*Juntos pela Segurança: Pernambuco registra queda de 15,6% nos homicídios em fevereiro

Pernambuco registrou uma redução de 15,6% nas Mortes Violentas Intencionais (MVIs) em fevereiro deste ano no comparativo com o mesmo período de 2024. No mês passado, foram registradas 260 ocorrências desse tipo, contra 308 no mesmo mês do ano anterior – uma diferença de 48 casos. Esse é o melhor índice para o mês desde o início da série histórica, igualando-se a fevereiro de 2021. Com o resultado, o Estado reduziu o número de homicídios pelo décimo mês consecutivo. O Recife foi a região que mais contribuiu para a redução, com uma queda expressiva de 33,3% nos homicídios. O Agreste (-27,3%) e a Zona da Mata (-25,5%) aparecem logo em seguida, apresentando reduções importantes. Os dados fazem parte do balanço preliminar das estatísticas criminais referente a fevereiro de 2025, divulgados pela Secretaria de Defesa Social (SDS).

“A nossa gestão mostra, a cada dia, a que veio. A redução de 15,6% nas Mortes Violentas Intencionais no Estado e de mais de 30% no Recife, em fevereiro, é fruto do nosso investimento nessa importante política de segurança pública que é o Juntos pela Segurança. Mas podemos alcançar resultados ainda melhores e estamos trabalhando de maneira muito firme para isso ocorrer. Meu muito obrigado a todos os profissionais da segurança pública de Pernambuco, que têm atuado de maneira incansável para proteger a vida da população”, afirmou a governadora Raquel Lyra.

Outro avanço relevante foi observado nos casos de Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVP), com uma redução de 11,4% em fevereiro deste ano na comparação com o mesmo período de 2024, representando 449 ocorrências a menos. No acumulado do ano, a queda foi de 6,6%. A Zona da Mata se destacou como a região com maior redução desse tipo de crime, evidenciando a eficácia das operações policiais e da inteligência aplicada no combate a furtos e roubos.

No que diz respeito à violência contra a mulher, houve uma queda de 4,8% no total de ocorrências registradas em fevereiro (a redução foi de 5.103 casos em 2024 para 4.856 em 2025). Em relação aos feminicídios, o Estado registrou 10 casos em fevereiro, número superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Apesar desse aumento, a queda nos demais índices de violência contra a mulher, como agressões e ameaças, reflete o impacto das ações preventivas e repressivas adotadas pela gestão estadual.

“Temos intensificado as operações e fortalecido as ações de segurança, mas sabemos que a luta contra a violência de gênero exige um esforço contínuo. Seguimos investindo na capacitação das nossas forças. Nossa prioridade é garantir que as mulheres pernambucanas tenham mais proteção e suporte para romper o ciclo da violência. Estamos atentos aos números e trabalhando em novas estratégias para enfrentar esse problema, mas a sociedade também precisa estar engajada. Por isso, pedimos para que as pessoas que presenciem ou sejam vítimas de qualquer sinal de violência façam sua denúncia”, enfatizou a secretária de Defesa Social em exercício, Dominique de Castro Oliveira.

Governadora Raquel Lyra reúne prefeitos e propõe gestão compartilhada da Região Metropolitana

Com o objetivo de fortalecer a governança na Região Metropolitana do Recife (RMR), a governadora Raquel Lyra reuniu-se, nesta terça-feira (11), no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, com prefeitos e prefeitas da região. Durante o encontro, o Governo do Estado apresentou uma proposta, aceita por unanimidade pelos gestores presentes, de um calendário de reuniões que terão como meta encontrar caminhos coletivos sobre temas como mobilidade urbana, saneamento, habitação, cultura, educação, áreas de risco, meio ambiente, saúde e segurança pública.

“Hoje foi um dia de reunião de trabalho, discutindo a governança metropolitana com os prefeitos criando um calendário de entregas e de trabalho de construção coletiva. Tem muitos temas que são comuns à Região Metropolitana e que ultrapassam o limite dos territórios de cada uma das cidades. Temas como a questão dos morros e encostas, engorda da orla, transporte, saúde pública, tudo isso diz respeito a uma cidade, que é a RMR, que comporta 43% da população pernambucana”, destacou a governadora Raquel Lyra.

