Akemi Nitahara* – Repórter da Agência Brasil
Consumidores ouvidos pela Agência Brasil no Rio de Janeiro disseram hoje (20) que pretendem mudar hábitos alimentares em relação a carnes e embutidos. Na última sexta-feira (17), a Polícia Federal deflagrou a Operação Carne Fraca que mostrou que frigoríficos envolvidos em um esquema criminoso “maquiavam” carnes vencidas com ácido ascórbico para vendê-las ao mercado interno e externo.
A contadora Jane Dias disse que vai diminuir o consumo de embutidos. “Eu acredito que o principal problema deve estar nos processados, como salsicha, linguiça, e nos enlatados. Eu costumo comer, mas evito ao máximo esses embutidos. Agora vou tomar mais cuidado ainda.”
A gerente de projetos Rose Gomes ficou impressionada com as notícias e disse que vai rever os hábitos alimentares da casa. “Agora, depois dessas matérias, a gente vai rever alguns pontos da nossa alimentação. A gente já tinha cuidado antes, então agora que a gente vai redobrar.”
Já a jornalista Paula Uchôa, que já tem cuidado redobrado por causa de restrições alimentares na família, vai tentar ampliar o vegetarianismo em casa. “Eu tenho uma filha que tem dermatite ectópica, então ela já tem alergia a embutidos, enlatados, condimentos. Em casa, a gente não usa. Também acho um absurdo esse negócio das carnes. Eu já não comia carne, agora eu estou com mais nojo ainda.”
Filho de argentinos, o contador Joan Pablo Francesch ficou impressionado com as notícias a respeito da operação e já mudou os hábitos, mesmo que temporariamente. “Mesmo sendo amante e apreciador de carnes em geral fui impactado negativamente com as notícias que circularam nos meios de comunicação e resolvi adotar medidas que dessem prioridade à minha saúde. Até o momento, penso em não consumir carnes até que a situação seja bem esclarecida e que os órgãos competentes sejam investigados por auditorias externas e que comprovem a procedência dos alimentos vendidos.”
Vigilância Sanitária
Até o fim desta semana, a Vigilância Sanitária Municipal vai recolher amostras de carne e embutidos em supermercados do Rio de Janeiro para análise química em laboratório. A operação começou no sábado, em supermercados de Copacabana e Botafogo, na zona sul. No domingo, a inspeção foi na Ilha do Governador, na zona norte, e hoje (20) os fiscais passaram pela Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste.
Segundo a gerente técnica de Alimentação do órgão, Aline Borges, o objetivo é analisar produtos das marcas envolvidas nas fraudes, de acordo com as investigações da Polícia Federal. “As marcas que a gente está focando são as marcas envolvidas nessa operação Carne Fraca, que são as produzidas pelos frigoríficos JBS e BRF, que são a Friboi, Perdigão, Sadia, Seara.”
Os primeiros laudos devem ficar prontos em sete dias. “A gente vai fazer a análise da microbiologia, para verificar se há algum micro-organismo que seja patogênico, como foi informado, salmonela, entre outros. Também vamos fazer a análise físico-químico para saber se tem focos de outros produtos e análise de rotulagem.”
O material coletado está sendo encaminhado para o Laboratório Municipal de Saúde Pública, que vai verificar a contaminação por micro-organismos, a composição do produto, detectar corpos estranhos no alimento, há indícios de fraude, análise de cor, textura e odor. Os produtos com amostras insatisfatórias terão os lotes retirados de circulação.
Aline destaca que o consumidor deve ficar atento às condições de armazenamento nos locais de compra. “São as condições para qualquer produto perecível: verificar a questão da procedência, a temperatura de armazenamento, higiene do local, do equipamento, se a embalagem está íntegra, a data de validade. Se tiver algum problema com o produto ou o estabelecimento, entrar em contato pelo 1746 para fazer a reclamação, e a gente vai no estabelecimento verificar.”
Na ação de hoje, foram encontrados 380 quilos de produto que estavam em temperatura inadequada. “Foram carnes, embutidos, salsicha, mortadela, que nós inutilizamos. O problema era de manutenção do equipamento, estava com temperatura inadequada e uma parte já apresentava mau cheiro e coloração alterada”.