Existem diversos assuntos que os pais não desejariam abordar com seus filhos, entretanto, fica cada vez mais difícil conter a onda de informação num mundo globalizado e conectado. Por mais que existam controles para monitorar o que as crianças assistem e consomem, alguns assuntos se tornam impossíveis de não tratar. Neste último mês iniciou a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, e por mais que existam outros conflitos nos demais países, este se tornou o principal tema nos principais canais de TV e nas redes sociais, gerando bastante curiosidade até para os pequenos, mediante a tamanha violência exibida.
Apesar do tema sensível, pode ser uma oportunidade para explorar valores familiares e individuais que os pais partilham e que procuram ter presentes nas suas vidas e relações, como também uma oportunidade de explorar formas construtivas de resolução de conflitos.
“Algumas notícias realmente geram grande repercussão na mídia, como está ocorrendo agora em relação à guerra na Ucrânia. Várias dúvidas vão surgir e é bom que os pais iniciem um diálogo com os filhos a partir dessas dúvidas. Não é interessante que seja evitado o assunto, pois a curiosidade vai continuar e a criança pode ser levada a querer descobrir sozinha e, desta forma, acabar por consumir conteúdos impróprios e não verdadeiros. O ideal é sempre acolher as dúvidas, entender os questionamentos em relação à guerra e o que aflige, quais as informações que ela já tem, a sua visão e, principalmente, tranquilizar as inseguranças que podem ser geradas. O conteúdo informado deve ser a partir de cada faixa etária, para que a criança realmente possa entender por que tudo acontece e tudo pode ser dialogado abertamente com os pais”, ressaltou a professora do Colégio GGE, Raissa Dornelas.
A escola também possui seu papel importante nesta abordagem, pois muitas crianças buscam os professores e educadores para obter estas informações. Além, do conteúdo histórico e geopolítico, é importante também trazer o lado emocional e da solidariedade que está correndo o mundo, também devido a esta guerra.
“Entendo que é recomendado preservar crianças muito pequenas desta temática, quanto as maiores que já têm acesso às informações nas mídias, podemos mostrar que todos nós, seres humanos estamos aprendendo a conviver uns com os outros, e mesmo os adultos que já sabem sobre muitas coisas, podem errar, e quando um país entra em conflito com outro por exemplo, faz a gente refletir será que esses adultos estão resolvendo seus problemas do melhor jeito? Será que não poderia ter uma solução mais tranquila? Perguntar a ela que outra forma ela entende que poderia resolver, isso lhe possibilita desenvolver um senso de empatia, de negociação, enfatizando o bem-estar coletivo”, explica a psicóloga do GGE”, Fabiana Santos.
Ela também complementa que é salutar trazer à luz os sentimentos das crianças diante desses conflitos: “os sentimentos que elas percebem que aquelas pessoas estão vivendo, pode contribuir para fomentar a empatia e compaixão, tão importantes para humanidade. Apresentar à criança formas de resolver conflitos de forma pacífica e estimular essa reflexão são grandes aprendizados nesta situação, pois estamos cultivando o senso crítico e o respeito ao direito do outro enquanto ser humano e enquanto nação”.