Avaliação de Paulo Câmara piora, aponta pesquisa do Blog do Jamildo

No levantamento de maio, o Paraná Pesquisa divulgou também a avaliação e aproação da administração Paulo Câmara no Estado de Pernambuco. O número é acompanhado pelos candidatos e eleitores para medir se o mandatário será um bom cabo eleitoral ou não.

De acordo com o Paraná Pesquisa, a gestão Paulo Câmara conseguiu piorar a avaliação negativa entre os eleitores, em relação a maio.

Na primeira medição, de março, a desaprovação era de 62,8%.

Neste levantamento de agora, a desaprovação chegou aos 67,3% dos entrevistados.

Quem aprova, soma 27,7%. Outros 5% informaram que não sabiam ou não opinaram.

Pesquisa eleitoral do instituto Paraná Pesquisa mostra a intenção de voto na disputa pelo Senado em Pernambuco

Pesquisa eleitoral: Paraná Pesquisas mostra a intenção de voto para o Governo de Pernambuco

Qual a desaprovação de Bolsonaro?

O levantamento divulgado nesta manhã não apresenta a avaliação do governo federal, em relação ao mesmo tema. O blog de Jamildo pediu os números em relação ao governo Federal. O Paraná Pesquisa prometeu divulgar à tarde.

Saiba mais sobre a pesquisa eleitoral do Paraná Pesquisas em Pernambuco

Para a realização da pesquisa eleitoral de maio, o instituto Paraná Pesquisas entrevistou 1510 eleitores pessoalmente, atingindo a população com 16 anos ou mais em 60 municípios entre os dias 10 a 14 de maio de 2022. O nível de confiança de 95,0% para uma margem estimada de erro de aproximadamente 2,6% para os resultados gerais.

Marilia Arraes lidera para o Governo do Estado e Raquel Lyra vem em segundo

A pesquisa eleitoral de maio do instituto Paraná Pesquisas para o Governo de Pernambuco, divulgada com exclusividade pela coluna, mostra Marília Arraes (SD) liderando a corrida. É a primeira vez que o levantamento testa a ex-petista como pré-candidata ao executivo.

No levantamento estimulado, quando apresenta-se os nomes dos pré-candidatos aos entrevistados, Marília Arraes fica com doze pontos percentuais de vantagem com relação a Raquel Lyra (PSDB), pré-candidata que ocupa o segundo lugar no ranking de intenção de voto ao Governo de Pernambuco.

Ela aparece empatada tecnicamente com Miguel Coelho (UB), terceiro colocado, que por sua vez está empatado tecnicamente com Anderson Ferreira (PL), quarto lugar na pesquisa eleitoral. Danilo Cabral, que nesta semana marcou a presença do PT à sua chapa lançando Teresa Leitão ao Senado, ficou em quinto lugar.

Os candidatos mais à esquerda, João Arnaldo (PSOL) e Jones Manoel (PCB), ocupam as últimas posições no ranking de intenção de voto ao Governo de Pernambuco. Juntos, eles somam 2%.

Blog Imagem

Números da corrida eleitoral entre os candidatos, de acordo com o Paraná Pesquisa – Blog Imagem

Chama atenção que, num cenário sem Raquel Lyra concorrendo ao Governo de Pernambuco, Marília Arraes chega a 34,9% de intenção de voto. No último levantamento feito pelo Paraná Pesquisas, em março, a tucana liderava com 25,8%, mas a ex-petista estava no principal cenário da disputa.

Num terceiro cenário, sem Miguel Coelho, Marília Arraes seria a maior beneficiada, ganhando 3,8 pontos percentuais. Raquel Lyra, por sua vez, soma 2,8% sem o ex-prefeito de Petrolina concorrendo ao Governo de Pernambuco.

