Ministro Helder Barbalho vistoria obras do Eixo Norte do Projeto São Francisco

O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, vai vistoriar, nesta segunda-feira (11), o andamento das obras da primeira etapa (1N) do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco, que passam pelos estados do Ceará e de Pernambuco. Em Cabrobó (PE), o ministro e equipes técnicas acompanharão os serviços na primeira estação de bombeamento (EBI-1), responsável por impulsionar as águas do ‘Velho Chico’ por mais 43,9 quilômetros subsequentes até chegar ao reservatório Terra Nova, no mesmo município.

Após inspecionar o funcionamento dos equipamentos hidromecânicos e elétricos da estação (EBI-1), o ministro Helder Barbalho vai verificar a chegada da água ao reservatório Tucutu – primeiro do eixo – que fica situado após sete quilômetros da EBI-1. No local, serão abertas as comportas desse açude para que as águas possam avançar os canais até o reservatório Terra Nova, completando 45 quilômetros com água no Eixo Norte.

 

Furacão Irma deixa mais de 825.000 casas sem energia na Flórida

O poderoso furacão Irma, cujo olho chegou na manhã deste domingo (10) às ilhotas da Flórida, deixou sem fornecimento elétrico mais de 800.000 casas e escritórios no estado, informaram as autoridades.

Por volta de 9h (horário local, 10h de Brasília) 825.323 clientes das companhias fornecedoras de serviços de energia estavam sem eletricidade, o que equivale a 8% do total, segundo o Escritório de Gestão de Emergências da Flórida.

O condado mais afetado é Monroe, onde ficam as ilhotas e uma parte da costa do sudoeste, onde 76% dos lares não contam com fornecimento, no momento em que o Irma ainda impacta essa parte do estado com seus ventos máximos constantes de 215 quilômetros por hora.

Outro dos condados afetados é Miami-Dade, o mais povoado da Flórida, com quase meio milhão de imóveis a escuras, 42% do total.

Broward, onde se encontra Fort Lauderdale, e Madison, ao norte do estado, são outros dos condados mais atingidos pelos cortes de eletricidade.

Após deixar Cuba no sábado (9), o olho do furacão Irma, de categoria 4, alcançou hoje as ilhotas da Flórida com ventos que rondam 215 quilômetros por hora, segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos EUA.

Irma, que deixou pelo menos 25 mortos e consideráveis danos materiais no Caribe, se encontra a 30 quilômetros ao leste-nordeste de Key West e se desloca a uma velocidade de 13 quilômetros por hora.

Meios de comunicação americanos informam que pelo menos três pessoas morreram na Flórida em consequência dos efeitos de Irma.

Setembro Amarelo alerta para a prevenção ao suicídio

Agência Brasil

Assunto complexo, o suicídio, que espelha fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais e também culturais, tem sido desvendado, nos últimos quatro anos, pela campanha Setembro Amarelo. Neste ano, como de costume, as atividades de prevenção e sensibilização incluem caminhadas, veiculação de materiais da campanha por figuras públicas que abraçam a causa e a decoração e iluminação de prédios públicos, praças e monumentos com luzes e itens amarelos.

As ações foram iniciadas pela Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (Iasp) e trazidas ao Brasil pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), referência no atendimento – inclusive remoto – a pessoas em crise, e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O Setembro Amarelo caminha junto com a campanha Janeiro Branco, que, em um mês em que as pessoas estão mais propensas a renovações, busca vivificar reflexões sobre saúde mental e valorização da vida.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ocorram, no Brasil, 12 mil suicídios por ano. No mundo, são mais de 800 mil ocorrências, isto é, uma morte por suicídio a cada 40 segundos, conforme o primeiro relatório mundial sobre o tema, divulgado pela OMS, em 2014.

Em geral, a vontade de acabar com a própria vida é provocada pela falta absoluta de perspectiva e uma enorme sensação de desamparo e angústia. O que não se destaca é que, na maioria dos casos, o radical desejo é gerado por um quadro de transtorno mental tratável, como depressão, transtorno bipolar afetivo, esquizofrenia, quadros psicóticos graves e transtornos de personalidade, como o borderline.

“Somente 3% não têm diagnóstico desses transtornos. Há um alto índice também de histórico de drogas, álcool e outras substâncias”, diz a psicóloga Fabíola Rottili Brandão.

