Trabalhadores nascidos em dezembro podem sacar auxílio emergencial

Trabalhadores informais e inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) nascidos em dezembro podem sacar, a partir de hoje (18), a quarta parcela do auxílio emergencial 2021. O dinheiro foi depositado nas contas poupança digitais da Caixa Econômica Federal em 30 de julho.

Os recursos também podem ser transferidos para uma conta-corrente, sem custos para o usuário. Até agora, o dinheiro apenas podia ser movimentado por meio do aplicativo Caixa Tem, que permite o pagamento de contas domésticas (água, luz, telefone e gás), de boletos, compras em lojas virtuais ou compras com o código QR (versão avançada do código de barras) em maquininhas de estabelecimentos parceiros.

Com o saque de hoje, a Caixa conclui o pagamento da quarta parcela do benefício. Hoje, começa o saque da quinta parcela, por beneficiários do Bolsa Família com Número de Inscrição Social (NIS) de final 1.

Em caso de dúvidas, a central telefônica 111 da Caixa funciona de segunda a domingo, das 7h às 22h. Além disso, o beneficiário pode consultar o site auxilio.caixa.gov.br.

O saque originalmente estava previsto para ocorrer em 10 de setembro, mas foi antecipado em pouco mais de três semanas por decisão da Caixa. Segundo o banco, a adaptação dos sistemas tecnológicos e dos beneficiários ao sistema de pagamento do auxílio emergencial permitiu o adiantamento do calendário.

O auxílio emergencial foi criado em abril do ano passado pelo governo federal para atender pessoas vulneráveis afetadas pela pandemia de covid-19. Ele foi pago em cinco parcelas de R$ 600 ou R$ 1,2 mil para mães chefes de família monoparental e, depois, estendido até 31 de dezembro de 2020 em até quatro parcelas de R$ 300 ou R$ 600 cada.

Neste ano, a nova rodada de pagamentos, durante sete meses, prevê parcelas de R$ 150 a R$ 375, dependendo do perfil: as famílias, em geral, recebem R$ 250; a família monoparental, chefiada por uma mulher, recebe R$ 375; e pessoas que moram sozinhas recebem R$ 150.

Ministério da Saúde libera R$ 1,2 bilhão para leitos de UTI

Médicos fazem treinamento no hospital de campanha para tratamento de covid-19 do Complexo Esportivo do Ibirapuera.

O Ministério da Saúde anunciou hoje (17) a liberação repassado R$ 1,2 bilhão, referente a 24.971 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) covid-19 para adultos e 433 leitos pediátricos, para o atendimento de crianças e adolescentes.

Os recursos que garantem o custeio dos 25.404 leitos de(UTI) são referentes ao mês de julho. A medida é de praxe a cada mês quando a pasta autoriza ou prorroga o funcionamento de leitos a partir do pedido dos estados.

As verbas são empregadas para arcar com parte das despesas da manutenção dessas estruturas, enquanto os estados ou municípios complementam os gastos.

Segundo o Ministério da Saúde, 20 estados receberão verbas para atendimento em leitos de UTI Covid pediátricos, totalizando R$ 20,2 milhões. Os recursos custearam 433 leitos em Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins.

Recursos em 2021
Em 2021, o Ministério da Saúde autorizou 25,8 mil leitos de UTI Covid-19 adultos e pediátricos. O investimento total é de R$ 4,7 bilhões.

Conforme o ministério, o pedido de autorização para o custeio dos leitos Covid-19, é realizado pelas secretarias estaduais e municipais de saúde. Entre os aspectos observados nas solicitações de autorização estão a curva epidemiológica do novo coronavírus na região, a estrutura para manutenção, equipamentos e corpo clínico para atuação em UTI.

