O tabagismo é reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco. Atualmente, 1,3 bilhão de pessoas fazem uso de produtos derivados do tabaco, e as consequências dessa prática são devastadoras. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, sendo mais de 7 milhões fumantes ativos e 1,3 milhão são não fumantes expostos ao fumo passivo. Nas Américas, 1 milhão de mortes anuais estão diretamente relacionadas ao uso do tabaco.
Cada cigarro fumado reduz, em média, 20 minutos da expectativa de vida, revela um estudo da University College London. A pesquisa mostra que fumantes podem perder até 10 anos de vida em comparação com não fumantes. Além disso, o tabagismo está relacionado a diversos tipos de câncer, como o de pulmão, responsável por cerca de 90% das mortes por essa doença, além de outros como câncer de bexiga, pâncreas, fígado e esôfago. O tabaco é o único produto de consumo legal que pode matar até metade de seus usuários quando utilizado conforme as instruções do fabricante.
O pneumologista credenciado ao Cartão São Gabriel, Amaro Capistrano, esclarece os efeitos do cigarro no organismo e como eles influenciam no encurtamento da vida. Ele ressalta que os primeiros sinais começam a surgir após alguns meses de uso regular. “Os primeiros sinais do impacto do cigarro começam a surgir após cerca de dois ou três meses de uso regular, ou até mesmo em um ano. Se o uso for por apenas uma semana, é improvável que haja qualquer alteração perceptível na saúde. Contudo, após um ou dois meses, o cigarro começa a provocar inflamações nas vias aéreas, o que pode resultar no surgimento de sintomas como tosse ou pigarro, ainda de forma discreta. É importante ressaltar que isso se aplica aos cigarros convencionais”, afirma.
O especialista também destaca que, no caso dos cigarros eletrônicos, os efeitos tendem a surgir mais rapidamente. “A irritação das vias aéreas e sintomas como tosse e pigarro podem aparecer em um intervalo de tempo bem mais curto. Isso ocorre porque os dispositivos eletrônicos liberam substâncias que afetam diretamente a eficiência das vias brônquicas e respiratórias”, detalha. Além dos danos diretos aos fumantes, o tabagismo afeta milhões de pessoas indiretamente. O fumo passivo é responsável por 1,2 milhão de mortes anuais, muitas delas em crianças e indivíduos vulneráveis.
O pneumologista Amaro ainda esclarece que a estimativa de que cada cigarro encurta a vida em 20 minutos é uma média, que pode variar conforme o indivíduo e o tempo de uso. Ele enfatiza a importância de compreender os riscos desde o início. “Algumas pessoas perdem um pouco mais, outras um pouco menos de tempo. O que realmente não vale a pena é arriscar para saber exatamente quanto tempo cada cigarro fará você perder. Pense nisso: 20 minutos por cigarro. Agora, multiplique por um dia inteiro de consumo, e depois por toda uma vida de tabagismo. O resultado é alarmante, não apenas em termos de anos de vida perdidos, mas, principalmente, pela qualidade de vida comprometida. Não adianta viver mais 20 anos, mas com qualidade ruim, enfrentando doenças que vão prejudicar cada vez mais. Portanto, é fundamental buscar informações e procurar orientação com um profissional de saúde para entender os riscos, evitar o vício e preservar a qualidade de vida”, conclui.