O candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) concedeu uma entrevista com arroubos de raiva depois do debate da Globo. A coletiva terminou com o presidente batendo na mesa.
Conforme as perguntas ocorriam, a ira do presidente aumentava, de tal maneira que Fabio Wajngarten, responsável pela área de comunicação da campanha, teve sua entrevista interrompida porque um assessor chegou correndo e pedindo em tom alarmado: “Tira ele de lá”. As informações são do portal UOL.
Retirado por assessores. Bolsonaro teve a reação de bater na mesa ao ser perguntado sobre o ato de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Complexo de Alemão.
O repórter da Folha de S.Paulo informou que toda a imprensa carioca sabe que o organizador da visita é um comunicador conhecido e sem envolvimento com o tráfico, como o presidente sugere. Ao ouvir esta frase, Bolsonaro reagiu aos berros.
“Você tem moral para me chamar de mentiroso?”, questionou.
A frase foi seguida de uma batida na mesa. Os dois passaram a falar ao mesmo tempo enquanto assessores do presidente tentavam interromper a cena. O senador eleito Sergio Moro (União-PR) deu um cutucão no braço do presidente e falou “calma”.
O ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid foi muito mais decidido. Ele entrou em cena e arrastou Bolsonaro para fora do palco. Ao mesmo tempo, auxiliares corriam na direção de Wajngarten pedindo ajuda.
“Sou presidente da República. Candidato eu era lá dentro.” O primeiro momento de irritação do presidente já ocorreu quando a assessora da Rede Globo avisou, no microfone, que faltava apenas 1 minuto para a conclusão do tempo combinado com a empresa.
“Candidato, o senhor tem um minuto”, disse, por protocolo —o que desagradou o atual presidente. Sou candidato ou sou presidente? Se for candidato eu vou embora.
“Eu sou candidato, eu vou embora. Então, por favor. Eu sou presidente da República. Candidato eu era lá dentro”, Jair Bolsonaro, presidente e candidato à reeleição.
Ele também se recusou a deixar o púlpito quando informado que o tempo havia acabado, mesmo sendo chamado de “presidente” pela assessora.
“Não, não, não. Eu vou continuar falando aqui. Pera aí, por favor, eu sou educado pra caramba. Se achar que está ruim, eu vou embora. Eu quero continuar falando. Eu falo com vocês 1 hora, não cortem meu raciocínio”, disse Bolsonaro.
O tempo de 10 minutos após o debate é estabelecido em comum acordo entre as duas candidaturas e pode ou não ser usado totalmente, mas tem de ser disponibilizado igualitariamente, um pré-requisito da Legislação Eleitoral.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo, abriu mão do seu tempo e deu lugar ao candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), que não deu entrevista, apenas fez um pronunciamento sobre a transferência do traficante Marcola.
“Não falo espanhol e nem portunhol”, disse Bolsonaro a jornalista português. Na coletiva, o candidato do PL foi questionado por um jornalista da ATP, de Portugal, sobre a imagem do Brasil no exterior, mas disse não entender a pergunta. O repórter se ofereceu para repetir a pergunta, mas o presidente negou. “Eu não falo portunhol”, rebateu o jornalista, que havia feito a pergunta em português.
Wagner Gil
Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.