PPS é terceira sigla a obrigar deputados a votar a favor da reforma da Previdência

Após o PMDB e o PTB, dessa vez foi a vez do PPS se posicionar sobre o texto da reforma da Previdência. Neste sábado(9), a sigla decidiu fechar questão a favor da reforma e obrigar seus deputados a votarem favoráveis ao texto que tem como relator o deputado Arthur Maia (BA), filiado ao partido. Apesar da decisão impactar em penas que vão de advertência a expulsão de membros que votarem contra a orientação da legenda, no partido a reforma não é consenso.

Na reunião do diretório nacional do partido ocorrida hoje, apenas dois deputados se colocaram a favor da mudança nas regras da aposentadoria e seis simplesmente não compareceram ao encontro. O presidente do partido, deputado Roberto Freire, ex-ministro da Cultura do governo Temer, apesar de fechar questão, disse que não pedirá aos deputados para seguirem a determinação da direção do partido e lamentou as divergências.

“Quero trazer para a direção nacional, da qual eles todos [deputados] fazem parte, a decisão, que é uma postura política. Ninguém quer punir ninguém, quer dizer qual a posição política deste partido. Ou nós não temos? Não é falta de respeito a direção nacional fechar questão em algo fundamental para um partido reformista”, acrescentou Freire.

Busca por votos

Apesar de todo o esforço dedicado à aprovação da reforma da Previdência, pelo menos 124 deputados que compõe a base governista anunciaram que votarão contra a reforma, de acordo com levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, publicado neste sábado (9). Para ganhar tempo e tentar convencer deputados indecisos ou que já anunciaram votar contra o texto, o governo marcou a data da votação na Câmara para o  dia 18 de dezembro.

Ao todo, conforme levantamento, 215 deputados, dos 513, já anunciaram que não vão votar com o governo. Para aprovar a proposta na Casa são necessários 308 votos favoráveis. A reforma é uma das principais apostas do governo de Michel Temer e de sua equipe econômica. Nos últimos dias, Temer tem feito promessas e intensificado a divulgação sobre o tema para reverter  quadro de rejeição ao texto.

Braço armado do Hamas pede continuidade de protestos contra Israel

As Brigadas de Ezedin al Qasam, o braço armado do movimento islamita Hamas, pediram neste domingo (11) à população palestina que “ative todos os meios para resistir e opor-se à ocupação”, assim como para continuar com a “intifada” que tentam impulsionar após o anúncio de Donald Trump sobre Jerusalém. As informações são da Agência EFE.

“O inimigo pagará caro por sua agressão, traição e criminalidade contra a nossa gente”, disse o grupo armado em comunicado no qual advertiu que, durante os próximos dias, se demonstrará “a determinação da resistência armada”.

Depois da declaração sobre Jerusalém como capital de Israel feita pelo presidente americano, Donald Trump, que rompeu com décadas de consenso internacional, o líder do Hamas, Ismail Haniya, pediu à população palestina que começasse uma “terceira intifada” para combater a decisão dos EUA.

Desde o anúncio de Trump, os protestos e os enfrentamentos com o exército israelense se propagaram pelos territórios palestinos ocupados e deixaram mais de 400 feridos.

Além disso, em Gaza quatro palestinos morreram durante a escalada de tensão, dois deles em enfrentamentos com o exército israelense e outros dois nos bombardeios da aviação contra infraestruturas militares do Hamas.

Negros brasileiros não têm por que comemorar Declaração dos Direitos Humanos

Maiana Diniz – Repórter da Agência Brasil
I apari (Peru) Haitinanos vivem em condiçoes precarias, falta agua, energia eletrica, pessimas condiçoes de higiene, dormem em alojamentos amontoados,eles nao estao em condiçoes legais, ajuda vem de alguns moradore
Negros são mais afingidos pela violência no país, revelam dados oficiaisMarcello Casal Jr/Arquivo/Agência Brasi

Os dados oficiais sobre a população negra no Brasil indicam que esta é a parcela mais afetada pelos altos índices de violência da sociedade e a mais sujeita à violação de direitos. Os negros são maioria nos presídios e entre as vítimas de homicídios, ao mesmo tempo em que têm menos acesso à saúde e à educação e compõem o segmento mais pobre da população.

Nestes e em outros aspectos, tal realidade viola o primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que completa 69 anos neste domingo: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”.

O Artigo 3 da declaração, segundo o qual “todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”, tambéme está longe de ser cumprido no Brasil.

