Meio Ambiente deve dominar pauta política em Brasília

A repercussão que crise ambiental iniciada na última semana, quando o aumento das queimadas, na região amazônica ganhou contornos internacionais deve dominar a pauta política em Brasília nesta semana. Nesta segunda-feira (26), a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, se reúne com representantes dos ministérios públicos estaduais dos estados que compõem a Amazônia Legal e também com procuradores da área de meio ambiente do Ministério Público Federal. A reunião está marcada para as 14h30.

Na sexta-feira (23), o MPF informou que a Força-Tarefa Amazônia abriu inquérito civil público e está apurando a adequação de políticas públicas estaduais e federais para o combate ao desmatamento e às queimadas no estado, diante de notícias de aumento do número de focos de incêndio e de taxas de desmate em 2019.

Ministério do Meio Ambiente foi notificado para prestar informações em no máximo 20 dias. O MPF questionou a pasta sobre o planejamento de atividades fiscalizatórias do desmatamento na Amazônia para este ano e também sobre a intenção de contratar uma empresa privada de monitoramento, a despeito do trabalho já realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Durante a manhã desta segunda-feira (26), os governadores da Amazônia Legal conversam entre si e com suas equipes técnicas em preparação para a reunião com o presidente da República, Jair Bolsonaro, marcada para esta terça-feira (27), as 16h, no Palácio do Planalto. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, deve conversar com os chefes dos poderes executivos estaduais para organizar o dia de encontros do grupos em Brasília.

No Congresso, conforme declarou em nota o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, deve ser instalada também nesta terça, a Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC). Segundo o parlamentar, o espaço vai centralizar o debate sobre os incêndios que atingem a Floresta Amazônica. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, anunciou em suas redes sociais que o vai promover um debate no plenário da casa sobre o tema.

Brasil sonha com ouro e vaga a Tóquio no rúgby em cadeira de rodas

Brasil e Canadá fazem hoje (26), às 17h, a primeira semifinal do torneio de rúgby em cadeira de rodas dos Jogos Parapan-Americanos de Lima. “A gente ainda não conseguiu vencer o Canadá, já estivemos perto muitas vezes. Aqui mesmo em Lima acabamos errando em algumas situações importantes e perdemos por 15 tries (o gol do rúgby). Mas vamos lá. Sinto que a gente está cada vez mais perto dessa vitória”, esse é o otimismo do Guilherme Camargo, da classe 1.5. Na outra semifinal, Colômbia e Estados Unidos se enfrentam às 19h.

“Na primeira fase desse Parapan, já conseguimos a revanche contra a Colômbia, que tirou a nossa medalha de bronze em Toronto. Estamos confiantes que vamos à final. Mas de repente, em uma eventual disputa de bronze, também chegaremos fortes”, garantiu o capitão brasileiro, José Higino.

Os Jogos Parapan-Americanos dão vaga direta às Paralimpíadas de Tóquio para o campeão e duas vagas para um classificatório mundial.

TORCIDA ESPECIAL

José Higino é capitão da equipe nacional e ingressou no rúgby em 2010, como forma de reabilitação da tetraplegia adquirida após bater a cabeça ao mergulhar no mar. O irmão Paulo Higino teve papel fundamental. “Ele conheceu a modalidade junto comigo e também se apaixonou.” A paixão foi tanta que trouxe frutos. “Montamos um projeto social lá na região do Gama. A partir do sucesso que tivemos lá, o meu irmão procurou o Cetefe [Associação Centro de Treinamento de Educação Física Especial]. Em parceria com o professor Ulisses Araújo, hoje temos duas equipes consolidadas na região. Atendemos a quase 50 pessoas. O nosso sucesso aqui, com certeza, também é o deles lá”.

RÚGBY, JIU-JÍTSU E MESQUITA

Essas são as paixões de Júlio Braz da Rocha. Nascido com má-formação nos membros inferiores e no membro superior direito, ele pratica a modalidade desde 2015 e chegou a estar entre os melhores do mundo em 2017. Nessa edição dos Jogos Parapan-Americanos, ele já marcou 83 tries.

