PSD, MDB e União Brasil avaliam integrar base do governo Lula

Lideranças de partidos do Congresso já começam a acenar ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para integrar a base de apoio do novo governo. Um deles, o PSD, fará reunião de bancada na próxima terça-feira, com a presença do presidente da sigla, Gilberto Kassab, para definir se vai fechar com a nova gestão.

O líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), avalia que há possibilidade de o partido se aliar ao governo. Reeleito em outubro com 4.218.333 votos, o parlamentar afirmou ao Correio que articula o apoio com a bancada. As informações são do Correio Braziliense.

O PSD tem, atualmente, 46 deputados e 12 senadores, incluído aí o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (MG). E o PT corre contra o tempo para conseguir aliados e aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, com o objetivo de autorizar despesas fora do teto de gastos.

Na terça-feira, haverá uma reunião do presidente do PSD, Gilberto Kassab, com parlamentares. “Temos senadores que apoiaram Lula no primeiro turno. Tem (Carlos) Fávaro (MT), Omar Aziz (MT), eu, (Sérgio) Petecão (AC), Alexandre Silveira (MG), Daniela Ribeiro (PB). Também estou conversando com os senadores que não apoiaram”, disse Alencar, em uma referência a Nelsinho Trad (MS) e Vanderlan Cardoso (GO).

Em entrevista à Folha de S. Paulo, na quinta-feira, Kassab condicionou a construção com Lula ao apoio do presidente eleito a “bons projetos do PSD”, entre os quais, o aval à reeleição de Pacheco ao comando do Senado.

No União Brasil, o presidente da legenda, Luciano Bivar, já acenou à gestão petista e deve sentar à mesa com a cúpula do novo governo na próxima semana. Deputado federal por Pernambuco, ele já afirmou que não será “de jeito nenhum” oposição a Lula.

Bivar, cuja legenda tem 59 deputados federais, iniciou negociações para o partido brigar pela Presidência da Câmara. O xadrez em torno do cargo envolve, também, partidos que hoje formam o centrão aliado do presidente Jair Bolsonaro, como o PP — com Arthur Lira (AL), que busca a reeleição ao posto — e o Republicanos, com Marcos Pereira (SP).

Resistência

O União Brasil é fruto de uma fusão entre DEM e PSL — partido de Bolsonaro em 2018 — e tem muitos parlamentares conservadores tanto na Câmara quanto no Senado, o que deve gerar dissidência mesmo com a formalização de uma aliança. Entre os nomes com forte resistência a Lula e ao PT, está Sergio Moro (PR), ex-juiz da Lava-Jato e agora senador eleito.

Crítica de Lula, a senadora e ex-presidenciável Soraya Thronicke (MS) entende que a posição do partido será fazer o melhor para o Brasil. “O que nós queremos é reconstruir este país e vamos trabalhar por isso. O que nós estamos pensando e trabalhando — hoje (ontem) ainda falei com o Bivar —, é que somos liberais na economia, e a gente sabe que um partido de esquerda tem dificuldade nessas pautas, mas o que a gente percebe é que mesmo o Bolsonaro não foi liberal na economia. Não fez o que foi combinado, e não consideramos que ele teve uma política liberal”, frisou. “Se eu concordar com as propostas do novo governo, vou acompanhar, mas venho do combate à corrupção e da liberdade econômica. Não abro mão desses princípios”, acrescentou.

Outro partido que deve compor com o novo governo é o MDB. Além do apoio da senadora Simone Tebet (MS) — que mergulhou na campanha de Lula à Presidência e deve assumir um ministério de grande porte —, o presidente eleito tem fortes aliados na legenda. No Senado, são nomes como Marcelo Castro (PI), Veneziano Vital do Rêgo (PB), Renan Calheiros (AL) e o senador eleito Renan Filho (AL). Na Câmara, o líder do partido, Isnaldo Bulhões Jr (AL) também deve compor a base. A tendência é de que Baleia Rossi (SP), deputado federal e presidente do partido, oficialize o apoio do MDB.

Nos bastidores, o PT também começou negociações com partidos do Centrão de Bolsonaro, como PP e Republicanos. A possibilidade de união, no entanto, foi rechaçada por Renan Calheiros. Ele defende “gelo” às legendas aliadas do atual governo.

