Resultado da seleção do Sisu para o 2º semestre sai nesta terça-feira

O resultado dos alunos selecionados para instituições de ensino superior, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), serão divulgados hoje (10) pelo Ministério da Educação. O Sisu é o principal mecanismo de acesso a cursos de universidades, centros universitários e faculdades públicas. Ele toma como referência a nota obtida pelo aluno no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Os selecionados devem fazer a matrícula de amanhã (11) ao dia 16 de agosto. Os estudantes que não forem escolhidos ainda têm a opção da lista de espera, de hoje a 16 deste mês. O resultado dessa relação será divulgado no dia 18, com a convocação para a matrícula no dia 19.

Foram disponibilizadas 62.365 vagas em universidades e outras instituições de ensino superior. Cada candidato pôde escolher até dois cursos superiores, com a possibilidade de alterar as opções até o encerramento das inscrições.

Pode participar do Sisu quem fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e não tirou zero na redação. A seleção é feita com base nas notas que o candidato obteve na prova, mas o método de escolha varia conforme o curso e a instituição. Isso porque os pesos das notas em cada matéria são diferentes conforme a área de interesse.

STF: TSE envia notícia-crime sobre suposta postagem de dados sigilosos

Fachada do TSE

Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encaminharam hoje (9) ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime para apurar o suposto vazamento de informações sigilosas sobre a investigação da Polícia Federal (PF) que apura um ataque de hackers ao sistema de informática da Corte eleitoral, em 2018. Na época, o TSE declarou que o ataque não comprometeu a segurança dos dados das eleições.

De acordo com os ministros, deve ser apurada a suposta conduta de divulgação indevida de informações sigilosas reservadas ao TSE. No documento, os ministros citam o presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) e o delegado responsável pelo caso. Segundo o TSE, no dia 4 de agosto, as peças sigilosas foram divulgadas nas redes sociais.

“Há indícios, portanto, de que informações e dados sigilosos e reservados do Tribunal Superior Eleitoral tenham sido divulgados, sem justa causa, inicialmente pelo delegado de Polícia Federal, e, na sequência, pelo deputado federal Felipe Barros e pelo presidente da República, Jair Messias Bolsonaro”, diz o documento.

A reportagem entrou em contato com Polícia Federal e aguarda retorno.

Brasil acumula 20 milhões de casos de covid-19 e 563 mil óbitos

O Ministério da Saúde divulgou nesta segunda-feira (9) novos números sobre a pandemia de covid-19 no Brasil. De acordo com levantamento diário feito pela pasta, o Brasil tem no acumulado 20 milhões de casos confirmados da doença e 563,5 mil mortes registradas. Os casos de recuperados somam 18,9 milhões.

Em 24 horas, o ministério registrou 12 mil novos casos e 411 mortes.

O estado de São Paulo tem o maior número de casos acumulados desde o início da pandemia, com 4,1 milhões de casos e 140 mil óbitos. Em seguida estão Minas Gerais (1,9 milhão de casos e 51 mil óbitos); Paraná (1,4 milhão casos e 35 mil óbitos) e Rio Grande do Sul ( 1,3 milhão de casos e 33,5 mil óbitos).

Vacinação

De acordo com o vacinômetro do Ministério da Saúde, foram entregues aos estados 175,2 milhões de doses de vacinas contra a covid-19. Ao todo, 107 milhões de pessoas foram imunizadas com a primeira dose e 42,9 milhões tomaram as duas doses ou dose única.

Comissão especial aprova PEC que altera regras eleitorais

A cúpula  maior, voltada para cima, abriga o Plenário da Câmara dos Deputados.

A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a Proposta de Emenda à Constituição 125/11, que trata do adiamento das eleições em datas próximas a feriados, aprovou nesta segunda-feira (9) o relatório da deputada Renata Abreu. O texto original sofreu uma série de modificações ao longo de sua tramitação e propõe a alteração de uma série de dispositivos da legislação eleitoral.

O texto-base foi aprovado por 22 votos a 11. Na votação dos destaques, os deputados concordaram com um destaque do PCdoB que retira do texto a previsão do chamado distritão misto nas eleições seguintes para deputados federais, estaduais e vereadores. Nesse sistema, não há a necessidade de delimitar distritos eleitorais pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A própria unidade da Federação seria o distrito eleitoral.