Na ocasião, Raquel Lyra apresentou os investimentos realizados pelo Estado na região por meio de programas estaduais que têm atuado diretamente nos municípios metropolitanos, tais como o Cuida PE, Bom Prato PE, Mães de Pernambuco, Juntos Pela Educação, Juntos Pela Segurança, Morar Bem Pernambuco, Águas de Pernambuco, PE na Estrada e Inova PE. Juntas, estas iniciativas — muitas delas inéditas na gestão estadual — somam investimentos na ordem de R$ 7,1 bilhões no período de 2023 a 2026, com previsão de que este valor aumente a partir dos novos recursos a serem captados pelo Governo de Pernambuco.

Presente no encontro, a vice-governadora, Priscila Krause, destacou que a reunião cumpriu o seu objetivo de integração entre os gestores municipais no enfrentamento dos problemas coletivos. “Estava presente na fala de todos a compreensão muito clara da importância de focarmos nos interesses comuns sobre os desafios locais. Há a compreensão de que o que precisamos é ter um trabalho de cooperação, mas sobretudo de compartilhar as responsabilidades para que possamos de fato ter um desenvolvimento estratégico e adequado para a região metropolitana”, pontuou.

Para o secretário estadual de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Regional (Seplag-PE), Fabrício Marques, a reunião foi bastante alinhada com o que a governadora vem fazendo desde o início da gestão. “Quem bem lembra, em janeiro de 2023, a governadora convocou uma reunião com todos os 184 municípios e, naquele momento, ouviu a todos os prefeitos e prefeitas, além de apresentar propostas da gestão, como a construção de creches. Neste ano, repetiu com os novos gestores eleitos no final de 2024 e empossados em janeiro e teve outra oportunidade de conversar e apresentar aos gestores os programas do governo já estruturados. Hoje, a intenção foi de intensificarmos as ações de forma mais coordenada para acelerar as entregas ao povo de Pernambuco, em especial ao da Região Metropolitana”, avaliou.

As reuniões propostas pelo Governo do Estado acontecerão nos próximos dias 17, 18, 19 e 20 de março, na (Seplag-PE), e serão divididas por ações prioritárias em cinco grupos de temas comuns aos municípios metropolitanos: (1) habitação de interesse social, creches, contenção de barreiras e Cuida PE; (2) saneamento e água, contenção do avanço do mar, defesa civil e infraestrutura hídrica e sanitária; (3) segurança pública, vacinação, assistência social e rede de saúde; (4) mobilidade, rodovias, vias urbanas, requalificação urbana e captação de recursos; (5) Porto do Recife e Porto de Suape, desenvolvimento econômico e emprego e renda. Também foi agendado outro encontro entre os prefeitos e prefeitas da RMR com o Governo de Pernambuco para o dia 15 de maio deste ano.

“Quero parabenizar o Governo do Estado pela iniciativa. Acho que esse diálogo metropolitano é importante. Poder trazer a pauta de cada cidade e a pauta conjunta. A nossa equipe vai participar, seguindo esse calendário, e estamos à disposição para poder contribuir e somar”, registrou o prefeito do Recife, João Campos.

Segundo a prefeita de Olinda, Mirella Almeida, a proposta “é importante para que a gente possa discutir temas que são comuns entre os municípios e alguns deles que precisam de fato do olhar e da atuação do Estado, então esse é um grande momento. Tem algumas questões que são muito individuais de cada município, mas por exemplo, nessa reunião podemos tratar de assuntos que são limítrofes, como recolhimento de lixo, acesso à saúde, acesso à educação em bairros que fazem divisa entre duas cidades e a engorda das praias que é preciso ser feito em Olinda, Jaboatão, Paulista e Recife”.