Delegada Gleide Ângelo discute segurança para evento nacional

A deputada Delegada Gleide Ângelo esteve, ao lado de colegas e assessores parlamentares, na sede do Centro Integrado de Operações de Defesa Social. Em pauta, a comitiva discutiu e conheceu o esquema de segurança preparado para 25º Conferência Nacional da União Nacional dos Legisladores (UNALE) — evento que acontece na próximo semana na Arena Pernambuco e vai reunir legisladores e executivos de todo o país.

A deputada, que também é a Secretária Nacional da Mulher da Instituição, se reuniu com o Gerente Geral do CIODS, Cel. De Lima, com o coordenador de Segurança e Logística da conferência, Marcelo Carvalho, assim como com representantes e colegas deputados também integrantes das pastas da UNALE. Foi apresentado a todos como será feita a integração entre as operativas de segurança do Estado em favor do evento, sem desfalcar a segurança pública local.

“A Conferência da UNALE vai reunir não apenas os legisladores de mandato de todo Brasil, mas também os eleitos no último mês de outubro. Ou seja, estamos falando de um grande público, por isso, a preparação detalhada para o evento é primordial. O sistema de segurança do CIODS vai garantir o monitoramento dos pontos de segurança já ativos e rotineiros, como também estão sendo contemplados outros pontos estratégicos para o trajeto até a Arena PE, por exemplo”, pontuou a Delegada.

SIMPÓSIO — Dentro da programação da 25º Conferência UNALE, a Secretaria Nacional da Mulher vai promover o 1º Simpósio Nacional das Legisladoras da UNALE. A iniciativa vai reunir mulheres que ocupam espaços de poder político de todo país, a fim de se construir um painel sobre as conquistas e os obstáculos ainda enfrentados. “Vivemos num país onde ainda há um abismo para a execução e estabilização de políticas públicas capazes de resguardar os direitos das mulheres. Nosso cenário político ainda é, majoritariamente, ocupado por homens. Por isso, precisamos dialogar sobre a representatividade de gênero em termos de ações”, pondera a deputada. O 1º Simpósio Nacional das Legisladoras da UNALE acontece na próxima quarta-feira (09), no Centro de Convenções da Arena Pernambuco, a partir das 14h.

Papai Noel chega neste domingo (06) no Caruaru Shopping

Com o tema “Todos os presentes estão aqui”, o Caruaru Shopping dá início, neste domingo (6), a sua campanha de final de ano. A ação segue até o dia 31 de janeiro de 2023, data em que serão sorteados três carros 0km.

Durante o período da campanha, o cliente, a cada R$ 300 em compras no Caruaru Shopping, poderá trocar por 1 cupom para concorrer aos veículos. O local da troca de notas será no Pavilhão de Eventos, que fica no 2º piso do centro de compras e convivência.

“Pensando também no social, em ajudar o próximo, a cada 3kg de alimentos não perecíveis doados, o cliente também terá direito a um cupom bônus”, explicou o gerente de marketing , Walace Carvalho , acrescentando que os alimentos arrecadados serão destinados à Casa dos Pobres São Francisco de Assis, Apae e à Associação de Idosos Nossa Senhora do Rosário.

Outra ação solidária é o Painel de Cartinhas, que ficará localizado na loja de troca de notas. Essas cartas foram feitas por idosos e crianças e constam o que eles queriam ganhar de presente de natal. “Quem adotar uma cartinha deverá, posteriormente, deixar o presente na loja da troca de notas para que possamos fazer a entrega”, disse Walace Carvalho.

Chegada do Papai Noel

O início da campanha de final do ano também será marcado com a chegada do bom velhinho, acompanhado da Mamãe Noel. Os dois irão aparecer após os shows natalinos, que acontecerão em frente à loja Ri Happy. Neste dia ainda haverá, a partir do meio-dia, cortejos natalinos, musical e muito mais.

“Vamos ter o foco na inclusão social, e o Papai e a Mamãe Noel serão negros. Destaque também para a decoração natalina, que levará a assinatura da Cipolatti, de São Paulo, empresa especializada em decoração para este período do ano”, concluiu o gerente de Marketing.

O Caruaru Shopping fica localizado na Avenida Adjar da Silva Casé, 800, Bairro Indianópolis.

Vinhos do Vale do São Francisco recebem selo de indicação geográfica

PAD DF, Plantação de Uva Syrah, Vinho, Vinhedo  Parreira, Uva

Os vinhos produzidos no Vale do São Francisco vão passar a ter certificação de procedência. Com o reconhecimento, vinhos e espumantes passam a ter o registro de Indicação Geográfica (IG), uma espécie de selo que garante a qualidade dos produtos da região.

