Vinicius Júnior pede punições a responsáveis por agressões racistas

LaLiga - Valencia v Real Madrid

Um dia após sofrer agressões racistas durante um jogo do Campeonato Espanhol, o atacante brasileiro Vinicius Júnior pediu punições duras aos responsáveis por tais atos. Em postagem, nesta segunda-feira (22), em seu perfil em uma rede social, o atacante do Real Madrid (Espanha), perguntou: “O que falta para criminalizarem essas pessoas? E punirem esportivamente os clubes? Por que os patrocinadores não cobram a La Liga? As televisões não se incomodam de transmitir essa barbárie a cada fim de semana?”.

“A cada rodada fora de casa uma surpresa desagradável. E foram muitas nessa temporada. Desejos de morte, boneco enforcado, muitos gritos criminosos. Tudo registrado. Mas o discurso sempre cai em ‘casos isolados’, ‘um torcedor’. Não, não são casos isolados. São episódios contínuos espalhados por várias cidades da Espanha [e até em um programa de televisão]. As provas estão aí no vídeo. Agora pergunto: quantos desses racistas tiveram nomes e fotos expostos em sites? Eu respondo pra facilitar: zero. Nenhum para contar uma história triste ou pedir aquelas falsas desculpas públicas”, declarou o jogador da seleção brasileira

No final de sua postagem Vinícius Júnior afirma que “o problema é gravíssimo e comunicados não funcionam mais”. Segundo o atacante, estas agressões, que têm se tornado recorrentes, “no es fútbol, es inhumano [não é futebol, é falta de humanidade]”.

A cada rodada fora de casa uma surpresa desagradável. E foram muitas nessa temporada. Desejos de morte, boneco enforcado, muitos gritos criminosos… Tudo registrado.

Mas o discurso sempre cai em “casos isolados”, “um torcedor”. Não, não são casos isolados. São episódios… pic.twitter.com/aSCMrt0CR8

— Vini Jr. (@vinijr) May 22, 2023
Agressões racistas no Mestalla
Vinicius Júnior foi vítima de mais uma ação racista em um estádio espanhol na tarde do último domingo. Durante a derrota do Real Madrid para o Valencia por 1 a 0, no Estádio Mestalla, casa dos adversários, Vini escutou insultos racistas e gritos de “macaco” vindos das arquibancadas. O jogo foi paralisado por cerca de oito minutos e, posteriormente, o jogador foi expulso ao se envolver em confusão.

O lance que deu origem ao episódio aconteceu aos 29 da segunda etapa. Jogando em ambiente hostil, Vinicius Júnior tentou jogada pela esquerda quando uma segunda bola, que havia sido arremessada no gramado instantes antes, foi chutada por Eray Cömert, atleta do Valencia, de maneira proposital para interromper o lance. Naquele momento Vini se dirigiu para parte da torcida valencianista que estava localizada atrás do gol do time local e apontou para torcedores que o insultavam chamando-o de macaco.

O árbitro De Burgos Bengoetxea paralisou a partida e o sistema de som avisou que o confronto só seria retomado se as ofensas parassem. Vini sinalizou que estava bem para retornar, e o jogo prosseguiu após cerca de oito minutos de pausa, com a polícia comparecendo ao local das ofensas.

Nos acréscimos da partida, Vini se envolveu em uma confusão com o goleiro Giorgi Mamardashvili e, após ser contido pelo adversário Hugo Duro com uma gravata, acertou o rosto do atleta do Valencia ao tentar se desvencilhar. No fim, apenas o brasileiro foi punido, sendo expulso.

Fórum de Segurança: 183 pessoas desaparecem por dia no Brasil

De 2019 a 2021, mais de 200 mil pessoas desapareceram no Brasil, o que dá uma média de 183 desaparecimentos por dia. Os dados são do estudo Mapa dos Desaparecidos no Brasil, divulgado hoje (22) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Os números, no entanto, podem ser ainda maiores. Isso porque o Brasil não conta hoje com um cadastro nacional para contabilizar esses casos. “Esse é um número muito elevado e, quando a gente verifica, por exemplo, as taxas de reencontro de pessoas produzidas pelas polícias, elas são muito menores. Ou seja, a gente nem consegue hoje dimensionar a quantidade de pessoas que efetivamente estão desaparecidas no Brasil”, disse Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em entrevista hoje (22) à Agência Brasil e à TV Brasil.

Durante esse período, 112.246 pessoas foram localizadas. O número parece alto, no entanto, segundo Samira, é importante destacar que as pessoas que foram localizadas nesse período não necessariamente desapareceram entre os anos de 2019 e 2021.

“No último ano, tivemos um total de 34 mil pessoas localizadas, uma taxa de 16,6%. Mas, veja, desaparece quase o dobro [de pessoas] todo ano. E temos mais um problema nessa estatística: quando a gente olha o número de pessoas localizadas, precisamos ter a clareza de que essa pessoa não necessariamente desapareceu naquele ano. Então, não podemos fazer uma conta em relação ao total de pessoas desaparecidas naquele ano e o total de pessoas localizadas porque essas pessoas localizadas podem estar perdidas há mais de dez anos”, destacou ela.

Perfil dos desaparecidos

Do total dos desaparecimentos nos anos de 2019 e 2021, quase 30% foram crianças e adolescentes entre 12 e 17 anos.

“Esse é o grupo populacional que mais desaparece no Brasil. E isso pode estar vinculado a uma multiplicidade de fenômenos porque engloba desde aquele adolescente que é vítima de algum tipo de crime e acaba sequestrado, vítima de trabalho escravo ou exploração sexual até aqueles casos de desaparecimentos voluntários em que o adolescente sai de casa por maus-tratos ou desavenças familiares.”

O estudo também revelou que a maioria dos desaparecidos são do sexo masculino (62,8% dos casos) e negros (54,3% do total). “Quando a gente olha para o perfil do desaparecido e vemos que são majoritariamente jovens, pretos e pardos, do sexo masculino, muitos dos quais em situação de vulnerabilidade, é mais um fator que nos leva a ter que priorizar esses casos porque isso pode incluir componentes criminais como homicídios, sequestros e tentativas de homicídios. E, muitas vezes, a gente só vai encontrar essas pessoas depois em valas clandestinas ou em cemitérios clandestinos”, disse a diretora do Fórum.

Outro dado interessante é que, durante a pandemia de covid-19, o número de pessoas desaparecidas caiu 22,3% em 2021 na comparação com 2019. “Na pandemia, todos os estados apresentaram redução no número de pessoas desaparecidas. Mas teve uma faixa etária que mostrou crescimento [nesse período] que foi a faixa etária entre 40 e 49 anos, especialmente homens”, ressaltou Samira.

Segundo ela, isso pode estar relacionado a outro fenômeno: a população em situação de rua. “Uma das hipóteses que a gente traz para o crescimento entre pessoas de 40 e 49 anos é que aumentou o desemprego, caiu a renda e muita gente ficou em situação de rua. A gente teve um crescimento significativo da população em situação de rua no Brasil nesse período e é comum que pessoas que perdem emprego e renda, fiquem envergonhadas e, enfim, não tendo para quem pedir ajuda, acabem indo para a rua”, ressaltou ela.

Política nacional

Segundo o Mapa dos Desaparecidos, o estudo demonstrou que dois graves problemas dificultam ainda mais o trabalho de localização de pessoas no Brasil. O primeiro deles é a falta de um banco de dados unificado que integre os estados e as informações sobre as pessoas que desaparecem no país.

“O que a gente percebe pelas estatísticas disponíveis é que todo ano o número de pessoas desaparecidas é muito mais elevado do que o número de pessoas localizadas. E como não temos um banco nacional que consolide essas informações, na prática, não conseguimos dimensionar de fato quantas pessoas estão desaparecidas hoje no Brasil.”