Entre as mudanças aprovadas estão o distritão puro, com eleição do candidato mais votado sem levar em conta os votos do partido, como acontece hoje no sistema proporcional, para os cargos de deputados federais e estaduais nas próximas eleições, a volta das coligações partidárias e a adoção do chamado “voto preferencial” para presidente da República, governadores e prefeitos, a partir de 2024. Neste último item, o eleitor tem a possibilidade de indicar até cinco candidatos em ordem de preferência. Na apuração, serão contadas as opções dos eleitores até que algum candidato reúna a maioria absoluta dos votos para chefe do Executivo.

Mais de 100 mil escolas já receberam recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola

O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) já transferiu recursos para mais de 100 mil escolas públicas neste ano. Responsável pela execução do PDDE, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) repassou, desde o início de 2021, cerca de R$ 854 milhões a Unidades Executoras (UEx) de todo o país, em benefício de quase 32 milhões de alunos.

Os valores transferidos para cada unidade de ensino podem ser conferidos no Sistema de Liberação de Recursos do FNDE, disponível no portal eletrônico da autarquia. Para receberem recursos do PDDE Básico e das Ações Integradas ao programa, secretarias de educação e Unidades Executoras das escolas (associações de pais e mestres, conselhos escolares, entre outros) precisam estar com seus cadastros atualizados no sistema PDDEWeb, além de não apresentar pendências nas prestações de contas de anos anteriores.

Em caso de dúvidas, o gestor educacional pode acessar o Passo a passo para atualização cadastral, que contém detalhes sobre a utilização da plataforma e a inserção de dados no sistema. Também está disponível, no canal do FNDE no Youtube, o vídeo integral da capacitação sobre o PDDEWeb, realizada no primeiro semestre deste ano.

Por que o mercado de imóveis de luxo está aquecido no Brasil?

A pandemia de covid-19, especialmente devido às medidas de isolamento e de distanciamento social, fez com que pessoas de todo o mundo percebessem que seus imóveis – casas ou apartamentos – tinham um papel fundamental em suas vidas.

Essa é uma das razões pelas quais o mercado imobiliário foi um dos únicos setores da economia brasileira que não sofreu com a crise causada pela pandemia. Muito pelo contrário: de acordo com dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o setor cresceu 26% em 2020.

“O cenário foi impactado positivamente pelas mudanças de comportamento dos consumidores de imóveis, que se viram diante de novas situações e, com isso, passaram a ter novas necessidades e preferências”, explica Rafael Scodelario, especialista do mercado imobiliário e dono da Escodelar Inteligência Imobiliária.

E esses impactos positivos puderam ser sentidos, também, no mercado de imóveis de luxo. Com a alta procura por mais conforto e qualidade de vida, as unidades de alto padrão apresentaram aumentos consideráveis em seus valores. Algumas cidades do Brasil, como São Paulo, chegaram a registrar aumentos de quase 100% no valor do metro quadrado em alguns bairros.

Entretanto, esse cenário não é exclusivo de grandes centros. “Com as restrições de isolamento e de distanciamento social, as pessoas se viram diante de um novo cenário. O trabalho remoto foi, também, um dos responsáveis pelas mudanças nas preferências dos consumidores de imóveis. Se antes cidades grandes como São Paulo eram as mais procuradas, agora, com o home office, as famílias estão buscando imóveis afastados dos grandes centros, especialmente porque buscam mais qualidade de vida e segurança”, aponta Scodelario.

Esse contexto fez com que o mercado de imóveis de luxo avançasse rapidamente no Brasil. De acordo com a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), a melhora na comercialização de imóveis de médio e alto padrão garantiu ao setor, no último ano, o melhor resultado em vendas desde 2014.

As mudanças nas preferências e nos comportamentos dos consumidores são determinantes, também, para os investidores do mercado imobiliário.

“O investimento em imóveis é seguro e um dos mais conhecidos entre os brasileiros. Agora, é preciso considerar ainda, o crescimento do setor de alto padrão, que atrai diversos investidores que estão focados na valorização constante desses imóveis”, explica Scodelario.

______________________________________________________________

Rafael Scodelario é corretor de imóveis de luxo e empresário no ramo imobiliário. Dono da Escodelar Inteligência Imobiliária, com sede em São Paulo e na Flórida, tem quase 50 corretores associados e uma carteira com mais de 6 mil imóveis à venda e para locação.