Educação Financeira: parceria entre MEC e CVM formará 500 mil docentes em 3 anos

Todos os professores da Educação Básica poderão se capacitar em educação financeira a partir desta terça (17). Será lançado o Programa Educação Financeira na Escola, uma parceria entre o Ministério da Educação e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O objetivo é formar 500 mil professores em 3 anos, de forma gratuita, numa plataforma online específica. A partir daí esses profissionais serão multiplicadores do tema nas escolas, podendo atingir 25 milhões de alunos – crianças, adolescentes e adultos – das redes pública e privada de ensino.

Um levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) detectou baixo conhecimento financeiro dos estudantes do Brasil: 17º lugar num ranking de 20 países. “Queremos melhorar esse índice e ensinar os alunos a controlarem as finanças pessoais, para serem livres do endividamento e conquistarem seus objetivos de vida”, afirma o Ministro da Educação, Milton Ribeiro.

Poupança, consumo consciente, investimento e proteção contra fraudes financeiras serão alguns dos temas da formação. Além disso, os docentes aprenderão como inserir a educação financeira em sala de aula, de forma didática e atrativa, ensinando os alunos a desenvolverem uma relação saudável com o dinheiro.

É importante destacar que educação financeira não é uma disciplina, mas um assunto, o qual deverá ser abordado de forma interdisciplinar. “Os docentes serão os protagonistas dessa ação de democratizar a educação financeira, impactando positivamente na qualidade de vida dos alunos e das famílias”, ressalta o Ministro.

Parceria MEC e CVM

Um acordo de cooperação técnica (ACT) uniu MEC e CVM nesta missão de difundir a educação financeira nas escolas por meio da formação de professores. Além disso, a parceria entre as instituições resultará em desenvolvimento de pesquisas e material didático, formação técnica em mercados de capitais e inovação financeira, além de monitoramento do impacto da educação financeira nas escolas.

A CVM ficou responsável por desenvolver a plataforma e o conteúdo. Já o MEC tem a incumbência de apoiar pedagogicamente a elaboração da formação e divulgá-la nas escolas e secretarias.

Por que o mercado imobiliário de terrenos está mais competitivo em São Paulo?

O mercado imobiliário, de forma geral, está aquecido no Brasil. De acordo com uma pesquisa realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o setor deve crescer ainda mais em 2021, já que a previsão é de 30%. Esse cenário impactou o mercado de terrenos em São Paulo.

De acordo com Rafael Scodelario, especialista do mercado imobiliário e dono da Escodelar Inteligência Imobiliária, a compra de terrenos na capital paulista está mais acirrada, o que leva a um aumento nos preços. “O mercado de terrenos se tornou tão competitivo em São Paulo que alguns têm sido vendidos por um valor 100% maior do que o cobrado anteriormente”, explica.

Scodelario aponta que o aumento da competitividade e, portanto, do valor dos terrenos têm acontecido em todos os bairros da capital. Entretanto, o processo é mais evidente em bairros nobres. Mesmo com a alta dos preços, o especialista acredita que a alta competitividade no mercado de terrenos é algo positivo.

“O crescimento do mercado imobiliário no ano passado e nesse ano foi impulsionado, principalmente, pelas condições favoráveis dos financiamentos, como as taxas mais baixas do que as praticadas em períodos anteriores. Isso ainda tem acontecido e, dessa forma, o aumento dos preços dos terrenos não representa algo negativo”, conta o especialista.

Outro fator importante que Scodelario destaca é a falta de oferta de terrenos. “A procura por terrenos em São Paulo está alta e, mesmo assim, não há unidades suficientes para todos que querem comprar. Isso impulsiona ainda mais o aumento da competitividade no mercado e, consequentemente, dos preços praticados”, finaliza.

Rafael Scodelario é corretor de imóveis de luxo e empresário no ramo imobiliário. Dono da Escodelar Inteligência Imobiliária, com sede em São Paulo e na Flórida, tem quase 50 corretores associados e uma carteira com mais de 6 mil imóveis à venda e para locação.