O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros, vê como fundamental a articulação da gestão estadual para a propor resoluções aos desafios enfrentados por todas as cidades da região. “Inclusive na discussão de projetos, investimentos e recursos, pois alguns municípios têm condições de realizar projetos, outros não. Neste sentido, a participação e a condução do Governo de Pernambuco para que a gente possa atender aos interesses dos municípios é bastante necessário”, comentou.

Também participaram da reunião os prefeitos Elcione Ramos (Igarassu), Paulo Galvão (Itamaracá), Flávio Gadelha (Abreu e Lima), Edmilson Cupertino (Moreno), Jogli Uchôa (Araçoiaba), Carlos Santana (Ipojuca), Ramos (Paulista) e Júnior de Irmã Têca (Itapissuma), além de Lucca Labanca (em exercício de São Lourenço da Mata).

Acompanharam o encontro os secretários estaduais Túlio Vilaça (Casa Civil), Simone Nunes (Desenvolvimento Urbano e Habitação), Zilda Cavalcanti (Saúde), Bianca Teixeira (Procuradoria-Geral), Almir Cirilo (Recursos Hídricos e Saneamento), Ana Luiza Ferreira (Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha), Carlos Braga (Assistência Social, Combate à Fome e Políticas sobre Drogas), Diogo Bezerra (Mobilidade e Infraestrutura), João Salles (Assessoria Especial à Governadora e Relações Internacionais – em exercício) e Dominique Oliveira (executiva de Defesa Social).

PrefTV abre inscrições para o reality show “A Voz Dela”

A PrefTV, em parceria com a Secretaria da Mulher de Caruaru, abre, nesta terça-feira (11), as inscrições para o reality show “A Voz Dela”, que tem o objetivo de descobrir uma voz feminina para ser locutora no Maior e Melhor São João do Mundo no Pátio de Eventos Luiz Lua Gonzaga, ao lado da dupla veterana Jaelcio Tenório e Carlos Augusto.

Para se inscrever, é preciso ter 18 anos, morar em Caruaru, ser mulher e não ser vinculada a nenhuma emissora de rádio ou TV da região. No ato da inscrição, a candidata deverá enviar um vídeo de apresentação de até 1 minuto, dizendo o porquê merece ser escolhida como a voz feminina no São João 2025.

Além do vídeo, a candidata precisa enviar um documento oficial com foto, CPF e comprovante de residência. As inscrições seguem abertas até a sexta (14) e devem ser feitas exclusivamente por meio do seguinte endereço eletrônico: https://forms.gle/yXZZaZTqXQnpkyKx5.

Por meio do vídeo e da documentação enviada, 10 candidatas serão previamente selecionadas pela comissão organizadora do reality. As demais etapas da seleção serão exibidas no programa, transmitido no YouTube da PrefTV, que será apresentado pela jornalista Rebeca Nunes. Os nomes das selecionadas serão divulgados no lançamento oficial do São João 2025, no dia 19 de março.

A grande vencedora receberá um cachê de R$ 5 mil, que será pago pela Fundação de Cultura de Caruaru, e irá apresentar as atrações do Pátio de Eventos nas vésperas de Santo Antônio, São João e São Pedro, dias 12, 23 e 28 de junho, respectivamente.

Vereador Jorge Quintino Propõe Uso de Inteligência Artificial para Revolucionar a Educação em Caruaru

A tecnologia já faz parte do dia a dia e pode ser uma grande aliada na educação. O vereador Jorge Quintino apresentou uma solicitação para implantar um projeto inovador que trará Inteligência Artificial (IA) e soluções tecnológicas (Edtechs) para as escolas municipais de Caruaru. A proposta, baseada no Marco Legal das Startups (Lei Complementar nº 182/2021), busca reduzir lacunas de aprendizagem e melhorar a gestão escolar.

Mas, afinal, o que são Edtechs? O termo vem de Education Technology (Tecnologia Educacional) e se refere ao uso de ferramentas digitais para aprimorar o ensino. Isso inclui plataformas interativas, IA para personalizar o aprendizado, aplicativos educacionais e análise de dados para acompanhar o desempenho dos estudantes. O objetivo é tornar o aprendizado mais eficiente e acessível.