Para Samira, outra dificuldade é que o desaparecimento no Brasil não é um crime: “o desaparecido é toda pessoa cujo paradeiro não é conhecido, tenha sido de forma voluntária ou não esse desaparecimento. O que acontece é que essa tipificação é muito ampla e não é um tipo penal, ou seja, o desaparecimento não é um crime. Como o desaparecimento não é um crime, não necessariamente vai haver o registro de um boletim de ocorrência que vai levar a uma investigação ou instauração de um inquérito. Então isso vai depender muito da prioridade dada por aquela delegacia”.

Sem políticas públicas e um cadastro nacional, e torcendo para que um delegado investigue determinado caso, o resultado é que muitos pais acabam em uma longa busca por seus filhos desaparecidos. É o caso de Ivanise Esperidião da Silva, que fundou o movimento Mães da Sé, após sua filha de 13 anos ter desaparecido a poucos metros de sua casa, em 1995.

Em entrevista à TV Brasil, Ivanise disse que continua à espera da localização de sua filha. “Isso é lidar com uma dor e uma busca solitária. Te falo com a experiência de uma mãe que há 27 anos procura uma resposta ao que aconteceu com minha filha e até hoje não teve resposta. São mais de 12 mil mães que passaram ao longo da minha vida no movimento e todas elas têm a mesma sensação de descaso, de abandono e de invisibilidade. O desaparecimento – na minha opinião como mãe e como militante de uma causa – deveria ser tratado como um problema de segurança pública. Mas ele não é. Nossos filhos fazem apenas parte de uma estatística: são apenas um número”, lamentou ela.

Lei Nacional

Em 2019, o governo federal sancionou a Lei da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas. Essa lei previa a criação de um cadastro nacional que ainda não está em funcionamento.

“Em 2019 a gente teve a sanção de uma lei que cria a Política Nacional de Busca e Localização de Pessoas Desaparecidas e que determina a criação de um cadastro de pessoas desaparecidas. No entanto, não tivemos destaque orçamentário para essa política. Embora a política tenha sido sancionada em 2019, ela não teve nenhum recurso orçamentário entre 2019 e 2022. Na prática, se você não tem recursos financeiros para implementar a política, nada aconteceu”, disse Samira.

Para Ivanise, se o cadastro estivesse em funcionamento, teria ajudado muitas famílias. “Mas nem isso nós temos”, criticou ela. Ela também defendeu a tipificação do desaparecimento.

“Pelo fato de o desaparecimento, juridicamente falando, não ser considerado um crime, o problema é tratado com descaso, com invisibilidade. As pessoas não enxergam os crimes que acontecem por trás de um desaparecimento. E assim vamos vivendo à mercê da própria sorte porque não temos, até hoje, políticas públicas voltada para a causa do desaparecimento.”

“Minha filha era uma adolescente de 13 anos. Então o Estado me deve essa resposta. A Constituição é bem clara quando diz que a criança e o adolescente é responsabilidade do Estado, da sociedade e da família. Mas quando acontece um fato desse é como se a família fosse a única responsável. O Estado, por sua vez, é ausente, negligente e omisso. E a sociedade prefere olhar para a gente com o olhar de piedade. Nós não queremos isso. Queremos empatia com a nossa causa”, completou Ivanise

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Justiça e Segurança Pública não comentou o estudo, nem se manifestou sobre a criação do cadastro unificado, até a publicação do texto.

Carteira Meu INSS+ dá desconto em farmácias, cinemas, shows e serviços

Brasília (DF) 22/05/2023 - O ministro da previdência, Carlos Lupi (e) acompanhado do presidente do INSS, Glauco André Fonseca (d) lançam a carteira virtual do beneficiário Meu INSS+.  A carteira servirá como comprovação de beneficiário do INSS. Também vai oferecer um

Aposentados, pensionistas e beneficiários de algum auxílio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) já podem acessar a carteira virtual do beneficiário e o cartão Meu INSS+, que dá acesso a dados sem necessidade de impressão do comprovante.