Operação Menoridade da Polícia Federal repercute em vários estados e em Caruaru

A Polícia Federal na Paraíba deflagrou ontem (17/08), a segunda fase da Operação Menoridade. Foram cumpridos 19 (dezenove) mandados de busca de apreensão, 03 (três) mandados de Prisão Preventiva e 12 (doze) Mandados de Prisão Temporária nas cidades de Campina Grande/PB, São Bento/PB, Jaboatão dos Guararapes/PE, Caruaru/PE, Canhotinho/PE e Goiânia/GO e também no Presídio Federal em Catanduvas/PR. Todas as ordens judiciais foram expedidas pela Vara de Entorpecentes de Campina Grande/PB.

A operação de hoje se relaciona com a prisão de um traficante ocorrida no Estado de São Paulo na data de 27/06/2021 e que atualmente encontra-se recolhido no Presídio Federal de Catanduvas/PR. Ele é acusado de diversos crimes graves, incluindo roubo a carro forte e tráfico de drogas. Durante as investigações os policiais identificaram diversos comparsas que vinham atuando na venda de drogas na região nordeste, sendo o principal entreposto a cidade de Campina Grande/PB com ramificação da quadrilha instalada nas cidades de Canhotinho/PE e Caruaru/PE.

*Em Pernambuco* foram cumpridos 11 (onze) mandados de busca e apreensão nas cidades de Canhotinho/PE e Caruaru/PE e 07 (sete) mandados de prisão preventiva/temporária nas cidades de Canhotinho/PE, Caruaru/PE e Jaboatão dos Guararapes/PE. Os presos serão autuados pelos crimes de roubo e tráfico drogas e em seguida passarão por audiência de custódia e posteriormente serão encaminhados para o sistema prisional em Campina Grande/PB, ficando à disposição da Vara de Entorpecentes de Campina Grande/PE.

Taquaritinga do Norte e Santa Cruz do Capibaribe aderem ao Cidade Pacífica

Na quarta-feira (18/08), os municípios de Taquaritinga do Norte e Santa Cruz do Capibaribe irão aderir ao projeto estratégico Cidade Pacífica, do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Os dois eventos serão realizados presencialmente nos gabinetes dos prefeitos. Taquaritinga do Norte, às 10h, e Santa Cruz do Capibaribe, às 15h.

Com o Cidade Pacífica, as prefeituras se comprometem em apresentar medidas de combate à violência distribuídas em eixos temáticos: Guarda municipal pacificadora; Segurança nos estabelecimentos comerciais/bancários; Esporte pacificador/Cultura/Lazer; Mesa municipal de segurança; Proteção integrada pacificando escolas; Empresas solidárias; Transporte pacificador; Iluminação pacificadora; Pacificando Bares e similares (operação Bar Seguro); e Juntos pela segurança na saúde/Covid-19, dentre outras.

Paulo Câmara articula concessão de auxílio para crianças e adolescentes órfãos na pandemia

O governador Paulo Câmara articula um projeto para conceder benefício a crianças e adolescentes cujos pais faleceram vítimas da Covid-19. O assunto foi discutido durante reunião nesta terça-feira (17), no Palácio do Campo das Princesas.

O projeto do auxílio Pernambuco Protege faz parte do Programa Nordeste Acolhe, instituído pelo Consórcio Nordeste, e prevê a concessão de um benefício mensal às crianças e adolescentes em situação de orfandade total, no valor de meio salário mínimo vigente, até que alcancem a maioridade civil. O projeto de lei será enviado à Assembleia Legislativa ainda neste mês de agosto.

“Tivemos uma importante reunião com representantes do Poder Judiciário, que compõem o Sistema de Garantias de Direitos da Infância, sobre a assistência às crianças e adolescentes que perderam os pais ou responsáveis vítimas da Covid-19 em Pernambuco”, afirmou Paulo Câmara. “Essa é mais uma ação de assistência para quem mais precisa”, completou.

O pagamento será feito por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude. De acordo com o secretário Sileno Guedes, caso haja disponibilidade financeira e orçamentária, o benefício poderá ser ampliado às crianças e adolescentes em situação de orfandade total por razões não relacionadas ao novo coronavírus.

“A pandemia vem impactando a vida de um número expressivo de crianças e adolescentes em situação de pobreza ou extrema pobreza, em consequência da morte dos seus pais ou responsáveis. O benefício surge considerando a concepção de proteção social à infância”, pontuou Sileno Guedes.

O projeto determina que sejam beneficiados crianças e adolescentes com domicílio fixado no território pernambucano há pelo menos um ano antes da orfandade completa e cuja família possuísse renda não superior a três salários mínimos. Não terão direito ao auxílio os que já são beneficiários de pensão por morte, em regime previdenciário que assegure valor integral em relação aos rendimentos do segurado ou beneficiário do Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Além do secretário Sileno Guedes, a reunião contou com as presenças dos desembargadores Stenio Neiva e Luiz Carlos Figueiredo, do Tribunal de Justiça de Pernambuco. Por meio da Corregedoria Geral de Justiça, o TJPE deverá expedir o provimento junto aos cartórios de registro civil. Os registros de óbitos devem conter o nome e idade dos filhos das vítimas fatais da Covid-19, assim como informações do genitor sobrevivente.

Os dados devem seguir de forma periódica para o órgão gestor da política de assistência social para inserção nos serviços e benefícios socioassistenciais do município. As informações também serão encaminhadas, como registro, para a vigilância socioassistencial e acompanhamento das equipes técnicas dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e Centros de Referência Especializada de Assistência Social (Creas).

Secretária de Infraestrutura garante a Tony Gel que PE- 145 em Caruaru será requalificada

O Deputado Estadual Tony Gel (MDB), recebeu no final de semana passado da Secretária de Infraestrutura e Recursos hídricos do Estado, Fernandha Batista, a garantia da requalificação da PE-145 que liga várias comunidades da zona rural de Caruaru a BR- 104, do trecho conhecido como Lampião.

Fernandha Batista informou a Tony Gel que o projeto para reestruturação da rodovia Senador Wilson Campos, já está incluído no cronograma de obras do programa “Caminhos de Pernambuco”, e que tão logo seja concluído, o edital de licitação será lançado visando a execução dos serviços no trecho que vai da BR-104 localizada na Vila de Cachoeira Seca, na zona rural de Caruaru, e segue até as cidades de Brejo da Madre de Deus e Jataúba.

A requalificação da PE-145 é uma reivindicação antiga do deputado Tony Gel, e o parlamentar Caruaruense ressaltou que atendendo a sua solicitação, o Governador Paulo Câmara estará também atendendo aos moradores das Vilas de Itaúna, Dois Riachos, Carneirinho, Riacho Doce, Cachoeira Seca e Fazenda Nova que diariamente utilizam a rodovia.

Caixa distribuirá R$ 8,1 bilhões em lucros do FGTS até o fim do mês

A Caixa Econômica Federal depositará, até 31 de agosto, R$ 8,129 bilhões nas contas dos trabalhadores vinculadas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Os recursos correspondem a 96% do lucro líquido de R$ 8,467 bilhões do fundo em 2020.

De acordo com os ministérios do Trabalho e Previdência e da Economia, essa distribuição oferecerá ao trabalhador um ganho real de 0,4%, diante de uma inflação de 4,52% em 2020. O objetivo é “além de preservar o poder de compra dos quotistas, incentivar a manutenção de recursos sob as contas vinculadas do FGTS ao ser mais atrativa aos trabalhadores brasileiros, especialmente àqueles que optaram por migrar para a modalidade de saque aniversário, por meio da qual é facultada a movimentação de uma parcela do saldo anualmente no mês de aniversário do trabalhador”.

O percentual de distribuição foi aprovado hoje (17) pelo Conselho Curador do FGTS, formado por representantes do governo, das empresas e dos trabalhadores. Com rentabilidade fixa de 3% ao ano, o FGTS tem os rendimentos engordados com a distribuição dos lucros. Dessa forma, para o ano-base 2020, a rentabilidade das contas alcançará 4,92%.

Feita desde 2017, a distribuição ocorre de forma proporcional ao saldo da conta do trabalhador em 31 de dezembro do ano anterior. Quanto maior o saldo, maior o lucro recebido. Nesse ano, ela alcançará cerca de 191,2 milhões de contas, que acumulavam saldo de R$ 436,2 bilhões no fim de 2020.

Em 2017 e 2018, a legislação (Lei 8.036/1990) fixava a distribuição aos trabalhadores de 50% do lucro do FGTS no ano anterior. Em 2019, o Congresso aprovou a distribuição de 100% do lucro, na lei que criou a modalidade de saque-aniversário, mas o presidente Jair Bolsonaro vetou o artigo, e o percentual passou a ser aprovado a cada ano pelo Conselho Curador. No ano passado, o FGTS distribuiu cerca de R$ 7,5 bilhões aos trabalhadores, o que equivale a 66,2% do lucro de 2019.

O pagamento de parte dos ganhos do FGTS não muda as regras de saque. O dinheiro do FGTS só poderá ser retirado em condições especiais, como aposentadoria, demissões, compra da casa própria ou doença grave. Quem aderiu ao saque-aniversário pode retirar uma parte do saldo até dois meses após o mês de nascimento, mas perde direito ao pagamento integral do fundo no caso de demissão sem justa causa.

Os trabalhadores poderão consultar o valor do crédito da distribuição dos lucros a partir de 31 de agosto no aplicativo ou site do FGTS.

Internacional Cientistas veem China com papel central e não creem em Talibã moderado

Tiros são ouvidos enquanto o Talibã controla afegãos do lado de fora do Aeroporto de Cabul

Cientistas que estudam a geopolítica no Oriente Médio consideram que é preciso olhar com cautela para as promessas de moderação do Talibã. Também questionam os resultados obtidos pelos Estados Unidos (EUA) durante a ocupação que durou 20 anos e avaliam que os desdobramentos na região vão depender de como a China irá se movimentar diante do retorno do grupo extremista ao poder no Afeganistão.

“Estamos vendo algumas mudanças importantes. O grupo que foi derrubado pelos Estados Unidos há 20 anos está agora virando governo e, inclusive, sendo reconhecido por alguns países, como é o caso da China. Durante muito tempo, nas discussões sobre a geopolítica da região, se debatia o papel dos Estados Unidos, da Rússia, da Inglaterra. Pela primeira vez, precisamos entender qual será o papel chinês e qual vai ser a política chinesa para a região. Já está claro que os chineses vão negociar com os talibãs”, observa Fernando Luz Brancoli, pesquisador e professor do Instituto de Relações Internacionais e Defesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Mais cedo, a China acenou para o novo governo afegão. A porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying, disse que o país respeita o direito do povo afegão de decidir seu próprio destino e deseja seguir mantendo relações amistosas e de cooperação com o Afeganistão. Ela ainda afirmou que a embaixada, situada na capital Cabul, manteria seu funcionamento normal.

Para o cientista político João Paulo Nicolini Gabriel, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mudanças na região irão muito além da relação entre Estados Unidos e Afeganistão. “Devido à sua localização, é um país que ocupa espaço extremamente importante no cenário asiático. A Ásia Central sempre foi muito importante. Agora precisamos olhar como os Estados Unidos, a China e Rússia vão lidar com o Afeganistão. São países que desempenham papel central. Mas um ponto pouco falado envolve os papéis do Paquistão e da Índia, que são essenciais, porque têm grande influência na região. Pode haver fricções e realinhamentos diplomáticos”, diz.

O Paquistão foi um dos poucos países que mantiveram relações diplomáticas com o Afeganistão, durante o período governado pelo Talibã na década de 90. Segundo João Paulo, as declarações do primeiro-ministro Imran Khan dão indícios de que o governo paquistanês está disposto a aceitar a volta do grupo extremista.

De outro lado, a situação impõe novas preocupações à Índia. O governo liderado por Narendra Modi, que costuma explorar politicamente crises com o Paquistão, poderá ficar em posição menos confortável com a saída das tropas norte-americanas do Afeganistão.

A volta dos talibãs ao poder foi consolidada no último domingo (15): o presidente afegão Ashraf Ghani deixou o país e o controle do palácio presidencial foi assumido pelos rebeldes. Tudo ocorreu sem que houvesse resistências.

Diante do cenário, os EUA precisaram acelerar a conclusão do processo de saída do país, em curso desde o ano passado: uma megaoperação para tirar às pressas diplomatas e cidadãos americanos foi montada pelas tropas norte-americanas, que ainda controlam o aeroporto. No entanto, imagens que ganharam repercussão internacional mostraram um caos no local, com milhares de civis desesperados para deixar o país se aglomerando junto aos aviões.

Para Brancoli, a rápida recuperação do poder pelos talibãs coloca em cheque os bilhões de dólares investidos pelos Estados Unidos no treinamento do Exército afegão. “Os armamentos deixados pelos Estados Unidos vão cair nas mãos dos talibãs. Tem até uma curiosidade: eles tinham lá os Super Tucanos, que são aeronaves construídas no Brasil junto com os Estados Unidos. Agora o Talibã tem acesso a eles. Não sei se vão saber pilotar”, observa.

Apesar das imagens com milhares de pessoas reunidas no aeroporto em busca de uma oportunidade de sair do país, o pesquisador avalia que a população não tem uma visão homogênea e não há uma repulsa generalizada contra os talibãs. Segundo ele, os moradores das áreas rurais são indiferentes ou apoiam o Talibã, e a elite urbana não é tão numerosa.

“É preciso lembrar que o Afeganistão é um país majoritariamente rural. E nas áreas rurais a população olhava para o governo central de forma muito desconfiada. Muitos consideravam um governo corrupto que não atendia aos seus interesses. Uma das explicações para o avanço tão rápido do Talibã seria, em parte, esse apoio da população local. Não houve grandes resistências nas partes periféricas. E quando chegou em Cabul, onde se esperava uma resistência um pouco maior, o próprio Exército parecia que já tinha desistido de lutar e não tinha interesse no conflito. O presidente fugiu”, acrescenta.

João Paulo observa que o governo afegão apoiado pelos EUA nunca teve 100% de domínio sobre o território do país, e os talibãs sempre controlaram algumas áreas. Ele avalia que, sobretudo nas grandes cidades, uma parte da população está apavorada. Há ainda imigrantes de diversos países buscando deixar o país. “Se pegarmos os últimos comunicados internacionais, da Índia por exemplo, vemos que há grande preocupação de como retirar seus cidadãos do Afeganistão. Outros países também tentam proteger suas populações”.

De acordo com o cientista político, o cenário revela a incapacidade da política norte-americana de alcançar certos objetivos, o que fez com que a ocupação tenha se arrastado por mais tempo do que se esperava. “Reformularam até o sistema eleitoral do país e não conseguiram garantir uma estabilidade. Ghani tinha dificuldade de manter popularidade. E justamente por isso havia tantos soldados norte-americanos lá”.

Legado
Tornando-se conhecido como grupo religioso fundamentalista na primeira metade dos anos 90, o Talibã foi organizado por rebeldes que haviam recebido apoio dos Estados Unidos e do Paquistão para combater a presença soviética no Afeganistão, que durou de 1979 a 1989, em meio à Guerra Fria. A chegada ao poder se consolida em 1996, com a tomada de Cabul.

