Mulher trabalha 5,4 anos a mais do que homem, diz estudo do Ipea

Mariana Branco – Repórter da Agência Brasil
A mulher trabalha 5,4 anos a mais do que o homem ao longo de cerca de 30 anos de vida laboral, segundo simulação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O trabalho extra é resultado dos afazeres domésticos. O cálculo foi feito a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o Ipea, nesse período de aproximadamente 30 anos, as mulheres somam, em média, 22,4 anos de contribuição para a Previdência Social. Um total de 44,4% das mulheres às quais foram concedidas aposentadorias em 2014 atingiram até 20 anos de contribuição.

Indústrias
Mulheres trabalham 5,4 anos a mais que os homens, aponta estudo do Ipea Arquivo/Agência Brasil

A pesquisadora do Ipea Joana Mostafá explica que essas informações foram obtidas por meio de uma parceria que possibilitou o acesso a microdados do extinto Ministério da Previdência Social – atualmente Secretaria da Previdência Social, vinculada ao Ministério da Fazenda.

Segundo Joana, as interrupções na contribuição previdenciária feminina são causados por situações como desemprego, trabalho informal, afastamento do mercado de trabalho para cuidar dos filhos, entre outras. Com base nesse cenário, o Ipea lançou uma nota técnica na última semana na qual defende que as idades de aposentadoria de homens e mulheres devem ser diferentes.

“A princípio, a diferença [no sistema em vigor hoje, em que a mulher se aposenta cinco anos mais cedo que o homem] é justificada”, disse a pesquisadora. Atualmente, para se aposentar, o homem deve acumular 35 anos de contribuição e a mulher, 30. Há ainda a opção da aposentadoria por idade, que exige 15 anos de contribuição e idade de 65 anos para o homem e 60 anos para a mulher.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, de reforma da Previdência, atualmente em discussão na Câmara dos Deputados, altera esse modelo e estabelece como condição para a aposentadoria no mínimo 65 anos de idade e 25 anos de contribuição para homens e mulheres. Um dos argumentos do governo para a mudança é que as mulheres vivem mais que os homens.

França pede terceira prisão perpétua para o mítico terrorista “Carlos, o Chacal”

A Procuradoria francesa pediu hoje (27) prisão perpétua para o famoso ex-terrorista venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, mais conhecido como “Carlos, o Chacal”. Desta vez, por um atentado perpetrado em Paris há mais de 42 anos e que, se confirmada, seria a terceira condenação deste tipo para o réu. As informações são da agência alemã DPA.

O procurador Rémi Crosson du Cormier se mostrou convencido de que “Carlos, o Chacal” foi quem cometeu o ataque com uma granada em uma galeria comercial de Paris em 1974, quando morreram duas pessoas e dezenas ficaram feridas.

A defesa, contudo, criticou o que considera uma condenação prévia do acusado de 67 anos e assegura que não há provas que o incriminem. Também alega que o caso já prescreveu. “Isto não é um processo normal, não é um acusado normal, é ao que parece um processo político”, disse a advogada de Chacal, Isabelle Coutant-Peyre.

“Carlos”, que se apresentou perante o tribunal como “revolucionário profissional” em nome da resistência palestina, rechaçou as acusações. A sentença deverá ser conhecida amanhã (28), possivelmente.

Fama mundial

A Justiça francesa já havia condenado o venezuelano, um dos terroristas mais procurados do mundo nos anos 70 e 80, a duas penas de prisão perpétua, por vários atentados e assassinatos. Um de seus golpes de maior relevância foi o sequestro de 11 ministros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) em 1975 em Viena, que terminou com três mortos.

O terrorista internacional conhecido como “Carlos, o Chacal” recebeu esse apelido quando a polícia francesa invadiu um de seus esconderijos e achou o livro O Dia do Chacal, de Frederick Forsyth, obra de suspense baseada numa tentativa de fato de assassinar o presidente francês Charles de Gaulle, em 1963.

No Senado, duas comissões vão analisar impactos da ‘Carne Fraca’

Duas comissões permanentes do Senado realizam nesta semana audiências públicas com produtores, trabalhadores e autoridades sobre os impactos da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, deflagrada no último dia 17, e as medidas que estão sendo tomadas.

Na terça-feira (28), a partir das 9h, a Comissão de Direitos Humanos (CDH) reúne representantes da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, do Ministério da Agricultura e da Procuradoria Geral da República. Também foram convidados, entre outros, representantes da Associação Brasileira de Frigoríficos, do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários, da Confederação Democrática dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação, do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal e da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação. O requerimento para o debate é do senador Paulo Paim (PT-RS).

Na quarta-feira (29), a partir das 14h, o debate será na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). A senadora Vanessa Grazziottin (PCdoB-AM), que solicitou a audiência pública, quer aprofundar as discussões sobre o impacto deletério à imagem do Brasil perante a comunidade internacional e os consequentes efeitos econômicos da operação Carne Fraca.

A senadora lembra que o Brasil exerce protagonismo no mercado pecuário internacional, figurando entre os maiores exportadores de proteína animal, fatores que movimentam nossa economia e geram milhares de empregos diretos e indiretos.

Para a audiência, foram convidados representantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes; do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços; e da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura.

As duas audiências permitem a participação popular, com comentários e perguntas, por meio do portal e-Cidadania ou do Alô Senado (0800612211).

Cursos de medicina da UPE são os melhores do estado na avaliação da Anasem 2016

Os estudantes dos cursos de medicina dos campi da Universidade de Pernambuco (UPE) em Santo Amaro, Garanhuns e Serra Talhada podem comemorar. Foi divulgado, na última sexta-feira (24/03), o resultado da primeira edição da Avaliação Nacional Seriada dos Estudantes de Medicina (Anasem), realizada em 2016, e a UPE obteve os melhores índices do estado.

Na avaliação específica para os cursos de medicina, realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira –(Inep), o curso do campus da UPE em Santo Amaro obteve a melhor nota do estado, 105,5. Em segundo lugar vem o curso do campus em Garanhuns, com 105,0, seguido do curso em Serra Talhada com a nota 104,9.

Para o reitor da UPE, Prof. Pedro Falcão, o resultado é fruto da dedicação, esforço e superação dos que fazem os cursos. “Os servidores, gestores, professores e estudantes foram essenciais para a conquista desse resultado. São eles que enfrentam as adversidades apresentadas diariamente”, destacou.

Os resultados de excelência dos cursos de medicina mostram que a Universidade vive um momento acadêmico importante em sua graduação. “A UPE, através dos seus alunos, conseguiu comprovar que os seus cursos de medicina tem alta aprovação, desempenho e está devidamente preparado para inserir, no mercado de trabalho, futuros médicos compromissados com a população e a saúde pública. São os estudantes os protagonistas desse resultado”, ressaltou o Prof. Pedro.

OBJETIVOS – Instituída pela Portaria MEC nº 982, de 25 de agosto de 2016, a Anasem tem como objetivo avaliar os estudantes de graduação em Medicina, do 2º, 4º e 6º anos, por meio de instrumentos e métodos que considerem os conhecimentos, as habilidades e as atitudes previstas nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina.

A Anasem conseguiu mobilizar todas as escolas brasileiras de educação médica e seus resultados abarcam a avaliação de 91% dessas instituições, totalizando 233 cursos e 22.086 estudantes matriculados no 2º ano. Os desempenhos nas questões objetivas foram agrupados em três níveis de proficiência – básico, adequado e avançado – com o objetivo de medir as competências estruturais ou habilidades dos participantes.

Cerca de 91,2% dos estudantes de medicina encontram-se no nível de proficiência adequado; 6,9%, no básico; e 1,9%, no avançado. Quanto aos desempenhos agregados por Instituições de Educação Superior (IES), 98,71% apresentam média em nível adequado e 1,29%, no básico.

Investimentos no Tesouro Direto atingem recorde de R$ 42,9 bi em fevereiro

O estoque no Tesouro Direto chegou a R$ 42,9 bilhões em fevereiro, o maior valor já registrado, com um crescimento de 3% em relação a janeiro (R$ 41,7 bilhões) e de 53,2% sobre fevereiro de 2016 (R$ 28 bilhões). As aplicações alcançaram R$ 1,78 bilhão e os resgates, R$ 900,6 milhões, sendo R$ 777 milhões relativos às recompras ocorridas no mês e R$ 123,6 milhões aos vencimentos de fevereiro. Os valores foram divulgados hoje (27) pelo Tesouro Nacional, em Brasília.

No mês, foram realizadas 184.091 operações de investimento no programa. O valor médio por operação foi de R$ 9.667,61. Os investimentos de até R$ 5 mil corresponderam a 73,9% das vendas ocorridas no mês, maior percentual da série histórica, o que evidencia a utilização do programa por pequenos investidores.

Os títulos mais demandados pelos investidores foram os indexados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) -Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais-, cuja participação no volume total de investimentos atingiu 50,3%. Os títulos indexados à taxa Selic (Tesouro Selic) corresponderam a 26,5% do total e os prefixados (Tesouro Prefixado e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais), a 23,3%.

Em relação ao prazo, 21,4% dos investimentos ocorreram em títulos com vencimentos acima de 10 anos. As aplicações em títulos com prazo entre 5 e 10 anos representaram 56,2% e as com prazo entre 1 e 5 anos, 22,3% do total.

Em fevereiro, o acréscimo no número de investidores ativos (que efetivamente possuem aplicações) foi de 18.538. Com isso, o total de investidores ativos no programa alcançou 441.969, uma variação de 69% nos últimos doze meses. Já o acréscimo mensal de investidores cadastrados foi de 50.478, totalizando 1.249.281 participantes inscritos, o que representa aumento de 85% nos últimos 12 meses.

Ministério da Agricultura interdita dois frigoríficos alvos da Carne Fraca

Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
Unidade da empresa JBS na cidade da Lapa, no Paraná. A empresa é um dos alvos da Operação Carne Fraca, que investiga irregularidades em frigoríficos no país (Ueslei Marcelino/Reuters/Direitos reservados)
Governo interditou mais dois frigoríficos no Paraná Ueslei Marcelino/Reuters/Direitos reservados

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou hoje (27) a interdição de mais duas unidades frigoríficas alvos da Operação Carne Fraca, o Souza Ramos, em Colombo, e Transmeat, em Balsa Nova, ambos no Paraná.

Os dois frigoríficos estão entre os 21 investigados na operação da Polícia Federal (PF), deflagrada dia 17 de março para apurar suspeitas de irregularidades na produção de carne processada e derivados, bem como na fiscalização do setor.

Outras três unidades já haviam sido interditadas pelo ministério no dia 17. As unidades da Peccin Agro Industrial em Curitiba (PR) e Jaraguá do Sul (SC), onde são produzidos embutidos (mortadela e salsicha), e da BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão, entre outras), em Mineiros (GO), onde é feito o abate de frangos.

O ministério não especificou os motivos das novas interdições. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, concederá entrevista coletiva esta tarde para apresentar um balanço da operação.

Policiais, professores, juízes também tentam fugir da reforma da Previdência

A exclusão dos servidores públicos estaduais e municipais da reforma da Previdência, anunciada pelo presidente Michel Temer, estimulou outras categorias a reforçar o lobby para escapar das mudanças nas regras da aposentadoria. A pressão de policiais federais, juízes, procuradores, professores e servidores públicos federais ameaça desfigurar ainda mais o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, revela reportagem de O Estado de São Paulo.

A retirada dos servidores estaduais e municipais da reforma provocou a quebra da isonomia constitucional, argumentam os servidores federais. Um professor de universidade federal, por exemplo, só poderá se aposentar aos 65 anos na nova regra geral. Mas um docente de uma universidade estadual poderá ter uma regra mais branda, a depender da reforma que aquele Estado fizer.

Para o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Boudens, o governo terá de descobrir um malabarismo jurídico para fazer com que as regras para policiais civis estaduais e guardas municipais sejam diferentes do regime dos policiais federais, rodoviários e agentes penitenciários. “Essas forças de segurança pública estão regidas pelo mesmo artigo na Constituição, e devem seguir o mesmo ordenamento. É impossível separar as categorias sem alterar de maneira contundente o texto constitucional. Haverá novas manifestações e já há um grupo grande falando em greve”, alertou Boudens.

Trabalhadores rurais e profissionais de atividades com riscos de insalubridade, como mineradores, por exemplo, batalham para manter as regras atuais de aposentadoria, que exigem idade menor do que a proposta da reforma e menos tempo de contribuição.

No governo, porém, a ordem é manter a exigência à base aliada no Congresso para que a reforma dê o mesmo tratamento a todos os trabalhadores da iniciativa privada e servidores federais, incluindo políticos. “Nosso objetivo é uniformizar as regras. Se houver pressão, teremos de falar não”, disse o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida.

Para ele, os governos regionais não poderão aprovar regras mais brandas porque precisam ajustar suas contas e o governo federal não poderá bancar mais rombos dos entes federativos. “E o prazo é curto, porque os Estados voltarão a pagar o serviço cheio de suas dívidas com a União na metade de 2018”, lembrou, fazendo referência ao acordo que deu aos Estados um prazo para o pagamento de parcelas menores de seus débitos com o governo federal.

Durante a semana passada, o próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mandou recado aos Estados, pedindo mais seriedade no envio e aprovação de medidas de austeridade fiscal. Para o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, se os governadores demorarem a encaminhar suas reformas, até mesmo a obtenção de novas garantias do Tesouro Nacional para empréstimos ficará comprometida.

Sem disfarces, é difícil a realidade deixada pelo PT

Por Aécio Neves

A informação divulgada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), de que o Brasil ficou estagnado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), chamou a atenção. Foi a primeira vez, depois de 11 anos, que deixamos de avançar.

Antes que os opositores do atual governo digam que essa estagnação é culpa do impeachment, vale avisar aos desavisados: o estudo refere-se a 2015.

A PNAD daquele ano já havia mostrado que a pobreza crescera mais de 19%, segundo dados da FGV Social. Com a recessão instaurada, o desemprego e a crise social legados pelo governo petista, é de se esperar que o próximo relatório sobre o IDH brasileiro traga ainda mais notícias ruins.

Os dados divulgados pelo PNUD com base no quinto ano do governo Dilma mostram que o Brasil se mantém na 79ª posição do ranking de IDH. Quando levada em conta a desigualdade, o Brasil é o terceiro país que mais perdeu posições. Dados trágicos e inaceitáveis.

Por ironia, é desse mesmo governo o slogan: “O fim da miséria é apenas o começo”. Hoje -e especialmente depois da campanha de 2014- vemos que a eficácia da propaganda petista estava não em comunicar de forma eficiente a realidade, mas em mascará-la.

Vale a pena ver as contradições entre os números de pessoas que teriam deixado a miséria e a pobreza apresentados oficialmente pelo PT e pelas administrações do partido, que evidenciam a falta de consistência das estatísticas então apregoadas.

Foi para impedir manipulações como essa que apresentei no Congresso iniciativa que obriga os governos a identificarem a fonte oficial e o responsável pelas informações divulgadas à população.

O desempenho brasileiro no IDH começou a estagnar em 2014, com a falta de reajustes do Bolsa Família, o desemprego e o descontrole da inflação somados à má qualidade da educação. O modelo petista, que optou em fazer a gestão diária da pobreza durante 13 anos, começou a desmoronar por não ter se preocupado de fato com uma inclusão social sustentável.

O número de pessoas inseridas no Bolsa Família passou a ser apresentado como um fim, ao invés de ser tratado como um primeiro e fundamental passo da travessia para uma verdadeira emancipação social desses brasileiros. Estatísticas alimentavam propagandas que davam a entender que o benefício, por si só, havia resolvido definitivamente o problema de parcela importante da população. Isso nunca foi verdade.

O alerta dessa estagnação deve servir para construir uma agenda social responsável, efetiva e de longo prazo no Brasil.

É hora de agir em respeito a milhões de brasileiros que alimentaram estatísticas e propagandas sem que efetivamente tenham tido a real oportunidade de deixarem de ser pobres.

Aécio Neves é senador pelo PSDB de Minas Gerais

Últimas chuvas tiram Brejo da Madre de Deus do colapso

Os moradores do Brejo da Madre de Deus, no Agreste do Estado, estão tendo motivos para comemorar, após o registro de uma longa chuva que durou cinco horas seguidas e alterou consideravelmente o nível das barragens responsáveis pelo abastecimento da cidade. Depois de seis meses tendo que administrar colapso total, a Compesa retomou o fornecimento de água para os moradores através da rede de distribuição após as precipitações pluviométricas, que ainda se estenderam por vários dias, mesmo com menos intensidade.

De acordo com o gerente de Unidade de Negócios da Compesa, Bruno Adelino, as chuvas foram suficientes para regularizar a Barragem de Santana I, que está cheia, e permitiram o armazenamento de 23% da Barragem de Santana II, outra fonte hídrica do município.

Diante desse quadro favorável, a Compesa já garante que o líquido chegue nas torneiras dos usuários, após uma longa estiagem. Agora, a companhia está avaliando a implantação do novo calendário de abastecimento, que na fase mais crítica, anterior ao colapso dos mananciais, chegou a ser atendido pelo regime de dois dias com água e 20 dias sem. “Ainda é cedo para definirmos qual o regime a ser implantado, mas o volume de água acumulado já nos garante uma certa tranquilidade para esperarmos o inverno”, afirmou o gerente.

Para a dona de casa Maria das Dores Santos ver a chuva voltar a cair foi um momento de glória. “Nós já não sabíamos mais o que faríamos para arrumar água para o nosso consumo”, comentou, sentindo-se aliviada por não mais se preocupar em pagar para alguém encher a cisterna da sua casa.

A Barragem de Santana II tem a capacidade de acumular 568 mil metros cúbicos de água e hoje está com 23% do volume máximo, ou seja, 125 mil metros cúbicos de água. Já o manancial Santana I é um reservatório de nível, ou seja, ele não acumula água e depende diretamente do regime de chuvas. Durante o período de colapso, a Compesa atendeu a população com dez carros-pipa por meio de cisternas comunitárias espalhadas pela cidade.

A cidade de Brejo da Madre de Deus é conhecida mundialmente pelo espetáculo da Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, que é encenado há 50 anos no distrito de Fazenda Nova, e será uma das beneficiadas pela obra da Adutora do Agreste, que está sendo executada pelo Governo de Pernambuco. “Essa adutora irá beneficiar ainda outras 67 cidades do Agreste e é considerada o empreendimento estruturador para resolver a questão da falta de água na região, que tem o pior balanço hídrico do Nordeste”, finalizou Bruno Adelino.

Casos de dengue e chikungunha caem quase 100% em Caruaru

Pedro Augusto-Jornal VANGUARDA

Nada como um ano após o outro para se modificar uma realidade. De acordo com o levantamento da Vigilância Municipal de Saúde, tomando como comparativo o intervalo de 1º de janeiro até 18 de março de 2016 com a mesma época deste ano, o número de casos confirmados referentes à dengue sofreu uma redução de pouco mais de 98% na Capital do Agreste. No que diz respeito às notificações – quando se há a suspeita da doença -, a pesquisa da Vigilância verificou uma queda de 97% neste período. Ainda tomando como estudo o mesmo cenário, o departamento vinculado à Secretaria de Saúde de Caruaru contabilizou uma diminuição, respectivamente, de 94% e 92%, no que se referem aos casos confirmados e notificados de chikungunha.

Quanto aos números relacionados à zika – também transmitida pelo Aedes aegypti -, eles ainda não foram repassados pelo Ministério da Saúde. Mas, independentemente das cifras aguardadas e tomando apenas como parâmetro o intervalo citado, já dá para se concluir que o município conseguiu avançar no combate ao mosquito. Foi o que destacou o diretor da Vigilância Municipal de Saúde, Paulo Figueiredo. “Realmente hoje nos encontramos numa situação bastante diferente da qual estávamos vivenciando neste mesmo período de 2016. Naquela época, o Aedes aegypti acabou ocasionando efeitos drásticos, afinal, até então, os caruaruenses nunca haviam tido contato com a chikungunha e a zika. Nossas unidades de saúde tiveram de prestar centenas de atendimentos, bem como a população precisou se desdobrar para encarar essas doenças”, disse.

Ainda na entrevista concedida ao VANGUARDA, na manhã da última terça-feira (21), no Bairro São Francisco, o diretor da Vigilância Municipal elencou os fatores que propiciaram a redução dos casos relacionados à dengue e a chikungunha na cidade. “Desde o ano passado, quando vivenciamos um período difícil de epidemia das duas doenças, a Secretaria Municipal de Saúde vem intensificando as medidas para combater com uma maior eficácia a proliferação dos focos do mosquito em Caruaru. Poderíamos citar, dentre as ações que têm sido incrementadas, o aumento no número de visitas realizadas pelos nossos agentes nos imóveis, tanto da zona urbana como da rural, o apoio maciço da imprensa no tocante à divulgação dos cuidados em termos de prevenção ao Aedes, bem como o próprio crescimento da conscientização dos caruaruenses que, agora, se encontram mais rigorosos no combate a este tipo de transmissor.”

Quem também pode falar com propriedade a respeito da atenção cada vez maior por parte da população na tentativa de inibir a proliferação do Aedes aegypti é a agente de endemias, Ieda Silva. Apesar de ainda observar resistência em relação a alguns moradores, ela ressaltou a inclinação da maioria na facilitação do trabalho dos agentes. “Infelizmente e nos tempos de hoje, ou seja, após termos convivido com o surto de dengue e chikungunha em Caruaru, ainda temos de lidar com a falta de conscientização de várias pessoas que continuam sem querer receber as nossas visitas, tampouco vêm adotando as medidas já tão batidas de combate à proliferação do mosquito. Em contrapartida, depois dessa onda de epidemias, atualmente temos conseguido expandir o nosso trabalho de prevenção, ou seja, os moradores têm se preocupado em nos receber um pouco mais, já que tiveram na sua família ou até sentiram na pele as consequências que essas doenças podem causar.”

De acordo com a análise da Vigilância Municipal de Saúde, hoje os números confirmados e notificados referentes aos dois tipos de doença se encontram dentro da normalidade do município. Entretanto, os cuidados por parte da população somados às ações de combate aos focos do mosquito não devem diminuir de hipótese alguma. “Pelo contrário. As medidas conjuntas necessitam permanecer inalteradas, haja vista que hoje temos tido de conviver com um racionamento cada vez maior de água. Consequentemente, alguns moradores têm armazenado de forma incorreta o maior volume de água possível, o que tem propiciado a proliferação dos focos do mosquito. É importante ressaltar para que a população continue fazendo a parte dela, já que não queremos correr o risco de novos surtos”, finalizou Paulo Figueiredo.

A agente Ieda relembrou algumas dicas importantes a serem adotadas pelos caruaruenses. “A melhor forma de se evitar a dengue, a chikungunha, a zika, a febre amarela e demais doenças transmitidas pelo Aedes é combater os focos de acúmulo de água. Para isso, é importante não acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas de águas, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos, dentre outros. Até porque, o mosquito procura a água limpa para se reproduzir. Com a seca e esse racionamento cada vez maior nas torneiras, é necessário redobrar as atenções.”