A nova modalidade de acesso virtual foi lançada nesta segunda-feira (22) e também concede aos beneficiários descontos em farmácias, cinemas, shows, serviços, telemedicina, seguros, viagens, entre outros. Para isso, basta acessar o aplicativo ou site Meu INSS e clicar no ícone “carteira do beneficiário”, informou o governo.

Brasília (DF) 22/05/2023 - (Reproduçāo do Telão) - Lançamento da carteira virtual do beneficiário Meu INSS+. A carteira servirá como comprovação de beneficiário do INSS. Também vai oferecer um
Totalmente virtual, o cartão, desenvolvido pela Dataprev, está disponível no aplicativo Meu INSS – Joédson Alves/Agência Brasil

O clube de vantagens do Meu INSS+ é fruto de uma parceria entre o Ministério da Previdência, o INSS e os bancos do Brasil e Caixa Econômica Federal, que vão disponibilizar serviços aos usuários, correntistas ou não.

A Portaria que institui a carteira do beneficiário e o Meu INSS+ foi assinada pelo ministro da Previdência Carlos Lupi durante cerimônia de lançamento ocorrida no auditório do INSS, em Brasília.

Segundo Lupi, pelo menos 19 milhões de pessoas terão acesso aos descontos oferecidos. Além disso, o ministro destacou que bancos privados já mostraram interesse em participar da parceria. “Alguns benefícios na área de farmácia têm desconto de até 70%”, destacou.

Governo lança canal de denúncias sobre preço de combustíveis

Postos de combustíveis do DF exibem tabelas afixadas nas bombas mostrando os preços anteriores dos produtos

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, lançou nesta segunda-feira (22) um canal de denúncias específico para cobrança de preços abusivos nos postos de combustíveis. Os consumidores poderão registrar reclamações em um formulário online, que já está disponível.

A iniciativa é mais um desdobramento das ações para tentar fazer valer a decisão da Petrobras, que reduziu nesta semana o preço dos combustíveis vendidos às distribuidoras. A redução foi de R$ 0,44 por litro do preço médio do diesel, que caiu de R$ 3,46 para R$ 3,02, e de R$ 0,40 por litro da gasolina, passando de R$ 3,18 para R$ 2,78.

Apesar disso, consumidores de diversas partes do país reclamaram que as reduções nos valores não foram repassados e, em alguns casos, o preço até subiu para em seguida voltar ao patamar anterior, como forma de fraudar uma redução.

Para verificar se os postos de abastecimento estão repassando de forma adequada as variações de preço ao consumidor final e se estão cumprindo as normas e regulamentações vigentes, a Senacon coordenará, na próxima quarta-feira (24), o Mutirão do Preço Justo, em todo o Brasil.

Com apoio dos Procons, será feito o monitoramento da precificação dos combustíveis nas cidades brasileiras, com envio para a Senacon do maior e do menor valor encontrado nos estabelecimentos. O relatório com os dados será apresentado ao público no dia 30 de maio.

Curso

Em outra iniciativa, o governo está com inscrições abertas, até o dia 29 de maio, para o curso Conhecendo o Mercado de Combustíveis. A formação pretende apresentar o funcionamento do mercado de combustíveis, possibilitando conhecer as características dos produtos comercializados e como o poder público age para regular essa atividade por meio da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).

Segundo o governo, o curso tem carga horária de 20 horas e foi desenvolvido visando, prioritariamente, os consumidores, agentes públicos de órgãos vinculados à proteção da defesa do consumidor e agentes de mercado.