Braz é natural de Mesquita (RJ). “Com muito orgulho. Acho que você poder influenciar outras pessoas é muito importante. O pessoal da comunidade vê que eu alcancei a seleção brasileira e começa a ter essa consciência de que todos podem chegar la”. E foi lá da própria comunidade, mais precisamente no Projeto “Alvo da Luta”, que outra paixão floresceu na vida do carioca: o jiu-jítsu. “Entrei no esporte mais para controlar a minha respiração para me ajudar no rúgby e me manter mais tranquilo. E cheguei até a ser campeão pan-americano da modalidade. É mais um exemplo de que, em todos os esportes, não existe a questão de não conseguir. É necessário se adaptar às dificuldades. Se você quer alguma coisa, vai atrás que você consegue”.

Braz sabe muito bem das dificuldades que o Brasil vai enfrentar nessa reta final dos Jogos Parapan-Americanos. “A gente se dedicou demais. Sabemos que as equipes do Canadá e dos Estados Unidos são as favoritas por estarem lá em cima no ranking mundial. Mas lá dentro de quadra são quatro contra quatro. E vamos para cima deles, contando sempre com a torcida do pessoal lá da minha área em Mesquita.”

Trump diz que negociações com a China vão começar em breve

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou esta manhã (26), em Biarritz, França, onde ocorre a cúpula do G7, que as negociações comerciais com a China vão começar “muito em breve”. Pequim contatou os negociadores norte-americanos durante a noite passada, propondo um retorno à mesa das negociações, revelou Donald Trump, admitindo a possibilidade de um acordo para acabar com a guerra comercial entre as duas potências.

Trump disse o presidente da China, Xi JinPing, é um “grande líder”, acrescentando que tem por ele grande respeito, e que aprecia o desejo dele por um acordo feito com calma.

O vice-presidente chinês, Liu He tinha dito, no início da sessão de hoje da Bolsa de Shangai, que a China estava disposta a resolver a guerra comercial com os Estados Unidos, opondo-se firmemente à escalada do conflito.

A notícia e a confirmação posterior de negociações, pelo presidente norte-americano, teve um impacto positivo imediato na bolsa chinesa, detendo a queda acentuada da moeda chinesa face ao dólar.

Violência volta a irromper protestos em Hong Kong

Após dez dias de relativa calma em Hong Kong, as passeatas deste fim de semana, em protesto contra medidas de Pequim, foram acompanhadas por violência. Pela primeira vez, a polícia usou jatos d’água contra os participantes e pelo menos um tiro foi disparado.

Quando milhares se dirigiam, sob chuva torrencial, ao bairro-cidade de Tsuen Wan, após comício num estádio esportivo próximo, um grupo de ativistas linha-dura ergueu barricadas improvisadas e arrancou tijolos dos pavimentos. Segundo a agência de notícias AFP, a certo ponto vários agentes da lei empunharam pistolas.

Durante as confrontações, por diversas vezes os agentes da lei se viram em inferioridade numérica, isolados diante de jovens mascarados que os atacavam com porretes e atiravam pedras.

Após tentarem dispersar a multidão com gás lacrimogêneo, as forças de segurança colocaram nas ruas caminhões equipados com múltiplos canhões d’água, exibindo avisos de que os utilizariam, caso os manifestantes não se retirassem.

Mais tarde, os jatos foram lançados dos veículos em movimento contra um grupo de participantes que saiu correndo. Contudo ativistas mais violentos confrontaram os agentes com tijolos e coquetéis molotov. Antes, a polícia assegurara que os caminhões, também equipados com câmeras de vigilância, só seriam empregados no evento de “distúrbios públicos de larga escala”.

O superintendente de polícia Leung Kwok Win admitiu que houve um disparo de arma de fogo, pela primeira vez em quase cinco meses de protestos na região semiautônoma chinesa. “Pelo que entendo, um tiro acaba de ser dado por um colega. Minha compreensão inicial é que foi um policial uniformizado que disparou sua arma”, declarou o policial. As circunstâncias e motivos ainda não foram esclarecidos.

À tarde (hora local), uma segunda passeata reuniu algumas centenas de cidadãos, incluindo familiares de policiais. Parte deles criticava o governo por deixar as tropas sozinhas para lidar com a crise, enquanto outros exigiam uma investigação independente do suposto excesso de violência policial nos protestos.