Os negros (pretos e pardos) são a maioria da população brasileira, representando 53,6% da população em 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também são a maioria entre os mais pobres. Entre os brasileiros que compõem o grupo dos 10% mais pobres, com renda média de R$ 130 por pessoa na família, 76% eram negros em 2015. Ou seja, três em cada quatro pessoas que estão entre os 10% mais pobres do país são negras.

Exclusão e violência

Atlas da Violência 2017, lançado em junho pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, reveka que, atualmente, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. Homens, jovens, negros e de baixa escolaridade são as principais vítimas de mortes violentas no país.

A  diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, diz que o racismo é um determinante forte para essa realidade, embora não seja o único. “Os brancos têm vivido privilégios, e alguns deles vivem os privilégios como se fossem talentos. Ou seja, fingem que não foi o racismo que os levou aonde estão. Não se trata de apatia. Trata-se de proteção ativa de privilégios. É uma ação cotidiana de racismo, é uma situação ativa.”

Jurema destaca que existem vozes discordantes entre os brancos, pessoas que querem combater o racismo, mas há outra parte, “espalhada no controle das ações e das políticas, que age ativamente para manter seus privilégios”.

Brasília - Diretora da Área Programática da Unesco no Brasil, Marlova Noleto, abre o seminário Base Comum Curricular, promovido pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Elza Fiuza/Agência Brasil)
Marlova Noleto, da UnescoElza Fiúza/Agência Brasil

Para a diretora da Área Programática da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, Marlova Noleto, no entanto, o saldo dos 69 anos da Declaração Universal de Direitos Humanos é positivo.

Temer: se reforma da Previdência não for votada este ano, será no início de 2018

O presidente Michel Temer disse neste domingo (10) que a reforma da Previdência será aprovada, se não em 2017, “no início do ano que vem”. A declaração foi dada em entrevista, pouco antes de embarcar de volta a Brasília. O presidente viajou a Buenos Aires para participar da abertura da 11ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comercio (OMC), onde destacou em seu discurso que o Brasil “deixou a recessão para trás”.

“Para não dizer que não falei de flores, quero dizer que a reforma da Previdência vai muito bem. Fecharam questão já o PMDB, o PTB, o PPS [ a favor da reforma]. Hoje falei com os presidentes do PP, do PSD e agora falei com o presidente do PRD. Estão todos entusiasmados para o eventual fechamento da questão”, acrescentou.

Mesmo que não consiga suficiente apoio para aprovar a reforma em 2017, Temer assegurou que a discussão “nunca vai parar”. A declaração do presidente ocorre em meio às negociações entre o governo e os partidos da base aliada para tentar encerrar o ano com a reforma da Previdência aprovada na Câmara. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/16, que modifica regras do sistema previdenciário, precisa do apoio de pelo menos 308 votos, em dois turnos, para ser aprovada.

O presidente viajou acompanhado do novo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, que é um dos principais articuladores do governo na Câmara. Marun disse que o governo “tem consciência” de que ainda não tem os votos necessário. No entanto, afirmou que a missão dele, junto com o governo e líderes da Câmara, é angariar o apoio necessário. Segundo Marun, ele iniciará o trabalho de busca por votos na sexta-feira, após sua posse que está marcada para quinta-feira.

“Confio que até o dia 18 teremos os votos necessários para que seja colocado em votação”, afirmou, repetindo a expectativaque já havia sido anunciada pelo líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). A votação no Senado já estava prevista para ocorrer somente no ano que vem.

Pela agenda da Câmara desta semana, o relatório elaborado pelo deputado Arthur Maia (PPS-BA) deve ser lido em plenário na quinta-feira (14) de manhã. A partir daí, líderes fariam a defesa da proposta e estaria aberta a discussão para que a votação ocorresse nos dias 18 e 19.

XVI Jogos Escolares de Caruaru encerram com atletismo, vôlei de praia e xadrez

Durante 33 dias, mais de 4.000 alunos de 69 instituições de ensino das redes federal, estadual, municipal e particular, disputaram os XVI Jogos Escolares Municipais de Caruaru. O evento iniciado no dia seis de novembro encerrou as competições no último sábado (09) com as disputas finais de atletismo, vôlei de praia e xadrez. Além dessas, outras dez modalidades foram disputadas pelos atletas. A expectativa pela concretização dos jogos, que não eram realizados há dois anos, foi superada com momentos de garra e emoção no campo, na pista, no tatame, nas quadras, na piscina.

