O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) foi preso preventivamente (por tempo indeterminado) na manhã desta terça-feira (19), em Curitiba, acusado de desviar dinheiro que deveria ser usado na construção de escolas. Esta é a terceira prisão de Richa nos últimos seis meses. Nas duas vezes anteriores ele foi solto por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A ação é desdobramento da Operação Quadro Negro, que apura desvios de R$ 20 milhões na área da educação. Na semana passada o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, concedeu habeas corpus ao tucano. Mas o salvo-conduto vale apenas para investigações decorrentes da Operação Lava Jato.
As apurações que levaram Richa à prisão nesta terça são baseadas em delação do empresário Eduardo Lopes, dono da construtora Valor. Segundo ele, a empreiteira recebeu quase R$ 20 milhões por construções que não foram iniciadas ou concluídas. De acordo com o delator, relatórios fraudulentos da Secretaria de Educação apontavam que as obras estavam em andamento. O ex-governador, conforme Lopes, era um dos beneficiários do esquema.
Também em delação premiada, um ex-diretor da Secretaria de Educação afirmou que a propina irrigou campanhas eleitorais de Beto Richa entre 2002 e 2015 e custeou despesas pessoais do ex-governador, inclusive a compra de um apartamento.
Além do tucano, também foram presos o empresário Jorge Atherino, apontado pelo Ministério Público como operador financeiro de Richa, e Ezequias Moreira, ex-secretário especial de Cerimonial e Relações Exteriores do Paraná. A polícia cumpre, ainda, mandados de busca e apreensão em imóveis do ex-governador no Paraná e em Santa Catarina.
Preso em janeiro na 58ª fase da Lava Jato, Richa foi solto uma semana depois por decisão do ministro João Otávio de Noronha, do STJ. Nesse caso ele é acusado de irregularidades na concessão de rodovias do Paraná. A primeira prisão dele ocorreu em setembro do ano passado na Operação Patrulha do Campo. Na época ele era candidato a senador e foi solto por determinação de Gilmar Mendes, que considerou que houve abuso e “indicativos de decisão política” na prisão. O tucano continuou na disputa, mas não conseguiu se eleger.