No sábado, dez pessoas foram hospitalizadas, duas em estado grave, e 29 foram presas em confrontos que duraram até a noite. Num bairro proletário, a polícia investiu com gás lacrimogêneo e cassetetes contra os manifestantes que atiravam garrafas e pedras. Em contraste, os protestos da sexta-feira foram pacíficos, com a formação de uma corrente humana de quase 50 quilômetros de extensão.

As passeatas na ex-colônia britânica e polo financeiro, iniciadas em 31 de março de 2019, dirigiam-se originalmente contra um projeto de lei de extradição anunciado pelo governo chinês. Mais tarde, ampliaram-se num movimento pró-democracia, exigindo a deposição da chefe do Executivo local, Carrie Lam, e eleições plenamente democráticas.

Neste meio tempo, Pequim tem empregado um misto de intimidação, propaganda e pressão econômica para conter os protestos, numa estratégia que o movimento apelidou de “terror branco”. Até este sábado, o governo de Hong Kong parecia ter desistido de empregar violência: a última confrontação séria ocorreu mais de uma semana atrás, depois que as manifestações paralisaram o aeroporto local.

Simone Tebet: MDB será chamado novamente a fazer parte da história

A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), defendeu a formação de uma grande coalizão de centro para ajudar o país a sair dos extremismos de esquerda e direita. Para ela, o MDB é o partido capaz de unir forças e conversar com todas as correntes ideológicas. “Muito em breve, o MDB vai ser chamado novamente a fazer parte da história. Quando as democracias no mundo se enfraquecem, é necessário um grande partido de centro para chamar à razão”, afirma.

A senadora admite, porém, que o MDB precisa fazer um mea-culpa. “Ter humildade de reconhecer que errou, que esteve ao lado de governos, sejam eles quais forem, só por fisiologismo, por toma lá dá cá, por ministérios, considerada a velha política ou no sentido da política errada”. Ela ressalta que enfrentou Renan Calheiros na disputa para a presidência do Senado, para dizer que a sigla tem quadros novos e quer mudar. A ala feminina do partido sugere seu nome para a presidência do MDB. Ela se sente honrada, mas diz que sua missão, agora é estar no Senado conduzindo a legenda para a formação de um centro democrático.

Em entrevista concedida à jornalista Roseann Kennedy, no programa Impressões, que vai ao ar nesta terça-feira (27) às 23h, na TV Brasil, a senadora também fala dos desafios no ambiente político e pessoal. “Sempre digo que a mulher, na política e na vida profissional, tem de ser melhor que o homem para ser considerada igual. O que é lamentável”. Simone Tebet já foi prefeita de Três Lagoas, vice-governadora de Mato Grosso do Sul, líder do MDB no Senado e agora preside a CCJ. Em todos esses cargos foi a primeira mulher a assumí-los. Também integra, há dois anos, a lista dos 100 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional.

Mercado financeiro espera por menos inflação para este ano

O mercado financeiro reduziu a projeção para o crescimento da economia e a estimativa de inflação para este ano. Segundo o boletim Focus, pesquisa divulgada todas as semanas pelo Banco Central (BC), a previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – foi ajustada de 0,83% para 0,80% em 2019.

Segundo a pesquisa, a previsão para 2020 também caiu, ao passar de 2,20% para 2,10%. Para 2021 e 2022 não houve alteração nas estimativas: 2,50%.

Inflação
A estimativa de inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), caiu de 3,71% para 3,65%, este ano. Para 2020, a estimativa caiu de 3,90% para 3,85%. Não houve alteração nas estimativas para os anos seguintes: 3,75%, em 2021, e 3,50%, em 2022.

A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é 4,25% em 2019, 4% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,5% em 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 6%. Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Para o mercado financeiro, ao final de 2019 a Selic estará em 5% ao ano. Para o final de 2020, a estimativa passou de 5,50% para 5,25% ao ano. No fim de 2021 e 2022, a previsão segue em 7% ao ano.

Dólar
A previsão para a cotação do dólar ao fim deste ano subiu de R$ 3,78 para R$ 3,80 e, para 2020, permanece em R$ 3,81.

INSS começa a pagar hoje a primeira parcela do 13º dos aposentados

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começa a pagar nesta segunda-feira (26) a primeira parcela do 13º salários dos aposentados e pensionistas. A data de pagamento varia de acordo com o número final do benefício. O dinheiro será depositado junto com a folha mensal de agosto.

