Quatro anos após uma corrida eleitoral em que metade dos governadores falharam em renovar os mandatos, a eleição de 2022 teve o recorde de reeleições em primeiro turno nos estados. Dos 19 governadores que se candidataram, ao menos 11 confirmaram reeleição desse domingo (3).
O número pode chegar a 12, considerando o Maranhão, onde Carlos Brandão (PSB) tinha 50,9% dos votos válidos com mais de 96% das urnas apuradas. Também se elegeram em primeiro turno outros três candidatos que não ocupam a cadeira de governador, mas tiveram apoio do atual chefe do Executivo.
O recorde anterior era de 2010, quando dez governadores foram reeleitos no primeiro turno em seus estados. Naquele ano, conseguiram renovar seus mandatos cerca de 70% dos chefes de Executivos estaduais que tentaram a reeleição. A marca ainda pode ser superada em 2022: para isso, basta que dois dos cinco governadores ainda na disputa vençam os segundos turnos locais. Em 2018, o índice de reeleitos havia sido o menor da história.
A força das máquinas estaduais, em um momento de caixas mais robustos pelo aumento da arrecadação com o ICMS por conta da inflação de produtos como a gasolina, se combinou à reprodução nos estados do afunilamento da disputa presidencial entre Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT).
No Distrito Federal e no Rio, as respectivas reeleições dos governadores Ibaneis Rocha (MDB) e Cláudio Castro (PL), apoiados por Bolsonaro, surpreenderam as tendências apontadas por pesquisas Ipec e Datafolha na véspera, que indicavam decisões em segundo turno. No Paraná, o reeleito foi Ratinho Jr. (PSD), aliado de Bolsonaro.
No Espírito Santo, por outro lado, o atual governador Renato Casagrande (PSB), apontado como favorito para a reeleição nas pesquisas, terá que disputar o segundo turno contra o bolsonarista Carlos Manato (PL), que arrancou na reta final. Manato, que aparecia com 25% dos votos válidos em pesquisa Ipec divulgada anteontem, terminou a apuração com 38,4%.
Entre os governadores que disputarão o segundo turno, além de Casagrande, João Azevêdo (PSB), da Paraíba, e Paulo Dantas (MDB), de Alagoas, abrirão palanques para Lula na corrida presidencial. Bolsonaro, por sua vez, tem o apoio dos governadores de Rondônia, Marcos Rocha, e do Amazonas, Wilson Lima, ambos do União Brasil.
Nas 12 unidades da federação em que haverá segundo turno, seis têm candidatos bolsonaristas na liderança. Em dois, São Paulo e Rio Grande do Sul, houve viradas na reta final da campanha, respectivamente com os ex-ministros Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) e Onyx Lorenzoni (PL), que apareciam na segunda colocação em pesquisas. Em outros seis estados, candidatos apoiados por Lula avançaram ao segundo turno.
Lista de governadores eleitos no primeiro turno:
Cláudio Castro – Rio de Janeiro
Romeu Zema – Minas Gerais
Carlos Massa Junior – Paraná
Elmando de Freitas – Ceará
Fatima Bezerra – Rio Grande do Norte
Ibaneis Rocha – Distrito Federal
Ronaldo Caiado – Goiás
Mauro Mendes – Mato Grosso
Gladson Cameli – Acre
Clécio – Amapá
Helder – Pará
Antonio Denarium – Roraima
Wanderlei Barbosa – Tocantins
PT elege três governantes
Considerando os resultados de primeiro turno, o PT elegeu três governadores, todos em estados já governados pelo partido: Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí. União Brasil e PP, que anunciaram planos de fusão a partir de 2023, elegeram dois governadores cada em primeiro turno, mesmo número do MDB, que reelegeu Ibaneis na capital federal e Helder Barbalho no Pará.
O PL, de Bolsonaro, reelegeu Castro no Rio e é a sigla presente em mais disputas de segundo turno: Espírito Santo, Rondônia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Em 1998, ano em que a reeleição passou a ser permitida no país, 21 governadores tentaram um novo mandato, e 14 tiveram sucesso. Em números absolutos, só o pleito de 2006 voltou a eleger tantos chefes de Executivo, seja em primeiro ou segundo turno.
Agência O gLOBO