Caruaru já conta com o SIEC – Sistema de Informações da Educação de Caruaru, que facilita o acesso a dados escolares. No entanto, para Jorge Quintino, é preciso avançar. “A tecnologia deve ser uma aliada na educação, tornando o aprendizado mais dinâmico e inclusivo. Precisamos preparar nossas crianças para o mundo digital”, afirma o vereador.

Jorge Quintino, que tem se dedicado a compreender os impactos da IA na sociedade, participou de uma entrevista no programa Comando-Geral da Notícia, da Rádio Cultura, no dia 6 de março. Na ocasião, ele destacou os dois lados da Inteligência Artificial, ressaltando que se trata de uma ferramenta multifacetada. De um lado, há o risco de grandes empresas explorarem a tecnologia de forma predatória, ampliando desigualdades e impactando negativamente o mercado de trabalho. Por outro, há um grande potencial para o uso da IA em benefício da população, tornando serviços mais acessíveis e melhorando a qualidade de vida.

“A educação está mudando, e Caruaru precisa acompanhar essa evolução. A tecnologia não substitui o professor, mas potencializa seu trabalho e melhora a experiência dos estudantes”, conclui Jorge Quintino.

Ceaca realiza programação alusiva ao Dia Internacional da Mulher

A Prefeitura de Caruaru, por meio da Central de Abastecimento de Caruaru (Ceaca), realiza, nesta quarta-feira (12), uma programação especial em alusão ao dia da mulher.

A programação inicia às 8h, com o projeto “Cozinha empoderada”, que vai enaltecer a prática da culinária tradicional com integração e troca de experiências.

Durante o evento serão oferecidos os serviços do Balcão de Direitos Humanos em parceria com o governo do estado e ações de saúde.

Preço médio da cesta básica teve aumento de mais de R$ 30 em Caruaru no mês de fevereiro

O preço médio da cesta básica ficou mais caro em Caruaru no mês de fevereiro, de acordo com o levantamento realizado pela Prefeitura de Caruaru, por meio do Procon. De acordo com a pesquisa, realizada de 24 a 27 de fevereiro de 2025, o preço dos itens ficou na média de R$ 654,04, um aumento de 4,89%, ou seja, de R$ 30,48 em comparação ao preço médio dos mesmos itens avaliados em janeiro deste ano.

De acordo com o Procon, esse valor representa um impacto de 43,09% sobre o atual salário mínimo. As equipes de fiscalização do Procon registraram os preços de 27 itens, dos quais, 19 foram de gêneros alimentícios, 4 de limpeza doméstica e 4 de higiene pessoal. Desses, 12 produtos tiveram redução no preço, enquanto outros 15 tiveram aumento.

Itens que tiveram maior redução no preço médio:

• Sabão em pó (pacote com 400 gramas), redução de 14% (era R$ 2,33, passou para R$ 2,05);

• Sabonete, 7,6% (era R$ 1,64, passou para R$ 1,52, a unidade 90 gramas);

• Óleo de soja, redução de 7%% (era R$ 9,42, passou para R$ 8,81, a garrafa com 900ml).

Itens que tiveram maior aumento no preço médio:

• Bandeja de ovos (30 unidades), com reajuste de 54,26% (era R$ 15,29, passou para R$ 23,63);

• Quilo da banana, com reajuste de 23,1% (era R$ 3,91, passou para R$ 4,81); e

• Água sanitária, com aumento de 14% (era R$ 1,74, passou para R$ 1,98, o litro).

Com relação ao gás de cozinha, o Procon identificou no levantamento que não houve aumento nem redução do preço em comparação ao mês de janeiro de 2025. O gás se manteve com preço médio de R$ 97,76 (gás GLP 13Kg), de acordo com a análise realizada em 10 estabelecimentos.

