Onze anos depois, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) repetiu nesta terça-feira (9) uma ofensa feita a uma colega parlamentar. Como fez em 2003 em frente às câmeras da Rede TV, ela agora usou a tribuna da Câmara dos Deputados para dizer novamente que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS), ex-ministra dos Direitos Humanos, porque ela “não merece”.
“Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Fique aí, Maria do Rosário. Há poucos dias você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não a estuprava porque você não merece. Fique aqui para ouvir”, disparou o deputado no início da tarde de hoje. Ele discursou logo após a petista no pequeno expediente da Câmara, onde as intervenções são de, no máximo, cinco minutos.
Maria do Rosário tinha feito menção ao Dia Internacional dos Direitos Humanos e à divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, ambos amanhã (10). A petista fez referência à ditadura militar – “vergonha absoluta” na história brasileira – e criticou os manifestantes que pedem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e defendem a intervenção militar no país.
“Eu quero me somar àqueles que se indignam na sua alma contra as manifestações que não toleram a vida democrática do país e que vão às ruas com cartazes. São poucos, na verdade, mas deveriam ter consciência do escárnio que promovem indo às ruas pedir a ditadura, pedir o autoritarismo e o impeachment. Ora, são figuras de linguagem desvalidas porque colocadas no pior lixo da história”, disse a petista.
Logo após, Bolsonaro subiu à tribuna e repetiu o ataque à deputada gaúcha. E ainda partiu para cima da presidenta Dilma Rousseff e do PT. “A Maria do Rosário saiu daqui agora correndo. Por que não falou da sua chefe, Dilma Rousseff, cujo primeiro marido sequestrou um avião e foi para Cuba e participou da execução do major alemão? O segundo marido confessou publicamente que expropriava bancos, roubava bancos, pegava armas em quarteis e assaltava caminhões de carga na Baixada Fluminense. Por que não fala isso?”, afirmou.
Os mandatos de Bolsonaro são marcados por declarações consideradas preconceituosas por integrantes de movimentos de direitos humanos. Sofreu processos na Corregedoria da Câmara, mas nunca teve punição maior do que censura por escrito. No início do ano, por exemplo, ele causou tumulto na sessão da Câmara sobre os 50 anos do golpe. Ele levou uma faixa exaltando o regime militar após ter negado pela Casa o pedido de homenagear a ditadura que começou em 1964 e foi até 1985.