Fabíola esclarece ainda que, embora prevaleçam os casos em que preexiste um distúrbio mental, há situações em que o suicídio pode ser um impulso desencadeado por um infortúnio pontual, mas que, ainda assim, a pessoa já tem um processo de desorganização interior. “Em 10% das ocorrências podemos observar essas questões. Pode ser, sim, um caso de súbita desesperança.”

Para o psiquiatra Régis Barros, fortalecer-se emocional e mentalmente é como o ser humano resiste às decepções e contrariedades, comuns a todas as pessoas. “Viver não é uma tarefa simples. Viver é fabuloso, mas somos sistematicamente testados, colocados à prova, sofremos com as frustrações do viver. A resiliência é importante para construir uma habilidade social para a vida”, diz.

Suporte

Barros defende que a sociedade contemporânea, além da violência, do estresse, da instabilidade econômica e social, vive um momento de competitividade cada vez maior, que favorece o adoecimento mental. “O que se vê são relações muito voláteis, famílias desorganizadas, um mundo social virtual em que o contato e as construções de relações são muito empobrecidas. Há, cada vez mais, jovens que se frustram mais precocemente, uma epidemia dos que se automutilam”, explica.

Por isso, poder contar com uma rede de apoio e, consequentemente, com o acesso ao diálogo é fundamental para que as pessoas com a chamada “ideação suicida” conquistem o equilíbrio e a estabilidade emocional garantidos pelo tratamento de psicoterapia e de medicamentos. Os remédios prescritos por um psiquiatra são essenciais para que o paciente recobre a ordem neuroquímica, e a terapia, por sua vez, auxilia o paciente a saber trabalhar suas emoções.

Há alguns sinais que podem ser identificados por familiares e amigos como sendo de risco, auxiliando no diagnóstico e, portanto, na assistência. Eles devem compreender que a depressão e o suicídio não são uma estratégia infantil da pessoa para chamar a atenção, nem frescura.

Desinteresse pelas atividades que sempre foram prazerosas, sentimento de inutilidade e de culpa, cansaço extremo, irritabilidade, dificuldade de concentração e de tomar decisões e até mesmo falta de higiene com o próprio corpo são comportamentos de alerta. A pessoa tende também a achar que é um fardo para seus amigos e sua família, pode ter baixa qualidade de sono e, ainda, perder ou ganhar peso.

“Há isolamento social, quebra no vínculo familiar, um grande sofrimento psíquico. Mas, às vezes, a pessoa esconde, coloca uma armadura e se esforça para não parecer doente”, complementa Fabíola.

Tanto as pessoas mais próximas como desconhecidos são capazes de acolher e mesmo encaminhar a pessoa suscetível ao tratamento com os profissionais adequados. De acordo com a psicóloga, as unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) carecem de investimento em medicamentos e psicoterapia. “O tratamento de crise precisa ser imediato e nem sempre os dispositivos estão preparados para atender o paciente”, diz Fabíola.

Essa conscientização da família, denominada psicoeducação, evita, inclusive, a repetição de episódios suicidas. “As doenças mentais têm componentes biológicos e não biológicos. Você tem famílias em que o componente é replicado. Mas há uma dificuldade em definir o que é fator ambiental, o que é herança genética, já que temos o mesmo ambiente, com as mesmas questões emocionais, que podem retroalimentar o desejo de se suicidar. O ato de se suicidar não será o ato primário, o primeiro, outros já aconteceram e podem ser evitados”, esclarece Barros.

Colegas de trabalho também podem e devem representar um ponto de socorro. “As empresas não estão preparadas para lidar com essa demanda. Quando tem afastamento do trabalho, existe preconceito. Os empregadores precisam buscar informações e achar formas de acolher. O profissional fica estigmatizado. A gente se dedica tanto ao trabalho e não encontra apoio ali”, pontua Fabíola.

 

Fachin vê múltiplos indícios de prática de organização criminosa por empresários

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin retirou hoje (10) o sigilo de sua decisão que determinou a prisão temporária dos empresários do grupo J&F Joesley Batista e Ricardo Saud. Para Fachin, a prisão temporária é necessária porque são múltiplos os indícios, confessados pelos próprios empresários, de que integram organização voltada à prática sistemática de delitos contra a administração pública e de lavagem de dinheiro. Fachin é o relator da Operação Lava Jato no STF.

