A Prefeitura de Caruaru, por meio da Fundação de Cultura (FCC), divulgou nesta terça-feira (5) o resultado final do II Edital do Registro do Patrimônio Vivo do município, referente a 2020 (a edição do ano anterior foi adiada por causa da pandemia). São eles: Banda de Pífanos Zé do Estado; Walmir Silva; Joana Angélica; Dona Maria do Bolo e Terezinha Gonzaga (esta última com o voto popular).
Puderam se inscrever pessoas físicas ou grupos, dotados ou não de constituição jurídica, desde que sem fins lucrativos e de natureza cultural, resultando na concessão de bolsas de incentivo financeiro por parte do Governo Municipal. Um dos requisitos para a seleção seria ser residente ou domiciliado em Caruaru e com atuação no município há mais de 20 anos no segmento cultural, contado da data do pedido de inscrição.
Quatro candidatos foram selecionados por uma comissão de análise formada por quatro membros – sendo dois representantes da Fundação de Cultura de Caruaru e dois do Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC); e um por meio de votação popular. As bolsas serão pagas mensalmente, sendo R$ 2 mil para grupo e R$ 1 mil para os demais.
I Edição
No I Registro de Patrimônio Vivo de Caruaru, o Mestre Luiz Antônio foi eleito por votação popular, e uma comissão especial de análise escolheu Azulão, Mestre Sebá, João do Pife e Boi Tira-Teima para ganharem, de forma vitalícia, uma bolsa de incentivo.
Sobre selecionados nesta edição
Terezinha Gonzaga – Mestra na arte do barro, Terezinha é artesã do Alto do Moura e defende com muito amor a manutenção da sua arte. Passou por grandes dificuldades na vida após o seu esposo ser acometido por um mal que o deixou até hoje em estado vegetativo. Criou sozinha seus filhos, mantendo-os dentro da arte do barro como maneira de salvaguardar o legado do seu esposo. Hoje, Terezinha é tida como uma grande líder dentro da comunidade, dando oportunidade e repassando a sabedoria da arte do barro para quem desejar seguir por este caminho.
Banda Zé do Estado – O grupo hoje conhecido como “Banda de Pífanos Zé do Estado” surgiu em meados da década de 20 no interior da Paraíba, por José Feliciano. Em meados da década de 50, buscando melhorias de vida, José se muda para Caruaru trazendo a esposa e 11 filhos, onde dos 11, apenas três se envolvem com o projeto. Mais tarde José Feliciano passa a trabalhar em uma repartição pública do estado no município de Caruaru, saindo daí o seu apelido de “Zé do Estado”. O grande diferencial da banda em relação a todas as outras bandas de pífanos é que desde sua formação sempre se tocou com apenas 1 pífano, acompanhado por concertina, pandeiro, caixa, prato e zabumba. Isso influencia o timbre, a estruturação da rítmica da banda e todo o modo de construir o ritmo. A Banda de Pífanos Zé do Estado já participou de grandes eventos pelo o mundo, viajou à europa e teve seu ápice ao se apresentar no Rock’n Rio 2017.
Walmir Silva – Nascido no Alto do Moura, José Antônio da Silva Filho, artisticamente conhecido como “Walmir Silva, (codinome escolhido pelo radialista Ivan Bulhões). Iniciou sua trajetória musical aos 8 anos de idade, quando aprendeu a tocar viola com seu pai. Seus primeiros discos gravados na década de 70, tiveram como responsáveis pela produção musical Pajeú e Raul Seixas, e o conjunto e regência de Jackson do Pandeiro, com quem fez apresentações por várias cidades brasileiras. Walmir tem em seu currículo a gravação de 18 LP’s em vinil, 02 compactos duplos em vinil e 02 cds. Já recebeu 02 discos de ouro e 03 de platina.
Joana Angélica – A cantora caruaruense gravou o primeiro disco em 1979 e fez parte da banda do Camarão durante 30 anos. Joana também já participou do grupo Karolinas com K, ao lado de Terezinha do Acordeon, Lourdes Silva e Maria Lafayete. Joana Angélica, que já foi homenageada do São João de Caruaru, passa hoje por dificuldades para se manter firme na sua arte devido a complicações causadas pela diabetes, que está fazendo com que ela perca sua visão.
Dona Maria do Bolo – Natural de Santa Maria do Cambucá, Dona Maria do Bolo é exemplo de dignidade e empreendedorismo. Chegou a Caruaru e trabalhou como doméstica, vendedora de frutas e faxineira no Colégio Diocesano – onde conheceu o saudoso Olímpio, pioneiro em buffet, e começou a trabalhar produzindo salgados e doces – atividade que a tornou conhecida e contribuiu com a criação de seus filhos. Dona Maria faz, na Rua 42 – nas Rendeiras, há mais de 15 anos, o “Maior Pé de Moleque do Mundo”.