A família Bolsonaro sofreu um série de reveses impostos por instituições federais na última semana. De um lado, o Banco do Brasil encerrou contas mantidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo filho dele, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), nos Estados Unidos. Do outro, a Polícia Federal negou o pedido do parlamentar para renovar sua autorização de porte de arma de fogo.
Além disso, a corporação colheu o depoimento do senador Marcos do Val (Podemos-ES) na quarta-feira. O congressista presentou versão diferente da relatada pelo ex-titular do Palácio do Planalto sobre o plano de gravar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O encerramento da conta de Jair Bolsonaro nos EUA, aberta em dezembro do ano passado, foi revelado pelo Metrópoles na quinta-feira. Segundo o portal, a decisão teria sido tomada por questões relacionadas a “compliance”, conjunto de regras e procedimentos que visam a proteger uma instituição de irregularidades. O banco alegou ter “protocolos rígidos de acompanhamento das movimentações financeiras de seus clientes”. Ao Globo, o BB afirmou que não comenta ações sobre seus clientes em respeito ao sigilo bancário.
“Sem aviso, explicações e questionamentos solenemente ignorados! Vai ver é coincidência cotidiana!”, declarou.
Sem permissão
No dia seguinte, o vereador foi às redes novamente criticar outra medida federal, dessa vez da PF, que negou sua autorização de porte de arma de fogo. O documento permite ao cidadão que transporte seu armamento e tem duração de cinco anos. A informação foi divulgada na sexta-feira pela TV Globo.
Carlos havia pedido a renovação da licença em 4 de julho, junto à PF no Rio. Na ocasião, argumentou que havia “efetiva necessidade” por ser vereador e por avaliar que sua integridade física estaria ameaçada, alegando que tem “sua cabeça a prêmio”. O vereador tem uma pistola calibre .380. A corporação considerou que ele não foi capaz de comprovar os supostos riscos e ameaças que disse enfrentar.
Ao criticar a negativa da PF nas redes sociais, Carlos a associou a um roteiro que teria sido “redondamente orquestrado” e que surge em um momento em que aumentam “constantes ameaças à integridade física” do clã Bolsonaro. Na publicação no Twitter, o vereador mencionou a facada sofrida por seu pai na campanha de 2018. A decisão da PF ocorreu em meio ao anúncio de um pacote de segurança do Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo Lula, que endurece regras para liberação de armas a não militares.
Já o depoimento de Marcos do Val, na quarta-feira, contradiz a versão de Jair Bolsonaro sobre a reunião que eles tiveram em dezembro do ano passado no Palácio da Alvorada, e da qual também participou o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). O parlamentar do Espírito Santo reiterou que o trio conversou sobre um plano para gravar clandestinamente Alexandre de Moraes. Já o ex-presidente, ouvido pela PF quatro vezes neste ano, negou que esse tema tenha sido tratado.
Ontem, Silveira divulgou uma carta na qual também nega que tenha feito um plano para gravar Moraes. O ex-deputado confirmou que participou da reunião com Do Val e Bolsonaro, mas alega que o nome de Moraes não foi mencionado no encontro.
Corporação pode expulsar Torres por omissão
A Polícia Federal avança no processo que pode culminar na expulsão do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, o delegado Anderson Torres, da corporação, de acordo com a colunista Bela Megale.
O procedimento administrativo disciplinar (PAD), instaurado em 28 de junho, aponta duas “transgressões disciplinares” que o ex-ministro pode ter cometido: desídia, que significa negligência e falta de atenção e zelo, e omissão em evitar a destruição do patrimônio nos atos golpistas de 8 de janeiro. Na época, ele era secretário de Segurança do Distrito Federal.
Como está em liberdade e com uso de tornozeleira eletrônica, Torres poderá acompanhar pessoalmente os trâmites do procedimento.