Todos os cenários da pesquisa eleitoral Paraná Pesquisas para o Governo de Pernambuco:

Confira todos os cenários para o primeiro turno da disputa pelo Governo de Pernambuco testados pela pesquisa eleitoral

Cenário 1

Marília Arraes (SD): 28,8%

Raquel Lyra (PSDB): 16,0%

Miguel Coelho (UB): 13,6%

Anderson Ferreira (PL): 12,1%

Danilo Cabral (PSB): 7,1%

João Arnaldo (PSOL): 1,3%

Jones Manoel (PCB): 0,7%

Branco ou nulo: 13,5%

Não sabe ou não respondeu: 7%

Cenário 2

Marília Arraes (SD): 34,9%

Miguel Coelho (UB): 15,4%

Anderson Ferreira (PL): 12,8%

Danilo Cabral (PSB): 8,3%

João Arnaldo (PSOL): 2,2%

Jones Manoel (PCB): 1,5%

Branco ou nulo: 17,0%

Não sabe ou não respondeu: 7,9%

Cenário 3

Marília Arraes (SD): 32,6%

Raquel Lyra (PSDB): 18,8%

Anderson Ferreira (PL): 12,6%

Danilo Cabral (PSB): 7,7%

João Arnaldo (PSOL): 1,4%

Jones Manoel (PCB): 0,9%

Branco ou nulo: 18,2%

Não sabe ou não respondeu: 7,7%

Para o segundo turno, foram testados os seguintes cenários:

Marília Arraes (SD) 51,4% x 18,7% Danilo Cabral (PSB) | B/N: 23,4%

Raquel Lyra (PSDB) 41,8% x 20,3% Danilo Cabral (PSB) | B/N: 27,5%

Miguel Coelho (UB) 35,0% x 22,7% Danilo Cabral (PSB) | B/N: 30,9%

Danilo Cabral (PSB) 29,1% x 28,1% Anderson Ferreira (PL) | B/N: 33,2%

Mais informações sobre a pesquisa eleitoral do Paraná Pesquisas para Pernambuco

O trabalho de levantamento de dados foi feito através de 1510 entrevistas pessoais com eleitores com 16 anos ou mais em 60 municípios entre os dias 10 a 14 de maio de 2022. O nível de confiança é de 95,0% para uma margem estimada de erro de aproximadamente 2,6% para os resultados gerais.

Raquel Lyra lidera para o Senado, aponta pesquisa

A pesquisa eleitoral do instituto Paraná Pesquisas de maio, divulgada com exclusividade pela coluna, mostra a intenção de voto ao Senado em Pernambuco. No único cenário testado pelo levantamento, Raquel Lyra (PSDB) lidera a corrida pela Câmara Alta.

A tucana, porém, deixou a prefeitura de Caruaru para se candidatar ao Governo de Pernambuco e, até o momento, não sinalizou desistência da pré-campanha pelo Governo de Pernambuco. Na corrida pelo palácio, inclusive, ela ocupa a segunda colocação.

Na pesquisa eleitoral feita pelo Paraná Pesquisas em Pernambuco anteriormente, ainda em março, Raquel Lyra também liderava a corrida pelo Senado no cenário em que foi testada, atingindo 39,9%, sem Marília Arraes.

No segundo lugar está André de Paula (PSD) que, preterido pela Frente Popular, oficializa nesta segunda (16) aliança com Marília Arraes. O social democrata será o candidato ao senado na chapa encabeçada pela ex-petista, até então favorita nos levantamentos de intenção de voto.

Teresa Leitão, indicada pelo PT ao Senado com o aval do PSB nesse domingo (15), aparece em terceiro lugar, seguida de perto por Gilson Machado (PL), pré-candidato aliado de Anderson Ferreira (PL) e apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Eugênia Lima (PSOL) ficou em último lugar.

Para a realização da pesquisa eleitoral de maio, o instituto Paraná Pesquisas entrevistou 1510 eleitores pessoalmente, atingindo a população com 16 anos ou mais em 60 municípios entre os dias 10 a 14 de maio de 2022. O nível de confiança de 95,0% para uma margem estimada de erro de aproximadamente 2,6% para os resultados gerais.

