Bloco de carnaval Volta, Belchior homenageia artista cearense em BH

Leo Rodrigues – Correspondente da Agência Brasil

 

 

Cerca de mil pessoas com bigodes postiços ou verdadeiros homenagearam Belchior em Belo Horizonte
 

O bloco de carnaval Volta, Belchior mobilizou na tarde de hoje (1º), em Belo Horizonte uma legião de fãs para homenagear o músico cearense. Cerca de mil pessoas, muitas dela portando bigodes verdadeiros e postiços, se reuniram no mercado distrital do bairro Cruzeiro para cantar sucessos como Apenas um rapaz latino-americano,Velha roupa colorida e Como nossos pais.

O evento, com entrada gratuita, foi o segundo organizado pelo bloco desde a morte de Belchior. O músico morreu na madrugada de ontem (30), aos 70 anos, e já à noite os fãs em Belo Horizonte lotaram o espaço Santa Praça, no bairro Santa Tereza.

“Logo que tomamos conhecimento da morte, começamos a nos mobilizar para realizar as homenagens. Nos dois eventos, contamos com cerca de mil pessoas. São os mais fanáticos pelo músico. Foi a forma que encontramos para nos despedirmos e lembrarmos de suas canções nesse momento triste”, disse o jornalista Kerison Lopes, um dos idealizadores do bloco.

Volta, Belchior se apresentou pela primeira vez no carnaval da capital mineira deste ano. O desfile mobilizou cerca de 20 mil foliões, conforme os organizadores. Kerison informou que todos os eventos que o bloco realiza ficam cheios. “Depois que reunimos uma turma de amigos e organizamos o Volta, Belchior, descobrimos uma legião de fãs do músico que sempre nos acompanha”.

O jornalista destacou o legado de coerência deixado por Belchior. “Inclusive o sumiço dele foi um rompimento com a sociedade. Ele nunca se dobrou à indústria cultural e às gravadoras. Era um contestador. E pode ser considerado o filósofo da música brasileira. Cada verso que ele escreveu tem um significado e uma força poética única.”

Responsabilidade

Os organizadores acreditam que o bloco existirá por muitos anos e assumirá agora a grande responsabilidade de levar as músicas de Belchior para futuras gerações que não terão a oportunidade de conhecê-lo. A bateria, apelidada de Alucinação, está aberta a novos adeptos. Os interessados em participar do carnaval de 2018 deverão participar dos ensaios e oficinas que começam em junho.

“Algumas pessoas até sugeriram mudar o nome para Voa, Belchior ou Viva Belchior, mas acredito que não vamos mudar. Já consolidou o nome. E é apenas uma retórica. Na verdade, nunca defendemos a volta dele, por entender que ele tinha o direito de desaparecer. O importante é divulgar a obra e reverenciar seu legado. Acredito que o bloco tende a crescer. A gente já observa que, com a morte dele, aumentou muito a busca por suas músicas e sua obra”, concluiu Kerison.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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