A antecipação vai beneficiar aqueles que, durante o ano, tenham recebido auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria, auxílio-reclusão ou pensão por morte e demais benefícios administrados pelo INSS que também façam jus ao abono anual. A parcela dos 50% restantes será paga no fim do ano.

“É o cronograma normal de pagamento. Você recebe sua aposentadoria, ou sua pensão, acrescido dos 50% [do décimo terceiro]”, disse o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, ao anunciar a medida no último dia 5 de agosto, em entrevista à imprensa.

Segundo Marinho, o presidente Jair Bolsonaro, ao assinar a Medida Provisória (MP) 891/2019, transformou a antecipação dos pagamentos em regra. Anteriormente, a gratificação em agosto era determinada com assinatura de decreto presidencial a cada ano.

“Com a medida, a partir de agora, haverá previsibilidade para que, no futuro, os aposentados e pensionistas do INSS possam se programar, uma vez que terão uma garantia real de que receberão esse adiantamento no mês de agosto. Não dependerão mais do poder discricionário do presidente da República na ocasião”, disse o secretário.

A antecipação representará uma injeção de R$ 21,9 bilhões na economia neste terceiro trimestre. Terão direito à primeira parcela do abono anual cerca de 30 milhões de benefícios. Não haverá desconto de Imposto de Renda nessa primeira parcela, que será cobrado apenas em novembro e dezembro, quando for depositada a segunda parte do abono.

‘Isso de patrimônio da humanidade é uma bobagem’, diz ministro sobre Amazônia

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, está no olho do furacão que atingiu o Brasil nas últimas semanas, pela divulgação de informações sobre o aumento do desmatamento na Amazônia, e que se intensificou nos últimos dias, impulsionado pela proliferação de queimadas. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Salles, de 44 anos, fala sobre a repercussão internacional dos dois fenômenos, as críticas à política do governo para a Amazônia e a proposta de conciliar desenvolvimento econômico com preservação ambiental.

A questão do desmatamento na Amazônia ganhou grande repercussão nacional e internacional. Como o senhor vê as críticas à política do governo para a Amazônia?

Desde a Constituição de 1988, o Brasil seguiu uma agenda ambiental que não soube conciliar o desenvolvimento econômico e a preservação. A Amazônia é muito rica em recursos naturais, mas com uma população muito pobre. São mais de 20 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia e a maioria vive muito mal: sem saúde, sem educação adequada, com índice de saneamento baixíssimo.

Então, temos de encontrar uma forma inteligente de tratar a questão, que reconheça a importância da conservação, do cuidado ambiental, mas dê dinamismo econômico em escala e em impacto suficientes para aquela população. Não adianta falar do potencial da floresta, se as famílias que vivem lá estão na miséria

Como o senhor avalia a repercussão que o desmatamento e as queimadas na Amazônia estão tendo no País e no exterior?

Até certo ponto é natural que, neste momento de mudança de comportamento, de discussão de atividades econômicas na Amazônia haja essa instabilidade. Uma parte dessa repercussão se deve, sem dúvida, à desinformação. Até porque não interrompemos nada do que vinha sendo feito para justificar essa mobilização.

Mas é preciso levar em conta que outra parte dessa campanha contra o Brasil vem de entidades ambientalistas, de ONGs descontentes com o fim dos recursos fartos que elas recebiam, porque estamos fechando a torneira.

Não é só o pessoal das ONGs que está criticando o governo. A revista The Economist, que é respeitada em todo o mundo, publicou recentemente uma reportagem de capa sobre o desmatamento na Amazônia.

Tem muita gente séria com entendimento incompleto ou enviesado sobre o que a gente está tentando fazer. A fórmula para lidar com esse problema é informação. Por isso, estou indo no fim de setembro com o presidente a Nova York e Washington. Logo em seguida, vou a alguns países da Europa para fazer esse esclarecimento. Vamos mostrar o que o Brasil já faz e tudo que queremos fazer. Aqueles que tiverem disposição para ouvir e debater vão mudar, em alguma medida, de opinião. Agora, há outros canais fora do Brasil e aqui que não querem ver a realidade.

O presidente da França, Emmanuel Macron, chamou as queimadas na Amazônia de “crise internacional” e disse que a questão deve ser discutida na reunião do G-7 (grupo que reúne os países ricos), que começa neste sábado. Como o senhor analisa isso?

O presidente Macron está querendo tirar dividendos políticos da situação, sobretudo no momento em que suas próprias políticas ambientais não estão sendo bem-sucedidas, em especial no que se refere ao não cumprimento das metas de redução das emissões de carbono previstas no Acordo de Paris.

Parece que há um desejo de ambientalistas do Brasil e do exterior e também de governos, especialmente na Europa, de transformar a Amazônia em “patrimônio da humanidade”. O que o senhor pensa sobre essa proposta?

A Amazônia é um patrimônio brasileiro. Essa história de que pertence à humanidade é uma bobagem. Nós temos soberania sobre a Amazônia. Somos nós que temos de escolher um modelo, que tem de ser viável economicamente, de proteção da nossa floresta. Somos nós também que temos de implementá-lo. O cuidado com a Amazônia, que inspira atenção no mundo inteiro, é bem-vindo, mas a autonomia de fazer isso é da população brasileira.

O discurso em favor da regularização de atividades econômicas na Amazônia não estimula a exploração irregular da região?

O governo não passa a mensagem de que está fazendo vistas grossas? O governo não faz vista grossa. O problema é que a Amazônia é uma área correspondente a 48 países europeus. Da mesma forma que a gente vê os países europeus invadidos por imigrantes ilegais sem que eles consigam controlar isso, mesmo sendo muito mais ricos e tendo muito mais infraestrutura e um território muito menor que o nosso, aqui você não vai conseguir controlar uma região tão grande quanto a Amazônia só na base da fiscalização e de operações de comando e de controle. Ou você identifica quais são os incentivos corretos para estruturar uma solução econômica para a Amazônia ou não vai ter operação de fiscalização que dê conta.

Diante dos acontecimentos, a impressão é de que houve um relaxamento na fiscalização no atual governo. Como está a fiscalização da Amazônia?

Em julho, o Ibama fez a maior operação de fiscalização de sua história. Foram 17 equipes simultâneas em diferentes Estados e regiões. Houve a maior quantidade de apreensão de madeira, veículos, máquinas, autos de infração. Isso mostra que não há orientação do governo, nem minha nem de ninguém dentro do Ministério do Meio Ambiente, para impedir fiscalizações. Agora, os órgãos de fiscalização ambiental em nível federal – o Ibama e o ICMBio – vêm perdendo orçamento e pessoal ano a ano. Hoje, têm apenas 50% das vagas preenchidas. É uma situação que nós herdamos. Mas a fiscalização é feita também pela Polícia Militar por órgãos estaduais. Quando eles deixam de cumprir o seu papel também aumenta a atividade ilegal.

O presidente Jair Bolsonaro tem defendido a liberação da mineração na Amazônia, inclusive em terras indígenasQual a sua posição nesta questão?
Existem 850 garimpos na Amazônia, a maioria em terras indígenas. Não é o Bolsonaro que vai liberar. Aliás, os indígenas não são cooptados pelo homem branco. São eles que praticam a mineração, que ajudam muitas vezes a retirada ilegal da madeira de suas próprias terras e recebem recursos para isso. Portanto, fingir que essa realidade não existe é a pior política pública que pode haver. Se pudermos ter uma discussão madura, sensata, aberta sobre o tema, e fazer a regulamentação, a formalização dessas atividades, para poder fiscalizar de maneira efetiva, será muito melhor para a economia do País, para a geração de emprego e principalmente para a preservação do meio ambiente.

Uso de celular com cabeça inclinada pode causar lesão na cervical

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que pelo menos 37% da população brasileira, cerca de 60 milhões de pessoas, convivem com a dor gerada pela má postura ao manusear os smartphones. O número já é mais do que a média mundial que é de 35%.

Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os celulares ativos já somam 230 milhões no Brasil, um crescimento de 10 milhões em comparação com 2018 .O Brasil tem mais dispositivos digitais do que brasileiros, uma média de dois smartphones, notebooks, computadores ou tablets por habitante.

Por isso, profissionais da saúde estão alertando os usuários com relação à postura ao utilizar os aparelhos. Se não for corrigida, pode gerar dor crônica e lesões que podem até precisar de cirurgia.

