Sergio Mattarella toma posse, nesta quinta-feira (3), para o segundo mandato como presidente da Itália, algo que não queria mas que acabou sendo inevitável diante da incapacidade dos partidos italianos de encontrarem um nome de consenso.
Após sete votações inconclusivas, o Parlamento elegeu Mattarella no sábado passado (29), na oitava rodada de votações, para novo mandato presidencial de sete anos.
Apesar do impasse, as oito rodadas estão longe do recorde italiano fixado em 1971, quando foram necessárias 23 votações para eleger o democrata-cristão Giovanni Leone como presidente.
Mattarella, 80 anos, tinha insistido que não queria repetir outro mandato presidencial, mas acabou por ser a melhor solução para quebrar o impasse político que atingiu a Itália durante seis dias e que chegou a paralisar o trabalho do governo.
A eleição do presidente ocorria há uma semana sem acordo quanto a um nome, o que prolongava a incerteza sobre o futuro do primeiro-ministro, Mario Draghi, e da coligação governamental.
No último sábado, o presidente, cujo primeiro mandato terminaria hoje, obteve os 505 votos necessários, a maioria absoluta dos 1.009 “grandes eleitores”: 630 deputados, 321 senadores e 58 delegados regionais.
O presidente da República tem papel essencialmente protocolar na Itália, mas este ano estava em jogo: se Mario Draghi fosse eleito, abandonaria a liderança do governo que se assenta em frágil coligação.
A escolha poderia desencadear eleições legislativas antecipadas, o que faria “descarrilar” as reformas necessárias à obtenção dos milhões de euros prometidos à Itália no âmbito do fundo de recuperação da União Europeia (UE).
Itália, a terceira maior economia da zona do euro, é o maior beneficiário europeu desse programa e deve receber quase 200 bilhões de euros, desde que cumpra os requisitos de reformas em diversas áreas.
Sergio Mattarella será recebido hoje no Parlamento, por volta das 15h30 locais, por uma guarda de honra, e entrará acompanhado pelos presidentes das duas câmaras que compõem a assembleia italiana, Roberto Fico e Elisabetta Casellati.
Após tomar posse durante sessão plenária, fará discurso para uma plateia composta por deputados, senadores, delegados regionais e membros do governo, incluindo Mario Draghi.
Será o segundo chefe de Estado italiano a cumprir o segundo mandato presidencial, depois de Giorgio Napolitano que em 2013, apesar de ter manifestado vontade de se retirar da vida política, também foi reeleito.