Pernambuco recebe novo lote com 129,8 mil doses de vacinas da Pfizer

Pernambuco recebeu, na madrugada desta terça-feira (10.08), um novo lote de vacinas contra Covid-19, dessa vez, da Pfizer/BioNTech. O voo trazendo as 129.870 doses chegou ao Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes – Gilberto Freyre às 01h40. Na manhã desta segunda-feira (09.08), já haviam sido recebidas 62 mil doses da Coronavac/Butantan.

Os dois lotes de imunizantes foram entregues para checagem e armazenamento na sede do Programa Estadual de Imunização (PNI-PE), e serão distribuídos ainda na manhã desta terça-feira às 12 Gerências Regionais de Saúde (GERES), onde ficam à disposição dos gestores municipais.

“Estamos procurando ampliar ao máximo o alcance da população à imunização, para mantermos a curva descendente de adoecimento que tem sido constatada a partir da redução da procura por leitos na rede estadual de saúde. Mas é preciso a colaboração de todos nesse esforço. Se chegou sua vez de se vacinar, seja com a primeira ou a segunda dose, procure o posto de saúde”, alertou o governador Paulo Câmara.

Os imunizantes da Pfizer recebidos hoje deverão ser destinados exclusivamente à aplicação da primeira dose na população. Já os da Coronavac vão servir para iniciar os esquemas vacinais e também para aplicação da segunda dose. “Com essas novas remessas chegamos a quase um milhão de doses disponibilizadas aos municípios pernambucanos apenas neste mês de agosto. Esse incremento é essencial para avançarmos ainda mais na proteção dos pernambucanos”, frisou o secretário estadual de Saúde, André Longo.

Desde o início da campanha de vacinação, em 18 de janeiro, 7.961.100 doses já foram disponibilizadas aos pernambucanos, sendo 3.738.520 da Astrazeneca/Oxford/Fiocruz, 2.691.960 da Coronavac/Butantan, 1.358.370 da Pfizer/BioNTech e 172.250 da Janssen.

Seleção de estágio 2021 | MPT tem 487 inscrições homologadas

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco divulgou na última sexta-feira (06) a lista definitiva de inscrições homologadas para a seleção de estágio 2021 do órgão ministerial. A relação completa com o nome dos candidatos aptos a participar da seleção pode ser acessada na Página do Candidato. A próxima etapa do concurso será a aplicação das provas.

Os inscritos para as vagas de Direito em Caruaru e em Petrolina, Jornalismo, Secretariado e Tecnologia da Informação (TI) realizam prova no dia 12.08. Já os candidatos do curso de Direito no Recife fazem prova no dia seguinte, 13.08.

Ao todo, foram deferidas 487 inscrições. Devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus (Covid-19), o processo seletivo será realizado em ambiente virtual. O link de acesso a sala virtual será encaminhado por correio eletrônico com a especificação da data e horário pré-definidos. Para realizar a prova, o candidato precisa ter um computador desktop ou notebook com acesso à Internet; utilizar, preferencialmente, o sistema operacional Windows 10; ter instalado e saber operar os navegadores de Internet descritos no edital; e possuir microfone, alto-falantes e câmera integrados ou instalados à máquina.

ONU: relatório sobre clima é “alerta vermelho”

Secretário-geral da  ONU, António Guterres

O relatório sobre o clima, publicado hoje (9) pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), é um “alerta vermelho” que deve fazer soar os alarmes sobre as energias fósseis que “destroem o planeta”. A afirmação foi feita pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

O relatório mostra uma avaliação científica dos últimos sete anos e “deve significar o fim do uso do carvão e dos combustíveis fósseis, antes que destruam o planeta”, afirmou Guterres em comunicado.

O secretário pede que nenhuma central de carvão seja construída depois de 2021. “Os países também devem acabar com novas explorações e produção de combustíveis fósseis, transferindo os recursos desses combustíveis para a energia renovável”, acrescentou Guterres.

O relatório estima que o limiar do aquecimento global (de + 1,5° centígrados), em comparação com o da era pré-industrial, vai ser atingido em 2030, dez anos antes do que tinha sido projetado anteriormente, “ameaçando a humanidade com novos desastres sem precedentes”.

“Trata-se de um alerta vermelho para a humanidade”, disse António Guterres. “Os alarmes são ensurdecedores: as emissões de gases de efeito estufa provocadas por combustíveis fósseis e o desmatamento estão sufocando o nosso planeta”, disse o secretário.