UNINASSAU Caruaru oferece atendimentos em saúde e estética

Com objetivo de atender à comunidade e contribuir para a formação de novos profissionais da área de saúde, a Clínica-Escola de Fisioterapia da UNINASSAU – Centro Universitário Mauricio Nassau, em Caruaru, reforça os atendimentos de saúde e estética neste primeiro semestre. Somados aos serviços de saúde, a unidade oferece tratamentos estéticos para rugas, estrias, celulites e gordura localizada, além de procedimentos como drenagem linfática. Os interessados devem realizar o agendamento por meio do número (81) 9. 9557-7195.

Por mês, são realizadas mais de 300 consultas na qual é cobrada uma taxa social para a manutenção dos serviços. Os atendimentos acontecem de segunda a sexta-feira, das 8h às 21h, e são realizados pelos alunos sob a supervisão dos professores e preceptores.

“Na clínica-escola, nossos estudantes têm a oportunidade de colocar em prática tudo o que aprendem em sala de aula. Reforço que todos os procedimentos são acompanhados e realizamos atendimentos de pessoas com diversos tipos de patologias. Aqui ofertamos um serviço de qualidade e com excelentes insumos”, destaca a professora dos cursos de saúde e preceptora da clínica Lara Tôrres.

A Clínica-Escola de Fisioterapia dispõe ainda de Hidroterapia, Pilates, sessões de Fisioterapia Respiratória, Ventosaterapia, entre outros. Os atendimentos ocorrem nos turnos da manhã, tarde e noite conforme agendamento. A UNINASSAU está localizada no entroncamento das BR’s 232 e 104, km 68 / nº 1215.

Reflexões de Kissinger sobre liderança

Por Maurício Rands

Em tempos de polarização tóxica, vale prestar atenção nas reflexões de alguém que viveu no centro da cena internacional num dos tempos mais polarizados da história. Como secretário de estado dos EUA em plena Guerra Fria, Kissinger desenvolveu intuições sobre como superá-la. Às vésperas de completar 100 anos, titular de um Prêmio Nobel, acaba de avançar algumas delas para prevenir a escalada das tensões sino-americanas, em entrevista seminal dada à The Economist (“Henry Kissinger explains how to avoid world war three – 17/05). Mas é nas 528 páginas de seu monumental livro recém-publicado (Leadership – Six Studies in World Strategy, 2022) que ele nos sugere como deveriam se portar os atuais líderes. E o faz a partir do exame da conduta e das lições de alguns líderes mundiais dos quais ele privou da intimidade profissional e pessoal. Líderes que moldaram seus países e o mundo: Konrad Adenauer (Alemanha), Charles de Gaulle (França), Richard Nixon (EUA), Anwar Sadat (Egito), Lee Kuan Yew (Cingapura) e Margareth Thatcher (Reino-Unido). O autor merece ser criticado por tentar justificar atrocidades das quais o autor participou. Como o bombardeio do Cambodja. Mas suas reflexões podem ajudar os líderes e a opinião pública mundial a encontrar caminhos para o diálogo sem o qual essas tensões podem produzir muita destruição.

Konrad Adenauer foi o líder da reconstrução da Alemanha que superou o “Estatuto de Ocupação” imposto pelas potências vencedoras da 2ª Guerra e recuperou a soberania estatal alemã.  Com uma “estratégia de humildade” conseguiu inserir a Alemanha na Aliança Atlântica com EUA e Europa, integrando a OTAN em status de igualdade com as outras nações. E, assim, preparou seu país para a reunificação e o papel essencial na gestação da União Europeia.

Charles de Gaulle, com uma “estratégia de vontade” liderou a Resistência Francesa. Sua visão profética e vontade inesgotável manteve a chama de uma França independente sob cujas bases emergiu um país com papel relevante na ordem do pós-guerra.

Richard Nixon foi o presidente que inaugurou as relações sino-americanas em plena Guerra Fria e implementou uma política externa baseada na busca de equilíbrio entre os atores. Implementou o que Kissinger denominou uma “estratégia de equiíbrio”.