Uma vez no controle do governo, o Talibã promoveu execuções de adversários e aplicou sua interpretação da Sharia, a lei islâmica. Um violento sistema judicial foi implantado: pessoas acusadas de adultério podiam ser condenadas à morte e suspeitos de roubo sofriam punições físicas. O uso de barba se tornou obrigatório para os homens e as mulheres não poderiam transitar e ser vistas publicamente sem a burca, que deveria cobrir todo o corpo. Televisão, música e cinema foram proibidos e as meninas não podiam frequentar a escola.

A ocupação dos EUA foi uma reação aos ataques às duas torres gêmeas do World Trade Center, arranha-céus situados em Nova York. Dois aviões atingiram os edifícios em 11 de setembro de 2001, derrubando-os e causando quase 3 mil mortes. Os EUA acusaram o Talibã de dar abrigo ao grupo terrorista Al Qaeda, que assumiu a autoria do atentado, e invadiu o Afeganistão em outubro de 2001. As ruas de Cabul foram tomadas em dois meses. Em 2004, eleições foram realizadas no país e, em 2011, as forças norte-americanas anunciaram a morte de Osama Bin Laden, líder da Al Qaeda.

Segundo Brancoli, durante os 20 anos de ocupação, ocorreu uma ampliação das liberdades civis e desenvolvimento econômico em alguns setores, mas também diversas denúncias de corrupção. “Houve grupos políticos que se beneficiaram desse momento, que ganharam prestígio, ganharam dinheiro. Em uma escala menor, tivemos mulheres entrando no mercado de trabalho, ocupando algumas funções governamentais, frequentando as escolas. Mas fica no ar até que ponto essas transformações serão mantidas”.

Esse legado, na visão do pesquisador não está garantido. “Eles estão dizendo que vão moderar e ser menos brutais do que foram na década de 90. Fico parcialmente desconfiado. A forma de governar do Talibã está muito pautada em práticas de violência e controle. Então, considerando seu histórico, até que ponto eles conseguem pensar a organização do país de outra maneira? Vamos ter que esperar pra ver, mas acho que essa moderação é meramente discursiva”.

João Paulo chama a atenção para o uso das redes sociais pelo Talibã, onde divulgam indícios de corrupção. “O que eles querem mostrar neste primeiro momento é que o governo de Ghani não representava a população”.

Retirada
A retirada gradual das tropas norte-americanas foi pactuada no ano passado em um acordo bilateral firmado entre o então presidente Donald Trump e o Talibã. O processo deveria ser concluído até maio deste ano. O grupo afegão se comprometeu a não dar abrigo a terroristas da Al Qaeda e do Estado Islâmico.

Eleito, o presidente Joe Biden assumiu a sucessão de Trump e manteve o processo em andamento, mas alterou o prazo: prometeu encerrar a ocupação até setembro, posteriormente antecipado para agosto. À medida que as forças dos EUA deixavam o país, ocorreu um rápido avanço das forças talibãs sobre as mais diversas cidades.

Para João Paulo, o processo de retirada das tropas foi influenciado também pela opinião pública nos Estados Unidos. “Os gastos militares nos Estados Unidos começaram a ser mais criticados depois da crise econômica de 2008. Há um longo debate, inclusive na academia, sobre a necessidade da intervenção no Afeganistão, que também pressionava por um plano de evacuação”.

A velocidade com que os talibãs retomaram o poder gera repercussões políticas nos EUA, com grupos de oposicionistas criticando a condução da saída do Afeganistão pelo governo de Joe Bidens. Ontem (15), em pronunciamento, o secretário de Estado, Antony Blinken, recusou comparações com o fim da Guerra do Vietnã em 1975, quando rodaram o mundo cenas da cidade de Saigon, em que se viam diplomatas desesperados para deixar a Embaixada dos Estados Unidos diante da aproximação dos vietcongues. “Isto não é Saigon. Fomos ao Afeganistão há 20 anos com uma missão em mente: lidar com as pessoas que nos atacaram em 11 de setembro, e essa missão foi bem-sucedida”, disse Blinken.