Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), sinalizaram neste domingo, em entrevista à estreante CNBB Brasil, desconforto com os atos e o comportamento de Bolsonaro.
“Convidar para ato contra poderes é confrontar a democracia”, disse Davi. “Eles continuam ainda processando como se estivéssemos em um processo eleitoral. A eleição acabou. Não são só os brasileiros que votaram no candidato A ou no candidato B que estão aguardando respostas, são todos os brasileiros que esperam do governo e do Parlamento as respostas que são urgentes para a sociedade”, destacou o senador. Para Rodrigo Maia, a relação entre o Legislativo e o Executivo federais é prejudicada por apoiadores radicais do presidente, que usam as redes sociais para “contaminar o ambiente”.
Agenda econômica
O momento para os ataques ao Parlamento não poderia ser pior: provavelmente hoje o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciará medidas de incentivo para tentar conter os danos econômicos causados pelo novo coronavírus, em resposta a cobranças feitas pelo próprio Congresso e pelo mercado financeiro. Várias dessas iniciativas, certamente, precisarão do aval dos parlamentares.
Para os congressistas, Bolsonaro não está interessado em aprovar uma agenda econômica. Seu interesse real, suspeita-se, é a ruptura democrática.
“As manifestações hoje demonstram que o presidente está cada vez mais encurralado num pequeno gueto de radicais extremistas. O que havia de bom senso no entorno do presidente já perdeu as esperanças. Penso que ele passou dos limites. Um presidente não pode solidarizar-se com uma manifestação que carrega faixas pelo fechamento do Congresso e do STF. Se estivesse preocupado com a agenda econômica, Bolsonaro estaria procurando unir o povo em torno dela e não dividindo o povo em torno de pautas antidemocráticas e secundárias”, disse ao Congresso em Foco o deputado Marcelo Ramos (PL-AM).
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O presidente do Supremo, Dias Toffoli, limitou-se, por meio de sua assessoria, a repetir a mensagem que já divulgara em fevereiro, após a notícia de que Bolsonaro havia compartilhado pelo Whatsapp vídeo convocando pessoas para os protestos contra o STF e o Congresso.
“Não existe democracia sem um Parlamento atuante, um Judiciário independente e um Executivo já legitimado pelo voto. O Brasil não pode conviver com um clima de disputa permanente. É preciso paz para construir o futuro. A convivência harmônica entre todos é o que constrói uma grande nação”, repetiu o ministro.