A decisão determina também a suspensão cautelar da eficácia dos benefícios de delação premiada acordados entre a Procuradoria-Geral da República (PGR) e os colaboradores.

Fachin não determinou a prisão do ex-procurador da República Marcello Miller, dizendo que não há elemento indiciário com a consistência necessária para a decretação da prisão temporária por organização criminosa, “ainda que sejam consistentes os indícios de que pode ter praticado o delito de exploração de prestígio e até mesmo de obstrução às investigações”. Segundo o ministro, não se mostraram presentes os elementos de estabilidade e permanência que configuram o crime de associação criminosa.

Fachin determinou que o cumprimento dos mandados deve ocorrer com a “máxima discrição e com a menor ostensividade”, evitando o uso de algemas, pois não se trata de pessoas perigosas. “Deverá a autoridade policial responsável pelo cumprimento das medidas tomar as cautelas apropriadas, especialmente para preservar a imagem dos presos, evitando qualquer exposição pública”, diz a decisão.

A autorização da prisão de Joesley e Saud foi feita a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, depois que ele concluiu que os colaboradores esconderam do Ministério Público fatos criminosos que deveriam ter sido contados nos depoimentos, o que representa a quebra do acordo de delação premiada. Os empresários estão em São Paulo e podem ir à Brasília para se apresentar à Polícia Federal entre hoje (10) e amanhã (11).

O que motiviou o pedido de prisão de Marcelo Miller foi a suspeita da PGR de que o ex-procurador da República atuou como “agente duplo” durante o processo de delação. Miller ainda estava na procuradoria no período das negociações e deixou o cargo para atuar em um escritório de advocacia em favor da J&F.

 

Omissão de informações na delação levou a pedido de prisão para Joesley e Saud

O empresário Joesley Batista e o ex-executivo da JBS Ricardo Saud omitiram que estavam sendo aconselhados pelo ex-procurador da República Marcelo Miller durante o processo do acordo de delação premiada. A constatação está na decisão na qual o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin determinou a prisão temporária, por cinco dias, dos acusados, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Apesar da conclusão, Fachin negou pedido de Janot para que Miller também fosse preso, por entender que ainda não há indícios que justifiquem a medida em relação ao ex-procurador, acusado por Janot de fazer “jogo duplo”em favor da JBS durante o período em que trabalhou no Ministério Público Federal (MPF), antes de pedir demissão para integrar um escritório de advocacia que prestou serviços à empresa.

“Percebe-se, pelos elementos de convicc a o trazidos aos autos, que a omissa o por parte dos colaboradores quando da celebrac a o do acordo, diz respeito ao, em princi pio, ilegal aconselhamento que vinham recebendo do enta o procurador da Repu blica Marcello Miller”, disse Fachin.

Antes de pedir a prisão dos envolvidos ao STF, Rodrigo Janot suspendeu os benefícios do acordo de colaboração premiada e, consequentemente, anulou a cláusula que dava imunidade penal a Joesley Batista e Ricardo Saud até que a investigação aberta para apurar o caso seja finalizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Após ser informada sobre a decisão na qual a prisão foi decretada, a assessoria do empresário Joesley Batista confirmou que ele e o ex-executivo da J&F Ricardo Saud devem se apresentar à Polícia Federal hoje (10) ou amanhã (11). Os empresários estão em São Paulo e podem ir a Brasília para se entregar.

Na sexta-feira (8), após o depoimento de Miller na Procuradoria da República no Rio de Janeiro, a defesa do ex-procurador disse que ficou sabendo do pedido de prisão pela imprensa.

“Dez horas de depoimento para já ter um pedido [de prisão] pronto? Então para quê esse depoimento? Se o procurador-geral fez o pedido de prisão, para que pediu para ele [Miller] ser ouvido? As declarações dele [Miller] não interessam ao Ministério Público?”, questionou a defesa.

