Vendas de cimento crescem em 2024 e recuperam perdas de dois anos

Trabalhadores da construção civil
© Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo

Balanço do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) sobre a produção em 2024 revelou crescimento na produção anual do insumo, base da construção civil e uma das matérias-primas que mais influenciam os preços do setor. Segundo o SNIC, no ano passado, foram vendidas 64,7 milhões de toneladas, com aumento de 3,9% em relação a 2023 e saldo de 2 milhões de toneladas.

A região com maior aumento foi a Norte, menor mercado do país, com percentual de 10%, o que representa pouco mais de 10% do que consumiu o Sudeste, onde o crescimento foi de 2,8%. O resultado poderia ter sido melhor, mas os efeitos do clima extremo, com inundações no Rio Grande do Sul e secas generalizadas no centro do país, frearam parte das vendas.

O setor vinha de duas quedas consecutivas, de 2,8% em 2022 e de 0,89% em 2023. O patamar atual ainda está quase 10 milhões de toneladas abaixo do comercializado em 2014, quando foram vendidas 73 milhões de toneladas de cimento no país. À época, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 havia aumentado os investimentos em infraestrutura, pouco antes da crise econômica, que durou até 2017 e impactou investimentos públicos e privados no setor.

Em nota, o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento atribuiu o desempenho positivo à melhora continua do mercado de trabalho e da renda da população, com aumento de massa salarial e aquecimento do mercado imobiliário, puxados pela retomada de obras do programa Minha Casa, Minha Vida.

O setor da construção civil, porém, teve pressão contrária aos investimentos com o aumento das taxas de juros, do custo da mão de obra e com a manutenção de patamares elevados de endividamento e inadimplência. A entidade patronal demonstrou preocupação com a diminuição dos recursos para financiamento habitacional e o aumento do comprometimento da renda das famílias, com impacto inclusive do aumento das apostas esportivas no orçamento das famílias. Para o setor, em um raciocínio direto, menos dinheiro circulando significa menos investimento em novos imóveis e também em pequenas reformas, pois as vendas de varejo ainda têm peso considerável no setor, estimado em mais de 50% das vendas totais.

Representantes da construção civil criticaram a demora na liberação de recursos do módulo atual do  PAC, que sofreu cortes. Para a indústria, há dúvidas também com o comportamento do mercado externo, pois o preço do dólar afeta a construção civil e os investimentos em infraestrutura. Tal impacto pode ser diminuído com a regulação do mercado de carbono no país, pois o setor tem aumentado o volume de resíduos industriais usados como matéria-prima para o cimento, diminuindo o consumo de combustíveis fósseis, principalmente na alimentação de fornos industriais.

A nota técnica do sindicato prevê ainda crescimento na casa de 1% este ano, atrelado à concretização de investimentos previstos em projetos de habitação, saneamento e logística, que tem previsão de rodadas de concessão ainda no primeiro semestre de 2025.

Mega-Sena acumula e prêmio vai a R$ 38 milhões

O concurso 2.815 da Mega-Sena não teve acertador nesta terça-feira (14). O prêmio acumulou, estimado em R$ 38 milhões.

Os números sorteados foram: 05 – 20 – 28 – 38 – 50 – 53.

No total, 38 apostas acertaram cinco dezenas e vão receber R$ 75.919,13. Mais 3.288 apostas tiveram quatro acertos e faturaram R$ 1.253,44.

Para o próximo concurso, as apostas podem ser feitas até as 19h de quinta-feira (16).

Teste é capaz de prever risco de queda de idosos 6 meses antes

Lar dos Velhinhos Maria Madalena

Lar dos Velhinhos Maria Madalena© Marcello Casal/Agência Brasil
Cair de escadas ou de telhados, tropeçar nas ruas ou cair da própria altura. As quedas entre idosos são comuns e uma das principais causas de morte dessa faixa etária. Elas são um grave problema de saúde pública, podendo levar a ferimentos e fraturas sem maiores consequências e, em alguns casos, podendo reduzir a mobilidade ou até provocar a morte.