Indústria deve qualificar 9,6 milhões de pessoas até 2025

Homem usando máscara de proteção trabalha numa usina siderúrgica. 2/3/2020. China Daily via REUTERS

O Brasil precisará qualificar 9,6 milhões de pessoas até 2025 para atender necessidades projetadas pelas indústrias, de forma a repor inativos, atualizar funcionários ou preencher as novas vagas programadas para o setor. É o que prevê o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, divulgado hoje (16) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Deste total, dois milhões precisarão de qualificação visando formação inicial para a reposição de inativos ou para o preenchimento de novas vagas. Os 7,6 milhões restantes serão via formação continuada para trabalhadores que precisam se atualizar para exercer funções.

Segundo a CNI, “isso significa que 79% da necessidade de formação nos próximos quatro anos serão em aperfeiçoamento”.

Cadeia produtiva

De acordo com a entidade, essas projeções têm por base a necessidade de uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva que tanto influenciam – e transformam – o mercado de trabalho. Assim sendo, acrescenta a CNI, cada vez mais o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação.

O levantamento hoje divulgado, feito pelo Observatório Nacional da Indústria, tem por finalidade identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país.

As áreas com maior demanda por formação são transversais (que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em segurança do trabalho, técnico de apoio em pesquisa e desenvolvimento e profissionais da metrologia, por exemplo), metal mecânica, construção, logística e transporte, e alimentos e bebidas.

Covid: Coreia do Norte relata mortes e diz agir rápido contra surto

Pessoas de máscara caminham por rua de Pyongyang, na Coreia do Norte

A Coreia do Norte disse neste domingo (15) que 42 pessoas morreram, conforme o país iniciou seu quarto dia sob um bloqueio nacional destinado a interromper o primeiro surto confirmado de Covid-19 no país.

A admissão da Coreia do Norte na quinta-feira de que está lutando contra um surto “explosivo” de Covid-19 levantou preocupações de que o vírus possa devastar um país com um sistema de saúde com poucos recursos, capacidades de teste limitadas e nenhum programa de vacinas.

A agência de notícias estatal KCNA disse que o país está tomando “medidas de estado emergenciais rápidas” para controlar a epidemia, mas não há sinal de que Pyongyang esteja se movendo para aceitar ofertas internacionais de vacinas.

“Todas as províncias, cidades e condados do país foram totalmente fechados e unidades de trabalho, unidades de produção e unidades residenciais isoladas desde a manhã de 12 de maio, e um exame rigoroso e intensivo de todas as pessoas está sendo realizado”, informou a KCNA neste domingo.

Um dia antes, o líder norte-coreano, Kim Jong Un, disse que a disseminação da Covid-19 gerou “grande turbulência” no país e anunciou uma batalha total para superar o surto.

Paulo Dantas é eleito governador de Alagoas para mandato tampão

Deputado Paulo Dantas

O estado de Alagoas tem novo governador. Foi eleito neste domingo (15) Paulo Dantas, em eleição indireta realizada na Assembleia Legislativa de Alagoas. O mandato tampão de Dantas se encerra em 31 de dezembro. O vice-governador eleito é José Wanderley. Dantas é deputado estadual e Wanderley é médico. Ambos são do MDB, partido do último a ocupar o posto, Renan Filho. A chapa emedebista recebeu 21 votos dos 27 possíveis.

Dantas tem 43 anos, nasceu em Maceió, é formado em administração e está em seu primeiro mandato como deputado estadual. José Wanderley Neto é natural de Palmeira dos Índios, tem 72 anos, é médico cardiologista e já exerceu o cargo de vice-governador do Estado, no período de 2007 a 2011, na primeira gestão do ex-governador Teotônio Vilela Filho.

Eleição indireta

A eleição indireta para o governo estadual é necessária porque, em abril, o então governador Renan Filho cumpriu o prazo de desincompatibilização e deixou o cargo para disputar as eleições para o Senado, conforme determina a legislação eleitoral.

Com a saída, o vice-governador, Luciano Barbosa, eleito na chapa de Renan, deveria assumir, mas não estava mais no cargo, porque venceu as eleições de 2020 e se tornou prefeito de Arapiraca. O primeiro na linha sucessória seria o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Vitor (MDB). No entanto, ele preferiu não assumir o governo do estado, porque ficaria impedido de concorrer à reeleição, e convocou as eleições indiretas.