Nesta edição, os JEMC trouxeram de volta as modalidades de karate e judô, que nas últimas edições não foram contempladas. Outra novidade foi a inserção dos Festivais Esportivos e Mini Esportes. Em paralelo ao grande evento foi também realizado o I Jogos Paraescolares de Caruaru. “Esse retorno dos jogos, nos trouxe um saldo positivo, pelo envolvimento dos profissionais de educação física, pelas famílias e equipes, que tiveram um número significativo de participação. A tendência para as próximas edições é só de crescimento”, celebrou o gerente de Esporte e Lazer, do município, Roberto Coelho.

“Os jogos superaram as expectativas. Não tivemos só os atletas em quadra, mas as famílias nas arquibancadas, a volta das charangas que participaram também dessa grande festa”, comemorou a coordenadora de Esporte Educacional, Josiane Carvalho. A cerimônia de encerramento será marcada e realizada em breve. Os alunos e as instituições serão convocados para o anúncio do campeão geral da competição. Os JEMC foram realizados pela Prefeitura de Caruaru, através das secretarias de Educação e de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Caruaru, por meio da Gerência de Esportes.

Petrolina recebe R$ 13,8 milhões para obras e ações na saúde pública

Em visita a Petrolina, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, autorizou a liberação de R$ 13,8 milhões para diversas ações de atenção à saúde da capital do Sertão. O anúncio ocorreu com a presença do prefeito Miguel Coelho, do senador Fernando Bezerra e do ministro de Minas e Energia, Fernando Filho.

Parte dos recursos será empregada na construção de unidades básicas (UBS), um laboratório de exames e um centro municipal de diagnósticos por imagem. Também estão previstos investimentos para aquisição de ambulâncias, consultórios de odontologia, manutenção de postos de saúde, compra medicamentos entre outras ações para a rede básica. “Esses recursos garantem a realização de novas estruturas para melhorar o atendimento médico da cidade. São investimentos importantes resultado da força política que tanto falamos, pois quase todo esse recurso vem de emendas do senador Fernando Bezerra e dos deputados Fernando Filho e Adalberto Cavalcanti. Agora vamos acelerar o planejamento para antecipar ao máximo o uso dessa verba tão essencial à saúde básica”, explicou o prefeito.

Segundo o ministro Ricardo Barros, os recursos já estão à disposição da Prefeitura. A primeira parcela deve ser liberada pelo Governo Federal ainda este ano. “O prefeito terá liberdade para usar esses investimentos da forma mais adequada. Os recursos serão empunhados e pagos já a partir deste ano. Agora será importante agilizar as licitações e acompanhar o andamento dessas obras necessárias para a saúde de Petrolina”, destacou Barros.

Confira o resumo das ações previstas para a saúde de Petrolina:

​ Novas estruturas​ : cerca de R$ 2 milhões serão destinados para a construção de um laboratório público de exames e um centro de diagnósticos. O pacote de obras ainda conta com a construção de 5 unidades básicas de saúde (UBS) a um custo de quase R$ 3 milhões;

Atenção básica: a maior parte dos recursos anunciados pelo ministro da saúde é voltada para o custeio da rede municipal. Um total de R$ 5 milhões será usado na manutenção de postos de saúde, pagamento de profissionais, compra de medicamentos e utensílios usados no atendimento médico diariamente;

Mais estrutura ​​ : com uma frota com desgaste avançado, a compra de 13 novas ambulâncias vai renovar e agilizar o atendimento do Samu. Outra parcela dos investimentos será empregada na aquisição de 30 consultórios odontológicos.

Prefeitura de Caruaru lança processo seletivo para contratação de estagiários

A Prefeitura de Caruaru deu início à seleção de 33 estagiários para atuar na Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. Os interessados deverão ser graduandos dos cursos de Serviço Social, Psicologia ou Pedagogia, a partir do 4º período. O valor da bolsa aos selecionados será de R$ 650,00.

As inscrições vão até o dia 17 de dezembro e deverão ser realizadas, exclusivamente, através do site selecoes.caruaru.pe.gov.br, na aba ‘Seleção Estágio SDSDH’.

A seleção será feita em duas etapas: entrevista e análise de títulos. Na entrevista, serão avaliados conhecimentos pertinentes às áreas almejadas, comunicação, trabalho em grupo e outras competências previamente definidas. Por fim, os candidatos serão avaliados pelos títulos informados no momento de inscrição. Os selecionados atuarão no escopo do Programa Criança Feliz da SDSDH.

Governo cria rede para combater violência e ampliar direitos das mulheres

Para articular governo e setores da sociedade no enfrentamento da violência contra a mulher e na promoção da igualdade de gênero, o governo criou hoje (6) a Rede Brasil Mulher. O decreto que institui a rede foi assinado pelo presidente Michel Temer em cerimônia no Palácio do Planalto.