Anwar Sadat foi um herói revolucionário do Egito na luta contra o domínio britânico. Apesar de suas convicções pan-arábicas, combinando estratégia militar com diplomacia, ele foi capaz de celebrar a paz com Israel mesmo depois da derrota na guerra de 1967. Praticou “uma estratégia de transcendência”.

Lee Kuan Yew foi o governante que transformou uma Cingapura atrasada num estado próspero e multiétnico. Onde de chineses, indianos e malásios vivem com com unidade. Por sua ênfase na educação, cumprimento da lei e eficácia, ajudou a desenvolver Cingapura através de uma “estratégia de excelência”.

Margareth Thatcher foi a intérprete de um Reino Unido deprimido pela crise econômica e perda do que antes fora um império global. Representou uma ruptura com um estado social que, todavia, não conseguia o dinamismo econômico que o pudesse sustentar. Sua determinação disruptiva foi resultado de uma “estratégia de convicção”. Aqui aparece mais uma vez a leniência analítica do autor que deixa de criticar o fundamentalismo de Thatcher que acabou por custar-lhe o cargo.

Na atuação de todos esses líderes, Kissinger destaca seus atributos de liderança que deveriam ser emulados pelos aspirantes a estadistas da atualidade. Refletindo sobre o papel do indivíduo na história, ele argumenta que um líder tem que ter a capacidade de análise realista da sua sociedade com base em sua história, costumes e capacidades. Deve saber balancear o conhecimento do passado com as intuições para o futuro. E, assim, formular objetivos e estratégias. E isso só se faz possível se o líder for capaz de inspirar os seus, a partir de forte habilidade comunicativa. A coragem e a determinação da liderança são essenciais para a escolha de uma estratégia e a perseverança na sua consecução.

Nesses seis líderes, ele identifica capacidades comuns: a de entender as circunstâncias; a de formular estratégias para lidar com o presente e moldar o futuro; a de mobilizar a sociedade por propósitos e a humildade de corrigir erros. Valendo-se das habilidades desses estadistas, Kissinger tem realçado o quanto elas vão ser necessárias para que a rivalidade entre EUA e China não degenere para a mútua destruição. As duas potências vão precisar de lideranças que saibam combinar a rivalidade estratégica com o objetivo da coexistência. Se elas tiverem a capacidade de transcender as circunstâncias com visão e dedicação, quem sabe a geopolítica mundial possa encontrar alguma situação de equilíbrio que não represente a mútua destruição.

Maurício Rands, advogado formado pela FDR da UFPE, PhD pela Universidade Oxford

 

Fecomércio-PE lança Câmara Pernambucana de Gêneros Alimentícios 

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) lança, nesta segunda-feira (22), a Câmara Pernambucana de Gêneros Alimentícios, que será coordenada pelo presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Recife (Sindvarejista-PE), Edvaldo Guilherme dos Santos.

A Câmara tem o objetivo de prestar assistência aos membros do comércio alimentício de todo o território pernambucano, buscando a qualificação e o crescimento do setor por meio da defesa de pautas importantes, como cadeia de abastecimento, exportação e importação, além de Leis que interfiram direta ou diretamente no funcionamento do setor no Estado. A cerimônia de lançamento acontece na sede do Sindvarejista-PE, na Av. Eng. Domingos Ferreira, 801, sala 102, no bairro de Boa Viagem, a partir das 19h.

 

“O setor varejista de alimentos se destaca por sua vertente mutável, principalmente por depender da produção no campo, da exportação, da importação e até do clima. Por isso, é tão importante que nós, como entidade representante do comércio, estimulemos esse diálogo, articulação e debates sobre essa cadeia tão importante para a população e para a macroeconomia. A Câmara estará sempre ao lado dos empresários e  comerciantes do gênero alimentício, discutindo e  escutando as suas dificuldades, ao mesmo tempo que promove estudos sobre o setor e de leis federais, estaduais e municipais que impactam, positivamente ou negativamente, a cadeia como um todo”, afirma Bernardo Peixoto, presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac Pernambuco.  

