Um momento histórico, que reacende a esperança dos pernambucanos. A técnica de Enfermagem Perpétua do Socorro Barbosa dos Santos, de 52 anos, foi a primeira pernambucana vacinada contra a Covid-19 no Estado. O ato aconteceu nesta segunda-feira (18.01), no auditório da faculdade de Ciências Médicas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), em Santo Amaro, no Recife. As 270 mil doses da CoronaVac – Instituto Butantan chegaram à capital às 19h40, vindas de São Paulo, e seguiram para a sede do Programa Estadual de Vacinação, no bairro de Casa Amarela, onde foram separadas para serem enviadas às 12 Gerências Regionais de Saúde do Estado nas próximas 24 horas.
“É um momento histórico, que vai ficar marcado nas nossas mentes. É fruto de um trabalho de articulação que, hoje, se torna realidade no Brasil e em Pernambuco. Mas sabemos que ainda precisamos de definições sobre os próximos lotes de vacina a serem enviadas aos Estados e municípios brasileiros. Isso faz parte do Plano Nacional de Imunização e temos que ter esse plano na sua completude, com prazos e datas, para que a gente possa vacinar todos”, afirmou Paulo Câmara, após o ato de imunização.
O governador também agradeceu às pessoas que, desde o início, ainda em março de 2020, têm se dedicado a salvar vidas, sobretudo os profissionais de saúde, e reforçou que, embora esse momento seja fundamental, é importante que a população continue mantendo os cuidados necessários. “Ainda precisamos usar máscaras, manter o distanciamento social e sempre higienizar as mãos”, disse, complementando que é preciso ter um pouco mais de paciência até que todos sejam vacinados. “Precisamos ter respeito à vida do outro até vacinarmos todos os pernambucanos e, assim, continuar incansavelmente salvando vidas”.
Há 30 anos trabalhando no HUOC, Perpétua dos Santos sempre quis atuar na área da saúde para “ajudar as pessoas a diminuírem seus sofrimentos”. Ela, que sempre lidou com pacientes com tétano, leptospirose e HIV, contou que viveu “dias de guerra” nos últimos meses, devido à pandemia da Covid-19, e que o medo de pegar a doença bateu por diversas vezes enquanto trabalhava para salvar vidas. “Não tínhamos tempo para pensar em nada. Eu arrisquei a minha vida para salvar a de milhares de pessoas”, afirmou a profissional, ao lembrar do tratamento com os inúmeros pacientes. Após receber a primeira dose do imunizante, Perpétua se disse esperançosa com um novo tempo que se inicia a partir da vacinação. “Estou animada, ansiosa e feliz. Para mim, é uma vitória. Vitória dos pernambucanos e dos brasileiros”, concluiu.
O secretário estadual de Saúde, André Longo, reforçou o dia histórico marcado pela chegada da vacina e o início da imunização dos pernambucanos. “Este dia deverá ser um divisor de águas para o enfrentamento da pandemia em nosso Estado, e certamente mudará o curso da doença em Pernambuco”, previu Longo, destacando que a chegada da CoronaVac – Instituto Butantan simboliza a importância do papel da ciência e da tecnologia no País. “Sempre apostamos na ciência e no acompanhamento do processo com muita disposição e força por parte de toda a equipe liderada pelo governador Paulo Câmara. Então, este momento nos deixa emocionados”, comentou.
Além de Perpétua dos Santos, também foram vacinados a auxiliar de farmácia Wanessa Correia, o técnico de laboratório Marcos Alexandre Correia, a enfermeira de UTI Joyce Mendes, o nutricionista Rodrigo Silveira, a fisioterapeuta Thatiana Vasconcelos, a enfermeira de saúde indígena Penha Atikum – da etnia Atikum – e o médico da UTI pediátrica José Carneiro Leão Filho.
PRIORIDADES – O Plano Nacional de Imunização (PNI) estabeleceu que o grupo prioritário 1 englobaria idosos com mais de 75 anos, indígenas aldeados, idosos com mais de 60 anos que moram em asilos e profissionais de saúde. Em Pernambuco, isso corresponde a cerca de 630 mil pessoas. Para garantir as duas doses a todos eles, seriam necessárias 1.260.000 vacinas. Como o Ministério da Saúde está enviando 270 mil doses para Pernambuco neste lote, não será possível atender o primeiro grupo prioritário por completo. Por isso, a nova recomendação do Ministério é que as primeiras doses sejam destinadas a profissionais da saúde que atuem na ponta, idosos que vivem em asilos, pessoas com deficiência que vivam em instituições de longa permanência e indígenas aldeados.
Serão utilizados na logística de distribuição seis caminhões, sendo quatro refrigerados, adequados para longas distâncias. Os veículos não refrigerados não ensejam qualquer risco às vacinas, pois elas estão armazenadas em caixas térmicas a uma temperatura entre quatro e oito graus, garantindo uma durabilidade de no mínimo 48 horas.
Também estiveram presentes no ato de vacinação a vice-governadora Luciana Santos, o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Lucas Ramos, o reitor da Universidade de Pernambuco (UPE), Pedro Falcão, a vice-prefeita do Recife, Isabella de Roldão, e a secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque.