No dia 28 de setembro se comemora o Dia Internacional de Acesso à Informação. Para lembrar a data e mostrar a sua importância nas nossas vidas, principalmente, na atualidade, o professor de História do Colégio Exato Prime, Jaquielson Ferreira da Silva Santos*, faz uma reflexão sobre o assunto.
Apesar da informação ser fundamental em praticamente tudo no nosso dia a dia, é necessário ter prudência e cautela na hora de consumi-la. Eis o artigo do professor:
Definitivamente as coisas já não são mais as mesmas. Você já parou para pensar na quantidade de informações que você pode ter acesso em um dia. Netflix, Spotify, blogs, redes sociais, fóruns, Instagram, Facebook, WhatsApp e Youtube são alguns dos canais que veiculam boa parte daquilo que consumimos por dia através de tablets, computadores, smartphones e tantos outros recursos digitais.
As tecnologias da informação certamente vêm alterando os modos de como são produzidas, distribuídas e consumidas, com cada vez mais novas e novas informações, conforme assina Luciene Fassarela Agnez, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
E o processo não para! Somente para se ter uma ideia do quanto o consumo é estrondosamente alto, um estudo realizado pela Universidade de Berkeley, no ano de 2009, já sinalizava que um norte-americano passava cerca de 11,8 horas por dia consumindo informações. Em média isso corresponderia a 33,8 GB de consumo, 100.564 palavras, e assim por diante!
No Brasil, essa realidade não é tão diferente! Um relatório da consultoria AppAnnie indicou que, em 2021, os brasileiros foram o grupo de pessoas que mais passaram tempo por dia no celular, cerca de 5,4 horas somente no smartphone.
É muita coisa… tanto que para JP Rangaswami, fundador da School of Everything, consumimos muita informação e isso tem certamente tornado as nossas vidas difíceis. São tantas informações que mal paramos para refletir sobre elas, suas procedências, suas veracidades.
Em tempos das chamadas fake news (notícias falsas), essas falsas informações têm, muitas vezes, garantido a “alegria de uns”, frente aos danosos males para “muitos”, muitos esses os quais estão você e eu!
O que me parece é que muitos de nós temos nos rendido às informações do tipo “fast-foods” e temos nos esquecido muitas vezes dos males que elas podem nos fazer! Ou mesmo não paramos para pensar os males que comidas estragadas podem nos trazer. Com comidas não questionaríamos, normalmente, a sua procedência? Mas por que com a informação que consumimos deveria ser diferente?
Informação e comida têm mais a ver do que imaginamos! É preciso consumir conteúdo como consumimos comida: com calma e consciência (conclui Rangaswami). É preciso pensar: o que devo comer? Quanto devo comer? Que tipo de dieta devo fazer e de que fontes devo ou posso tirar minhas informações?
Em tempos de eleições, refletir sobre esses aspectos nunca foi tão pertinente! Podemos confiar naquilo que candidatos e políticos nos dizem? Até que ponto? Frente a tantas acusações proferidas de ambos os lados de agirem com “inverdades”, pesquisas de opiniões publicadas pelas redes e grupos virtuais, como se proteger? Em quem acreditar?
De certo modo, o Brasil deu um salto rumo nesse sentido ao instituir a Lei nº 12.527 de 18 de novembro de 2011. Lei essa que regula o acesso à informação pública. A partir dessa lei, o acesso à informação pública passa a ser dever do estado e, consequentemente, um direito de todo o cidadão, podendo, assim, solicitá-la sem mesmo ter uma justificativa para isso.
Diferente de países mergulhados em ditaduras, as quais a informação é altamente controlada, essa lei se tornou um grande salto para a nossa democracia, uma vez que permite que aquilo que é veiculado possa ser verificado, ou mesmo que órgãos e demais instâncias do governo possam ser fiscalizados pelo seu superior mais legítimo: o povo.
Certamente, concebendo a informação como um direito de todo cidadão e um dever do estado, seremos uma nação democrática mais forte, consciente e transparente.
No mês em que se comemora o Dia Internacional de Acesso à Informação, instituído pela Unesco desde 2015, e que também está às vésperas de uma eleição, certamente uma das mais decisivas para os rumos de nossa nação, não deixe de fora do seu cardápio essa opção. Consuma… mas consuma bem! Digira (reflita)! Desconfie do que lhe é tão facilmente oferecido! E busque, ou mesmo, se preciso, lute, para que, à medida que seu direito seja garantido, ganhemos todos nós!
*Jaquielson Ferreira da Silva Santos, além de professor do Exato Prime, é doutorando em Sociologia pelo PPGS/UPFE, mestre em Ciências Sociais (Antropologia, Ciências Políticas e Sociologia), pós-graduado em Sociologia, em História do Brasil e Psicopedagogia. É graduado em Teologia, Pedagogia, História e Ciências Sociais