A demora do governo em envolver outras instâncias no credenciamento e no pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 a mais de 100 milhões de pessoas que solicitaram o benefício amplia as preocupações da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) quanto ao atendimento à população. Segundo o Executivo, os Correios devem começar a atuar no cadastro dos beneficiários só a partir de junho; ou seja, no terceiro mês de concessão do auxílio e faltando 30 dias para o encerramento do prazo para cadastramento, que termina em 3 de julho.
A participação de outros órgãos e instituições no processo de cadastramento e a descentralização do pagamento do auxílio emergencial — pago a mais de 60 milhões de pessoas — têm sido uma das principais reivindicações da Fenae e de outras entidades sindicais. Elas defendem que tais medidas são imprescindíveis para a garantia de assistência adequada à sociedade e para a preservação da saúde dos milhares de beneficiários como também de aproximadamente 50 mil bancários da Caixa à frente deste atendimento essencial à população.
“É impressionante a desorganização e a ineficiência desse governo. Somente no terceiro mês de concessão do auxílio e depois dos tumultos a que a população e os empregados da Caixa Econômica foram submetidos é que o governo prevê a possível participação dos Correios no processo de cadastramento dos beneficiários”, destaca o presidente da Fenae, Sérgio Takemoto. O dirigente observa que a eventual participação dos Correios na concessão do auxílio foi anunciada diferentes vezes: quando o benefício foi instituído, na primeira semana de abril, e no dia 7 deste mês. “Mas, até agora, o credenciamento continua centralizado no Dataprev e o pagamento do benefício, na Caixa”, acrescenta.
Segundo nota divulgada pelos Correios na última sexta-feira (22), não há data definida para o início da prestação de apoio das agências postais no cadastramento do auxílio emergencial. Conforme a empresa, “as agências estão em processo de adaptação dos sistemas para realização do serviço”.
SEM PLANEJAMENTO E AÇÕES COORDENADAS — Na avaliação do presidente da Fenae, continua faltando planejamento por parte do governo, além de ações coordenadas em nível nacional. “Fizemos diversas reivindicações à direção da Caixa e a outros órgãos do Executivo — inclusive, ao ex-ministro da Saúde, Nelson Teich — solicitando que medidas efetivas fossem tomadas em proteção à saúde das pessoas e dos bancários; principalmente, a descentralização do pagamento do auxílio emergencial e a realização de uma ampla e efetiva campanha de informação à sociedade”, ressalta Takemoto.
A Fenae e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) ainda enviaram ofício ao governador da Bahia, Rui Costa, presidente do Consórcio do Nordeste. No documento, as entidades pedem apoio aos nove governadores da região para auxílio no credenciamento da população ao auxílio emergencial como também para a organização de filas e aglomerações que foram registradas em agências da Caixa de todo o país, desde o início da concessão do benefício.
“Sempre avaliamos que haveria um grande contingente de pessoas a demandar o auxílio e que não seria possível somente a Caixa ser responsável por fazer todo esse atendimento”, afirma Takemoto, ao destacar que os 101,2 milhões de cadastros já processados pelo Dataprev correspondem à metade da população brasileira.