Ex-governador do DF, Joaquim Roriz enfrenta diabetes, amputação de perna e não reconhece amigos

O ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC), de 81 anos, tem dificuldades para reconhecer os pessoas do seu círculo, segundo amigos e ex-assessores que o visitaram nas últimas semanas. Ele está instalado em uma sala grande de sua casa no Park Way, em Brasília. Lá, recebe cuidados médicos e de outros profissionais de saúde, auxiliado por uma gama de equipamentos.
Os problemas de saúde de Roriz não se limitam ao diabetes, que o levaram a ter uma perna amputada em 30 de agosto. Amigos dizem que ele sofre com dificuldades relacionadas ao coração e à coluna vertebral. Tem sessões diárias de diálise para os rins. O ex-governador se locomove com cadeira de rodas.

Roriz é considerado o maior cacique político do Distrito Federal, unidade que governou por quatro mandatos, sempre em meio a polêmicas. Em 2007, seis meses após ter assumido uma cadeira no Senado, renunciou para não ser cassado, após se envolver no escândalo do Banco Regional de Brasília (BRB).

A denúncia contra ele por formação de quadrilha e desvio de dinheiro público prescreveu na Justiça do Distrito Federal no começo deste ano. Assim como ele, outros dois réus foram beneficiados com a medida por causa da idade: o ex-diretor do Banco Regional de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin de Moura e o doleiro Georges Kammoun. Todos eram alvos da Operação Aquarela, que apontou desvio de mais de R$ 400 milhões dos cofres do BRB entre 2004 e 2007.

Mesmo após a renúncia no Senado Joaquim Roriz não abandonou a política. Em 2010 tentou voltar ao governo do DF, mas foi barrado em primeira instância pela Lei da Ficha Limpa, ainda por causa da renúncia no Senado. Temendo ser derrotado no Supremo Tribunal Federal, retirou sua candidatura e emplacou, em seu lugar, sua esposa, Weslyan Roriz. Ela foi ao segundo turno e perdeu para Agnelo Queiroz (PT).

Roriz assumiu o GDF pela primeira vez em 1988, nomeado pelo então presidente José Sarney. Entre 15 de março e 29 de março de 1990, foi ministro da Agricultura e Reforma Agrária no governo Collor. O ex-governador, natural de Luziânia (GO), tem duas filhas na política: a ex-deputada federal Jaqueline Roriz e a deputada distrital Liliane Roriz (PRTB). Assim como o pai, as duas também enfrentam acusações criminais.

Polícia Federal prende em casa ex-deputado foragido há mais de um ano

Considerado foragido pela Justiça desde março de 2016, o ex-deputado estadual de Rondônia Marcos Donadon foi preso pela Polícia Federal no fim da tarde dessa sexta-feira (9). Ele foi capturado em um lugar inusitado: a sua própria residência em Porto Velho. Marcos é casado com a deputada estadual Rosângela Donadon.

Os crimes atribuídos a Marcos Donadon foram descobertos em 2006 na Operação Dominó, que investigou desvios na Assembleia Legislativa de Rondônia e resultou na prisão de 20 pessoas ligadas aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Segundo a denúncia, cerca de R$ 70 milhões foram desviados por meio de contratos fraudulentos.

Marcos é irmão do ex-deputado federal Natan Donadon (PMDB-RO), preso no exercício do mandato em 2013, para cumprir pena de mais de 13 anos de prisão. Natan foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) também pelas irregularidades na Assembleia Legislativa.

O ex-deputado estadual foi condenado por crimes de peculato e formação de quadrilha. Ele presidiu a Assembleia entre 1995 a 1999. Foi condenado a 19 anos e cinco meses de prisão por formação de quadrilha e peculato – pena reduzida em 2015, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), para 13 anos e 11 meses.

Os processos contra Marcos Donadon e demais réus da Dominó foram julgados em 2008, mas os acusados recorreram. A decisão, porém, foi confirmada pelo Tribunal de Justiça do estado. Em março do ano passado, com base no entendimento do Supremo de que as prisões podem ser decretadas após condenação em segunda instância, a Justiça determinou a prisão definitiva dos acusados.

O ex-deputado estadual, porém, não se apresentou nem foi localizado pelos policiais. Ele não foi o único foragido. Em abril deste ano o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Rondônia e a Polícia Federal localizaram e prenderam a ex-deputada Ellen Ruth Cantanhede Salles Rosa.