O Brasil Mulher atuará com base nos eixos da autonomia econômica e igualdade no mundo do trabalho; enfrentamento e combate da violência contra e mulher; saúde, educação e fortalecimento da participação das mulheres nos espaços de poder e decisão.

O objetivo é mobilizar governos, setor empresarial e organizações da sociedade civil para o cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), em especial do quinto objetivo, de alcançar a igualdade de gênero e empoderamento de todas as mulheres e meninas.

Temer disse que a intenção da rede é envolver também os homens nas ações voltadas para promover a autonomia das mulheres, além de aumentar a participação feminina na política. “Esta mensagem que estamos hoje aqui comemorando é tão prioritária que é preciso união de esforços e não apenas das mulheres, mas de homens e mulheres”, disse Temer em breve discurso após a assinatura do decreto. “Com a rede haverá melhor entrosamento, melhor emprego de recursos e melhores resultados”, acrescentou.

Feminicídios

A secretária de Políticas para as Mulheres, Fátima Pelaes, lembrou que o Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídios do mundo e disse que a Rede Brasil Mulher buscará contribuir para mudar essa realidade. “A rede é uma iniciativa que ultrapassa os limites de governo e anima e orienta a luta da sociedade e do Estado para novos e melhores tempos”.

De acordo com a secretária, as ações da rede serão orientadas pela Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário.

A Rede Brasil Mulher terá um comitê executivo, com participantes de ministérios como Cultura, Trabalho, Desenvolvimento Social, Saúde e Justiça, que vão desenvolver ações direcionadas às mulheres.

PMDB confirma que obrigará deputados a apoiar reforma da Previdência e ameaça punir infiéis

O PMDB confirmou que recorrerá ao fechamento de questão para obrigar os deputados do partido a votar a favor do novo texto da reforma da Previdência, em sessão de plenário prevista para a próxima terça-feira (12). A decisão foi anunciada pelo presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), e incluiu punição para quem descumprir a determinação da executiva nacional – a depender da situação, embora Jucá tenha preferido não deixar isso claro, cabe expulsão.

“Fechamento de questão com punição. O que não fizemos foi dizer que tipo de punição será, para não parecer que é uma ameaça feita aos deputados e deputadas da PMDB. Nós vamos, através da comissão de ética, definir a punição de cada um dependendo da postura não só dos votos, mas também do encaminhamento”, declarou Jucá, principal responsável pela expulsão da senadora Kátia Abreu (TO) – que, em discurso para comentar o assunto na tribuna do Senado, chamou o peemedebista de “canalha, crápula e ladrão de vidas e almas alheias”.

Ontem (terça, 6), o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (RJ), já havia sinalizado a orientação da bancada em favor da reforma. Além dos peemedebistas, o PTB também decidiu pelo fechamento de questão – medida extrema em que partidos podem punir parlamentares que não votarem segundo as orientações partidárias.

Com 60 deputados, o PMDB não tem unanimidade a favor da reforma da Previdência. Por isso, o fechamento de questão não é bem recebido por figuras importantes do partido na Câmara, como o vice-presidente da Casa, Fábio Ramalho (MG), e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Rodrigo Pacheco (MG). Ontem (terça, 5), Fábio disse ao Congresso em Foco que obrigar parlamentares a votar como quer o partido – e, neste caso, principalmente o governo – é “violência” e pode provocar estragos na base aliada.

“Quando se faz uma violência dessa contra o parlamentar, contra o Parlamento, demonstra-se que eles não querem votar a reforma da Previdência, nem hoje e nem ano que vem. Eles estão querendo sepultar a reforma, que é necessária e urgente, mas precisa ser melhor discutida para conhecimento do Parlamento e convencimento, também da sociedade. Uma discussão mais ampla e com mais tempo”, afirmou o peemedebista, um dos principais articuladores de votações na Câmara.

Na ofensiva governista, o Planalto está disposto a pôr em campo o mesmo pacote que serviu para salvar Temer de duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR), ambas sepultadas na Câmara: liberação de emendas parlamentares e recursos ministeriais, perdão de dívidas para setores estratégicos representados na Casa e até a ameaça de punição via fechamento de questão, que pode ser de suspensão de prerrogativas e até de expulsão. A postura do governo é apontada pela oposição como “balcão de negócios”. Vale até a ameaça velada do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, sobre a não liberação de R$ 3 bilhões a municípios, em 2018, caso a reforma não seja aprovada.a

Tiririca se diz abalado com corrupção e desiste de ser deputado: “Subo à tribuna pela primeira e última vez

Em seu primeiro discurso na tribuna do plenário depois de sete anos de mandato, Tiririca (PR-SP) subiu ao púlpito para dizer que aquele também seria o último. Em pronunciamento de pouco mais de oito minutos, o segundo deputado mais votado da história, atrás apenas de Enéas Carneiro (1938-2007), do antigo Prona, anunciou nesta quarta-feira (6) que desistirá da vida parlamentar. Dizendo-se envergonhado com a classe política, o artista-palhaço foi aplaudido pelos pares tanto ao se dirigir à tribuna quanto ao fim da fala.