O registro de indicação foi publicado na revista do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) na última terça-feira (1º). A procedência geográfica compreende a produção dos municípios de Lagoa Grande (PE), Petrolina (PE), Santa Maria da Boa Vista (PE), Casa Nova (BA) e Curaçá (BA).

Embora localizadas em uma área de caatinga, as localidades têm produção agrícola irrigada, e as videiras estão ligadas diretamente ao Rio São Francisco.

De acordo com especialistas, o clima tropical do semiárido, as características da região e a latitude das cidades permitem a colheita de uvas ao longo do ano e a produção de vinhos e espumantes com sabores originais.

Na avaliação do chefe de Projetos de Indicação Geográfica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Wellington Gomes, o reconhecimento permite a valorização dos produtos da região.

“O reconhecimento oficial da indicação de procedência Vale do São Francisco para vinhos é resultado de um trabalho articulado entre produtores, universidades e instituições públicas de pesquisa. Para a valorização dos produtos típicos de um país é imprescindível essa articulação, sendo que a participação do Estado ocorre no sentido de fomentar o desenvolvimento rural e regional das cadeias de valor”, disse.

Além do Vale do São Francisco, outras regiões brasileiras também têm a indicação de procedência, como o Vale dos Vinhedos e a Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul.

No site do Ministério da Agricultura é possível verificar as indicações nacionais e internacionais registradas no Brasil.

MPF do Rio instaura inquérito para apurar atos antidemocráticos

Supporters of Brazil's President Jair Bolsonaro protest against President-elect Luiz Inacio Lula da Silva, in Jacarei

O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), no Rio de Janeiro, instaurou inquérito civil para “garantir a prevenção e a responsabilização civil por atos, condutas e manifestações antidemocráticas e contrárias à ordem constitucional”.

Diante das manifestações realizadas desde o anúncio do resultado das eleições presidenciais de 2022, o MPF acompanhou a situação dos bloqueios e interdições de estradas federais no estado, atuando para garantir a desobstrução das rodovias pelas forças e segurança. A PRDC realizou reuniões com órgãos federais e estaduais e o acompanhamento o desdobramento das ações, em atuação conjunta com procuradores plantonistas e do Controle Externo da Atividade Policial.

No dia 1º de novembro foi criado um grupo de trabalho no âmbito da procuradoria, composto por 14 procuradores, para auxiliar na apuração de fatos relacionados ao fechamento de rodovias federais no estado e em eventuais fatos que constituam violação às instituições democráticas e ordem social e ao Estado de Direito.

Os procuradores regionais dos Direitos do Cidadão lembram que cabe ao MPF a defesa do regime democrático de direito, sustentam que o direito de livre manifestação deve ser harmonizado com o exercício de outros direitos fundamentais consagrados na Constituição e que “a capacidade de os movimentos sociais moverem a roda da história por meio de disputas acerca do sentido da Constituição e de mobilizações políticas não pode jamais ser confundida com o estímulo ao golpismo e a tentativa de construção de uma nova ordem autoritária.”

O inquérito também deve apurar e buscar a responsabilização civil de pessoas, empresas e entes envolvidos na organização e a realização de interdições e bloqueios em rodovias federais do estado do Rio de Janeiro ou em outras circunstâncias, vinculadas ao mesmo contexto sociopolítico, que possam constituir violações a direitos fundamentais ou ao Estado de Direito, às instituições democráticas e à ordem social.

Encontrados destroços do avião da FAB que desapareceu em SC

Foram encontrados na manhã deste sábado (05) os destroços do avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que desapareceu na sexta-feira (04), na região da Grande Florianópolis, em Santa Catarina.

A aeronave, modelo T-25 Universal, estava com dois tripulantes, que faziam um voo de treinamento. As buscas foram coordenadas pelo Centro de Coordenação de Salvamento Aeronáutico de Curitiba, com auxílio do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina.

Em nota, a FAB expressou suas condolências e informou que está prestando assistência aos familiares dos miliares mortos no acidente.

“A Força Aérea Brasileira (FAB) lamenta informar o falecimento dos dois militares que estavam a bordo da aeronave T-25 Universal da Academia da Força Aérea (AFA) – acidentada na tarde desta sexta-feira (04/11) em Santa Catarina e localizada no final da manhã de sábado (05/11). Os tripulantes realizavam um voo de treinamento”.