O consumidor pode ter acesso à pesquisa completa pelo WhatsApp do Procon Caruaru: (81) 9 8384-5909. Caso precise de atendimento, o consumidor deve procurar o Procon através dos canais de atendimento, pelo telefone (81) 3101-0088, pela plataforma Caruaru Digital, ou ainda na sede, que fica localizada à Rua Silvino Macêdo, nº 71 (na mesma calçada da agência dos Correios), de segunda a sexta, das 8h às 14h.

Injustiça Climática e Racismo Ambiental: Quem Sofre Mais com as Crises Ambientais?

O racismo ambiental é uma realidade que se infiltra nas estruturas sociais e econômicas do Brasil, impactando de forma desproporcional populações vulneráveis. No Nordeste, essa questão assume contornos ainda mais dramáticos. Trata-se de um fenômeno em que comunidades historicamente marginalizadas – especialmente as negras, quilombolas e indígenas – sofrem com a falta de acesso a recursos básicos, infraestrutura precária e impactos ambientais que poderiam ser evitados ou mitigados.

O Nordeste brasileiro é, historicamente, uma das regiões mais afetadas pelas desigualdades estruturais do país. Além dos desafios econômicos, a região enfrenta secas prolongadas e a desertificação de áreas antes produtivas. O problema é que essas dificuldades não afetam todas as populações da mesma forma. Enquanto grandes centros urbanos do Sul e Sudeste recebem investimentos contínuos em saneamento, abastecimento de água e políticas de mitigação climática, comunidades do interior nordestino são frequentemente esquecidas.

A distribuição desigual dos impactos ambientais não é um acidente. Governos e empresas frequentemente tomam decisões que favorecem grupos economicamente privilegiados, enquanto comunidades vulneráveis sofrem com a degradação ambiental. Um exemplo claro é a expansão do agronegócio e a especulação imobiliária, que avançam sobre territórios tradicionais, expulsando populações que vivem da agricultura familiar e destruindo ecossistemas que garantiam sua sobrevivência.
O acesso à água ilustra de forma clara o racismo ambiental. Enquanto megaprojetos hídricos, como a transposição do Rio São Francisco, são amplamente divulgados como soluções para a seca, a realidade é que os benefícios desses projetos não chegam de forma equitativa. Grandes produtores agrícolas conseguem acesso privilegiado à irrigação, enquanto comunidades rurais e quilombolas continuam a depender de carros-pipa ou caminham quilômetros para obter água de baixa qualidade.
Os reservatórios construídos pelo poder público frequentemente abastecem setores industriais e cidades turísticas, enquanto pequenas comunidades continuam marginalizadas. Isso não é apenas um problema de infraestrutura; é uma escolha política que perpetua a desigualdade.

Outro aspecto do racismo ambiental está relacionado à destinação de resíduos e poluentes. Indústrias e usinas frequentemente se instalam em áreas periféricas, onde vivem populações mais pobres. Como resultado, essas comunidades enfrentam níveis alarmantes de contaminação do ar, da água e do solo, o que se reflete em maiores índices de doenças respiratórias e outras enfermidades associadas à exposição a substâncias tóxicas.

Além disso, projetos de energia eólica e solar, embora apresentados como sustentáveis, muitas vezes não consideram os impactos sobre as comunidades locais. Povos tradicionais são expulsos de suas terras sem consulta adequada, e os benefícios desses empreendimentos não são distribuídos de forma justa. O discurso da sustentabilidade, nesse contexto, serve como uma cortina de fumaça para a perpetuação de desigualdades históricas.

Enfrentar o racismo ambiental no Nordeste exige mudanças estruturais. Primeiro, é essencial garantir que políticas públicas sejam formuladas com participação ativa das comunidades afetadas. Projetos de infraestrutura e desenvolvimento devem respeitar o direito à terra e os modos de vida das populações tradicionais.

Além disso, é necessário fortalecer o acesso a recursos básicos, como saneamento, energia limpa e abastecimento de água, de forma equitativa. A justiça ambiental só será alcançada quando políticas de mitigação climática levarem em conta as desigualdades preexistentes e priorizarem aqueles que historicamente foram marginalizados.

