Que chocolate é uma delícia todo chocólatra pode confirmar. No entanto, há certos limites quanto ao consumo da guloseima, mesmo durante o período da Páscoa. A respeito disso, algumas teorias falam sobre como a ingestão excessiva de chocolate poderia induzir a um comportamento abusivo e mesmo levar a uma síndrome de abstinência. Motivação sensorial, possível ação farmacológica por componentes bioativos, busca específica relacionada à carência de micronutrientes e resposta hormonal – esta última, exclusivamente para as mulheres – são algumas das possíveis explicações.
De acordo com Stella Bezerra, nutricionista do Hospital Jayme da Fonte, “não há evidências científicas de que o chocolate seja capaz de causar dependência, porém, diante de uma privação ou após o consumo, algumas pessoas parecem ter reações psicofarmacológicas inerentes a um vício”. Contudo o chocolate muitas vezes é utilizado como um alívio ou compensação, uma vez que nossa cultura tem o hábito de gratificar situações de sofrimento e estresse com um doce. O açúcar já é responsável por uma sensação de prazer, e tem ainda um efeito psicológico incutido na educação quando ainda somos crianças. O apelo sensorial e a composição química associada ao estado psicológico e a fatores cognitivos parecem ser os determinantes da busca pelo chocolate.
O ideal, conforme explica a nutricionista, é ingerir o chocolate de forma moderada e ocasional. Desde que consumido com muita parcimônia, o doce pode diminuir o risco de doenças cardiovasculares em um terço entre as mulheres e em um quarto entre os homens. A quantidade de chocolate que pode ser consumida para prevenir o surgimento de doenças cardíacas é de ínfimos 6,7 gramas por dia, o que corresponde a um quadradinho duas a três vezes por semana. Um quadradinho tem apenas entre 6,25g (33 calorias) e 8,3 g (50 calorias). Além disso, os benefícios listados são exclusivos do chocolate meio amargo, e não do ao leito e do branco.
O consumo deve ser sempre consciente, lembrando que o chocolate apresenta grande quantidade de calorias – uma vez que une gordura saturada, gordura trans e açúcares (triglicerídios). Quanto maior a quantidade, maior a probabilidade de se desenvolver complicações cardiovasculares. Para os consumidores compulsivos do produto que pretendem abusar nesta Páscoa, a indicação é que sejam realizados exames periódicos para avaliação da glicose, colesterol e pressão arterial. A nutricionista alerta: “Um médico deve ser procurado para analisar os resultados e conceder um diagnóstico preciso sobre quantidades adequadas a cada organismo. Comer chocolate sim, mas a moderação é o segredo”.