A FAB informou também que vai investigar as causas do acidente.

Covid-19: Brasil tem 1.310 casos e 10 mortes em 24 horas

Transporte público após a liberação do uso de máscaras em lugares fechados pela prefeitura do Rio de Janeiro.

O Brasil registrou, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, 1.310 casos e 10 mortes por covid-19 em 24 horas. Desde o início da pandemia foram registrados 34,85 milhões de casos e 688.342 mortes pela doença.

O boletim também registrou 92 mil casos em acompanhamento e 34 milhões de pessoas que se recuperaram da doença, o que representa 97,8% dos infectados.

Os dados deste sábado não incluíram o número de casos e mortes de Bahia, do Distrito Federal, de Minas Gerais, do Mato Grosso do Sul, de Mato Grosso, de Pernambuco, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Norte, de Roraima, de São Paulo e de Tocantins.

Estados

São Paulo é a unidade da Federação com maior número de casos e de óbitos, com 6,15 milhões e 175.640 mortes. Em relação aos casos, o estado do Sudeste é seguido por Minas Geras (3,89 milhões) e Paraná (2,75 milhões). O menor número de casos foi registra no Acre (149.916), em Roraima (175.594) e no Amapá (178.467).

Em relação aos óbitos, São Paulo é seguido por Rio de Janeiro (75.881) e Minas Gerais (63.887). Os menores índices de mortes foram registrados no Acre (2.029), no Amapá (2.164) e em Roraima (2.174).

Vacinação

Segundo o Ministério da Saúde, foram aplicados até agora 488,73 milhões de doses de vacina, sendo 180,4 milhões de primeiras doses, 162,4 milhões de segundas doses e 5 milhões de doses únicas.

As doses de reforços ultrapassam 100 milhões, as segundas doses de reforço são 35,6 milhões e as doses adicionais 4,8 milhões.

Interdições em rodovias federais caem para cinco

Bloqueio de caminhões em rodovias federais em Curitiba.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou, na manhã deste sábado (05), que ainda há um ponto de bloqueio total em rodovia federal de Altamira, no Pará, com o fluxo de veículos totalmente interrompido. Ao fim da noite, havia apenas cinco pontos de interdição, sendo dois em Mato Grosso e três no Pará, com o fluxo parcialmente impedido por grupos que não aceitam o resultado das eleições..

A PRF no Pará informou que, por volta das 10h, ainda havia três pontos de interdição na BR-163: no km 110 (Cachoeira da Serra), km 159 (Castelo dos Sonhos) e km 312 (Novo Progresso), sendo o bloqueio total no km 159.

No Mato Grosso, ainda não houve atualização da situação hoje.

A primeira interdição foi registrada em Mato Grosso do Sul, por volta das 21h15 do domingo (30), cerca de uma hora e meia após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciar que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava matematicamente eleito, tendo derrotado o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputava a reeleição. Os manifestantes não aceitam o resultado da eleição e bloquearam rodovias por todo o país durante a semana.

Em mensagem publicada nas redes sociais da PRF, na noite de ontem, o diretor-geral da corporação, inspetor Silvinei Vasques, destacou que a ação dos policiais foi a maior operação já empreendida pelo órgão em seus 94 anos de história, com 995 manifestações desfeitas.

“Estavámos encerrando uma operação e já iniciando outra para desbloquear as rodovias em todo o Brasil. É a maior operação da história da PRF, o maior efetivo da história. Neste momento, a sede do nosso departamento em Brasília, as nossas superintendências, a sede das nossas delegacias e a nossa universidade estão com as suas atividades administrativas encerradas. Todos os policiais, desde segunda-feira, estão operando na estrada. Estamos trabalhando muito, em uma operação complexa. Nos bloqueios estão famílias, idosos, profissionais de todas as áreas, então é uma situação muito difícil para se operar”.

Também foram registradas ações de desbloqueio por parte de torcidas organizadas, como a Galoucura, do Atlético Mineiro, e a Gaviões da Fiel, do Corinthians.

Ao se dirigir a policiais rodoviários federais, o inspetor parabenizou as equipes e agradeceu o apoio dos órgãos envolvidos nas operações, como Polícia Federal, polícias militares dos estados, Ministério Público, Poder Judiciário, prefeituras e Corpo de Bombeiros, que atuou para apagar os incêndios provocados pelos manifestantes.