Serviço: 

Lançamento da Câmara Pernambucana de Gêneros Alimentícios 

Data: segunda-feira (22) 

Horário: 19h

Local: Sede do Sindvarejista-PE, na Av. Eng. Domingos Ferreira, 801. Empresarial Artesina Fiori, Sala 102, Boa Viagem. 

Mercado reduz previsão da inflação de 6,03% para 5,8% este ano

A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, caiu de 6,03% para 5,8% este ano. A estimativa consta do Boletim Focus desta segunda-feira (22), pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Para 2024, a projeção da inflação ficou em 4,13%. Para 2025 e 2026, as previsões são de 4% para os dois anos.

A estimativa para este ano está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3,25% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 1,75% e o superior, 4,75%. Segundo o BC, a chance de a inflação oficial superar o teto da meta em 2023 é de 83%.

A projeção do mercado para a inflação de 2024 também está acima do centro da meta prevista, fixada em 3%, mas ainda dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Em abril, influenciado pelo aumento dos preços de remédios, o IPCA ficou em 0,61%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é inferior à taxa de março, de 0,71%. Em 12 meses, o indicador acumula 4,18%.

Juros básicos

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está nesse nível desde agosto do ano passado e é a maior desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.

Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre em 12,5% ao ano. Para o fim de 2024, a estimativa é de que a taxa básica caia para 10% ao ano. Já para o fim de 2025 e de 2026, a previsão é de Selic em 9% ao ano e 8,75% ao ano, respectivamente.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano passou de 1,02% para 1,2%.

Para 2024, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – é de crescimento de 1,3%. Para 2025 e 2026, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,7% e 1,8%, respectivamente.

A previsão para a cotação do dólar está em R$ 5,15 para o fim deste ano. Para o fim de 2024, a previsão é de que a moeda americana fique em R$ 5,20.

Adeptos de várias religiões se unem contra armas de fogo

Praticantes de diferentes religiões se uniram neste domingo (21), no Aterro do Flamengo, na zona sul do Rio de Janeiro, em um ato para pedir maior controle das armas de fogo. Estiveram presentes católicos, evangélicos, candomblecistas, umbandistas, kardecistas, entre outros. Vítimas da violência e familiares também participaram.

De acordo com o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pela organização não governamental Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as mortes violentas intencionais fizeram 47.503 vítimas em 2021, sendo que 76% dos casos envolveram emprego de arma de fogo. Já um levantamento do Instituto Fogo Cruzado aponta que, no mês passado, 20 pessoas foram feridas por bala perdida na região metropolitana do Rio de Janeiro. Deste total, nove morreram.

A manifestação “A força da fé no controle das armas de fogo” foi convocada pelo Viva Rio, um movimento que desenvolve desde 1993 atividades pela contenção da violência na capital fluminense. Nos últimos dias, diferentes lideranças religiosas convocaram para o ato em vídeos publicados por meio das redes sociais.

“Nenhum Deus jamais assinou qualquer declaração de guerra. Nenhum Deus aprova preconceitos, intolerâncias, violências. Foram as nossas mãos humanas que fizeram isso e agora essas mesmas mãos, juntos e unidas com a força e as bençãos do sagrado, precisam resolver isso”, disse o professor e babalorixá Márcio de Jagun. Mensagens também foram compartilhadas pelo padre Monsenhor Luiz Antônio, coordenador da pastoral de favelas da Arquidiocese do Rio de Janeiro, e pelo pastor Celso, da Igreja Assembleia de Deus de São Cristóvão, na zona norte da capital fluminense.

De acordo com o Viva Rio, o ato marca o início de uma campanha nacional pelo controle de armas no país, em parceria com outras instituições da sociedade civil. A instituição cobra uma segurança pública mais focada em atividades de inteligências, rompendo com o círculo do tiroteio. “Temos que parar com estes tiroteios absurdos que apavoram crianças, tiram a vida de pessoas inocentes e destrói famílias inteiras. A paz é plenamente possível”, afirmou Sebastião Santos, fundador e diretor de relações institucionais do Viva Rio.

