um setor de crescimento que vai em direção ao interior”, completa o pesquisador.

Fonte: Brasil 61