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A decisão da diretoria internacional da Petrobras de explorar petróleo foi planejada para provocar um “prejuízo intencional” em que sobras de dinheiro, segundo delação premiada sob sigilo na Operação Lava Jato, chegaram a US$ 700 milhões e serviram para abastecer campanhas eleitorais no Brasil, entre elas a campanha à reeleição do então presidente Lula. Segundo reportagem da revista Veja deste fim de semana, a revelação foi feita em delação premiada prestada em abril de 2014 por um funcionário de carreira da estatal, em versão agora reforçada também por colaboração judicial do ex-diretor da petrolífera Nestor Cerveró.
Sentenciado duas vezes pelo juiz federal Sérgio Moro a penas que, somadas, ultrapassam 17 anos de prisão, Cerveró negocia, na intenção de reduzir o peso das condenações, a colaboração premiada que pode confirmar os relatos do delator – cujo nome é mantido em sigilo por determinação das autoridades da Lava Jato. A delação sigilosa se concentrou justamente na atuação de Cerveró, “apadrinhado por caciques do PT e do PMDB”, à frente da diretoria internacional da Petrobras.
Em 2006, informa Veja, “[…] a Petrobras pagou 300 milhões de dólares ao governo de Luanda pelo direito de explorar um campo petrolífero em águas profundas nas costas de Angola.
Cerveró disse ter ouvido de Manuel Domingos Vicente – então presidente do Conselho de Administração da Sonangol, a estatal angolana do petróleo – que até 50 milhões de reais oriundos de propinas produzidas pelo negócio foram mandados de volta para o Brasil com o objetivo de irrigar os cofres da campanha de Lula. Cerveró fez registrar em um dos anexos: ‘Manoel Vicente foi explícito em afirmar que desses US$ 300 milhões pagos pela Petrobras à Sonangol retornaram ao Brasil como propina para financiamento da campanha presidencial do PT valores entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões’”.
Ainda segundo a reportagem, Cerveró informou aos investigadores da Lava Jato que os negócios entre Brasil e Angola eram conduzidos por membros da cúpula dos dois governos. O ex-diretor disse também que o negociador do lado brasileiro foi o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda), àquela época integrante do Conselho de Administração da Petrobras.
“Quando da assinatura do contrato, Palocci já havia sido demitido do cargo de ministro devido ao escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. A Petrobras pagou cerca de 500 milhões de dólares e gastou mais 200 milhões de dólares para explorar quatro blocos de petróleo em Angola. A empresa perfurou poços secos e teve gigantesco prejuízo com a operação em Angola, mas, como explicou Cerveró, isso pouco importou, pois o objetivo era cozinhar os números e deles arrancar propinas para financiar a campanha presidencial de Lula”, acrescenta a revista