Família unida

Como mostrou o Congresso em Foco em 2016, a família Donadon tem sérios problemas com a Justiça. Os irmãos Marcos, Melkizedeck e Natan e os primos deles Ângelo e Marlon estão impedidos de disputar qualquer cargo público. Todos foram barrados pela Lei da Ficha Limpa.

Eles foram condenados em segunda instância pela Justiça por vários crimes contra a administração pública quando ocupavam cargos como prefeito, vereador, deputado ou mesmo dirigiam instituições estatais em Rondônia. Desde que chegaram a Rondônia, vindos do Paraná, em 1973, os Donadon exercem o poder de fato nas cidades de Vilhena e Colorado do Oeste, no Sul do estado.

Joesley, Saud e Miller entregam passaporte

A defesa do grupo J&F protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um ofício que coloca à disposição os passaportes do empresário Joesley Batista e do ex-diretor de Relações Institucionais da holding Ricardo Saud. A defesa do ex-procurador Marcello Miller também colocou os documentos dele à disposição.

Os pedidos ocorrem após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir à Corte a prisão do empresário e do ex-executivo, no fim da noite de ontem (8). Janot também pediu a prisão do ex-procurador Marcelo Miller. As prisões foram solicitadas ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF.

O pedido de prisão foi motivado por suspeitas, levantadas em gravações, de que os delatores teriam ocultado à Justiça informações sobre crimes. As gravações foram disponibilizadas pelos próprios delatores, como parte do acordo de colaboração.

A PGR deduz também que a atuação de Miller não foi neutra, já que ele trabalhava na procuradoria no período das negociações e deixou o cargo para ingressar em um escritório de advocacia de defesa da J&F.

Em nota, a defesa do ex-procurador também informou que disponibilizou o passaporte de Marcello Miller e entrou com requerimento para que o pedido de prisão seja rejeitado. No requerimento, os advogados pedem ainda que a defesa seja ouvida antes da decisão do ministro Edson Fachin. Na nota, assinada pelos advogados André Perecmanis e Paulo Klein, a defesa voltou a criticar o pedido de prisão dizendo estranhar que tenha sido apresentado no mesmo dia em que Miller prestava depoimento na Procuradoria da República no Rio de Janeiro.

 

Desigualdade de renda no Brasil não caiu entre 2001 e 2015, revela estudo

O crescimento da renda da população mais pobre no Brasil nos últimos 15 anos foi insuficiente para reduzir a desigualdade. Segundo estudo divulgado nesta semana pela equipe do economista Thomas Piketty, famoso por propor a taxação dos mais ricos para reduzir as disparidades na distribuição de renda, a maior parte do crescimento econômico neste século foi apropriada pelos 10% mais ricos da população.

De acordo com o estudo, conduzido pelo World Wealth and Income Database, instituto codirigido por Piketty, a fatia da renda nacional dessa parcela da população passou de 54,3% para 55,3% de 2001 a 2015. No mesmo período, a participação da renda dos 50% mais pobres também subiu 1 ponto percentual, passando de 11,3% para 12,3%. A renda nacional total cresceu 18,3% no período analisado, mas 60,7% desses ganhos foram apropriados pelos 10% mais ricos, contra 17,6% das camadas menos favorecidas.

A expansão foi feita à custa da faixa intermediária de 40% da população, cuja participação na renda nacional caiu de 34,4% para 32,4% de 2001 a 2015. De acordo com o estudo, a queda se deve ao fato de que essa camada da população não se beneficiou diretamente das políticas sociais e trabalhistas dos últimos anos nem pôde tirar proveito dos ganhos de capital (como lucros, dividendos, renda de imóveis e aplicações financeiras), restritos aos mais ricos.

“Ao capturar pouco ou nenhuma parte da distribuição da renda de capital e ao não capturar muitos dos frutos da política social diretamente, a faixa intermediária ‘espremida’ poderia ser um produto das elites que a quer botar em competição com a faixa inferior [de renda]”, destacou o estudo, assinado pelo economista Marc Morgan.

