Em maio, os preços médios de produtos e serviços na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) apontaram alta de 0,35%, de acordo com o índice mensal Custo de Vida por Classe Social (CVCS), mensurado pela
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Em 12 meses, o CVCS já registra avanço de 3,08%, apesar de permanecer em patamar abaixo do observado há um ano, quando a variação era de 3,78%. No ano, o índice acumula alta de 1,57%.
O principal motivo para alta do custo de vida foi a elevação dos serviços ligados à habitação. A taxa de água e esgoto, por exemplo, subiu 4,8%, influenciando fortemente o resultado do grupo, cujo aumento mensal foi de 0,75%. Altas, como as da energia elétrica (0,8%) e do gás de botijão (0,8%), foram mais sentidas pelas famílias de baixa renda: na classe D, houve avanço de 0,87%, enquanto para a classe A, o aumento foi de 0,6%. Outra importante pressão veio dos transportes. O grupo apresentou elevação de 0,42%, puxado principalmente pelas altas das passagens aéreas (5,9%), dos bilhetes de ônibus interestaduais (2,9%) e do transporte escolar (4,2%). As famílias com menor poder aquisitivo foram, mais uma vez, as mais atingidas. O aumento médio para classe E atingiu 0,72%, enquanto a variação para a classe B foi de 0,33%.
Os preços médios de itens de saúde e cuidados pessoais também ficaram mais elevados. De acordo com o levantamento, registrou-se alta de 0,70% nos medicamentos (ainda com resquício do reajuste anual em abril), maquiagens e cosméticos. Produtos como hormônios, antialérgicos e broncodilatadores ficaram 2,1% mais caros, assim como psicotrópicos (1,5%) e anti-inflamatórios (1,3%). Os produtos de beleza aumentaram 2,4%, e os itens de higiene, como produtos para pele e perfumes, subiram 2,1% e 1,7%, respectivamente. O impacto por faixa de renda, nesse caso, foi similar, próximo de 0,7%.
Já o grupo da alimentação e bebidas apontou desaceleração, com variação de 0,25%, ante 0,4%, no mês anterior. A alimentação fora de casa apresentou alta de 0,63%, com refeições e lanches 0,70% e 1,5% mais caros, respectivamente. Dessa vez, a variação geral do grupo de alimentos e bebidas foi mais elevada nos lares com renda mais altas (0,55% na classe A, e 0,18% na classe E). As demais variações positivas foram observadas nos grupos vestuário (0,27%), comunicação (0,06%) e educação (0,05%). O impacto desses segmentos, somados, foi de 0,02 ponto porcentual (p.p.) para o resultado geral. As retrações ocorreram nas despesas pessoais (-0,33%) e em artigos do lar (-0,18%). A soma das contribuições foi de -0,03 p.p. para o resultado geral do mês.
[GRÁFICO 1]
CUSTO DE VIDA POR CLASSE SOCIAL (CVCS)
12 MESES
Fonte: FecomercioSP
Impacto por classe social
Na avaliação da FecomercioSP, apesar do resultado mensal, os preços mostram uma tendência mais positiva, com variação menor nas classes sociais menos favorecidas no acumulado em 12 meses. No período, a alta da classe E, por exemplo, é de 2,1%, enquanto para a classe A, de 3,33% [tabela 1]. Em maio, o resultado entre as classes sociais foi homogêneo, com o intervalo entre 0,35% e 0,42%, nas classes C e B, respectivamente.
[TABELA 1]
CUSTO DE VIDA POR CLASSE SOCIAL (CVCS)
12 MESES
Fonte: FecomercioSP
O avanço mais tímido dos preços, num cenário em que o mercado de trabalho está aquecido, permite que as famílias recuperem o poder de compra, ajudando na redução da inadimplência (o que está, de fato, ocorrendo na capital). Além disso, evidentemente, contribui para expansão de consumo no Comércio e nos Serviços.
No entanto, a Entidade ressalta que, no curto prazo, há pontos de atenção. O primeiro são os possíveis impactos para os alimentos causados pelas enchentes do Rio Grande do Sul. E o segundo é a escalada do dólar e as consequências para os preços dos importados e da gasolina, dado o aumento da defasagem em relação ao preço internacional.
Índice de Preços no Varejo (IPV)
O IPV, ao avançar 0,13% em maio, acumula, no ano, 1,25%, variando 0,94% nos últimos 12 meses. Dentre os oito grupos que compõem o indicador, quatro encerraram o quinto mês do ano com decréscimo nas variações médias: despesas pessoais (-0,83%), artigos de residência (-0,19%), educação (-0,17%) e alimentação e bebidas (-0,01%). O grupo que mais corroborou para a alta do resultado foi o de saúde e cuidados pessoais (0,83%). Em seguida, a atividade de vestuário (0,27%). Para as classes A e E, as variações mensais foram de, respectivamente, 0,28% e 0,13%. Já para as classes C e D, foram de 0,11% e 0,12%, respectivamente.
Índice de Preços de Serviços (IPS)
Por fim, o IPS variou 0,59%, acumulando alta de 1,91% nos cinco primeiros meses do ano. Em 12 meses, o índice avançou 5,38%. Despesas pessoais (-0,07%) e artigos de residência (-0,03%) foram os únicos a apresentar queda em maio. Por outro lado, habitação (0,94%) e transportes (0,99%) foram os principais responsáveis pela alta do indicador. Para as classes D e E, as variações mensais foram, respectivamente, 0,88% e 0,87%. Já para as classes B e A, 0,45% e 0,5%, respectivamente.
Nota metodológica
CVCS
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços, e o IPV, 181 produtos de consumo.
Sobre a FecomercioSP
Reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que impactam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos