Na véspera do julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcado para esta quarta-feira (24) no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, manifestações contra e a favor da condenação foram realizadas em várias cidades do país no início da noite de hoje (23). O ex-presidente foi condenado em julho do ano passado pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara de Curitiba, a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso envolvendo a compra de um tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo.
A defesa do ex-presidente, no entanto, recorreu da decisão do juiz Sérgio Moro e o recurso será julgado amanhã pelos desembargadores federais João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Luiz dos Santos Laus, do TRF4. Moro é o juiz responsável pelos processos da Operação Lava Jato que correm na primeira instância da Justiça Federal, no Paraná.
Em algumas cidades, os manifestantes ficaram em regiões próximas ou estiveram separados apenas por um cordão policial, como em Brasília, mas não houve registro de incidentes. Em São Paulo, as manifestações ocorreram na Avenida Paulista. Em Porto Alegre, com a presença do próprio Lula, o ato de apoio foi realizado na Esquina Democrática, centro histórico da capital, e os contrários se reuniram no Parque Moinho de Ventos. Os cariocas também se posicionaram: os protestos a favor de Lula nas Laranjeiras e os opositores em Copacabana.
Em Brasília, manifestantes a favor e contra o ex-presidente se reuniram em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF), na Praça dos Três Poderes. Os atos foram organizados pelo Movimento Vem pra Rua e por apoiadores de Lula. De acordo com levantamento da Polícia Militar, compareceram ao local, até as 20h34, cerca de 500 pessoas a favor da condenação de Lula e outros 400 pela absolvição. Os grupos foram divididos por um cordão formado por policiais para evitar o confronto.
Porto Alegre
Na capital gaúcha, o ex-presidente Lula fez um discurso de meia hora para seus apoiadores e negou que tenha cometido crime. “Duvido que jornalistas que escrevem mentiras a meu respeito durmam com a consciência tranquila […] Sei que não cometi crime. Mas eles sabem que estão mentindo. Serão colocados frente a frente com seus filhos e os filhos vão perguntar ‘pai, porque você escreveu aquilo?’. E eles não terão a coragem que eu tenho de falar. Duvido que neste país tenha um magistrado mais honesto do que eu”, afirmou.
A ex-presidente Dilma Rousseff, congressistas, representantes de movimentos sociais e artistas estiveram na manifestação. De acordo com os organizadores, cerca de 70 mil pessoas participaram do ato. A Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul informou que não divulga estimativa de público das manifestações.
Em outro ponto da cidade, 2 mil pessoas, segundo os organizadores, se reuniram no Parque Moinhos de Vento para pedir a condenação de Lula. Com faixas, cartazes e bandeiras do Brasil, manifestantes entoavam palavras de ordem pedindo a prisão do petista. De acordo com a coordenadora estadual do movimento Vem pra Rua, Iria Cabreira, o argumento da defesa de que não há provas de crime cometido por Lula é falso. Ela explica: “Não é um julgamento político, é uma análise jurídica”.