O estudo classificou a manutenção da desigualdade no Brasil como “chocante”, principalmente se comparada com outros países desenvolvidos. “É digno de nota que a renda média dos 90% mais pobres no Brasil é comparável à dos 20% mais pobres na França, o que apenas expressa a extensão da distorção na renda no Brasil e a falta de uma vasta classe média”, ressalta o levantamento. Em contrapartida, o 1% mais rico no Brasil ganha mais que o 1% mais rico no país europeu: US$ 541 mil aqui, contra US$ 450 mil a US$ 500 mil na França.

Metodologia

O levantamento exclui transferências de renda. Considerando o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada, a participação dos mais pobres teria encerrado 2015 em 14%, mas a evolução da renda dos 10% mais ricos permaneceria inalterada. No entanto, o salário mínimo, as aposentadorias e pensões e o seguro-desemprego estão incluídos no cálculo.

Segundo o World Wealth and Income Database, as transferências sociais foram retiradas do levantamento para facilitar a análise da estrutura da economia. Essa medida, conforme a equipe responsável pelo estudo, permite estimar quanto da renda nacional vem do capital e quanto vem do trabalho.

Para chegar à distribuição da renda nacional, os autores usaram dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que analisa o padrão de vida e a renda das famílias mais pobres. Os dados sobre a parcela mais rica da população vieram de informações sobre a Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física, enviados pela Receita Federal com a preservação do sigilo fiscal dos contribuintes.

Para acrescentar a participação do capital e as rendas não tributáveis, o estudo usou as Contas Econômicas Integradas, de 2000 a 2014, e as Contas Nacionais Trimestrais do IBGE de 2015. Juntando as três bases de dados, os economistas elaboraram a série histórica dos últimos 15 anos da renda nacional com a participação de cada faixa de renda da população.

Dividendos

A inclusão das contas do IBGE permitiu aos pesquisadores estimar os impactos sobre a economia da isenção de Imposto de Renda sobre lucros e dividendos, em vigor desde 1995. De acordo com o estudo, a desigualdade na renda do trabalho (de quem ganha salários) diminuiu de 2001 a 2015, mas esse efeito pode ser mascarado por profissionais autônomos que recorrem a instrumentos como participação nos lucros e distribuição de dividendos para pagarem menos impostos.

“Num contexto em que lucros distribuídos são isentos de Imposto de Renda, enquanto as rendas mais altas do trabalho são taxadas com a alíquota máxima de 27,5%, esse tipo de comportamento não pode ser descartado, especialmente como parece ser comum entre os brasileiros envolvidos em atividades autônomas”, destacou o estudo.

Para ex-diretor da Aneel, leilão de usinas da Cemig levará a aumento de tarifas

Se o leilão das usinas hidrelétricas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) for realizado nos termos atuais, o valor do megawatt-hora (MWh) vai subir. Essa é a avaliação de Nelson Hubner, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) entre 2009 e 2013. Atualmente, ele é presidente do conselho de administração da Light e também integra o conselho de administração da Cemig.

Hubner deu as declarações no 22º Congresso Brasileiro de Economia, que se encerrou ontem (8) em Belo Horizonte. Para ele, os leilões serão vantajosos para a empresa que vencer a concorrência porque os custos serão repassados à energia elétrica. Por outro lado, o leilão seria mau negócio para a sociedade e poderia trazer impactos negativos para a economia brasileira. “O melhor caminho é um acordo entre o governo e a Cemig que ponha fim à questão. Pode por condições para um e para outro, dividir os lucros e os prejuízos. Num acordo, ganham os dois lados”, disse.

O governo federal pretende fazer o leilão de quatro usinas – Jaguara, São Simão, Miranda e Volta Grande – no próximo dia 27 e espera obter ao menos R$ 11 bilhões, montante considerado importante pelo Planalto para equilibrar as contas públicas. De acordo com o edital, os vencedores da concorrência assumirão o controle das hidrelétricas por 30 anos.

A Cemig opera as hidrelétricas atualmente, mas as concessões encerram-se este ano. A companhia mineira tenta evitar o leilão de três das quatro usinas: Jaguara, São Simão e Miranda. Ela alega que os contratos em vigor contêm uma cláusula que garante a renovação automática por 20 anos.

Atualmente, o leilão está suspenso. A Justiça Federal concedeu uma liminarpedida por um advogado sem vínculo com a Cemig, para quem os R$11 bilhões pedidos pelo governo federal estão abaixo do valor real das usinas. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e espera derrubar a decisão.