O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu o nome do deputado Ricardo Salles (PL-SP) para disputar a prefeitura de São Paulo pelo seu partido no ano que vem. Durante evento na capital paulista nesta terça-feira, Bolsonaro disse que “apesar de o temperamento de Salles ser um pouquinho exaltado de vez em quando, tem esperanças de que ele terá sucesso em São Paulo”. Salles já foi o principal nome do PL para concorrer à prefeitura paulista, mas perdeu força após desentendimentos públicos com o presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto.
Bolsonaro tem se mostrado resistente à ideia de apoiar a empreitada do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), à reeleição e defende uma candidatura própria do PL. Valdemar, por sua vez, se mostra mais disposto a estar com Nunes. Na última semana, Nunes afirmou que gostaria de contar com o apoio do ex-presidente.
— Eu gostaria, porque a gente tem que fazer uma ação aqui de união do centro e da direita, que é o perfil do grande eleitor aqui da cidade — disse ao afirmar que o PL poderia ter direito à escolha de um vice-candidato em sua chapa. Salles, por sua vez, cogita até ir à Justiça para trocar de partido com o objetivo de ser candidato em São Paulo.
No início do mês, Valdemar Costa Neto afirmou ao Globo que a candidatura do parlamentar “nunca foi discutida no partido”. Desde que viu sua pré-candidatura naufragar, Salles não tem poupado críticas a Valdemar. Ele compartilhou, por exemplo, uma reportagem sobre o eventual apoio de Valdemar à indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF) e escreveu: “Está no DNA, não adianta…”. Em outra ocasião, ao comentar a possível aliança entre PT e PL nas eleições municipais, afirmou que o centrão não tem freio ideológico, “apenas circunstancial em torno de espaços, verbas, cargos e emendas”.
Salles pode acionar TSE
Salles, que havia recebido sinal verde de Bolsonaro na semana passada para retomar o projeto, estuda três alternativas, de acordo com um aliado. Uma delas é negociar com Valdemar, por intermédio de Bolsonaro, uma carta de anuência para o deputado deixar o partido sem perder o mandato. O principal argumento de Salles, o quinto deputado mais votado do país em 2022 (640,9 mil votos), é que sua eleição expressiva contribuiu com mais de mais de uma vaga para o PL de acordo com o quociente eleitoral — isto é, o partido estaria em débito com ele.
Outra opção seria encenar uma expulsão, por um pretexto combinado previamente, o que também permitiria ao deputado manter sua vaga na Câmara. Por fim, o ex-ministro estuda um rompimento mais radical, caso Valdemar recuse expurgá-lo do PL: levar o caso à Justiça Eleitoral. Essa opção é vista como a menos provável.