No mesmo documento, ele pede igualmente aos dirigentes mundiais, que se vão reunir na Conferência do Clima (COP26) em Glasgow, na Escócia, no próximo mês de novembro, que alcancem “sucessos” na redução das emissões de gases de efeito estufa.

“Se unirmos forças agora, podemos evitar a catástrofe climática. Mas, como o relatório de hoje indica claramente, não há tempo e não há lugar para desculpas”, apelou Guterres.

Relatório
De acordo com o documento do IPCC, a temperatura global subirá 2,7 graus em 2100, se se mantiver o atual ritmo de emissões de gases de efeito estufa. No novo relatório, que saiu com atraso de meses devido à pandemia de covid-19, o painel considera vários cenários, dependendo do nível de emissões que se alcance.

Manter a atual situação, em que a temperatura global é, em média, 1,1 graus mais alta que no período pré-industrial (1850-1900), não seria suficiente: os cientistas preveem que, dessa forma, se alcançaria um aumento de 1,5 graus em 2040, de 2 graus em 2060 e de 2,7 em 2100.

Esse aumento, que acarretaria mais acontecimentos climáticos extremos, como secas, inundações e ondas de calor, está longe do objetivo de reduzir para menos de 2 graus, fixado no Acordo de Paris, tratado no âmbito das nações, que fixa a redução de emissão de gases de efeito estufa a partir de 2020, impondo como limite de subida 1,5 graus centígrados.

O estudo da principal organização que estuda as alterações climáticas, elaborado por 234 autores de 66 países, foi o primeiro a ser revisto e aprovado por videoconferência.

Os peritos reconhecem que a redução de emissões não terá efeitos visíveis na temperatura global até que se passem duas décadas, ainda que os benefícios para a contaminação atmosférica possam ser notados em poucos anos.

Agência Brasil explica: vacina da UFMG pode ser usada como reforço

Vaincação contra covid - Vacina Astrazeneca - Centro de Saúde n°13, 23/07/2021 Fotos: Myke Sena/MS

Será necessário se vacinar todo ano contra a covid-19? Quem tomou duas doses precisará de um reforço? As variantes vão exigir novas vacinas? Essas perguntas continuam sem uma resposta definitiva da comunidade científica, mas pesquisadores brasileiros já trabalham em novos projetos de vacinas que poderão suprir possíveis demandas futuras e dar maior independência ao país para manter sua população imunizada.

É o caso da vacina SpiN-Tec contra a covid-19, que teve seu pedido de testes em humanos protocolado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no fim de julho, por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A vacina começou a ser desenvolvida em março do ano passado pelo CTVacinas da UFMG, em parceria com a Fiocruz Minas, e recebeu apoio do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações. Como o Brasil já encomendou mais de 600 milhões doses de outras vacinas contra covid-19 para o ano de 2021, a conclusão dos testes da SpiNtec, em 2022, deve ocorrer com a população já amplamente vacinada. Mesmo assim, a pesquisa segue com a perspectiva de que a vacina mineira possa ser usada como reforço para pessoas já imunizadas.

Dose de reforço

Um dos pesquisadores responsáveis pela SpiN-Tec, o professor Flávio da Fonseca explicou, em entrevista coletiva no início deste mês, que os testes em humanos vão buscar calibrar um esquema de doses para que a vacina seja aplicada em quem já se vacinou.

Nos testes em laboratório, em animais, os pesquisadores usaram um esquema de duas doses, com intervalo de 21 dias, mas, para os estudos clínicos, haverá a avaliação se uma dose basta para reforçar a imunização.

Outra preocupação dos pesquisadores ao planejar o desenvolvimento da vacina foi com as mutações do novo coronavírus. Desde o início da pandemia, já foram identificadas inúmeras novas cepas do SARS-CoV-2, entre elas as variantes de preocupação Alfa, Beta, Gama e Delta, mais transmissíveis e com possíveis impactos na efetividade das vacinas.

Integrante da equipe de pesquisadores, Santuza Teixeira esclareceu que é impossível fazer uma previsão de efetividade contra as variantes. A cientista explicou que uma das estratégias para enfrentar esse problema foi escolher uma proteína viral que tem sofrido menos mutações para compor a combinação de proteínas contida na vacina.

