A Banda Liberdade, composta por 12 adolescentes do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Abreu e Lima, fez o pré-lançamento de seu primeiro CD durante apresentação realizada na última sexta-feira (5), na Faculdade Facigma, no Recife. O álbum, de cunho social e sem fins lucrativos, está na fase de pós-produção. O CD contém a interpretação de 12 músicas de artistas e grupos consagrados, como “Evidências” (Chitãozinho & Xororó, 1990), “Espumas ao Vento” (Fagner, 1997) e “Xote dos Milagres” (Falamansa, 2000). O trabalho é um convite para que o público conheça mais uma iniciativa desenvolvida nas unidades socioeducativas.
As gravações ocorreram no Studio 855, no bairro do Ibura. Usando um uniforme com a frase “Alguém acreditou em mim”, os socioeducandos se revezaram no vocal, na zabumba, no triângulo, no ganzá e na pandeirola. O agente socioeducativo Artur Silva, idealizador do projeto, toca teclado e canta. O professor de matemática Clóvis Benvindo toca o contrabaixo. Ambos são funcionários do Case Abreu e Lima e conduzem a iniciativa voluntariamente. A ação surgiu em agosto de 2016, no formato de oficinas de música ministradas na unidade. Com o tempo, os socioeducandos aprenderam a tocar os instrumentos, o que viabilizou a criação da banda.
“A grande virtude é conseguir melhorar o progresso dos adolescentes. A gente nota que isso reflete no comportamento nas alas da unidade, no respeito que eles têm e obtêm dos outros”, avalia Artur, que se dedica aos ensaios com os socioeducandos nos dias de folga. Do mesmo modo, o professor Clóvis Benvindo concilia a participação na banda com os dias em que leciona na Escola Estadual Pastor Amaro de Sena, que tem uma unidade anexa no Case. “A sociedade, por vezes, empurra esses meninos para a rejeição, mas quando você convive com eles, vê que há um futuro. Eles aprendem a ter disciplina, compromisso e parceria”, diz o professor.
A atual composição da banda é de adolescentes e jovens entre 16 e 18 anos. Um deles, T.N., de 17 anos, saiu do Case Abreu e Lima há um mês, mas continua frequentando os ensaios e se apresentando com o grupo. Outro integrante é D.M.S., de 16 anos, que ainda está na unidade. “Tem gente que passa e diz: Esse menino é da Funase. Quase ninguém acredita na gente. Mas Artur e o pessoal da unidade acreditaram”, relata. Outro colega de grupo, E.A., de 17 anos, diz estar se surpreendendo com o aprendizado que vem obtendo dentro da Funase. “Eu faço cursos lá na unidade e estou na banda. Tem sido tranquilo. Tenho consciência de que é uma oportunidade que a gente está abraçando, algo que apareceu e que não pode ser jogado fora”, afirma o adolescente, que toca ganzá.
Para o coordenador geral do Case Abreu e Lima, Abinoan Barboza, ver que um projeto como esse está se desenvolvendo dentro da unidade é um reflexo das ações transformadoras que têm sido realizadas no local. “Somos pessoas como qualquer um desses meninos. Estamos cuidando de pessoas. A banda é um grande suporte. Vários meninos que já passaram pelo grupo saem em progressão de medida concedida pela Justiça e estão caminhando de uma maneira honrada lá fora”, avalia.