Durante a manifestação, ele pediu que a causa fosse abraçada por todos. “Tenho plena convicção de que existe um outro mundo possível, uma outra sociedade possível, um outro Rio de Janeiro possível. Cada coração que está aqui tem um grãozinho de mostarda que pode nos transformar em um revolucionário pela paz”, disse.

A programação do ato incluiu apresentações musicais de grupos e artistas ligados às religiões, como o cantor e compositor de Umbanda, Malone Abalim, e a Banda Sinfônica Missionária Ruth Dóris Lemos, da igreja evangélica Assembleia de Deus do Fonseca, de Niterói (RJ). Em parceria com o município do Rio de Janeiro, foram estruturadas tendas de vacinação contra a covid-19 e a gripe. A programação contou ainda com atividades para as crianças e com uma campanha de recolhimento de roupas e agasalhos para doação.

Lula quer política unificada para a região amazônica

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e os chefes de missões diplomáticas à Amazônia Oriental, fazem sobrevoo sobre a Floresta Nacional de Carajás e visita à mineradora Vale.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, neste domingo (21), uma política unificada dos países amazônicos. Em agosto, será realizada, em Belém, a Cúpula da Amazônia, evento que reunirá os chefes de Estado dos oito países que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

Para Lula, é preciso uma política séria, que envolva também os povos indígenas, para evitar o desmatamento na região e, ao mesmo tempo, garanta a sobrevivência das 28 milhões de pessoas que lá vivem. “Eles têm direito de viver, de trabalhar, de comer, de ter acesso a bens materiais que todos nós queremos. E, por isso, precisam explorar não desmatando. Explorar a riqueza da biodiversidade para saber se podemos extrair a possibilidade de desenvolver uma indústria de fármacos, de cosméticos, por exemplo, para gerar empregos limpos”, disse.

“Não queremos transformar a Amazônia em um santuário da humanidade”, acrescentou o presidente durante conversa com jornalistas em Hiroshima, no Japão.

No país asiático, Lula participou do segmento de engajamento externo da Cúpula do G7, reunião de líderes de sete das maiores economias do mundo: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá.

O presidente cobrou que os países ricos cumpram os compromissos assumidos no âmbito internacional, como a doação de US$ 100 bilhões ao ano para que países em desenvolvimento preservem suas florestas. “Em todas as COPs [Conferências do Clima das Nações Unidas] as pessoas falam que vão doar US$ 100 bilhões. Nós estamos aguardando”, disse.

Para Lula, é preciso uma nova governança global mais representativa, com punição para os países que não cumprirem os esforços nas questões climáticas.

“Ou todos nós entendemos que o barco é um só, que o planeta é redondo, ou entendemos que uma desgraça que vier vai pegar todo mundo de calça curta. Os cientistas estão nos prevenindo, então é importante termos clareza de que nós seremos os responsáveis de nos salvar ou de nos matar”, disse.

As cúpulas do G7 costumam contar com a presença de países convidados. Nesta edição, além do Brasil, foram convidados Austrália, Coreia do Sul, Vietnã, Índia, Indonésia, Comores e Ilhas Cook. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também esteve em Hiroshima e participou da sessão de debates que teve o tema “Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero”.

Desde a última sexta-feira (19) no país asiático, o presidente também teve uma extensa agenda de encontros bilaterais, com reuniões com 11 chefes de governo e de entidades.

“Saio [do Japão] mais otimista do que nunca. A chance do Brasil estabelecer parcerias fortes na área comercial, cultural e política é muito grande”, disse Lula. “As pessoas gostam muito do Brasil, estão muito felizes com a volta da democracia no Brasil e com a volta do Brasil ao cenário internacional”, completou o presidente, citando que ainda este ano tem agendadas duas viagens a países da África e uma viagem à Índia.