Na quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro divulgou um vídeo pedindo aos manifestantes que desobstruam as rodovias, respeitando o direito de ir e vir da população.

Brasil usará COP27 para atrair investimentos em energia verde

Parque de energia eólica em Osório (RS)

O Brasil vai aproveitar a Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP27) para mostrar, ao mundo, o potencial que tem para a geração de energia limpa e barata. No caso, a chamada “energia verde”, termo adotado para a energia gerada de forma 100% renovável, de forma a não poluir o meio ambiente.

A COP27 começa neste domingo (6) e reúne, até o dia 18 de novembro em Sharm El Sheikh, no Egito, representantes oficiais de governo e da sociedade civil para discutir maneiras para enfrentar e se adaptar às mudanças climáticas.

Os debates terão, como eixo principal, o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que analisa vulnerabilidades, capacidades e limites do mundo e da sociedade para se adaptar às mudanças climáticas.

Participação brasileira

Segundo o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, a delegação brasileira buscará mostrar o potencial do país para a geração de energia verde. Em entrevista ao programa A Voz do Brasil, Leite disse que o encontro será uma boa oportunidade para atrair investidores estrangeiros interessados em explorar todo esse potencial.

“O Brasil, por características naturais e econômicas, é um potencial nesse setor”, disse o ministro. Segundo ele, o principal objetivo do Brasil na COP 27 será o de “levar a eles o Brasil das energias verdes”, para trazer “financiamento climático e acelerar toda essa economia verde junto com o setor privado”. “O que queremos é que o setor privado dê escala a uma nova economia verde, neutra em emissões até 2050”, disse.

Durante a entrevista, Leite disse que o potencial energético brasileiro para a geração de energia em terra firme, com usinas eólicas, solares e de biomassa é de 100 GW.

“Para entender o tamanho desse potencial, o Brasil produz atualmente 180 GW. É um volume bastante expressivo de energias renováveis e limpas que podemos transformar em hidrogênio verde e amônia verde para exportação”, disse o ministro, referindo-se a estes combustíveis que, por não serem danosos ao meio ambiente, têm despertado cada vez mais interesse no exterior.

50 Itaipus

Ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite é o entrevistado do programa A Voz do Brasil
Ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite disse que a COP27  é boa oportunidade para atrair investidores estrangeiros – Marcello Casal JrAgência Brasil

O ministro disse que há também as eólicas offshore. Tratam-se de aerogeradores que podem ser instalados no mar. “Há um potencial de 700 GW. Isso corresponde ao que seria gerado por 50 usinas de Itaipu. O Brasil é o país das energias verdes e poderá fornecer energia verde para todo o mundo”, disse.

Os benefícios para o país vão além e envolvem toda uma cadeia de suprimentos e de indústrias que, ao se instalarem em território nacional, poderão aproveitar essa energia “verde e barata”. “Esse é o grande diferencial do Brasil, e essa vai ser a COP das energias verdes do Brasil”, disse citando que, a exemplo da eólica e da solar, a energia gerada a partir da biomassa, quando gerada a partir do lixo – tanto do campo como das cidades – também é considerada renovável.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a matriz energética brasileira se destaca com um índice renovável de 84%, frente a 27% da média mundial. As matrizes solar e eólica bateram recordes de produção em 2022, respectivamente 14 GW e 22 GW. “Somadas, essas duas fontes são suficientes para fornecer energia limpa para mais de 40 milhões de brasileiros”, informa a pasta em nota publicada em seu site.

Gestão de áreas no mar

Joaquim Leite disse que, diante do alto volume de solicitações para a instalação de parques eólicos no mar, o governo tem atuado visando facilitar as autorizações, estabelecendo uma plataforma digital única de gestão de áreas no mar – o que pode aumenta o interesse externo em fazer investimentos no país.

“No Ibama, já temos aproximadamente 169 GW solicitados para a instalação de parques eólicos no mar. Esse volume de solicitações requerem uma plataforma única, porque não é apenas o Ibama que autoriza. Há vários outros órgãos, como das áreas de pesca, defesa. Precisávamos então agilizar esse processo para licenciamento dessas áreas. Já desenhamos uma portaria interministerial visando trazer toda uma estrutura digital para acelerar esses processos de concessão de áreas”, disse o ministro.