Com os impedimentos, coube ao presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Klever Loureiro, último na linha sucessória, assumir o posto interinamente. O edital de convocação da eleição foi contestado pelo PP e o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF).

Após analisar um recurso do PP, o ministro Gilmar Mendes determinou que fossem formadas chapas únicas para a disputa e reabriu o prazo para o registro das candidaturas.

Conflitos prosseguem na região ucraniana de Donbas

Caixas de munição dentro de veículo militar ucraniano

A Rússia atacou posições no leste da Ucrânia neste domingo, disse o Ministério da Defesa do país, enquanto tenta cercar as forças ucranianas na batalha por Donbas e se defender de uma contraofensiva em torno da estratégica cidade de Izium, que é controlada por russos.

Em reunião na Alemanha, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disse que a Ucrânia pode vencer a guerra, pedindo mais apoio militar e aprovação rápida das solicitações de Finlândia e Suécia para ingressar na aliança.

A Ucrânia obteve uma série de sucessos desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, forçando os comandantes russos a abandonar o avanço sobre a capital Kiev antes de obter rápidas vitórias e expulsá-los de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia.

A invasão de Moscou, que o país chama de “operação especial” para desarmar a Ucrânia e protegê-la dos fascistas, abalou a segurança na Europa. Kiev e seus aliados ocidentais dizem que a questão do fascismo é um pretexto infundado para uma guerra de agressão não provocada.

O presidente da Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia, confirmou no domingo que seu país irá solicitar ingresso na Otan, uma grande mudança política provocada pela invasão da Rússia. O partido atualmente no poder da Suécia seguiu o exemplo.

Desde meados de abril, as forças russas concentraram grande parte de seu poder de fogo na tentativa de capturar duas províncias do leste conhecidas como Donbas, depois de não conseguirem tomar Kiev.

Uma avaliação da inteligência militar britânica disse que a Rússia perdeu cerca de um terço da força de combate terrestre que havia sido implantada em fevereiro. Sua ofensiva em Donbas ficou “significativamente atrasada” e é improvável que faça avanços rápidos nos próximos 30 dias, segundo a avaliação.

“A guerra da Ucrânia não está indo como Moscou havia planejado”, disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

A Ucrânia recebeu um importante apoio moral com a vitória no festival Eurovision na noite de sábado, um triunfo visto como sinal da força do apoio popular à Ucrânia em toda a Europa.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy saudou a vitória, mas disse que a situação em Donbas continua muito difícil e que as forças russas ainda estão tentando assegurar algum tipo de vitória militar em uma região devastada pelo conflito desde 2014. “Eles não estão contendo seus esforços”, disse.

Papa canoniza dez santos, incluindo padre holandês morto por nazistas

Pope Francis meets with participants in the plenary assembly of the IUSG at the Vatican

O papa Francisco canonizou neste domingo dez novos santos da Igreja Católica Romana, incluindo um padre holandês antinazista assassinado no campo de concentração de Dachau e um monge eremita francês assassinado na Argélia.

Aos 85 anos e usando cadeira de rodas devido a dores no joelho e na perna, o papa foi levado ao altar no início da cerimônia, que contou com a presença de mais de 50 mil pessoas na Praça de São Pedro. Foi uma das maiores aglomerações desde a flexibilização das restrições contra a Covid no início deste ano.

Francisco mancou em direção a uma cadeira atrás do altar, mas se levantou para cumprimentar individualmente alguns participantes. Ele leu sua homilia sentado, mas ficou de pé durante outras partes da missa e realizou a leitura com voz forte, muitas vezes saindo do roteiro, e depois caminhou para cumprimentar os cardeais do Vaticano.

Francisco leu as proclamações de canonização sentado em frente ao altar e ouviu salvas de palmas a cada um dos dez novos santos proclamados.

Titus Brandsma, que era membro da ordem religiosa carmelita e atuou como presidente da universidade católica de Nijmegen, começou a se manifestar contra a ideologia nazista antes mesmo da Segunda Guerra Mundial e da invasão alemã da Holanda em 1940.

Durante a ocupação nazista, ele se manifestou contra leis antijudaicas e pediu aos jornais católicos holandeses que não publicassem propaganda nazista.

Ele foi preso em 1942 e mantido em prisões holandesas antes de ser levado para Dachau, perto de Munique, onde foi submetido a experimentos biológicos e morto por injeção letal no mesmo ano, aos 61 anos. Ele é considerado um mártir, tendo morrido pelo que a Igreja chama de “ódio à fé”.

O outro novo santo conhecido é Charles de Foucauld, um nobre francês, soldado, explorador e geógrafo do século XIX que mais tarde passou por uma conversão e se tornou padre, vivendo como eremita entre os pobres berberes no norte da África. Ele publicou o primeiro dicionário tuaregue-francês e traduziu poemas tuaregues para o francês. De Foucauld foi morto durante uma tentativa de sequestro por invasores beduínos na Argélia em 1916.

Entre os outros oito que foram canonizados neste domingo estão Devasahayam Pillai, que morreu por se converter ao cristianismo na Índia do século 18, e Cesar de Bus, um padre francês do século 16 que fundou uma ordem religiosa.

Os outros eram dois padres italianos, três freiras italianas e uma freira francesa, todos tendo vivido entre os séculos XVI e XX.

Só com luta de negros foi possível abolir escravidão, diz especialista

13 de maio de 1888 – Princesa Isabel assina a lei Áurea

O fim da escravidão legalizada no Brasil foi um processo construído por pessoas negras, um ponto que especialistas consideram fundamental ser lembrado no dia 13 de maio, data da abolição da escravidão.

“Ao longo das últimas décadas, têm aumentado as percepções sobre a ação política dos escravizados, inclusive o próprio 13 de maio”, enfatiza o psicólogo Márcio Farias, que coordena a coleção Clóvis Moura na Editora Dandara.

O 13 de maio é alvo de disputas por ser uma data oficial usada como uma espécie de “ação redentora de uma elite, dos setores dominantes, frente ao que foi o horror da escravidão”, diz Farias. Segundo o pesquisador, por isso, os movimentos negros precisaram contestar a celebração no sentido em que a abolição estava sendo apresentada como uma benesse concedida pela monarquia à população negra.

“Talvez seja uma data das mais emblemáticas naquilo que são as disputas de projetos de país colocados, de um lado, por setores das elites dominantes, classes possuidoras de riquezas e poder, e por outro lado também reflete como os setores da classe trabalhadora, ao longo do século 20, foram se posicionando frente a essa data, como uma plataforma de disputa de projeto de sociedade”, comenta.

O historiador Rafael Domingos Oliveira, que faz parte do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Afro-América, destaca que a promulgação da Lei 3.353, em 13 de maio de 1888, acontece em um contexto histórico amplo, que envolve séculos de luta das pessoas escravizadas. “O percurso histórico até ela [Lei Áurea] foi muito mais longo e, se quisermos ser rigorosos, começou com a primeira pessoa a ser escravizada e que, certamente, tentou resistir de todas as formas à nova condição a que estava sendo submetida. Desde então, foram muitas as estratégias de resistência — individual e coletiva – de que as populações escravizadas lançaram mão para conquistar sua liberdade.”

Primeiro movimento social

De acordo com o historiador, a pressão para o fim da escravidão veio de diversas formas, desde a resistência direta até os movimentos que lutavam a partir da imprensa, da política e do Judiciário. “A contribuição dos movimentos abolicionistas foi, sem dúvida, fundamental para isso. Outro fator foi a tensão constante causada pela violência da escravidão, tensão geralmente resumida no medo que a classe senhorial cultivava de que revoltas e rebeliões pudessem eclodir a qualquer momento”, lembra.

“Há uma pesquisa feita pela professora [da Universidade de São Paulo] Angela Alonso que mostra que o primeiro movimento social brasileiro foi o movimento abolicionista. Ela percorre, no livro dele, o período de 1868 a 1888 mostrando as diferentes estratégias e táticas do movimento social abolicionista para que se chegasse em 1888 com a abolição”, acrescenta o sociólogo e curador de conhecimento na Inesplorato, Túlio Custódio.

No entanto, em relação à luta contra a escravidão e pelos direitos da população negra, o sociólogo considera mais importante o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, data da morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. “Nós temos o 20 de novembro como uma data mais fundamental, porque é uma data que conecta com a grande luta, ou com uma perspectiva mais ampla da luta contra a escravidão, contra o racismo, contra a situação das pessoas negras em um contexto colonial e racista do Brasil”, enfatiza.

Porém, é preciso, segundo Custódio, lembrar que promulgação da lei que encerrou o período escravista no país não foi uma iniciativa da princesa Isabel, responsável pela assinatura do documento oficial, mas, sim uma luta de muitos anos de figuras negras importantes, como José do Patrocínio, Luiz Gama e André Rebouças.

Sem direitos

Apesar dos esforços dos abolicionistas, o processo de abolição, no entanto, acabou promovendo a desigualdade racial no Brasil pelas décadas seguintes até os dias atuais, diz Domingos Oliveira. “O projeto de redistribuição de terras, defendido por André Rebouças e Joaquim Nabuco, que poderia perfeitamente ser entendido hoje como reforma agrária, estaria associado à emancipação da população escravizada. O projeto, como sabemos, nunca foi para a frente e, até hoje, o Brasil é um dos únicos países de formação agroexportadora que nunca realizou a reforma agrária”, exemplifica Oliveira sobre as propostas que chegaram a ser discutidas à época.

A forma como a abolição foi feita não garantiu, segundo Farias, dignidade e direitos, muito menos reparação às pessoas que sofreram com a escravidão. “Esse projeto foi o vitorioso. Um projeto em que as cidadanias foram mutiladas para que uma nova forma de exploração do trabalho do ponto de vista formal se instaurasse, mas mantendo formas arcaicas de relações sociais”, ressalta.

“É só pensar na [Rua] 25 de Março”, exemplifica Farias, ao falar da região de comércio popular no centro da capital paulista. “Você tem lá toda uma tecnologia disponível para compra, consumo, mas as pessoas que vendem, em geral, estão em condições de trabalho bem precárias. Em uma ponta, o mais alto nível da produção, e em outra, as relações mais arcaicas de trabalho. Essa é uma imagem que retrata quais são os reflexos do 13 de maio ainda hoje. Um projeto que a relação de superexploração da força de trabalho está muito relacionada com o racismo”, ressalta.

Mesmo considerando o contexto adverso, o pesquisador destaca a capacidade de organização dos movimentos negros que mantiveram a luta por direitos no século 20 e continuam nestas primeiras décadas do 21. “A população negra, mesmo colocada em posição de informalidade, perene de superexploração enquanto classe trabalhadora pós-13 de maio, ela se organizou, se associou. Teve espaços de associação que permitiram a ela não só se reconstituir como grupo social, enquanto classe, mas, acima de tudo, reelaborar projetos”, acrescenta Farias.

Número de mortes violentas de pessoas LGBTI+ subiu 33,3% em um ano

Em 2021, houve no Brasil, pelo menos 316 mortes violentas de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersexo (LGBTI+). Esse número representa um aumento de 33,3% em relação ao ano anterior, quando foram 237 mortes. Os dados constam do Dossiê de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil.

Entre os crimes ocorridos no ano passado, 262 foram homicídios (o que corresponde a 82,91% dos casos), 26 suicídios (8,23%), 23 latrocínios (7,28%) e 5 mortes por outras causas (1,58%).

O dossiê, produzido por meio do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+, é resultado de uma parceria entre a Acontece Arte e Política LGBTI+, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT).

Realizado por meio de uma base de dados compartilhada entre essas três instituições, o trabalho contém os registros dos casos encontrados em notícias de jornais, portais eletrônicos e redes sociais. As violências ocorreram em diferentes ambientes, como doméstico, via pública, cárcere e local de trabalho.

“Apesar desse número já representar a grande perda de pessoas, apenas por sua identidade de gênero e/ou orientação sexual, temos indícios para presumir que esses dados ainda são subnotificados no Brasil”, divulgaram as entidades, que apontaram a para a ausência de dados governamentais como desafio para elaboração do dossiê.

