Câncer infantil X câncer de adultos: Entender as diferenças facilita diagnóstico

O diagnóstico do câncer é uma notícia que afeta toda a família. O câncer infanto-juvenil é ainda mais delicado visto que o desconhecimento sobre a doença ainda é grande. Para conscientizar a população são comemorados o Dia Mundial Contra o Câncer (04) e o Dia Internacional da Luta Contra o Câncer na Infância (15). Neste ano a atenção se volta para a importância em conhecer a diferença entre o câncer infantil e os cânceres que afetam os adultos, já que segundo o Institucional Nacional do Câncer (INCA), mesmo com alto índice de cura, as neoplasias na infância são a segunda causa de morte em crianças e adolescente de 1 a 19 anos incompletos, perdendo apenas para causas externas como acidentes e homicídios.

O câncer ocorre quando há o crescimento desordenado de células do corpo humano, que invadem tecidos e órgãos. Esses tumores tendem a atingir as células que constituem os órgãos, causando câncer de mama, pulmão e próstata, por exemplo. Já os cânceres infantis frequentemente atingem o sistema hematopoiético (sanguíneo), o sistema nervoso central e os linfonodos. Os tipos mais comuns são a leucemia (câncer no sangue), os linfomas (câncer que atinge o sistema linfático) e os tumores cerebrais. Além desses, os tumores como o de Wilms, que acomete os rins, o neuroblastoma, e o retinoblastoma, um tumor ocular, são praticamente exclusivos de crianças e muito raros em adultos.

Além dos aspectos clínicos, o câncer em um adulto pode ocorrer a partir de uma mutação em resposta aos fatores ambientais, como fumar, não se exercitar e os hábitos alimentares. “Nas crianças e nos adolescentes, 90% dos casos são aleatórios, ou seja, sem nenhum fator de risco associado conhecido”, explica Dr. Cláudio Galvão de Castro Jr, Presidente da Sociedade Brasileira Oncologia Pediátrica (SOBOPE) e Chefe do Serviço de Oncologia e Hematologia Pediátricas do Hospital da Criança Santo Antônio.

Desconhecimento é o maior vilão

Uma pesquisa recente realizada pela SOBOPE, em parceria com a Bayer, em cinco capitais brasileiras (Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília), com 2.500 entrevistados, mostrou que 68% apontam de forma correta os tipos mais comuns de câncer na infância, mas ainda assim, para 45% dos entrevistados, o câncer que acomete crianças é igual ao que acomete adultos.

“Esse dado demonstra que uma fatia dos brasileiros ainda não tem um conhecimento mínimo sobre o câncer infanto-juvenil, além de estarem apegados a uma visão equivocada sobre essa doença. O câncer em crianças, mesmo muito agressivo, tem uma das maiores taxas de cura, chegando até a 75% de chance quando detectado precocemente. Isso porque o diagnóstico precoce proporciona uma resposta melhor aos tratamentos atuais”, complementa o especialista.

Somente em 2017, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou que até 12,6 mil crianças e adolescentes brasileiros pudessem ser acometidos pelo câncer infanto-juvenil. Para complementar as ações do Dia Internacional da Luta Contra o Câncer Infantil e detectar a doença precocemente, é preciso ficar atento aos sinais que, num primeiro momento, são similares ao de doenças comuns, mas que merecem um cuidado especial quando persistem. Entre os sinais que merecem atenção, o INCA destaca:

· Palidez, hematomas ou sangramentos, dores ósseas

· Caroços e Inchaços – Atenção redobrada se forem indolores e não apresentarem febre ou sinais de infecção

· Perda de peso inexplicável ou febre, tosse persistente ou falta de ar, suor noturno

· Alterações oculares – pupilas esbranquiçadas, estrabismo que surgiu há pouco tempo, perda visual, hematomas ou inchaços ao redor dos olhos

· Inchaço abdominal

· Dores de cabeças incomuns ou persistentes, acompanhada de vômito quando muito grave e que demonstra piora ao longo dos dias

· Dor em membros ou dor óssea, inchaço sem trauma ou sinal de infecção

· Fadiga, vontade de não fazer nada, se isolar

· Tontura, perda de equilíbrio ou coordenação

“Entendendo esses sintomas, os pais podem prestar uma atenção mais cuidadosa nas dores e reclamações de seus filhos, o que, em teoria, pode diminuir o tempo entre o primeiro sinal de alguma doença, seu diagnóstico e uma possível cura” finaliza o médico.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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