A instalação pode ser feita de forma barata em áreas rasas, comuns na Região Nordeste a 20 ou 30 quilômetros de distância da costa. “Poderemos instalar plataformas de cataventos no mar a uma distância que não atrapalhe o turismo. Além disso, essas plataformas melhoram a situação da fauna marinha. O Nordeste não tem uma fauna marinha abundante porque você não tem a proteção da sombra e essas estruturas trarão sombras no mar, aumentando a fauna marinha”.

Placas de energia solar instaladas para gerar eletricidade
Ministro dia que potencial energético brasileiro para a geração de energia em terra firme, com usinas eólicas, solares e de biomassa é de 100 GW. – Soninha Vill/GIZ

Manutenção barata

Além do vento constante, o Nordeste brasileiro tem outra característica favorável a esse tipo de empreendimento: a baixa ocorrência de tempestades, o que, segundo o ministro, barateia a manutenção dos equipamentos, tornando esse tipo de empreendimento ainda mais atrativo.

“O mundo olha para essa oportunidade porque o Brasil é um país de vasta área costeira, importantíssimo porque não tem tempestade. Então você instala o aerogerador, com a certeza de que terá uma manutenção mais barata do que em outras regiões, como o Mar do Norte, na Europa, onde há tempestades constantes. O Brasil tem provavelmente o custo mais barato de energia eólica offshore”, argumentou o ministro.

Joaquim Leite disse que o investimento calculado por uma consultoria para explorar o potencial de 700 GW das eólicas no mar brasileiro é de R$ 1 trilhão.

“Isso tudo vai gerar receita, atividade econômica e uma energia barata, em um momento em que o mundo está preocupado com segurança energética. Então provavelmente as empresas vão se deslocar para o Brasil, porque aqui não falta energia limpa, além de termos a segurança de uma matriz plural de energia. Aqui poderão desenvolver indústrias com a garantia de que nunca faltará energia, e o que é melhor: energia limpa”, disse ele ao descrever o conteúdo a ser apresentado pela delegação brasileira na COP27

Raquel Lyra: “É hora de construir pontes”

Revista Veja

A governadora eleita de Pernambuco, Raquel Lyra, 43 anos, tornou-se expoente de uma nova geração de políticos ao virar um jogo que parecia perdido e derrotar Marília Arraes (Solidariedade), apoiada por Lula e integrante do clã que controla a política do estado.

Duas vezes prefeita de Caruaru e duas vezes deputada estadual, assessora do ex-governador Eduardo Campos (PSB) e filha de seu vice, João Lyra Neto, Raquel tem o desafio de ajudar a reerguer seu agora raquítico partido, o PSDB – o que, na sua visão, vai requerer uma boa dose de autocrítica.

No dia em que avançou para o segundo turno, ela enfrentou um dos momentos mais dolorosos da vida quando o marido, Fernando Lucena, morreu subitamente, vítima de um infarto. Mãe de dois meninos, de 10 e 12 anos, Raquel falou sobre o luto, a força das mulheres na política e a dura missão de unir o país nesta entrevista concedida minutos antes da missa de um mês da morte de Lucena.

A senhora estava atrás na corrida pelo governo, até que virou o jogo no segundo turno e venceu Marília Arraes. O que aconteceu?

A política tradicional de Pernambuco, encabeçada pelo PSB, imaginava que os arranjos em torno de estrutura partidária, dos grupos políticos e o apoio de Lula iriam definir o páreo. Não funcionou. Nos últimos dezesseis anos, o PSB fez todo tipo de conchavo e foi se encastelando dentro do palácio. Obteve importantes vitórias, mas a ausência de Eduardo Campos, morto em plena campanha presidencial de 2014, fez o estado andar para trás sob a gestão do atual governador, Paulo Câmara. O projeto deles virou o poder pelo poder.

A senhora era do mesmo PSB. Por que rompeu com o grupo?

Trabalhei com Eduardo Campos já governador por quatro anos, como chefe da assessoria jurídica, e aprendi muito. Um dia, ele me falou: “Já fui o deputado mais e menos votado de Pernambuco. Quando estava no topo, me cobravam além da conta e passei pelo mais duro momento da minha vida, enquanto em minha pior eleição acabei virando ministro de Lula e me projetei para a Presidência”. A vida política é cheia de altos e baixos e imprevistos, ele dizia. O que não aguentei foram as costuras de Paulo Câmara e, por isso, deixei o partido em 2006.