Como o levantamento depende do reconhecimento da identidade de gênero e da orientação sexual das vítimas pelos veículos que reportam as mortes, muitos casos de violências praticadas contra pessoas LGBTI+ acabam não entrando na contabilização.

Perfis mais violentados

Os dois grupos que sofreram mais violência, reunindo 90,5% dos casos, foram os homens gays (45,89%), com um total de 145 mortes; e as travestis e mulheres trans (44,62%), com 141 mortes. As mulheres lésbicas representam 3,80% das mortes (12 casos); os homens trans e pessoas transmasculinas somam 2,53% dos casos (oito mortes).

Pessoas bissexuais (0,95%) e pessoas identificadas como outros segmentos (0,95%) tiveram 3 mortes cada grupo. Houve quatro pessoas cuja orientação sexual ou identidade de gênero não foi identificado, representando 1,27% do total, com 4 casos.

A idade das vítimas variou de 13 a 67 anos em 2021, sendo que a maioria das mortes ocorreu com jovens entre 20 e 29 anos (96 casos, o que representa 30,38% do total). As demais faixas etárias corresponderam às seguintes proporções: 22 pessoas com idade entre 10 a 19 anos (6,96%); 68 pessoas entre 30 e 39 anos (21,52%); 36 pessoas entre 40 e 49 anos (11,39%); 21 pessoas entre 50 e 59 anos (6,65%); e 13 pessoas entre 60 e 69 anos (4,11%). Em 60 casos (18,99%), não foi possível identificar a idade.

Onze das vítimas eram adolescentes entre 13 e 17 anos. “Chamamos atenção para a idade da pessoa mais jovem, que era uma adolescente trans de 13 anos, tendo se tornado a mais jovem vítima de transfeminicídio no Brasil”, informou o dossiê.

A avaliação das entidades é que o cenário geral de violência contra essa população pouco mudou em relação a medidas efetivas de enfrentamento da LGBTIfobia por parte do Estado. “Mesmo em um cenário onde alcançamos conquistas consideráveis junto ao Poder Judiciário, percebemos a recorrente inércia do Legislativo e do Executivo ao se omitirem diante da LGBTIfobia, que segue acumulando vítimas e que permanece enraizada no estado e em toda a sociedade.”

Causa da morte

Segundo o dossiê, a maior parte das mortes ocorreu por esfaqueamento, com 91 casos (28,8% do total), em segundo lugar vieram mortes por arma de fogo, com 83 casos (26,27), seguida por espancamento, com 20 casos (6,33%), e asfixia, com 10 casos (3,16%). No total, foram identificadas 26 diferentes causas mortis de LGBTI+ no país.

A maioria das mortes ocorreu no período noturno, com 152 casos, o que representa 48,10% do total. Em 11,08%, as mortes foram em período diurno e, em 129 casos (40,82%), o período não foi identificado. “Esse dado indica a relevância das práticas profissionais – como a prostituição –, culturais e de lazer da população LGBTI+ realizadas no período da noite, o que demanda maior atenção do Poder Público na garantia da segurança desse grupo em situação de vulnerabilidade”, ressaltou o dossiê.

As regiões Nordeste e Sudeste tiveram 116 e 103 mortes violentas, respectivamente. As demais regiões ficaram em torno de 30 mortes cada uma: 36 no Centro-Oeste, 32 no Norte e 28 no Sul. Os estados que apresentaram maior número de mortes foram São Paulo (42), Bahia (30), Minas Gerais (27) e Rio de Janeiro (26), os quatro estados mais populosos do Brasil.

Suicídio

O levantamento revelou que o maior número de casos de suicídio ocorreu entre travestis e mulheres trans, com 38,46% dos casos (10 pessoas), e homens gays, com 30,77% do total (8). Em seguida, estão os homens trans e as pessoas de outros segmentos, com dois casos cada.

De acordo com as entidades que elaboraram o dossiê, o resultado “evidencia possíveis danos causados pela LGBTIfobia estrutural, que impacta significativamente a saúde mental das pessoas, podendo levar a intenso sofrimento ou mesmo à retirada da própria vida por pessoas em situação de vulnerabilidade”.