Para evitar essas quedas, recomenda-se que os idosos realizem anualmente testes de equilíbrio e de mobilidade em suas consultas de rotina. Em geral, esses testes consistem em que a pessoa idosa permaneça por 10 segundos em ao menos uma dessas posições: com os pés paralelos (bipodal), com os pés ligeiramente à frente do outro (semi-tandem), com um pé na frente do outro (tandem) ou equilibrado em um pé só (unipodal).

No entanto, um estudo realizado pelo Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio (L.A.R.E.) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de são Paulo (FMRP-USP) e publicado recentemente na revista BMC Geriatrics, apontou que ficar 10 segundos em uma dessas posturas é um tempo muito pequeno para identificar problemas de equilíbrio ou de mobilidade.

“A eficácia desse teste para identificar problemas iniciais de equilíbrio e prever quedas futuras ainda era incerta, principalmente porque 10 segundos podem ser insuficientes para uma avaliação completa”, disse Daniela Cristina Carvalho de Abreu, coordenadora do Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio (L.A.R.E.) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e do Ambulatório Assistencial de Distúrbios do Equilíbrio do Centro de Reabilitação do Hospital das Clínicas da FMRP-USP, em entrevista à Agência Brasil.

O estudo realizado entre 2015 e 2019 e apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi realizado com 153 pessoas entre 60 e 89 anos, residentes nas cidades de Ribeirão Preto, São Paulo e região. Ele apontou que o teste pode ser mais efetivo quando o indivíduo consegue ficar em apenas duas das posições mais desafiadoras (tandem ou unipodal) e por 30 segundos em cada uma delas.

O estudo

Os voluntários foram avaliados por um período de seis meses, fazendo tanto testes convencionais quanto os com o tempo ampliado. Quando essa amostra foi dividida entre os que caíram e os que não caíram seis meses após os testes, os pesquisadores observaram que o grupo que sofreu queda foi capaz de permanecer na posição unipodal por um tempo médio de 10,4 segundos e, na segunda posição tandem por 17,5 segundos, tempo superior aos 10 segundos com que ele é feito atualmente. Isso indicaria, segundo os pesquisadores, que os testes atuais são insuficientes para prever quedas futuras.

Já os voluntários que não caíram conseguiram se manter na posição unipodal por 17,2 segundos e na tandem por 24,8 segundos.

“O estudo demonstrou que o Teste de Equilíbrio [que estamos propondo] é eficaz na previsão de quedas nos próximos seis meses, sendo uma ferramenta valiosa para o rastreio do risco de quedas em idosos. Sua inclusão anual na Atenção Básica é recomendada, pois permite identificar idosos em risco, o que é fundamental para a escolha e o manejo das intervenções adequadas”, falou a coordenadora.

Segundo ela, os resultados do estudo indicaram que esse teste pode ser realizado em apenas duas posições (tandem e unipodal), com tempo de 30 segundos para cada uma. “Recomendamos que cada posição seja repetida pelo menos uma vez, para que o idoso se familiarize com o teste. Essa redução no tempo de execução permite incluir outros testes, como o de velocidade de marcha, o que fortaleceria a predição do risco de quedas futuras”, disse a coordenadora.

Como esse teste é simples e de baixo custo, ele poderia facilmente ser incluído na Atenção Básica e em consultas com especialistas ajudando a prever e prevenir quedas futuras, defendeu a pesquisadora.

“O teste de equilíbrio proposto é simples e pode ser realizado em apenas duas posições, em espaços pequenos e sem a necessidade de equipamentos especializados. Ele requer apenas uma capacitação básica da equipe de saúde, podendo ser executado por qualquer profissional. Dessa forma, a implementação do teste na Atenção Básica e em outros serviços de saúde voltados para a população idosa não apresenta grandes barreiras, bastando incluí-lo no rastreio anual obrigatório para idosos. A partir desse rastreio, a estratificação do risco de quedas (baixo, moderado e alto) pode ser feita, permitindo a adoção de medidas preventivas que evitem as quedas, promovam o envelhecimento saudável e reduzam os custos com o tratamento das lesões decorrentes das quedas”, disse ela.