O racismo ambiental não é um problema invisível – ele está presente nas decisões políticas, na distribuição de recursos e na forma como o desenvolvimento é conduzido. Para mudar essa realidade, é preciso reconhecer que a luta ambiental também é uma luta social e racial.

Marcelo Rodrigues, é advogado especialista em direito ambiental e urbanístico, consultor técnico em sustentabilidade da Prefeitura Municipal de Caruaru, ex-Secretário de Meio Ambiente do Recife.

Nove em cada dez agressões contra mulher foram presenciadas por alguém

Violência contra a mulher, criança e adolescente. Violência doméstica. Foto: Freepick

Nove em cada dez agressões cometidas contra mulheres nos últimos 12 meses, o equivalente a 91,8%, foram testemunhadas por outras pessoas. A maioria (86,7%) pertencente ao círculo social ou à família da vítima.

Apesar disso, quase metade das vítimas (47,4%) decidiu não denunciar o caso nem procurar ajuda de instituições ou de pessoas próximas.

Os dados constam da 5ª edição do relatório Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, divulgada nesta segunda-feira (10). O levantamento foi realizado pelo Instituto Datafolha, solicitado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Em relação ao perfil de quem estava presente no momento das agressões, os pesquisadores constataram que 47,3% eram amigos ou conhecidos das vítimas, 27% eram filhos e 12,4% tinham outro grau de parentesco.

Assistir aos episódios de violência, conforme ressaltam os especialistas, é algo que pode ter efeitos duradouros na vida de alguém e que pode originar “distúrbios emocionais, cognitivos e comportamentais, além de contribuir para uma percepção da família como um ambiente inseguro e caótico”.

“As evidências científicas também sugerem que crianças que testemunham violência doméstica têm maior probabilidade de serem afetadas pela violência na vida adulta, seja como vítimas ou como agressoras”, aponta o relatório.

O levantamento cita ainda que estudos demonstram que testemunhar esse tipo de situação entre os pais pode ser pior do que ser a própria vítima.

Foram entrevistadas 2.007 pessoas com mais de 16 anos de idade, entre homens e mulheres, em 126 municípios. Os questionários foram aplicados de 10 a 14 de fevereiro deste ano.

Agressores

Além de aparecerem como testemunhas das agressões, familiares figuram como agressores em parcela significativa dos casos, o que evidencia que a violência é doméstica e intrafamiliar.

O principal autor das violências contra mulheres foi o cônjuge/companheiro/namorado/marido (40%) e ex-cônjuge/ex-companheiro/ex-namorado (26,8%), o que já foi constatado em pesquisas anteriores do fórum. Pais e mães das vítimas foram os autores de 5,2% dos crimes, padrastos e madrastas de 4,1% deles e filhos e filhas, de 3% das ocorrências.

Violência dentro de casa

Outro aspecto frequente, também notado na pesquisa, diz respeito à preponderância da casa da vítima como local em que a violência é cometida (57%).

No período de análise, as mulheres que se tornaram alvo da violência de gênero sofreram, em média, mais de três tipos diferentes de agressões.

Em maior número, estão as ofensas verbais (31,4%), que abrangem insultos, humilhações e xingamentos. Tal porcentagem cresceu 8 pontos percentuais em relação a dados coletados em 2023.

A quantidade de mulheres atacadas com golpes, tapas, empurrões e chutes apresentou aumento expressivo, atingindo 16,9%, o maior patamar já registrado desde a primeira edição do relatório. Em números absolutos, significa que pelo menos 8,9 milhões de brasileiras sofreram agressão física no último ano.

Uma em cada dez mulheres sofreu abuso sexual e/ou foi forçada a manter relação sexual contra sua vontade (sem consentimento).

A violência sexual é apenas uma das cinco existentes, juntamente com a moral, a psicológica, a patrimonial e a física, e pode acontecer, inclusive, dentro do casamento, quando ocorre o estupro marital.

De acordo com o relatório, 37,5% das mulheres sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses, o que representa 21,4 milhões de brasileiras de 16 anos ou mais e é a “maior prevalência já identificada, desde 2017”.

