Um novo Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado entre a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP/PE) e a Faculdade Arnaldo Janssen, com sede em Minas Gerais, viabilizou a realização do primeiro vestibular na Colônia Penal Feminina de Buíque (CPFB), localizada no Agreste do estado, primeira unidade prisional contemplada com o acordo.
A prova de redação foi aplicada para oito pessoas privadas de liberdade (PPLs), nesta terça-feira (04/02), na escola da CPFB, com o tema “A conversa entre amigos e familiares foi substituída pelas redes sociais”. Das oito PPLs que participaram do processo seletivo, sete pretendem ingressar em Administração de Empresas e uma em Ciências Contábeis. O objetivo do ACT, que contempla todo o sistema prisional, é viabilizar às pessoas em privação de liberdade a oportunidade de concluírem o ensino superior visando seu crescimento intelectual, o acesso ao mercado de trabalho e a reinserção na sociedade.
Os cursos funcionam no formato ensino a distância e possuem carga horária de até quatro horas diárias de segunda a sexta-feira. O secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, Paulo Paes, fala da importância dessa parceria para a pessoa em privação de liberdade. “Ao oferecer ensino superior dentro das unidades, estamos investindo não apenas no aprendizado acadêmico, mas na reconstrução de vidas. A educação transforma, quebra ciclos de criminalidade, fortalece a autoestima e abre caminhos para oportunidades que antes pareciam inalcançáveis”, afirmou Paes. Atualmente, a SEAP mantém parceiros para a oferta de cursos superiores, todos EAD, em cinco unidades prisionais.
“Foi um projeto pensado para que nós pudéssemos atender às demandas das PPLs com ensino médio e ansiosas por ter nível superior. Com a sensilbilidade do secretário Paulo Paes e, juntamente com a Gerência de Educação e Esportes da SEAP, conseguimos implementar a faculdade. Esse será um marco divisório na história da nossa unidade e estamos muito felizes em poder contribuir com esse avanço pessoal e profissional das PPLs e vê-las realizadas com a possibilidade real de um futuro digno”, afirmou a gerente da CPFB, Anna Karina Patriota.
O acordo prevê que a Faculdade Arnaldo Janssen deve conceder bolsas integrais de pelo menos 20% dos alunos matriculados por curso, que não tiverem condições de arcar com as despesas e que façam parte de grupos vulneráveis. A indicação dos beneficiados é feita pela gerência da unidade prisional. O prazo de vigência da parceria é de 60 meses.
“Para mim, a faculdade foi mais do que um sonho, é um cumprimento de uma promessa. Há anos que eu sonho em ingressar numa faculdade e graças a Deus e graças à Colônia eu vou conseguir realizar esse sonho, depois de quase 13 anos que eu estou aqui nesse lugar [na CPFB]. A faculdade vai ser uma grande porta de possibilidades porque quando eu sair eu pretendo abrir uma empresa”, contou a detenta da CPFB, B.C.O.S.