Wagner Gil
O Disque-Denúncia Agreste informou, através de nota destinada à população que, desde o dia 1º de julho, última sexta-feira, passou a funcionar de forma reduzida, recebendo informações apenas durante o horário comercial. A mudança se fez necessária diante da impossibilidade de renovação da parceria com o Governo do Estado, através da Secretaria de Defesa Social, para o repasse de recurso financeiro indispensável para o funcionamento nos moldes atuais.
Em Caruaru há 14 anos, o Disque-Denúncia Agreste funcionava 24 horas por dia, sendo fundamental para ajudar a polícia a solucionar casos de morte, tráfico de drogas, violência domiciliar, além de roubos e fraudes no Poder Público. Com estrutura enxuta, o órgão empregava cerca de 12 pessoas, no máximo, todas comprometidas com o trabalho. “Mais do que simples funcionários, temos aqui uma equipe muito comprometida com a resolução dos fatos”, disse Alexandre César, coordenador do Disque-Denúncia.
Atualmente Caruaru vive batendo tristes recordes de violência. Nunca se matou tanto na cidade, como nos últimos anos. Em 2015, foram mais de 230 assassinatos, o maior de todos os tempos, inclusive superando o período que grupos de extermínio atuavam no município. Este ano já foram mortas 104 pessoas, até a tarde da última quinta-feira (30).
Além de ajudar a desvendar assassinatos, o Disque-Denúncia também contribui de forma significativa para o combate ao tráfico de drogas, principalmente em bairros nobres como o Maurício de Nassau, onde a Polícia Civil montou a Operação Classe A, que desvendou a comercialização de cocaína na alta sociedade. “Um dos maiores parceiros do combate ao crime é, sem sombras de dúvidas, o Disque-Denúncia. Agora com sua atuação reduzida, não apenas Caruaru, mas várias cidades do Agreste que o órgão era responsável serão prejudicadas”, disse um policial militar, que trabalha no setor de investigação e pediu para não revelar seu nome.
Na Câmara de Vereadores, o assunto repercutiu bastante. O presidente da Casa, Leonardo Chaves (PDT), lamentou o fato. “Nunca se matou tanto na cidade como nos dias de hoje. Além disso, a perturbação do sossego e reclamações nesse sentido são ampliadas no final de semana. Com essa redução, o órgão deixa de funcionar nos sábados e domingos e, com isso, a população perde um canal com as autoridades de muita importância”, disse Chaves.
Já Gilberto de Dora (PSDB), líder da oposição na Casa, bateu forte no governo de Paulo Câmara. “Esse governo está sem rumo. Caruaru está vivendo momentos críticos em sua segurança. Mais de dez viaturas estão quebradas e não são substituídas porque o Governo do Estado não está pagando à locadora que fornece os carros. Outro detalhe é o sucateamento da Civil, com as delegacias em péssimo estado de conservação. A sociedade não pode aceitar essa redução. Temos que lutar contra isso e pressionar o governador, que não trata Caruaru com a devida importância”, disparou.