“Subo nesse tribuna pela primeira vez e pela última vez. Não por morte. Estou abandonando a vida pública”, disse o deputado, em discurso confirmado pela assessoria.

“Vamos olhar um pouco pelo nosso país, vamos esquecer um pouco as brigas. Vamos esquecer um pouco o ego e olhar para o nosso povo. E o povo que eu falo é aquele povo que necessita de saúde. eu tenho certeza que nenhum de vocês passou por isso. A gente sabe que todos ganhamos bem para trabalhar e nem todos trabalham”, acrescentou o deputado, fazendo menção ao levantamento periódico do Congresso em Foco que o coloca como campeão de assiduidade na Câmara.

A assessoria de imprensa do deputado faz a ressalva de que ele terminará o mandato em dezembro de 2018, mas não concorrerá a qualquer outro mandato eletivo. Parlamentar mais votado nas eleições de 2010, quando recebeu 1,3 milhão de votos do eleitor paulista, Tiririca admite não tem traquejo para o jogo da política e não tem estômago para digerir certas ações do Parlamento.

Nos últimos anos, Tiririca participou de decisões importantes no Congresso. Disse “sim” ao impeachment de Dilma Rousseff, votou a favor das denúncias de corrupção, organização criminosa e obstrução de Justiça contra Michel Temer e adiantou que votará contra a reforma da Previdência. Mas, sem demonstrar conhecimento a respeito de temas como legislação trabalhista, por exemplo, costuma acatar a orientação de seu partido em votações de projetos na Câmara.

Deputado do circo

O primeiro palhaço profissional a conquistar um lugar no Parlamento brasileiro conclui seu primeiro mandato como representante do circo no Congresso. Dos oito projetos de lei apresentados por Tiririca, seis pretendem assegurar direitos à comunidade circense, na qual ele começou sua carreira artística ainda criança. Um deles foi aprovado durante seu primeiro mandato (2010-2014).

Uma das propostas do deputado prevê o reconhecimento do circo como manifestação cultural para que os artistas circenses possam ser beneficiados com os incentivos fiscais da Lei Rouanet. Ele também propôs a inclusão do trailer e do motor home utilizados por artistas de circo como moradia no programa “Minha Casa, Minha Vida”.

Em outros dois projetos, Tiririca sugeriu a isenção do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para veículos usados em atividade circense e mudança na legislação para garantir aos filhos de artistas de circo, na faixa etária de 4 a 17 anos, cuja atividade seja itinerante, vaga nas escolas pública ou particulares.

Bolsa-Alfabetização

As outras duas propostas feitas por ele tratam de educação: uma cria uma “Bolsa-Alfabetização” para analfabetos com idade superior a 18 anos matriculados na rede pública por seis meses; e a outra, um vale-livro para alunos da rede oficial. O deputado foi relator de oito proposições.

Acusado por um promotor eleitoral de ter omitido a informação de que era analfabeto, Tiririca teve de fazer um teste para comprovar que sabia ler e escrever (condição obrigatória para alguém disputar um cargo eletivo no país). O caso só foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro do ano passado. Os ministros da corte máxima do Judiciário brasileiro concluíram que ele tem “rudimentares conhecimentos de escrita e leitura” e que cassar seu registro seria uma decisão discriminatória.

Sempre presente no plenário, Tiririca também é figura carimbada na Comissão de Educação e Cultura, da qual é titular desde o início do mandato. A frequência às comissões não é obrigatória e muitos parlamentares dedicam pouca atenção a elas. Não é o caso dele. Um dos mais assíduos, o deputado apareceu em 158 (90%) das 176 reuniões realizadas pela Comissão de Educação desde março de 2011.

Por dois anos consecutivos, Tiririca também foi apontado como um dos melhores congressistas do ano por jornalistas e internautas que votaram no Prêmio Congresso em Foco. Em 2012, após receber o prêmio, ele e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) se juntaram à banda brasiliense Móveis Coloniais de Acaju para protagonizar o mais divertido momento daquela noite de novembro