O que fazer quando uma mulher sofre violência
Em casos de emergência e intervenção imediata, a recomendação é ligar para a Polícia Militar, por meio do 190.

Já Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) fornece diversas informações, como as referentes à aplicação da Lei Maria da Penha e serviços especializados de atendimento, que recebem denúncias de violência. A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.

É possível fazer a ligação de qualquer parte do Brasil ou via Whatsapp (61) 9610-0180.

O relatório elenca ainda instituições que oferecem serviço de acolhimento a mulheres vítimas de violência.

Bolsonaro recorre de decisão que negou impedimento de Dino e Zanin

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro recorreu nesta segunda-feira (10) da decisão que negou os pedidos para declarar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino e Cristiano Zanin impedidos para julgar a denúncia sobre a trama golpista.

No recurso, os advogados de Bolsonaro pedem que o caso seja julgado pelo plenário da Corte, colegiado formados pelos 11 ministros, entre os quais, André Mendonça e Nunes Marques, nomeados para a Corte durante o governo Bolsonaro.

No mês passado, o pedido para afastar Dino e Zanin do julgamento foi rejeitado pelo presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, que entendeu que as situações citadas pela defesa de Bolsonaro não são impedimentos legais contra a atuação dos ministros.

A defesa do ex-presidente alega que Flávio Dino entrou com uma queixa-crime contra Bolsonaro quando ocupou o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública nos primeiros meses do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No caso de Zanin, a defesa do ex-presidente diz que, antes de chegar à Corte, o ministro foi advogado da campanha de Lula e entrou com ações contra a chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022.

Julgamento

No mesmo recurso, a defesa de Bolsonaro pede que seja suscitada uma questão de ordem para que o plenário da Corte decida se deve julgar o caso.

As ações de impedimento foram direcionadas a Flávio Dino e Cristiano Zanin porque eles fazem parte da Primeira Turma do Supremo, colegiado que vai julgar a denúncia contra Bolsonaro.

A turma é composta pelo relator, Alexandre de Moraes, e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

Pelo regimento interno da Corte, cabe às duas turmas do tribunal julgar ações penais. Como o relator faz parte da Primeira Turma, a acusação será julgada pelo colegiado.

Se maioria dos ministros aceitar a denúncia, Bolsonaro e os outros acusados viram réus e passam a responder a uma ação penal no STF.

A data do julgamento ainda não foi definida. Considerando os trâmites legais, o caso pode ser julgado ainda neste primeiro semestre de 2025.

Dieese: cesta básica fica mais cara em 14 capitais no mês de fevereiro

Supermercado

No mês de fevereiro, o custo médio da cesta básica subiu em 14 das 17 capitais brasileiras que são analisadas pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Apenas três capitais apresentaram queda no custo da cesta: Goiânia (-2,32%), Florianópolis (-0,13%) e Porto Alegre (-0,12%).

As maiores elevações observadas entre os meses de janeiro e fevereiro ocorreram em Recife (4,44%), João Pessoa (2,55%), Natal (2,28%) e Brasília (2,15%).

Entre os maiores vilões para o aumento no preço da cesta estão o café, que subiu em todas as capitais pesquisadas, o tomate e o quilo da carne bovina de primeira. No caso do café, as altas variaram entre 6,66%, na capital paulista, e 23,81%, em Florianópolis.

Cesta mais cara

A cesta básica mais cara do país no mês de fevereiro foi a de São Paulo, com custo médio de R$ 860,53. Em seguida, estão as cestas do Rio de Janeiro (R$ 814,90), Florianópolis (R$ 807,71) e Campo Grande (R$ 773,95). Já nas regiões Norte e Nordeste do país, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores foram registrados em Aracaju (R$ 580,45), Recife (R$ 625,33) e Salvador (R$ 628,80).

O Dieese estimou que o salário-mínimo em fevereiro deveria ser de R$ 7.229,32 ou 4,76 vezes o mínimo atual de R$ 1.518,00. O cálculo foi feito com base na cesta mais cara, que, no mês passado foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário-mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.