A senhora se manteve neutra no segundo turno presidencial, mesmo com Simone Tebet (MDB), a quem apoiou no primeiro turno, subindo no palanque de Lula. Por quê?

Não quis me posicionar para não cair na armadilha da polarização. Compreendo que é hora de construir pontes. Minha adversária tentou como pôde nacionalizar a campanha, fugindo do debate e tentando colar em mim a imagem de bolsonarista, o que eu não sou. Assim como não sou lulista. Recebi o apoio de pessoas de ambos os lados da disputa nacional. É vital unir e pacificar o país, que sai das urnas rachado ao meio.

Como a senhora pretende se relacionar com o futuro presidente, dado que seu partido, o PSDB, ainda não decidiu como vai se posicionar?

Vou pegar a carteira de projetos de Pernambuco e bater à porta do presidente. Até já procurei o Geraldo Alckmin, com quem tenho relação antiga de confiança. Trabalhei na elaboração do plano de governo dele quando se candidatou à Presidência, em 2018.

E como foi essa conversa?

Falamos no telefone, e ele se colocou à disposição para ajudar. Achei positiva sua nomeação para coordenar o governo de transição. Alckmin já foi governador, sabe dos desafios, e a gente se dá bem. Ele sempre demonstrou simpatia à minha candidatura ao governo.

A senhora defende uma relação mais próxima do PSDB com o PT?

O que é certo agora é que buscaremos uma boa relação institucional com o presidente. Do ponto de vista dos estados, essa aproximação é crucial para que o governo federal se faça presente. Não haverá boicote nem falta de diálogo. Estar do mesmo lado de quem comanda o Planalto, aliás, não é sinônimo de mais verbas. O governador Paulo Câmara passou por três presidentes – Dilma, Temer e Bolsonaro – e Pernambuco conseguiu perder recursos para estados em que os mandatários eram seus adversários. No lugar de nos enredar na polarização, temos, isso sim, o dever de enfrentar a desigualdade. A região metropolitana do Recife é a número 1 no país em pessoas abaixo da linha da pobreza.

Seu discurso guarda semelhanças com os da esquerda. O que, afinal, a diferencia desse espectro?

A diferença é que essas promessas precisam acontecer no mundo real. E isso só será possível expurgando a burocracia e se desfazendo de preconceitos em torno de temas que são tabus para eles.

A senhora daria um exemplo do que chama de preconceito?

Boa parte da campanha para o governo de Pernambuco se deu em torno da companhia estatal de saneamento. Eu disse que trabalharia para fazer uma concessão, como já ocorreu em Alagoas e no Rio de Janeiro. Minha adversária, por sua vez, ficava só me acusando de querer privatizar a empresa, sem esclarecer como faria para garantir água à população. Não existem soluções simples para problemas complexos. Há que se analisar um leque de alternativas.

O que explica a perda de relevância do PSDB, que pela primeira vez desde 1989 ficou de fora do páreo para presidente e minguou no Congresso?

O PSDB que nos trouxe até aqui, que elegeu FHC duas vezes e polarizou com o PT nas eleições presidenciais já não existe mais. Na minha avaliação, o partido se afastou da realidade e da vida das pessoas. É necessário, portanto, olhar para dentro, fazer uma séria autocrítica e pôr essas questões na mesa, sem individualismos, mirando o futuro. O PSDB precisa ser reconstruído.

E por onde começar?

Temos uma reunião prevista para quarta-feira 9, em que as lideranças se encontrarão justamente para discutir o reposicionamento do partido. Devemos começar do chão, desenhando, com independência, projetos para municípios, estados e o país.

Há clima para manter uma relação civilizada com o prefeito do Recife, João Campos, do PSB?

É o que espero. Se não tivermos acapacidade de sufocar projetos pessoais temporários para construirconvergências, não sairemos do lugar.

De onde vem extraindo forças para a maratona da política?

Meus filhos, de 10 e 12 anos, não saem de perto de mim. Um teve uma crise de apendicite, o outro, uma virose gigante depois de perderem o pai. Eu tenho um objetivo, um propósito, e isso me deixa de pé. Penso em meu marido no presente e não no pretérito, sempre me perguntando o que diria se estivesse aqui, agora que sou governadora.

E o que acha que ele diria?

Que vai dar tudo certo.