Um grupo de 11 pessoas que fazia excursão pela Europa e Ásia, dentre elas quatro recifenses, estão no Irã sem conseguir retornar ao Brasil devido ao avanço do coronavírus no país do sudoeste asiático, que culminou com o cancelamento de diversos voos. Entre essas pessoas estão a diretora de comunicação do Real Hospital Português (RHP), a desembargadora Margarida Cantarelli, a juíza federal Marília Ivo, a auditora da Fazenda estadual Maria do Carmo Martins e a coordenadora de pós-graduação da Fafire Rejane Martins. O grupo, que saiu do Brasil no dia 10 de fevereiro com previsão de volta no início de março, soube há três dias que o voo que sairia de Teerão, na capital do Irã, havia sido cancelado. Segundo Cantarelli, as brasileiras estão apreensivas pela falta de informações sobre uma data possível de retorno ao Recife.
“Após a saída do Brasil, passei seis dias em Portugal. Vim para o Irã no dia 16 fevereiro, onde estou fazendo uma excursão com esse grupo de 10 pessoas mais o agente de viagem. Descemos em Teerão no dia 16, passamos dois dias lá e depois fomos para as cidades de Caxã, Yazd, Xiraz e agora estamos em Isfahan, a 340 km ao sul de Teerã, em um hotel e podemos sair pela cidade livremente. Inclusive, nossa saída de Teerã (no dia 19 de fevereiro) nada teve a ver com o coronavírus, não havia nenhuma informação sobre surto. Saímos porque o nosso programa de viagens era nessas outras cidades”, contou a desembargadora.
Margarida Cantarelli disse ainda que durante esses 11 dias no Irã, toda a programação transcorreu de forma tranquila, sem qualquer intercorrência provocada pelo coronavírus. “Visitamos monumentos arquitetônicos, ruínas de cidades da história universal, estivemos em museus, fizemos todas as atividades previstas no roteiro de viagem e nada se falava sobre coronavírus no país. Apenas há dois, soubemos desse surto e que nosso voo que sairia de Teerã para Istambul, onde faria conexão para Portugal, havia sido cancelado. E com cancelamento desse voo, ficamos sem conseguir pegar conexões em Istambul e Lisboa de volta para o Recife”, contou.
Após saber sobre o cancelamento do voo, o grupo entrou em contato com a Embaixada do Brasil em Teerã, que informou via Whatsapp que até agora 25 brasileiros que faziam turismo no país do sudoeste asiático estão em situação semelhante a do grupo da desembargadora. “Essa lista aumenta à medida que as pessoas vão sendo informadas sobre o cancelamento de seus voos. Essa situação nos angustia e aumenta nossa preocupação porque não sabemos até quando essa proibição vai permanecer”, disse Margarida. Segundo ela, algumas pessoas informaram que até o dia 12 de março embarcariam de volta ao Brasil. “Seria um transtorno permanecer por mais 12 dias além da data prevista para retorno. Mas o pior é que nem isso é algo concreto ou oficial. Essa falta de informação nos deixa apreensivos quanto à forma de retornar ao Brasil”, lamentou a desembargadora.
Em nota, o Itamaraty afirmou que a “Embaixada do Brasil em Teerã acompanha a situação de turistas brasileiros no país e tem mantido constante interlocução com ao menos 23 deles (inclusive por Whatsapp). A Embaixada do Brasil em Teerã tem tomado uma série de providências para auxiliar o pronto embarque dos nacionais brasileiros nos diversos voos comerciais que ainda estão deixando o Irã”.
O Irã é o país fora da China com o maior número de casos fatais por coronavírus. Até esta quinta-feira (27), foram anunciados 27 mortes decorrentes do novo surto e 245 casos confirmados. Na última terça-feira (25), os Estados Unidos chegaram a externar preocupação pela possibilidade do país do sudoeste asiáticos ter omitido e encoberto informações sobre a disseminação do coronavírus no Irã. Ainda nesta quinta-feira (27), foi anunciado que a vice-presidente do Irã, Massoumeh Ebtekar, e o vice-ministro da Saúde do país, Iraj Harichi, estão entre os casos confirmados.
Diario de Pernambuco