É importante ressaltar que estes testes de equilíbrio, tanto o que funciona atualmente quanto o que está sendo proposto pelos pesquisadores, são apenas uma triagem. O estudo destaca que, além deles, seria ainda preciso fazer avaliações mais detalhadas para entender se o desequilíbrio está associado a fraqueza muscular, comprometimento sensorial ou problemas articulares, entre outros.

Governo cria bolsa de R$ 1.050 para estudantes de licenciatura

Brasília (DF), 14/01/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Educação Camilo Santana, durante cerimônia de lançamento do programa Mais Professores, no Palácio do Planalto. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O Governo Federal lançou nesta terça-feira (14) o Pé de Meia Licenciaturas, uma bolsa mensal de R$ 1.050 para estudantes de graduação que ingressem em cursos de licenciatura via Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Desse valor, o aluno contemplado poderá sacar até R$ 700 por mês. Os outros R$ 350 ficarão depositados em uma poupança e poderão ser sacados após o professor recém-formado ingressar em uma rede pública de ensino e em até cinco anos após a conclusão do curso. A medida faz parte do Programa Mais Professores, que envolve uma série de ações para incentivar e valorizar a docência.

“Esse importante programa é para atrair, estimular e incentivar as pessoas a entrarem nas licenciaturas e permanecer”, afirmou o ministro da Educação, Camilo Santana, durante cerimônia de anúncio do programa, no Palácio do Planalto. O Pé de Meia Licenciaturas reproduz a fórmula do programa de mesmo nome destinado a reter estudantes do ensino médio na escola, e que hoje alcança quase 4 milhões de alunos.

No caso da bolsa para estudantes de graduação, ela deve começar a valer a partir de 2025, conforme inscrição dos estudantes no Sisu, que começa na próxima sexta-feira (17). Os alunos aptos a receber a bolsa são aqueles com nota mínima de 650 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que se matriculem em algum curso de licenciatura reconhecido pelo MEC. Ao todo, serão 12 mil vagas nessa primeira etapa e a primeira parcela deve ser paga a partir de abril.

“No último Enem, 19 mil alunos acima de 650 pontos escolheram fazer licenciatura. Apenas 5 mil se matricularam. E desses, os dados mostram que, ao longo dos anos, metade desiste. Então, a gente quer praticamente triplicar o número atual de ingressantes na licenciatura com notas do Enem acima de 650 pontos”, explicou o ministro a jornalistas após o evento.

R$ 2,1 mil para professores

Além do apoio financeiro a estudantes de licenciatura, o programa prevê a Bolsa Mais Professores, com apoio financeiro a docentes das redes públicas de ensino da educação básica e que pretende aumentar a atuação em regiões com carência de professores, em medida similar ao Programa Mais Médicos, que contrata profissionais de saúde para regiões desassistidas. O participante receberá uma bolsa mensal no valor de R$ 2,1 mil, mais o salário do magistério, pago pela rede de ensino a qual está vinculado. Além disso, durante o período da bolsa, o professor cursa uma pós-graduação lato sensu com foco em docência. A abertura de inscrições para essa bolsa está prevista para começar no segundo semestre, a partir da adesão das redes de ensino dos estados e municípios, por meio de edital que deverá ser aberto nos próximos dias.

“Quem dá aula na periferia das grandes metrópoles desse país sabe que ser professor é um risco. Ser professor é um risco. Esperar ônibus tarde da noite, pegar ônibus de manhã lotado, chegar na escola sabendo que as crianças estão com preocupação, muitos nem tomaram café em casa. E, às vezes, menino com violência, menino que sai de casa brigado com a mãe porque não comeu, porque não sei lá, e vai tentar jogar a sua raiva na professora e no professor”, afirmou o presidente Lula, durante o anúncio do programa.

“Se a gente não motivar que professor e professora sejam uma profissão, eu diria, promissora, uma profissão que dê a eles a certeza de que eles estão trabalhando em benefício das pessoas e que o Estado poderá ajudá-la através do município, através do próprio Estado, de que esse professor não vai ser molestado, não vai apanhar. Então, essas coisas que nós temos que cuidar e que nós estamos fazendo aqui”, acrescentou.

Prova Nacional

Outra medida anunciada é a Prova Nacional Docente (PND), criada para melhorar a qualidade da formação, estimular a realização de concursos públicos e induzir o aumento do número de professores nas redes públicas de ensino. A PND será realizada anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a mesma autarquia que realiza o Enem. Estados e municípios poderão utilizar a PND em seus processos de seleção de professores, substituindo concursos públicos. Docentes interessados se inscrevem diretamente no Inep. A primeira PND tem previsão de ser aplicada em novembro.

O Programa Mais Professores ainda prevê descontos em hotéis, a partir de uma parceria com o Ministério do Turismo e a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH), para docentes das redes públicas. O valor dos descontos ainda não foi detalhado.

O MEC criou uma página na internet com informações sobre o programa..

Leopoldo Pacheco será Pilatos, na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém

Leopoldo Pacheco, que interpreta o governador Pôncio Pilatos nas gravações dos filmes publicitários, sob a direção do cineasta Eduardo Morotó, para a temporada 2025 da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, que acontecerá de 12 a 20 de abril.

Os ingressos podem ser adquiridos em novajerusalem.com.br em até 12x, com juros da operadora.

Leilão do Edifício Holiday será realizado no próximo dia 30

Marco da arquitetura moderna no Recife, o Edifício Holiday vai a leilão judicial no próximo dia 30, às 11h. O certame será conduzido de modo on-line pelo leiloeiro Luciano Rodrigues, da Lance Certo Leilões, e terá lance inicial mínimo de R$ 35.731.026,76. “O leilão será a melhor e mais justa solução para os condôminos que comprovem a propriedade ou posse legítima, e também para os vizinhos e transeuntes, que vêm sofrendo com os problemas que a situação atual do edifício ocasiona”, afirma Luciano Rodrigues, que realizará o leilão a partir de decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

Localizado no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, o Edifício Holiday possui 476 apartamentos, distribuídos em 17 andares.Tem ainda 17 lojas comerciais e boxes. São cerca de 15 mil metros quadrados de área construída e aproximadamente cinco mil metros quadrados de área de terreno. Em março de 2019, após requerimento da Prefeitura do Recife, o prédio foi completamente desocupado. A decisão foi tomada a partir de estudos que demonstraram risco elevado de incêndio e também na estrutura do prédio.

“Apesar das oportunidades concedidas aos condôminos para resolver os problemas estruturais, nenhuma solução foi tomada nos últimos anos. Diante dessa realidade, a melhor solução encontrada pela Justiça foi determinar a alienação do imóvel, por meio de leilão, com o intuito de arrecadar fundos para indenizar os proprietários e possuidores devidamente comprovados”, explica Luciano. Não será possível a demolição integral da edificação, devendo o vencedor do leilão obedecer às diretrizes para intervenção estabelecidas no Plano Diretor do Recife.

Os interessados em participar do certame devem se cadastrar no site da Lance Certo Leilões (https://www.lancecertoleiloes.com.br/) com antecedência de dois dias da data do primeiro leilão. Ele será realizado na modalidade on-line, mas sua dinâmica será bem parecida com aquela que o público já se acostumou a ver em filmes e séries, com o leiloeiro recebendo os lances e os interessados cobrindo as propostas. Caso a venda não seja concretizada no dia 30, ocorrerá um outro leilão, no dia 20 de fevereiro, também às 11h, com lance mínimo no valor de R$ 21.438.616,05. O valor arrecadado será depositado em uma conta judicial para posterior rateio entre os moradores que comprovarem a propriedade do imóvel.

Leiloeiro oficial

Luciano Rodrigues ficará responsável por conduzir o pregão e também por assegurar que todos os procedimentos sejam realizados conforme as diretrizes estabelecidas para o certame. Ele possui 27 anos de experiência na condução de leilões em geral, com destaque para o setor de imóveis. Sua empresa, a Lance Certo Leilões, atua nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará, Sergipe e Bahia, entre outros, possuindo uma carteira com milhares de clientes em diversos segmentos de mercado.

Serviço

Leilão do Edifício Holiday

– 1º Leilão: Dia 30 de janeiro, às 11h, com lance mínimo de R$ 35.731.026,76

– 2º Leilão: Dia 20 de fevereiro, às 11h, com lance mínimo de R$ 21.438.616,05

Cadastro para participar do leilão no site www.lancecertoleiloes.com.br/ (com antecedência de, pelo menos, dois dias da data do primeiro leilão)

Prefeitura de Caruaru nomeia mais 110 professores aprovados no maior concurso público do município

A Prefeitura de Caruaru, por meio da Secretaria de Administração (SAD), nomeou mais 110 professores aprovados no maior concurso público da história do município. Os nomes dos novos educadores foram divulgados na segunda-feira (13), no Diário Oficial. Os professores tipo 1 irão atuar em escolas municipais de Caruaru já a partir do próximo mês.

Uma das prioridades da gestão Rodrigo Pinheiro é o investimento na Educação, e tem como base a nomeação por meio de concurso público. Na última semana, foram nomeados 55 professores, chegando agora ao total de 165 profissionais.

Para a secretária de Administração, Michely Martins, o chamamento destes profissionais só reforça o compromisso da gestão. “Sem dúvidas, um grande reforço para a educação da cidade, começando 2025 com mais trabalho e avanços para nossa cidade”, frisou Michely.

Os nomeados devem comparecer à Secretaria de Administração, com os documentos pessoais. A SAD funciona no Centro Administrativo, localizado na rua Professor Lourivaldo Vilanova, 118, bairro Universitário.

A rebelião antiliberal nos EUA e no Brasil

Por Maurício Rands

Há um certo senso comum sobre a perda de significado das distinções ideológicas. Sobretudo a dualidade esquerda/direita. Ou liberal/antiliberal. Ou progressista/conservador. Gente da estatura de Norbert Bobbio já mostrou como é frágil esse senso comum. Chamemos como quisermos certos princípios organizadores das sociedades, há diferenças nítidas entre as correntes teóricas, instituições e regimes políticos. Há aquelas que realçam valores como liberdade, igualdade e participação. Há outras que realçam a busca pelo desenvolvimento e pela segurança acima daqueles outros valores. Os arranjos e combinações, claro, dependem de contextos históricos.

O professor Robert Kagan, senior fellow da Brookings Institution, do alto de sua erudição, é outro que não se deixa levar pelo senso comum. Acaba de publicar um livro seminal sobre os riscos à democracia americana causados pela coalizão antiliberal que acabou por eleger Trump. As 218 páginas de seu “Rebellion – How Antiliberalism is Tearing America Apart – Again” analisam a evolução das instituições da Constituição Americana de 1787. Demonstram que o aparente consenso sobre os valores e instituições liberais e democráticos foi minado desde o início. Primeiro pelo compromisso imposto pelos estados do Sul que garantiu a permanência da escravidão (“the vicious bargain”, em sua expressão). Depois pela atuação de antiliberais que nunca respeitaram o tratamento igualitário que deveria ser consagrado aos pretos, às mulheres e aos imigrantes por força de uma constituição liberal e democrática. Os escravistas do Sul fizeram a secessão e criaram uma confederação por não aceitarem a eleição do abolicionista Abraão Lincoln em 1860. Após o triunfo do Norte e aprovação das Emendas Constitucionais 13ª, 14ª e 15ª, que proibiram a escravidão e deram o direito de votos aos negros, essas correntes antiliberais trataram de impor instituições e práticas que continuaram violentando a vida, a liberdade e os direitos políticos dos pretos e povos originários. Assim como das mulheres e imigrantes.

Sempre sob o argumento da autonomia dos estados, do fundamentalismo religioso e da “precedência” dos colonos brancos. Os supremacistas brancos chegaram a criar movimentos terroristas como o Ku-Klux-Klan. Esse inconformismo com a ordem liberal sempre esteve presente na história americana. Variando de força, mas nunca extinto. As reformas do New Deal de Roosevelt e da extensão dos direitos civis às minorias nos anos 50 e 60 provocaram ressentimentos que viriam a se expressar nos movimentos do Macartismo do pós-guerra e da “nova direita”, de Barry Goldwater (1964), Ronald Regan (1980), Newt Gingrich (90s), passando pelo movimento Tea Party. Esse último, surgiu com forte apelo populista a partir de 2008, como reação às iniciativas sociais de Obama, o primeiro presidente negro eleito nos EUA. A partir daí, a coalização contrária ao liberalismo social promoveu uma inflexão populista que culminou nas eleições de Trump em 2016 e 2024. O programa de forte apelo a um passado idealizado (“Make America Great Again”) capturou os ressentimentos gerados pelo avanço dos direitos sociais, das causas identitárias e da imigração. Tudo isso percebido como imposições de uma elite liberal/social e acadêmica que teria o controle da burocracia governamental. O resultado foi a ascensão de um líder como Trump. Uma verdadeira rebelião contra os valores da Constituição de 1787 e todos os avanços conseguidos pelos segmentos historicamente excluídos e discriminados.

Essas visões estreitas e interesses egoísticos nunca aceitaram compartilhar direitos e participação política, econômica e social. O mesmo sempre ocorreu no Brasil. Tome-se apenas o período recente que se inaugurou com a Constituição Cidadã de 1988.

Houve tempo em que pareciam condenadas às franjas as correntes de ultradireita que apoiaram as ditaduras da nossa república. Essa cultura excludente e autoritária ficou latente no período que vai da redemocratização até o surgimento do movimento bolsonarista. Mas, como nos EUA, voltou com força e deu voz a posições extremadas de uma direita populista e autoritária que soube explorar problemas reais de corrupção, mal funcionamento das instituições e insuficiência dos serviços públicos.

Além dos ressentimentos dos conservadores diante do empoderamento de mulheres, pretos e gays. Catalisados pelo manejo do fundamentalismo interesseiro de algumas igrejas neopentecostais. E fortalecidos pelo modelo de negócios das plataformas digitais. Como se aqueles que foram historicamente discriminados tivessem que ficar condenados a nunca ter voz e vez. Nos EUA, como no Brasil, essas correntes nunca deixaram de pensar como pensam. Nem de praticar a exclusão e as discriminações que sempre praticaram. Apenas refluíram quando as tendências democráticas, liberais e progressistas exerciam alguma hegemonia transitória. Esse livro de Robert Kagan ajuda-nos a entender as duas rebeliões que se expressam em movimentos como o trumpismo e o bolsonarismo.​

Maurício Rands, advogado formado pela FDR da UFPE, professor de Direito Constitucional da Unicap, PhD pela Universidade Oxford

Polícia Civil deflagra operação com 60 homens para combater tráfico de drogas e lavagem de dinheiro

NOTA À IMPRENSA

A POLÍCIA CIVIL DE PERNAMBUCO desencadeou na manhã desta terça-feira,
14/01/2025, a 1ª Operação de Repressão Qualificada do ano denominada “PRONTA
RESPOSTA”, vinculada à Diretoria Integrada do Interior II – DINTER II, sob a
presidência do Delegado George Saraiva, Titular da 23ª Delegacia Secional – 23ª
DESEC.

A investigação foi iniciada em setembro de 2023, com o objetivo de identificar e
desarticular Organização Criminosa voltada à prática dos crimes de Tráfico de Drogas e Lavagem de Capitais.

No dia de hoje estão sendo cumpridos 09 (nove) Mandados de Busca e Apreensão
Domiciliar, todos expedidos pelo Juízo da Vara Criminal da Comarca de Salgueiro.
Na execução estão sendo empregados 60 (sessenta) Policiais Civis, entre Delegados,
Agentes e Escrivães.

As investigações foram assessoradas pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de
Pernambuco – DINTEL, contando ainda com o apoio operacional da Polícia Militar –
PMPE.

Os detalhes da referida operação serão divulgados pela Assessoria de Comunicação da Polícia Civil em momento oportuno.

Delegacia Geral de Polícia

Do descarte à renda: como o lixo zero e o uso do gás metano beneficiam as cidades

Os desafios ambientais que enfrentamos atualmente exigem ações concretas de todos os setores da sociedade, e os municípios têm um papel fundamental nesse processo. O conceito de “lixo zero” é uma dessas iniciativas que, mais do que um objetivo, representa uma mudança profunda na forma como nos relacionamos com o que consumimos e descartamos. Adotar o lixo zero não é apenas uma questão de gestão de resíduos, mas sim uma oportunidade para repensarmos os modelos de produção, consumo e descarte que historicamente deixaram marcas profundas no meio ambiente.

Quando falamos em lixo zero, estamos nos referindo a minimizar ao máximo os resíduos destinados a aterros e incineradores, priorizando a redução, a reutilização e a reciclagem. Isso exige comprometimento e criatividade, tanto por parte das administrações municipais quanto da população. Afinal, de nada adianta políticas públicas inovadoras se não forem acompanhadas por uma mudança cultural que envolva todos os cidadãos.

Um ponto que merece destaque é o aproveitamento do gás metano gerado pela decomposição de resíduos orgânicos em aterros sanitários. Normalmente, esse gás é liberado na atmosfera, contribuindo significativamente para o aquecimento global. No entanto, com a tecnologia certa, ele pode ser capturado e utilizado de forma eficiente. Muitos municípios têm a oportunidade de transformar esse passivo ambiental em uma fonte de energia renovável e até mesmo em receita.

Ao investir em usinas de biogás, os municípios conseguem capturar o metano e utilizá-lo para abastecer órgãos públicos, como escolas, hospitais e repartições, reduzindo custos com energia e ampliando a sustentabilidade no funcionamento dessas estruturas. Além disso, o gás excedente pode ser comercializado, gerando renda para o município e estimulando a economia local. Trata-se de um exemplo claro de como o compromisso com o lixo zero e o carbono zero pode trazer benefícios econômicos concretos.

Um dos pilares dessa transformação é o planejamento urbano integrado. Municípios que abraçam a pauta do lixo zero tendem a investir em programas de coleta seletiva eficientes, além de fomentar parcerias com cooperativas de catadores e estimular a compostagem doméstica e comunitária. Mas o trabalho não para aí. É essencial educar a população sobre a importância dessas práticas e oferecer ferramentas para que sejam adotadas no dia a dia. Muitas vezes, as pessoas têm boa vontade, mas falta informação ou acesso aos recursos necessários.

Outro aspecto importante é a conexão entre a ideia de lixo zero e os compromissos relacionados ao carbono zero. Ao reduzir resíduos, automaticamente diminuímos as emissões de gases de efeito estufa associadas à decomposição de materiais orgânicos em aterros ou à incineração de resíduos. Além disso, práticas como a compostagem ajudam a regenerar o solo e contribuem para a captura de carbono, reforçando um ciclo virtuoso que beneficia o planeta como um todo.

É inspirador ver como algumas cidades ao redor do mundo já estão liderando esse movimento. Cada caso nos ensina que, embora os desafios sejam grandes, as soluções são possíveis e, muitas vezes, simples. Pode ser por meio da substituição de plásticos descartáveis por alternativas biodegradáveis, do incentivo a feiras livres que funcionem sem embalagens ou da criação de pontos de troca de materiais reutilizáveis.

No fundo, a caminhada rumo ao lixo zero é também uma jornada de reconexão com nossos valores. Estamos falando de criar comunidades mais conscientes e solidárias, que enxerguem o lixo não como um problema isolado, mas como um reflexo de como vivemos e consumimos. Trata-se de entender que cada escolha importa e que, juntos, podemos construir um futuro mais limpo e justo. Os municípios que liderarem essa mudança estarão não apenas cumprindo seu papel institucional, mas inspirando uma transformação que tem o potencial de alcançar cada canto do planeta.

Marcelo Augusto Rodrigues, é advogado especialista em direito ambiental e urbanístico, ex-Secretário de Meio Ambiente do Recife, e sócio proprietário do escritório de advocacia Marcelo Rodrigues Advogados. Estudante de Botânica.