Sempre que os vírus se multiplicam, eles podem sofrer mudanças em sua estrutura. Quando essas alterações passam a representar uma vantagem na replicação, essa nova estrutura tende a se multiplicar mais que as outras, tornando-se dominante. Foi isso o que ocorreu no Brasil com a disseminação da variante Gama (P.1), no início de 2021, e novamente pode ocorrer com a variante Delta.

Como nossas células de defesa são produzidas “sob medida” para atacar formas específicas do vírus, essas mudanças, em alguns casos, também podem permitir que o microorganismo escape. Por isso, a escolha de uma proteína mais estável, como a proteína N, é uma estratégia para minimizar esse risco.

Proteína recombinante

A plataforma tecnológica da SpiN-Tec é chamada de proteína recombinante e difere das quatro vacinas contra covid-19 usadas no Brasil até o momento. Para produzir a vacina da UFMG, os pesquisadores desenvolveram um processo em que informações genéticas do novo coronavírus são inseridas em uma bactéria E.coli, e essa, por sua vez, produz uma proteína fusionada, uma mistura com pedaços das proteínas S e N.

A proteína S tem sido o principal alvo das vacinas genéticas contra a covid-19, sejam elas de RNAm (Pfizer/BioNTec) ou vetor viral (AstraZeneca e Janssen), por despertar uma forte resposta do corpo humano. A pesquisa da SpiN-Tec aproveitou esse potencial e o combinou ao da proteína N, que é menos propensa a mutações e também estimula a produção de anticorpos no organismo humano. Por isso, o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) dessa vacina usa as duas proteínas na mistura proteica chamada pelos cientistas de proteína quimérica ou “quimera”. O nome é uma referência ao monstro da mitologia grega que tinha o corpo formado por partes de diferentes animais, como cabeça de leão e cauda de serpente.

O projeto com a tecnologia de proteína recombinante foi o escolhido pelos pesquisadores, entre outras opções pensadas ao longo da pesquisa. Os motivos foram as razões citadas e também os resultados positivos verificados em testes com animais. Além disso, os pesquisadores ressaltam que o custo dessa tecnologia é menor se comparado a plataformas como as de vetor viral ou RNA.

Testes

Quando houver aprovação da Anvisa, os testes dos pesquisadores em humanos vão começar pelas fases 1 e 2, em que conclusões importantes sobre eventos adversos e esquema de dose são avaliadas. Na fase 1, serão recrutados 40 voluntários, e na 2, entre 150 e 300. Como a vacina deve ser utilizada como dose de reforço, os participantes do estudo precisarão ter sido imunizados com as duas doses da CoronaVac há, no mínimo, seis meses.

As fases 1 e 2 de testes clínicos contam com recursos da prefeitura de Belo Horizonte, que vai repassar R$ 30 milhões até o fim do ano, e de emendas parlamentares, que viabilizaram mais R$ 3 milhões.

Apesar de o pedido para a realização dos testes já ter sido entregue à Anvisa no último dia 30, a agência ainda não havia recebido até semana passada o Dossiê Específico de Ensaio Clínico (DEEC), que é o protocolo clínico do estudo, propriamente dito. A Anvisa afirma que já começou a análise, mas precisa desse documento para concluí-la.

Procurada pela Agência Brasil, a UFMG informou que todas as exigências da Anvisa estão sendo cumpridas. “Nesse processo, é natural que alguns documentos não sejam entregues ao mesmo tempo e que sejam acrescidos à solicitação inicial ao longo de todo o procedimento”, diz nota divulgada à imprensa.

O ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para as doses que serão usadas nas duas primeiras fases de testes clínicos já está em produção na Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos. Segundo a UFMG, não há empresa que desenvolva esse tipo de material no Brasil. Os lotes-piloto do insumo, contendo as proteínas quiméricas, devem chegar ao país em setembro, quando está previsto o início dos testes clínicos.

As fases 1 e 2 devem ter duração de três a quatro meses, com conclusão prevista para os primeiros meses de 2022. Caso sejam bem-sucedidas, um novo pedido de autorização deverá ser feito à Anvisa para os testes de fase 3, em que é calculada a eficácia da vacina em um estudo com número maior de voluntários.

Mais ampla, essa etapa pode demandar investimento de R$ 300 milhões. Segundo a universidade mineira, no entanto, a necessidade de recursos ainda está sendo dimensionada, porque, como a vacina será usada como dose de reforço, a abrangência da fase 3 ainda está sendo examinada pelos pesquisadores da UFMG e os técnicos da Anvisa.