A ortopedista do Grupo Notedrame Intermédica, Liége Mentz-Rosano, explicou que o uso do celular faz com que a pessoa fique em uma posição viciosa, levando o pescoço a fazer uma flexão, que eleva o peso carregado pela região.

“Quando ficamos em uma posição neutra de zero graus, é exercida uma força de cinco quilos. À medida em que vamos dobrando o pescoço e fazendo uma curva, o ângulo aumenta e a pressão exercida ao chegar em 30 graus será de 18 quilos. Aos 60 graus, chega em 30 quilos”, destacou.

Segundo Liège, isso leva à sobrecarga nos discos, que são como borrachinhas entre cada vértebra, que servem como amortecedores para evitar lesões quando são feitos movimento de impacto, além de serem fundamentais para a mobilidade.

“Essas lesões causadas pelo uso excessivo do celular podem levar à degeneração do disco, que vai formando uma barriga, que nada mais é do que a hérnia de disco. Essas hérnias podem resultar na compressão dos nervos, ocasionando perda de força, formigamento braços, artrose precoce nas pessoas mais jovens, degeneração não só no disco, mas na parte óssea”, disse Liége.

A médica explicou ainda que muitas vezes as lesões da cervical podem levar o indivíduo a sentir dores fortes de cabeça, sem associar os fatos. “Muitas vezes as pessoas têm dor de cabeça e não sabem que é do pescoço. Temos inclusive, visto um aumento grande na incidência de pessoas mais jovens, adolescentes, jovens adultos e até crianças que relatam dor no pescoço e dores de cabeça por conta da lesão.”

Prevenção

Liége reforçou que a prevenção é a melhor forma para evitar esses problemas. Além de manter a postura correta ao manusear o celular, levando-o a uma posição neutra em que se consiga olhar discretamente para baixo, utilizar apoios, ou transferir os aplicativos possíveis para o computador, é preciso fazer exercícios de fortalecimento e alongamento de uma a mais vezes por dia. “Quando fortalecemos a musculatura anterior e posterior, fortalecemos as estruturas do pescoço. Isso protege e ajuda na correção postural.”

De acordo com o responsável técnico de hospital Anderson Benine Belezia, há diferentes métodos de imagem para avaliar a coluna cervical. O primeiro é uma radiografia simples da região, exame simples pelo qual é possível avaliar as estruturas ósseas e ver sinais que podem sugerir problemas no disco intervertebral. O segundo é uma tomografia computadorizada, que tem a maior capacidade de avaliação das estruturas ósseas. Já o terceiro, a ressonância magnética é o que tem melhor capacidade de avaliação de danos nos discos interverterias (hérnias principalmente), podendo avaliar eventuais compressões nervosas e da medula com maior precisão que outros métodos.

Sete estados já pediram apoio federal para combater incêndios

Um despacho do presidente Jair Bolsonaro, publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) neste domingo (25), autorizou o emprego das Forças Armadas no combate aos incêndios florestais no Acre, Mato Grosso e Amazonas. Com isso, são sete os estados que solicitaram apoio federal nas operações, já que Roraima, Rondônia, Tocantins e Pará haviam feito o pedido desde a última sexta-feira (23), quando o presidente assinou o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que permite a atuação dos militares da União. A medida vale para áreas de fronteira, terras indígenas, em unidades federais de conservação ambiental e outras áreas da Amazônia Legal

Segundo o texto, o emprego dos militares será autorizado apenas mediante requerimento do governador de cada estado da região. A Amazônia Legal é um território que abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, de Rondônia, Roraima e parte dos estados de Mato Grosso, do Tocantins e do Maranhão.

Ontem (24), o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, afirmou que cerca 44 mil militares das Forças Armadas estão continuamente na Região Amazônica e poderão ser empregados nas operações.

Já o Ministério da Economia informou hoje (25), em nota ter aprovado o descontingenciamento imediato R$ 38,5 milhões do orçamento da Defesa para custear os trabalhos de combate aos incêndios conduzidos pelas Forças Armadas.

Aviões em operação

A Força Aérea Brasileira (FAB) está empregando, desde ontem (24), duas aeronaves C-130 Hércules no combate aos focos de incêndio na Amazônia. Os aviões são operados pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte e têm usado o aeroporto de Porto Velho como base.